31 de mar. de 2016

PGR oferece denúncia contra sete políticos do PP implicados na Lava Jato

São alvos do pedido os deputados Arthur Lira, Mário Negromonte Jr., Luiz Fernando Faria, José Otávio Germano, Roberto Britto e os ex-deputados Mário Negromonte e João Alberto Pizzolatti

Estadão Conteúdo
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu nesta quarta-feira, 30, denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra sete políticos do PP implicados na Operação Lava Jato. São alvos do pedido da PGR os deputados Arthur Lira (AL), Mário Negromonte Jr. (BA), Luiz Fernando Faria (MG), José Otávio Germano (RS), Roberto Britto (BA) e os ex-deputados Mário Negromonte (BA) e João Alberto Pizzolatti (SC).
A denúncia foi oferecida num inquérito que, inicialmente, investiga Pizzolatti por ser beneficiário do esquema de propinas instalado na Petrobrás. A denúncia é sigilosa porque tem como base informações prestadas em acordos de delação premiada que ainda são mantidas em segredo no Supremo.
Todos os políticos denunciados são alvos de outros procedimentos já instaurados no STF no âmbito da Lava Jato. Eles são mencionados no inquérito conhecido como “quadrilhão”, que investiga parlamentares, ex-parlamentares e operadores do esquema. Pizzolatti é alvo de quatro inquéritos, Lira de três, Germano de dois e os demais de um inquérito.

PP na Lava Jato
O PP é o partido com o maior número de políticos investigados no esquema de corrupção da Petrobrás – são 32 no total. Segundo as investigações, a legenda detinha o controle da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, um dos mais robustos focos da corrupção na estatal.

O engenheiro Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato, foi indicado pelo PP para a Diretoria de Abastecimento. Para se manter no cargo, Costa direcionava a parlamentares do PP porcentual de contratos fraudados com as maiores empreiteiras do País.
Pizzolatti recebia vantagens ilícitas que eram diretamente pagas pelo doleiro Alberto Youssef. Em delação premiada, o doleiro disse que o ex-deputado catarinense fazia questão e retirar pessoalmente o dinheiro no escritório de Youssef em São Paulo para não pagar taxa de transporte de valores.

Na campanha de 2010 à Câmara, foram destinados R$ 5,5 milhões a Pizzolatti. As revelações foram feitas por Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, em delação premiada ao Ministério Público Federal (MPF). Ceará prestava serviços para Youssef como entregador de dinheiro desviado da petroleira.

Negromonte, ex-ministro das Cidades, também foi citado por Youssef por ter ajudado a organizar repasses de propinas para o PT e o PP em um contrato no Denatran no período em que ocupava o cargo no Executivo. O filho dele, Negromonte Jr., foi incluído nas investigações em dezembro do ano passado.

Veja por quais crimes cada um foi denunciado:

João Alberto Pizzolatti Júnior
Art 317 – Corrupção Passiva
Lei 9613/1998 – Ocultação de Bens

Mário Sílvio Mendes Negromonte
Art 317 – Corrupção Passiva
Lei 9613/1998 – Ocultação de Bens

Mário Sílvio Mendes Negromonte Júnior
Art 317 – Corrupção Passiva
Lei 9613/1998 – Ocultação de Bens
Lei 12850/2013 – Organização Criminosa
§ 1 - Embaraço à investigação

Luiz Fernando Ramos Faria
Art 317 – Corrupção Passiva
Lei 9613/1998 – Ocultação de Bens

José Otávio Germano
Art 317 – Corrupção Passiva
Lei 9613/1998 – Ocultação de Bens

Roberto Pereira de Brito
Art 317 – Corrupção Passiva
Lei 9613/1998 – Ocultação de Bens

Arthur Cesar Pereira de Lira
Art 317 – Corrupção Passiva
Lei 9613/1998 – Ocultação de Bens

30 de mar. de 2016

Parlamento da Venezuela aprova anistia para presos políticos

O presidente Nicolás Maduro, em um discurso na TV, voltou a falar que vai vetar a lei aprovada pelo Parlamento opositor

Lilian Tintori, mulher do político opositor preso Leopoldo López segura um cartaz pedindo a anistia imediata aos prisioneiros políticos durante cerimônia de posse no parlamento venezuelano em Caracas - 05/01/2016
Lilian Tintori, mulher do político opositor preso Leopoldo López segura um cartaz pedindo a anistia imediata aos prisioneiros políticos durante cerimônia de posse no parlamento venezuelano em Caracas - 05/01/2016(Juan Barreto/AFP)
O Parlamento da Venezuela, controlado pela oposição, aprovou na noite desta terça-feira a lei de anistia para políticos presos. Apesar do gesto simbolicamente forte, a lei pode ser vetada pelo presidente Nicolás Maduro, que já se manifestou que faria isso. Henry Ramos Allup, presidente da Assembleia Nacional, declarou aprovado o projeto, entre aplausos e gritos de "Liberdade!" da bancada opositora, e protestos dos deputados chavistas. "Esta lei pretende estabelecer as bases para a reconciliação nacional", afirmou a deputada Delsa Solórzano, promotora da iniciativa, durante o debate sobre os 29 artigos da medida.
A anistia visa a tirar da prisão 76 presos políticos e beneficiar centenas de perseguidos e exilados por sua oposição ao chavismo, no poder há 17 anos na Venezuela. O deputado chavista Elias Jaua denunciou a lei afirmando que ela "deixa sem acesso à Justiça, à reparação, centenas de vítimas dos atentados terroristas cometidos durante o período de desestabilização democrática" - em referência aos protestos contra o governo, em fevereiro de 2014.

Em mensagem em rede nacional antes da aprovação da lei, Maduro disse: "tenham a certeza de que esta lei não passa por aqui, leis para amparar terroristas e criminosos não passarão, não importa o que façam". Maduro tem a prerrogativa de questionar a lei no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que a oposição chama de "escritório de advocacia" do chavismo.
Presos - O principal líder opositor preso é Leopoldo López, detido há dois anos e condenado em setembro passado a quase 14 anos de cadeia, por incitar à violência na onda de protestos contra Maduro que no início de 2014 deixou 43 mortos e 878 feridos. Fundador do partido Vontade Popular, López foi prefeito de Chacao, na região de Caracas, onde projetou uma imagem de dinamismo e eficiência que o colocou como possível candidato presidencial, mas foi impugnado em duas ocasiões.
Antonio Ledezma, prefeito de Caracas, foi detido em fevereiro de 2015 sob a acusação de conspiração e associação criminosa, e hoje cumpre prisão domiciliar por razões de saúde. O veterano político e advogado foi deputado, senador, governador do antigo Distrito Federal e prefeito do município de Libertador por dois mandatos. A promotoria pede 16 anos de prisão contra Ledezma por "supostamente apoiar grupos que pretendiam desestabilizar o país através de ações violentas".
A anistia visa ainda libertar Daniel Ceballos, prefeito de San Cristóbal, capital do Estado de Táchira, destituído pelo Supremo em março de 2014, acusado de ignorar uma ordem judicial para reprimir as manifestações. Ceballos cumpre prisão domiciliar desde agosto de 2015 por razões de saúde.
(Com agência France Presse)

28 de mar. de 2016

Hospede-se com segurança

Apesar de tornar a vida dos turistas mais fácil, sites de reservas de hotéis também podem dar dor de cabeça

Camila Brandalise
Com interfaces simples e ferramentas de busca práticas, os sites de reservas de hotéis são a melhor pedida para aqueles que estão montando o seu próprio roteiro de viagem. Mas, por estarem no mundo virtual, eles dão a sensação de insegurança, já que não há contato direto com o hotel.
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Muitas vezes, a percepção se torna realidade e as pessoas não sabem a quem recorrer. “Essas empresas são agências virtuais de turismo e têm toda responsabilidade em responder ao cliente caso ele tenha algum problema”, diz Claudia Almeida, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
 
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26 de mar. de 2016

Debandada do PMDB do Rio deve acelerar impeachment

Decisão do diretório fluminense já faz aliados do vice Michel Temer falarem na possibilidade de ele assumir o governo em maio

Presidente Dilma Rousseff comparece em reunião com juristas contra o impeachment, no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta terça-feira (22)
ABANDONADA – A presidente Dilma Rousseff no Planalto(Evaristo Sa/AFP)
O anúncio do PMDB fluminense de que pretende se afastar da presidente Dilma Rousseff abalou a ala governista do partido e também o Palácio do Planalto. Em sentido inverso, deu força ao grupo peemedebista pró-impeachment, que decidiu acelerar o trâmite do processo na Câmara dos Deputados. A previsão é votar o pedido de afastamento antes de 17 de abril. O Planalto teme o reflexo da debendada peemedebista nos demais partidos da base.
Aliados do vice-presidente Michel Temer afirmaram nesta sexta-feira ao jornal O Estado de S. Paulo que ele se prepara para assumir o governo em maio e, por isso, também intensificou nos últimos dias as articulações no mundo político e empresarial nesse sentido.
A intenção do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), manifestada a aliados, é aprovar o impeachment o mais rápido possível. O relator do pedido de afastamento na Comissão Especial, Jovair Arantes (PTB-GO), já teria, segundo apurou o Estado, avisado Cunha de que vai apresentar parecer favorável à saída de Dilma.
Cunha também não desistiu de incluir a delação do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) no pedido de impeachment que tramita na Comissão Especial e tem como base as pedaladas fiscais (manobras contábeis) da atual gestão.
A pressa e o otimismo dos peemedebistas pró-impeachment também se deve às dificuldades do Planalto e do PT em definir na Justiça a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil. Sem o cargo e os poderes dele, Lula está praticamente impossibilitado de fazer a articulação com o PMDB e demais partidos da base. O petista, no entanto, recorreu ao Supremo em busca de recuperar o direito de assumir a pasta.
Neste sábado, Jorge Picciani conversará com o ministro de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, indicado para o primeiro escalão em negociação direta do líder Leonardo Picciani com a presidente. Pansera e Leonardo deverão votar contra o rompimento com o governo na reunião do diretório nacional do PMDB, marcada para a próxima terça-feira. "Leonardo está desconfortável com essa situação, vai refletir, ele tem de ouvir a bancada. Pansera também tem grande dificuldade. Acredito que teremos dois ou três votos contra, mas o rompimento é o sentimento majoritário do PMDB do Rio. Leonardo é muito disciplinado, está desde os 15 anos no PMDB e hoje tem 36. Ele vai respeitar o que foi decidido pela maioria do diretório nacional", afirmou.
O presidente do PMDB-RJ disse ter recebido pesquisa do instituto GPP encomendada pelo diretório regional que apontou que 80,4% dos entrevistados no Estado foram contra a nomeação de Lula para a Casa Civil. "Não quero expressar minha opinião pessoal, o que digo é que estamos ouvindo a sociedade."
(Com Estadão Conteúdo)

25 de mar. de 2016

Ministério encrencado

Dez ministros, entre os mais próximos de Dilma, são acusados de diversos crimes e permanecem no cargo por causa do foro privilegiado

Mel Bleil Gallo
A presidente Dilma Rousseff começou seu primeiro mandato com tolerância zero diante de qualquer sinal de má conduta de seus ministros. Demitia, sem titubear, qualquer um que fosse suspeito. Esse foi um dos motivos para amealhar, naquele promissor 2011, popularidade recorde, superando os 70% de aprovação. De lá para cá, Dilma subverteu a lógica e renegou completamente o que parecia ser uma vocação republicana.
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Na mira: Dilma entre José Eduardo Cardozo (Advocacia Geral da União),
Eugênio Aragão (Justiça) e Jacques Wagner (Casa Civil).
Aqui vale o ditado: “Diz-me com quem andas...”
 
Hoje, ela não só sustenta no governo uma dezena de ministros encrencados por toda espécie de suspeição criminosa, como abre as portas do Palácio do Planalto para que o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva, investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, tenha foro privilegiado. Sem o menor sinal de constrangimento, preenche a Esplanada com gente que poderia estar indo para a cadeia. 
 
Um dos homens mais próximos da presidente, o ex-ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, por exemplo, é citado na delação premiada do ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró, que o acusa de ter se beneficiado de um esquema de repasses ilícitos para sua campanha ao governo da Bahia, em 2006, por intermédio do então presidente da estatal, Sérgio Gabrielli. Mensagens encontradas no celular do dono da empreiteira OAS, Léo Pinheiro, também revelam a suposta atuação de Wagner para intermediar negócios entre a empresa e fundos de pensão. 
 
Os indícios levaram a oposição a protocolar um pedido de abertura de inquérito junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), mas o processo foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nas conversas telefônicas com Lula, Wagner propõe que petistas não se constranjam em incitar a violência, o que é crime previsto no Código Penal. Foi justamente a delação de Cerveró que, meses antes, o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) tentara comprar a pedido do governo. Além de proteger Lula e Dilma, o silêncio também aliviaria a situação de Jaques Wagner. 
 
