21 de ago. de 2013

Síria- Ataque com armas químicas mata centenas, diz oposição

Rebeldes relatam mais de 600 mortos em bombardeio com gás asfixiante na periferia da capital Damasco. Na TV, regime do ditador Bashar Assad nega

Oposição síria divulgou imagens dos mortos em suposto ataque do Exército com armas químicas
Oposição síria divulgou imagens dos mortos em suposto ataque do Exército com armas químicas (AFP)
Grupos de oposição ao governo da Síria, como o Observatório Sírio de Direitos Humanos, os Comitês de Coordenação Local e a Comissão Geral da Revolução Síria, denunciaram nesta quarta-feira que pelo menos 650 pessoas, entre elas crianças e até bebês, morreram em um ataque com armas químicas em regiões da periferia de Damasco. Por causa das restrições impostas pelo governo ao trabalho de jornalistas na guerra civil da Síria, a informação não pôde ser confirmada por fontes independentes. Citando informações dos grupos opositores, a rede britânica BBC informa que foguetes contendo agentes tóxicos atingiram os subúrbios de Al Guta, próximos à capital, nesta manhã.
O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, exigiu que o governo sírio libere imediatamente o acesso dos investigadores da ONU à região e afirmou que a Grã-Bretanha vai levar a questão às Nações Unidas. Se confirmados, os ataques marcam "uma escalada chocante no uso de armas químicas na Síria", afirmou Hague.
As organizações rebeldes divulgaram vídeos em que diversos corpos aparecem amontoados, sem sinal aparente de sangue ou ferimentos. As imagens, porém, não mostram danos materiais em ruas ou prédios. Poucas horas depois da acusação dos oposicionistas, o regime do ditador Bashar Assad negou o ataque, em comunicado transmitido pela TV estatal.

Entenda o caso


  1. • Durante a onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o governo do ditador Bashar Assad.
  2. • Desde então, os rebeldes enfrentam forte repressão pelas forças de segurança. O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos no país, de acordo com levantamentos feitos pela ONU.
  3. • Em junho de 2012, o chefe das forças de paz das Nações Unidas, Herve Ladsous, afirmou pela primeira vez que o conflito na Síria já configurava uma guerra civil.
  4. • Dois meses depois, Kofi Annan, mediador internacional para a Síria, renunciou à missão por não ter obtido sucesso no cargo. Ele foi sucedido por Lakhdar Brahimi, que também não tem conseguido avanços.
 
Sediado em Londres, o Observatório Sírio de Direitos Humanos, possui uma ampla rede de ativistas no país em conflito e assinalou que o Exército sírio lançou durante a madrugada um bombardeio com gases tóxicos asfixiantes nas regiões de Al Guta e Muadamiya al Sham. A operação, além de deixar centenas de feridos, teria matada ao menos 650 pessoas, segundo a Comissão Geral da Revolução Síria relatou à rede Al Arabiya.
Os grupos oposicionistas pediram à missão da ONU que investiga o uso de armas químicas em território sírio que visite os distritos de Damasco bombardeados –  após vários adiamentos, a equipe internacional de analistas chegou ao país há três dias. A Coalizão Nacional Síria (CNFROS), a principal aliança opositora, denunciou que o regime restringe os movimentos da missão das Nações Unidas.
Negativa – Por outro lado, o governo sírio negou o ataque por meio de comunicado divulgado na televisão estatal. A agência de notícias oficial síria Sana, citando uma "fonte de informação", chamou a notícia do bombardeio de "falsa" e "sem fundamento".
Segundo os órgãos do governo, os dados divulgados em canais de televisão como Al Jazeera, Al Arabiya e Sky News, entre outras emissoras, não merecem confiança porque essas redes dariam "apoio ao terrorismo" e, neste caso, o objetivo seria distrair a missão da ONU e seus trabalhos.

Nenhum comentário: