O rebocador da Marinha
ucraniana Korets e o navio de comando Donbass (na parte de trás), no
porto de Mariupol, no Mar de Azov, em 2 de dezembro de 2018 - AFP
A Rússia desbloqueou parcialmente os portos ucranianos no Mar de
Azov, anunciaram nesta terça-feira (4) as autoridades de Kiev, dando a
entender que a tensão na região diminuiu.
“Os portos de Berdyansk e Mariupol foram parcialmente desbloqueados.
Os barcos entram e saem pelo Estreito de Kerch”, que liga o Mar Negro ao
de Azov, indicou em um comunicado o ministro de Infraestruturas
ucraniano, Volodymyr Omelyan.
“A parte russa os detém e inspeciona (os barcos) como antes, mas a circulação foi parcialmente retomada”, acrescentou.
A tensão é alta na região desde que, em 25 de novembro, a Rússia
capturou três navios militares ucranianos tentavam entrar no Mar de
Azov.
Mas, apesar dessa certa melhora, não houve progresso em relação à situação dos marinheiros presos, cuja libertação exige Kiev.
Acusados pela Rússia de terem entrado ilegalmente nas águas
territoriais russas, os marinheiros ucranianos, dos quais pelo menos
três ficaram feridos durante o confronto, foram presos na Crimeia e
depois transferidos para Moscou.
Acusados de cruzar a fronteira ilegalmente, podem ser condenados a
até “seis anos de prisão”, declarou nesta terça-feira à AFP Nikolai
Polozov, advogado russo de um deles.
Neste contexto, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, recebeu
nesta terça um grupo de familiares destes marinheiros, e prometeu lutar
até o fim para libertá-los.
Para a Ucrânia, estes homens são “prisioneiros de guerra” e não podem ser julgados pela justiça russa.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), ao qual Kiev recorreu,
pediu nesta terça-feira que o governo russo “garanta que as pessoas em
cativeiro recebam cuidados médicos apropriados (…), incluindo os que
teriam ficado feridos durante o incidente naval “.
A relação entre os dois países é crítica desde a anexação pela Rússia
da península ucraniana da Crimeia em 2014 e o início, naquele mesmo
ano, de um conflito armado no leste da Ucrânia entre forças
governamentais e separatistas pró-Rússia, que deixou mais de 10.000
mortos.
Antes do incidente naval, Kiev e os países ocidentais já acusavam a
Rússia de deliberadamente “bloquear” a navegação de barcos comerciais
pelo Estreito de Kerch, reivindicado por Moscou após a anexação da
Crimeia.