Sem sucesso, Delcídio foi preso e, de repente, tornou-se o homem a ser silenciado pelo Planalto. Como mostra gravação divulgada pelo assessor do senador, Eduardo Marzagão, o escalado para a operação foi o ministro da Educação e ex-titular da Casa Civil, Aloizio Mercadante. A ação caracteriza crime de obstrução da justiça. De acordo com Delcídio, o ministro teria lhe oferecido auxílio político e financeiro para sair da prisão, preservar o mandato de senador e ajudar a família do sul matogrossense a superar a crise. 
 
Em troca, o então senador petista desistiria de homologar a delação premiada. Os efeitos catastróficos do que poderia ser revelado já eram calculados pelo Planalto, que mais uma vez tramava manobras para impedir o avanço da Justiça. Como ISTOÉ revelou no início de março, a estratégia não surtiu efeito e o político fez seu acordo de delação, cujo conteúdo explosivo comprometeu definitivamente a presidente e Lula. Além de Mercadante, Delcídio acusa em sua delação o ex-ministro da Justiça e atual advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, e a própria presidente de tentarem influenciar ilicitamente nas investigações. 
 
Segundo o senador, em uma viagem a Portugal, Cardozo teria tratado pessoalmente com o presidente do STF, Ricardo Levandowski, para negociar uma mudança de rumos na operação. Sem sucesso, o Planalto teria em seguida condicionado a nomeação do desembargador Marcelo Navarro ao Superior Tribunal de Justiça (STF) ao compromisso de que o novo ministro defenderia a libertação dos acusados Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, a fim de evitar novas delações comprometedoras.
 
Tesoureiro da campanha de Dilma à reeleição, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Edinho Silva (PT-SP), é citado na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa como beneficiário do esquema de propinas na Petrobras e aparece como responsável por obter recursos junto a farmacêuticas, por meios de contratos fictícios, para pagar despesas da campanha de 2014. Até o novo ministro da Justiça está comprometido. 

Eugênio Aragão atacou a prática de vazamentos da Polícia Federal e despertou a animosidade de policiais. Em luta por autonomia investigativa, os PF classificaram como infeliz a declaração do antigo vice-procurador geral eleitoral que “cheirou vazamento, a equipe será trocada”. Os peemedebistas Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ministro do Turismo, e Celso Pansera (PMDB-RJ), ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, também são investigados. 
 
Suspeito de colaborar com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na tentativa de protelar as investigações e intimidar investigados, Pansera foi alvo de ações de busca e apreensão pela Polícia Federal na Operação Catilinárias, em dezembro do ano passado. A mesma operação realizou buscas nos endereços de Alves, que é investigado em inquérito da PGR que apura doações intermediadas por Cunha a sua campanha pelo governo do Rio Grande do Norte, em 2014.
 
Até mesmo o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, entrou na mira da Justiça. O relatório de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) recém concluída, divulgada pelo jornal O “Estado de São Paulo”, propõe banir de funções públicas o ministro e seu antecessor, Guido Mantega, além de mais três integrantes da equipe econômica nos governos de Dilma Rousseff por irregularidades referentes às “pedaladas fiscais”. Os auditores consideraram as infrações graves. Nem de longe, entretanto, a Lava Jato e as pedaladas fiscais são a única preocupação jurídica que ronda a Esplanada. 
 
O ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB-PI), por exemplo, aguarda decisão do Tribunal Superior Eleitoral acerca de uma denúncia por compra de votos na sua campanha a deputado federal. Apresentada pelo Ministério Público Eleitoral, a ação pede a cassação de seu mandato e a aplicação de uma multa. Seu correligionário Helder Barbalho (PMDB-PA), ministro de Portos, foi acusado pelo Ministério Público Federal de desviar recursos destinados a programas de saúde de Ananindeua (PA), no período em que era prefeito, a partir de uma auditoria do Ministério da Saúde nos contratos feitos com a Prefeitura de Ananindeua, em 2014. 
 
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Contratos fictícios e esquemas de propina
 
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Tesoureiro da campanha de Dilma à reeleição, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Edinho Silva (PT-SP), é citado na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa como beneficiário do esquema de propinas na Petrobras e aparece, também, como responsável por obter recursos por meio de contratos fictícios para pagar despesas da campanha de 2014. Em sua delação, o senador Delcídio Amaral (Sem Partido/MS) afirma que Edinho o orientou a usar a empresa farmacêutica EMS para pagar dívidas de sua campanha ao governo do MS, em 2014
 
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O emissário do Planalto para silenciar Delcídio
 
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Ministro da Educação, Aloizio Mercadante foi escalado pelo Planalto para tentar silenciar o senador Delcídio Amaral (sem partido/MS), como revelou gravação divulgada pelo assessor do senador, Eduardo Marzagão. De acordo com Delcídio, em troca de seu silêncio, o ministro teria oferecido auxílio político e financeiro para que ele deixasse a prisão e preservasse o mandato de senador. Na Lava Jato, Mercadante é alvo de inquérito no STF por ter sido apontado pelo dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, como um dos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras
 
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Chantageador de empreiteiras
 
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Ex-chefe de gabinete de Dilma e atual assessor direto da presidente, Giles Azevedo é citado na delação do ex-presidente da Andrade Gutierrez (AG) Otávio Azevedo. Giles teria pressionado a empreiteira a doar mais para a campanha de Dilma em 2014. Na companhia do tesoureiro da campanha presidencial da petista, Edinho Silva, ele teria ameaçado interromper os negócios da empresa com o governo, caso as doações não chegassem. Isso caracteriza crime deextorsão. 
 
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O autor das pedaladas fiscais
 
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O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, é alvo de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) recém concluída. A análise dos auditores propõe banir de funções públicas o ministro e seu antecessor, Guido Mantega, além de mais três integrantes da equipe econômica nos governos de Dilma Rousseff pelas “pedaladas fiscais”. Por considerarem as infrações como graves, os alvos podem se impedidos de exercer cargos comissionados por até oito anos
 

Crédito das imagens desta reportagem: Alan Marques/Folhapress; Adriano Machado/REUTERS; João Castellano/Ag. IstoÉ; DIDA SAMPAIO/ESTADãO CONTEÚDO

24 de mar. de 2016

PF aponta R$ 21,5 milhões da Odebrecht a marqueteiro do PT após reeleição de Dilma

Planilha do esquema profissionalizado de propina da empreiteira registra repasses a 'Feira', condinome usado para identificar João Santana e a mulher, Mônica Moura; documento integra relatório de indiciamento do casal

Estadão Conteúdo
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A Polícia Federal apontou no relatório de indiciamento do marqueteiro do PT João Santana e de sua mulher, Mônica Moura, que o casal recebeu pelo menos R$ 21,5 milhões entre outubro de 2014 e maio de 2015 – período pós reeleição da presidente Dilma Rousseff – do “departamento de propina” da Odebrecht.
No documento encaminhado na noite de ontem ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba, a PF listou todos os repasses lançados na planilha controlada pela ex-secretária da Odebrecht Maria Lucia Tavares, que fez acordo de delação premiada, em nome do codinome “Feira”. O termo era usado, segundo ela confessou, para identificar João Santana e a mulher, que são da região de Feira de Santana, na Bahia.

João Santana e a mulher estão presos em Curitiba, desde 23 de fevereiro, desde que foram alvo da 23ª fase da Lava Jato – batizada de Operação Acarajé. Para o delegado Márcio Anselmo, que apresentou relatório de indiciamento do casal, a “inserção de codinomes é claro indicativo de trata-se de operação à margem da contabilidade da empresa, buscando ‘mascarar’ pagamentos não contabilizados de forma oficial”. Há ainda o registro de senhas que eram usadas pelos entregadores do dinheiro.

João Santana foi o marqueteiro da campanha de reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, da campanha de 2010 e da campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010. Em depoimento à PF, Mônica Moura – que assumiu cuidar da parte financeira dos negócios – afirmou que os pagamentos da Odebrecht recebidos em conta secreta na Suíça, entre 2012 e 2013, num total de US$ 3 milhões foram por serviços prestados fora do Brasil.

O casal foi indiciado pela PF por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, acusada de desvios na Petrobrás. O Ministério Público Federal denunciará formalmente Santana e a mulher ao juiz Sérgio Moro na próxima semana.

A defesa do marqueteiro do PT diz que seu cliente é inocente. O advogado Fábio Tofic sustenta que os recebimentos da Odebrecht alvo do inquérito foram por serviços fora do Brasil. Mônica Moura trocou seu advogado no mês passado e tenta um acordo de delação premiada com a Lava Jato.

23 de mar. de 2016

Casa Civil informa que Lula não constará mais como ministro no Diário Oficial

Apesar da suspensão decretada pelo STF, o governo vinha tratando o ex-presidente oficialmente como titular da pasta

Estadão Conteúdo
O ministério da Casa Civil informou no fim da tarde desta terça-feira, 22, por meio de nota, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não constará mais no Diário Oficial da União como ministro "em face da comunicação pelo Poder Judiciário de que foi suspensa a eficácia do ato de nomeação" do ex-presidente.
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"A partir de hoje, o nome da Ministra Chefe da Casa Civil da Presidência da República Substituta, Sra. Eva Chiavon, passará a constar do Expediente do Diário Oficial da União, em face da comunicação pelo Poder Judiciário de que foi suspensa a eficácia do ato de nomeação do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva no referido cargo. Importante registrar que não houve nenhum ato assinado por Luiz Inácio Lula da Silva no cargo", diz a íntegra da nota assinada pela chefe da assessoria de comunicação da pasta, Sonia Carneiro.

Apesar da suspensão decretada pelo STF, o governo vinha tratando Lula oficialmente como titular da pasta. Desde quinta-feira, 17, dia seguinte à nomeação, Lula era identificado no Diário Oficial da União (DOU) como ministro de Estado chefe da Casa Civil. A Imprensa Nacional, responsável pela edição do DOU, é subordinada à Casa Civil.

Lula está em Brasília desde segunda-feira, com a missão de articulador "informal" do governo. Ele tenta conter a debandada do PMDB, considerada determinante para o avanço do processo de impeachment. Hoje, o ex-presidente se reuniu com o presidente do Congresso, Renan Calheiros, e com o ex-presidente José Sarney.

No site do ministério da Casa Civil, há na capa a notícia de que Jaques Wagner deixou a pasta e assumiu a chefia do Gabinete Pessoal da Presidência. Contudo, nas áreas referentes à agenda do ministro e no link "Conheça o ministro", que contém um currículo resumido do titular da Casa Civil, constam ainda o nome e informações referentes a Wagner. Questionada pela reportagem sobre a falta de atualização da página, a Casa Civil não respondeu até o momento.

22 de mar. de 2016

Ataques terroristas deixam dezenas de mortos e feridos na Bélgica

Explosões atingiram o aeroporto de Zaventem e estação de metrô.
Ao menos 34 morreram e mais 130 ficaram feridas, segundo a imprensa.

Do G1, em São Paulo
Atentados terroristas deixaram dezenas de mortos e feridos no Aeroporto Internacional de Zaventem e na estação de metrô Maelbeek em Bruxelas, na Bélgica, na manhã desta terça-feira (22). O número de vítimas ainda é desencontrado. A imprensa fala em 34 mortos, além de 136 feridos, mas o número não para de crescer. As explosões levaram o país a entrar em alerta máximo para atentados terroristas.
 
O primeiro-ministro belga, Charles Michel, condenou o que classificou de "atentados cegos, violentos e covardes" que atingiram a capital belga. "Temíamos um atentado terrorista e aconteceu", lamentou.
Duas explosões ocorreram no aeroporto e os ataques foram foram provocados por um homem-bomba, segundo procuradoria local. Os ocorreram na área de embarque, perto de um balcão da companhia American Airlines. Vozes em árabe e tiros também teriam sido ouvidos no local, segundo a imprensa belga.
Uma terceira explosão atingiu a movimentada estação Maelbeek, que fica perto de um bairro onde parte das representações da União Europeia está sediada, segundo a CNN.
Embora os bombeiros tenham mencionado apenas 11 mortos, o número de vítimas diverge entre as agências e jornais locais. A VRT, TV pública belga, fala em 34 mortos, sendo 20 no metrô e 14 no aeroporto. A RTBF fala em 11 mortos apenas no aeroporto e 15 mortos, além de 55 feridos, na estação de metrô. O Le Monde diz que 28 pessoas morreram. O jornal La Libre diz que 136 ficaram feridos. A CNN fala que 130 ficaram feridos.
Explosões no aeroporto de Bruxelas deixaram mais de 10 mortos e dezenas de feridos (Foto: Ketevan Kardava/ Georgian Public Broadcaster/AP)Explosões no aeroporto de Bruxelas deixaram mais de 10 mortos e dezenas de feridos (Foto: Ketevan Kardava/ Georgian Public Broadcaster/AP)
Um diplomata esloveno ficou ferido nos ataques. A imprensa local afirma que ele estava se deslocando para o trabalho de metrô no momento dos ataques, segundo a Reuter.
Ainda de acordo com a CNN, dezenas de pessoas foram retiradas de macas do aeroporto. As fotos do aeroporto mostram destroços e vidros quebrados. Imagens divulgadas pela BBC mostram a fumaça e a correria das pessoas para deixar o aeroporto.

Uma testemunha estava na área de embarque, entrevistada pela TV5, contou que logo após a primeira explosão houve um “momento de perplexidade”. Poucos instantes depois, veio a segunda explosão e “ninguém mais teve dúvida do ataque”, dando início à correria.
O primeiro-ministro belga, Charles Michel, afirmou que, nesse momento, a prioridade é estabilizar a situação: reforçar a segurança em alguns pontos onde os serviços de segurança temiam alguma ameaça e dar socorro às vítimas. O primeiro-ministro pediu calma e solidariedade para os compatriotas. “Nós estamos face a uma dificuldade, um desafio. Vamos enfrentar unidos e solidários”, declarou.
Ele disse que existe informações sobre mortos, mas não citou números. “Há muitos feridos, alguns, graves. É um momento negro para o nosso país”, afirmou.
Vítimas
A CNN diz que 26 morreram e pelo menos 35 ficaram feridos. O jornal HLN.BE afirmou que 11 morreram no aeroporto e 10 nas estação do Metrô. A Reuters fala em 13 mortos e 35 feridos, com base em uma TV local. O jornal local Le Soir também menciona 13 mortos. A RIA Novosti, da Rússia, informou 11 mortos e 20 feridos.
As autoridades recomendam às pessoas evitar deslocamentos. O sinal de celular está prejudicado nesse momento. Por isso, as autoridades orientam a enviar mensagens ou fazer contatos por redes sociais. As ligações telefônicas devem ser deixadas apenas para emergências.
As autoridades esvaziaram todas as estações de metrô e suspenderam o deslocamento de trens em Bruxelas.
Fumaça no terminal de embarque do Aeroporto Internacional de Zaventem, em Bruxelas, na Bélgica, após explosões (Foto: Daniela Schwarzer / via AP Photo)Fumaça no terminal de embarque do Aeroporto Internacional de Zaventem, em Bruxelas, na Bélgica, após explosões (Foto: Daniela Schwarzer / via AP Photo)

O aeroporto esvaziado e fechado para pousos e decolagens e o tráfego aéreo foi interrompido e desviados para outras regiões. A polícia bloqueou todas as vias de acesso ao complexo. O serviço de ônibus também foi interrompido.
Veículos de serviços de emergência no aeroporto de Zaventem (Foto: Francois Lenoir / Reuters)Veículos de serviços de emergência no aeroporto de Zaventem (Foto: Francois Lenoir / Reuters)



Luta contra o terrorismo
As explosões ocorreram quatro dias após a prisão, em Bruxelas, de Salah Abdeslam, principal suspeito pelos ataques de Paris em novembro. Desde o início da semana passada, a polícia belga faz buscas por suspeitos de terem participado dos atentados de Paris que deixaram 130 mortos e mais de 200 feridos. Um suspeito foi morto após a invasão de um apartamento. Na segunda-feira (21), a polícia divulgou a identidade de mais um suspeito de envolvimento com os ataques. Conhecido sob a falsa identidade de Soufiane Kayal, ele foi identificado como Najim Laachraoui, um homem de 24 anos.
Pessoas andam em estrada de acesso ao Aeroporto de Zaventem bloqueada (Foto: Thierry Monasse / AFP Photo)Pessoas andam em estrada de acesso ao Aeroporto de Zaventem bloqueada (Foto: Thierry Monasse / AFP Photo)

Repercussão
A família real belga divulgou uma mensagem de solidariedade para as famílias das vítimas dos ataques. "O rei e a rainha estão transtornados com os atentados no aeroporto e no metrô de Bruxelas. São atos odiosos e covardes. Os pensamentos emocionados do Rei e da Rainha vão em primeiro lugar para as vítimas e às suas famílias e ao socorristas que fazem de tudo para levar assistência às vítimas."

Alemanha
Após as explosões na Bélgica levaram a Alemanha a refoçar a segurança no Aeroporto de Frankfurt. Ministro do Interior alemão afirmou eu não há indicações de que os autores dos atentado tenham alguma relação com a Alemanha, segundo a Reuters.
França
O presidente da França, François Holland, afirmou que os ataques à Bélgica "atingem toda a Europa". O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, direcionou 1,6 mil policiais a mais para manter a segurança das fronteiras e no sistema de transportes do país. A França também reforçou segurança no Aeroporto Charles de Gaulle, na região de Paris.
Os trens de alta velocidade que ligam Paris a Bruxelas, Colônia (na Alemanha) e Amsterdam foram paralisados completamente, informou a Thalys, companhia que opera o serviço, em seu site oficial.
A torre Eiffel vai ser iluminada com as cores da bandeira da Bélgica nesta noite, em homenagem às vítimas, disse a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, via Twitter.
Inglaterra
A polícia britânica reforçou sua presença em estações, aeroportos e outros locais públicos, de acordo com a France Presse. A Eurostar concelou trens para Bruxelas, como informou a Reuters. O chefe de antiterrorismo da polícia britânica, Mark Rowley, esclareceu que a medida não tem nada a ver com alguma ameaça secreta contra o Reino Unido.

21 de mar. de 2016

Temendo decisão de Moro, AGU recorre de novo ao STF para ter Lula na Casa Civil

Após Gilmar Mendes barrar nomeação, José Eduardo Cardozo cobra manifestação de Teori Zavascki sobre o caso

A presidente Dilma Rousseff e o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de posse dos novos ministros no Palácio do Planalto, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff empossa o ex- presidente Luiz Inácio Lula na Casa Civil: decisão barrada no STF(Adriano Machado/Reuters)
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, pediu novamente neste domingo ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), que garanta por medida liminar a nomeação do petista para cargo de ministro-chefe da Casa Civil. O requerimento, semelhante ao que foi apresentado ontem, tem por objetivo suspender o andamento de todos os processos e decisões judiciais contra a posse de Lula até um pronunciamento definitivo da corte. Uma das preocupações do governo é que, antes disso, Lula seja alvo de uma ação do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.

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Em nota divulgada neste domingo, a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contestou a competência do ministro do Gilmar Mendes, do STF, para devolver o caso do petista à alçada do juiz Sergio Moro, da primeira instância da Justiça Federal. Em petição apresentada neste sábado à corte, conforme o comunicado, os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins pedem ao ministro Zavascki que "reafirme sua competência" para analisar o processo remetido ao Supremo por Moro. Ainda de acordo com a nota, a defesa já havia pedido a Zavascki providências para preservar o sigilo das gravações decorrentes de interceptações telefônicas da Lava-Jato.
Na sexta-feira, ao examinar ação impetrada pelos partidos PPS e PSDB, Mendes decidiu vetar a nomeação de Lula como ministro-chefe da Casa Civil e devolveu a apreciação do seu caso ao juiz Moro. "Defiro a medida liminar, para suspender a eficácia da nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, determinando a manutenção da competência da Justiça em primeira instância nos procedimentos criminais e cíveis", diz o despacho. Como justificativa, Mendes comparou o caso de Lula ao do ex-deputado Natan Donadon, que renunciou ao mandato na Câmara para impedir o julgamento iminente de uma ação no STF, fazendo com que o processo voltasse à primeira instância. Segundo o ministro, a situação de Lula é inversa: sua nomeação como ministro levaria o caso da primeira instância para a corte superior, mas com a mesma finalidade de driblar a Justiça.
No pedido deste domingo, a AGU pede urgência a Zavascki no julgamento de duas arguições de preceito de descumprimento fundamental (ADPF) movidas pelo PSDB e PSB. Cardozo aponta que as ADPFs são as ações que vão permitir a "solução geral da controvérsia". Ele quer que Zavascki possa se manifestar independentemente de uma posição do plenário do Supremo, que só vai se reunir em plenário no dia 30 - o receio é que o ex-presidente, em meio à batalha do impeachment, possa ser alvo de Moro antes disso. Cardozo argumenta ainda que há um risco de "acefalia" da Casa Civil, à qual compete por lei assistir direta e imediatamente o presidente e coordenar as ações do governo, em um momento de "notória instabilidade política e turbulência institucional".
(Com Estadão Conteúdo)

20 de mar. de 2016

Acabou!

Diálogos interceptados pela Lava Jato mostram que a presidente Dilma agiu para obstruir a Justiça, o que configura crime de responsabilidade, e sua permanência no cargo torna-se insustentável

Sérgio Pardellas
A presidente Dilma Rousseff perdeu as condições de permanecer na cadeira de presidente da República. Desde a semana passada, o terceiro andar do Palácio do Planalto abriga uma mandatária indigna do cargo para o qual fora eleita pelos brasileiros por duas ocasiões. Em seu juramento de posse, Dilma prometeu manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis e promover o bem geral do povo brasileiro. No discurso subsequente, comprometeu-se a lutar para que “o braço da justiça alcançasse a todos de forma igualitária”.
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Na última semana, os diálogos divulgados pela força-tarefa da Lava Jato, obtidos a partir de grampos telefônicos realizados no aparelho celular do ex-presidente Lula e de outros investigados, comprovaram o desprezo da presidente da República às leis, à Constituição e aos interesses da sociedade. As escutas mostraram ainda de maneira inequívoca que, ao contrário da retórica inaugural do seu mandato, Dilma pouco se importa com o princípio constitucional da igualdade – ainda mais perante a Justiça. 
Nas conversas, ficou claro que Dilma agiu pessoalmente, ao lado de Lula, na tentativa de obstruir a Justiça. As armações, muitas delas engendradas no interior do gabinete presidencial, tinham o único propósito de evitar a prisão preventiva de Lula, já encaminhada, assegurando-lhe o privilégio de foro. Não seria a primeira, nem a segunda ou a terceira vez que o governo – e Dilma – atuariam com o objetivo de interferir nas investigações, conforme revelou o conteúdo extraído da delação do ex-líder do governo, Delcídio do Amaral (MS), antecipada há duas semanas por ISTOÉ. 
Mas os áudios, contendo o peso das palavras e das vozes inconfundíveis dos mais altos hierarcas da República, conferiram publicidade e materialidade à trama – o que é indiscutivelmente fortíssimo e grave tanto do ponto de vista político como jurídico. Nos últimos dias, a Procuradoria-Geral da República estudava abrir investigação contra a presidente. Independentemente da decisão do MP, a manutenção de Dilma na Presidência é insustentável. Se um gesto de grandeza - inerente aos estadistas - lhe escapar, ou seja, a renúncia, onde a presidente pela primeira vez desde a eleição colocaria os interesses nacionais acima das conveniências pessoais e políticas, a trilha do impeachment no Congresso será uma realidade. 
Na última quinta-feira 17, a Comissão foi instalada. Em 45 dias, o assunto deve estar liquidado – muito provavelmente em desfavor de Dilma. Como se já não fossem suficientes para apeá-la do poder as fortes evidências de abuso de poder político e econômico na campanha à reeleição e as comprovadas pedaladas fiscais, as conversas divulgadas na semana passada expuseram o cometimento de outro crime: o de responsabilidade – por atentar contra as decisões judiciais e o livre exercício do Poder Judiciário. 
Na Constituição, está tipificado no artigo 85 incisos II e VII. No principal diálogo, mantido entre a presidente e o antecessor na quarta-feira 16, Dilma disse a Lula que enviaria a ele um “termo de posse” de ministro para ser utilizado “em caso de necessidade”. Numa espécie de corrida contra o relógio, a presidente trabalhava ali para impedir que Lula fosse preso antes de sua nomeação para a Casa Civil. Segundo apurou ISTOÉ, àquela altura, o Planalto já tinha informações seguras de que o Ministério Público, em Curitiba, estava de prontidão para pedir a preventiva do petista. 
Os pedidos de prisão estavam prontos para serem levados ao juiz Sérgio Moro na quinta-feira 17, portanto cinco dias antes da previsão inicial de posse de Lula. As bases para a detenção do ex-presidente petista eram as seguidas tentativas de impor obstáculos às ações do Judiciário – atestadas pelos grampos. O conjunto de áudios impressionou os investigadores pelo desassombro dos interlocutores ao tratar de transgressões à legislação e pela promoção, sem qualquer pudor, de seguidas afrontas ao Judiciário (mais detalhes nos trechos ao final desta reportagem).
Mas Dilma, a mesma que prometeu durante sua posse fazer com que “o braço da justiça alcançasse a todos de forma igualitária” entrou em cena, dando guarida ao companheiro. Correu para que o assessor Jorge Messias, subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, já no aeroporto, recebesse o termo de posse antecipado para Lula usar em caso de necessidade. Os atos seguintes corroborariam o desejo de Dilma de livrar Lula dos problemas com a Justiça. Enquanto o presidente do PT, Rui Falcão, informava que a posse de Lula só ocorreria na terça-feira 22, o Planalto mandava circular uma edição extra do Diário Oficial formalizando a nomeação. 
Ao manobrar para obstruir a Justiça, empossando Lula como ministro da Casa Civil e transformando o Palácio do Planalto num refúgio para o denunciado e trincheira política para fins político-partidários, a presidente mostrou seu total desprezo em relação aos anseios da população e provocou uma escalada de indignação na sociedade. O Judiciário, em peso, se levantou contra o conteúdo dos grampos. Falando em nome do STF, o decano Celso de Mello reagiu com contundência: “Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes”, afirmou. 
Revoltados, os manifestantes voltaram a ocupar as principais avenidas do País, os arredores do Congresso e o entorno do Palácio do Planalto. A maioria, num clamor pela “Renúncia já” da presidente Dilma. Na sexta-feira 18, atos reuniram os militantes pró-governo de sempre, mas em menor número. No Congresso, a começar pelo PRB, partidos da base de sustentação do governo deflagraram o processo de deserção. Na sequência do PRB, foi a vez do PP abandonar a nau governista. No dia 29, o maior partido da base aliada, o PMDB, pretende oficializar o desembarque. 
No empenho para justificar o injustificável, o governo alegou que a divulgação do grampo teria sido ilegal. “Afronta direitos e garantias da Presidência da República”, afirmou. Com o País em chamas, a presidente da República se portou da pior maneira possível. Momentos conflagrados, como o atual, exige dos governantes serenidade para impedir a instalação do caos. Dilma fez o inverso. Como se o Palácio do Planalto fosse sua propriedade particular, a presidente adotou um tom incendiário. Ao tentar desqualificar os grampos, falou em “ilegalidade”, “conjuração” e disse que “é assim que começam os golpes”. 
A reação virulenta, com vocabulário típico de militante, não de estadista, é de quem tem culpa no cartório. Como aqui, na Itália, a reação dos corruptos contra a Operação Mãos Limpas também consistiu em acusar os investigadores de cometerem abusos. “Essas acusações nunca se comprovaram, mas serviram para reduzir o apoio da opinião pública à operação e permitir uma reação do sistema corrupto. Foram aprovadas leis contra a investigação, uma delas proibindo a prisão preventiva por corrupção. Esse é o risco que corremos”, alertou Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato.
Ao mesmo tempo em que divulgava alentadas notas oficiais, nos bastidores, como é do seu feitio, o Planalto atuava para tentar desmontar os áudios. Num esforço para desconstruir o episódio, emissários do Planalto procuraram o perito Ricardo Molina. Num primeiro momento, pressionaram-no para atestar que o grampo fora feito no telefone da presidente Dilma e não no de Lula, uma vez que a gravação revela sons ambientes do gabinete presidencial. Molina rechaçou a hipótese e disse ao interlocutor de Lula e Dilma que a gravação era perfeitamente regular. 
Explicou que se alguém liga para um telefone grampeado, a gravação passa a ocorrer no primeiro toque, mesmo antes de ser atendido. Daí a gravação dos sons ambiente do gabinete de Dilma. Diante da recusa inicial, o governo partiu para uma outra estratégia. O Planalto queria que o perito considerasse a gravação clandestina devido a diferença de tempo entre o fim da autorização para as gravações, às 11h12 da quarta-feira 16, e a interceptação do diálogo, ocorrido às 13h32. Molina não se dobrou. 
Lembrou ainda, em sintonia com os argumentos de Moro, ser natural em todos os casos de interceptação telefônica um delay tanto no início como no fim da operação. Como das outras vezes em que o governo tentou interferir nas investigações, a tentativa foi em vão. Contrariando discurso da campanha, em que prometeu combater a corrupção e apoiar a Lava Jato, Dilma envidou todos os esforços no sentido de atrapalhar as investigações. 
As investidas não se limitaram àquelas confirmadas pelos grampos divulgados semana passada. Em sua delação premiada, o senador Delcídio do Amaral contou que a presidente tentou por três ocasiões interferir na Lava Jato. Uma delas, contou com o envolvimento pessoal dele próprio: a nomeação do ministro Marcelo Navarro ao STJ em troca do compromisso de votar pela soltura de presos envolvidos no esquema do Petrolão. 
A estratégia foi tratada numa conversa mantida entre Delcídio e Dilma nos jardins do Palácio da Alvorada. Na delação, o senador denunciou ainda a tentativa do governo de comprar o seu silêncio. O emissário de Dilma nessa empreitada foi o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O discurso da “liberdade para investigar” era o único da campanha à reeleição que ainda parava em pé. Este ruiu nas últimas semanas. Não resta mais nenhum para contar história. Em breve, ao que tudo indica, pode não restar mais presidenta.
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O Roteiro do Crime
PARTE 1
Ouvidos e lidas de forma aleatória, os áudios e as transcrições das gravações feitas pela Polícia Federal nas escutas autorizadas na Operação Lava Jato assombram pela crueza dos diálogos e pela comprovação de que seus protagonistas agiram para obstruir a Justiça e encobrir delitos cometidos por autoridades e líderes petistas. Reunidas em ordem cronológica a partir da data em que foram gravadas, as conversas revelam ainda mais: havia em curso uma ação orquestrada, que configura uma prática continuada e típica de uma organização criminosa. Nos últimos dias, com revelação por ISTOÉ da delação premiada do ex-líder do Governo no Senado, Delcídio do Amaral, e a iminência de um pedido de prisão do ex-presidente Lula, essa ação se intensificou. Mas, como mostra o histórico das gravações reveladas na semana passada pela PF, o plano já havia sido desenhado há algum tempo.
Sexta-feira, 26/02/2016
17:12:00 – Lula X Roberto Teixeira
Roberto Teixeira, advogado de Lula, manda um recado para o cliente e amigo através de Valmir Moraes da Silva, segurança que atende todas as ligações no celular utilizado pelo ex-presidente. Pela primeira vez é registrado o nome de um ministro do STF. “Fala pra ele, fala pro “nosso amigo” aí que o nome daquele assunto é ROSA WEBER...”, diz Teixeira, pedindo em seguida que Lula ligue de volta para conversar a respeito. Menos de 15 minutos depois, em outra ligação interceptada, Teixeira fala direto com Lula, que pede para ele explicar o que era o recado. O advogado explica e indica que o caminho para chegar à ministra Rosa Weber seria o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que ele trata como “baianinho”. Leia o trecho:
Lula – Só para lembrar. O que é essa pessoa, esse nome que você falou? 
Teixeira – Aquela “coisa” caiu com “ela”. 
Lula – Caiu com ela? Tá bom. 
Teixeira - Agora, eu sei que aquele “baianinho” está indo embora (saindo de um evento no Rio de Janeiro). Eu acho que ele que é o caminho para falar com ela. 
Lula – Eu vou tentar falar com ele.
Ao fim da ligação, após se despedir de Teixeira, ouve-se Lula dizer a outra pessoa, provavelmente Moraes: “Me liga com o Wagner”.
17:16:09 – Lula X Jaques Wagner
Menos de um minuto depois, Wagner está na linha com Lula. É uma sexta-feira. Lula diz ao ministro que ele tem de falar “com uma pessoa em Brasília”. “É ela?”, pergunta Wagner. “Aquilo que você falou? Se você... se der para você, ela marcou segunda de noite.” Lula responde: “Bicho, é o seguinte: se eu não tiver preso, eu vou! (RISADAS) Caralho!” Nas conversas, outro advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, aparece como a pessoa a fazer a ponte com Rosa. Nas gravações seguintes Lula insiste para falar urgentemente com Cristiano.
Sábado, 27/02/2016

10:52:00 – Lula X Paulo Vanucchi
Lula trata com o amigo Paulo Vanucchi, diretor do Instituto Lula, sobre ações para inibir o trabalho de procuradores da República. Ele reclama da atuação dos procuradores e, sobretudo, da falta de influência sobre eles de alguém que identifica como Aragão -- que a PF acredita se tratar do então subprocurador geral da República e atual ministro da Justiça, Eugênio Aragão. “Eu às vezes fico pensando até que o Aragão deveria cumprir um papel de homem naquela porra, porque o Aragão parece nosso amigo, parece, parece, mas tá sempre dizendo “olha...””. Em seguida, Lula avisa que vai pedir a intervenção da senadora Maria de Fátima Bezerra e da deputada Maria do Rosário em tratativas relacionadas a alguém de os investigadores supõem ser o procurador Douglas Kirchner, que participou das investigações sobre tráfico de influência no BNDES: “Nós vamos pegar esse de Rondônia agora, eu vou colocar a Fátima Bezerra e a Maria do Rosário em cima dele”, diz Lula a Vanucchi.
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PARTE 2
22:34:32 Lula X Lindbergh Farias
À tarde, Lula conversa com Wagner e o deputado Paulo Teixeira, que o procuram com um assunto que tratam como “urgente, urgente, urgente”. Combinam de falar a partir de uma linha fixa em um hotel, com medo de interceptação. À noite, a PF grava um diálogo de Lula com o presidente do PT, Rui Falcão. O ex-presidente revela ter sido informado de que pode haver uma operação de busca e apreensão, na segunda-feira, em sua casa, nas casas de seus filhos e na de Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula.
Quatro minutos depois, conversa com o senador Lindbergh Farias. O assunto é, mais uma vez, a ação do “promotor de Rondônia”. Diz ao senador que “tem a história do promotor de Rondônia, que pegou um caso meu agora, que a mulherada tem que ir para cima dele” e então se refere a atuar sobre outro nome chave nas investigações: o procurador geral da República, Rodrigo Janot. “Terça feira tem que trucar o Janot e triturar”.
Terça-feira, 01/03/2016
09:12:07 – Lula X Edinho Silva
Lula cancela uma viagem a Brasília por conta da saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça. Pela manhã, conversa com o ministro Edinho Silva, da Comunicação Social. Falam de futebol e, ao fim do diálogo, comentam sobre o sucessor de Cardoso, Wellington César lima e Silva. Lula avisa a Edinho: “é importante você ficar atento, porque vai sair muitas críticas à indicação do novo ministro, com o objetivo de encurralá-lo”. E continua: “no fundo no fundo eles querem evitar que qualquer ministro acabe com o vazamento da Polícia Federal.” Edinho promete falar com Jacques Wagner, responsável pela indicação de Wellington. Na conversa, eles dão a entender que o novo ministro seria uma marionete de Wagner na Justiça e poderia tentar operar mudanças na PF.
Edinho – Não, pode deixar, eu marquei uma conversa com o Jaques pra gente poder tirar uma estratégia e outra coisa que tem que evitar que é uma coisa que começou hoje na imprensa, é a idéia de que o Jaques é o “super ministro” da casa civil. 
Lula – Vai cair, se ele for forte ele vai cair. 
Edinho – É isso.. 
Lula – Diga pro Wagner que ministro forte cai 
Edinho – Ele precisa, ele precisa arrumar um jeito de dar uma recuada.. de.. de.. porque é o que a imprensa vai tentar fazer. 
Lula – Aham. 
Edinho – Ou seja, tudo que der certo no Ministério da Justiça é dele, tudo que der errado vai ser dele também. 
Lula – Aham. 
Quinta-feira, 03/03/2016
10h00
A edição de ISTOÉ com trechos da delação de Delcídio do Amaral começa a circular e agita o País. Em seu depoimento, o senador cita várias tentativas de Lula e Dilma de interferir nas investigações da Operação Lava Jato. Conta que Dilma pediu a ele, em uma conversa nos jardins do Palácio do Alvorada, para que conversasse com o ministro Marcelo Navarro, dp STJ, para que “confirmasse o compromisso de soltura” dos empresários Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo. E revela que tratou do assunto com Navarro num encontro em pleno Palácio do Planalto. Delcídio também falou que Lula lhe pediu que intermediasse pagamentos de uma mesada à família do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, como forma de tentar convencê-lo a não fazer delação à força-tarefa da Lava Jato, em mais um esquema para burlar as investigações. 
Sexta-feira, 04/03/2016
13:02:01 – Lula X Dilma e Lula X Wagner
Lula está na sede do PT em São Paulo. Acaba de chegar, após ser objeto de condução 
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PARTE 3
Coercitiva para prestar depoimento para a PF em uma sala reservada do aeroporto de Congonhas. Ele , sua família e seu instituto haviam sido alvo da Operação Alheteia, 24ª fase da Lava Jato. Dilma liga para ele. Ele relata detalhes da operação e declara guerra à Justiça, reforçando a tese de que esse é o alvo a ser atingido por seu grupo. “Não tem mais trégua, não tem que ficar acreditando na luta jurídica”, afirmou Lula em um dos trechos da gravação. Mais adiante, falou do STF e do STJ . “Temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado”, disse a Dilma. Em seguida, atacou o Congresso e seus presidentes. “Nós temos um parlamento totalmente acovardado. Um presidente da Câmara, fodido. O presidente do Senado, fodido”, afirmou o ex-presidente, dizendo depois que há muitos parlamentares ameaçados. 
Dilma e Lula discutiram a divulgação, pela ISTOÉ, da delação de Delcídio
Dilma – O senhor não acha estranho aquela história de quinta-feira, a ISTOÉ antecipar...
Lula – Eu acho estranho a liberação do Delcídio, a ISTOÉ antecipar. Eu acho, ô Dilma, uma coisa...
Dilma – E logo no dia seguinte, na sexta-feira, o senhor ser chamado.
Lula – É um espetáculo de pirotecnia sem precedentes, querida. É o seguinte: eles estão convencidos que com a imprensa chefiando, sabe, qualquer processo investigatório, eles conseguem refundar a República.
Parte do diálogo foi captado e divulgado em um vídeo feito pela deputada Jandira Feghali. Pouco antes de ela dizer que Lula estava tranquilo após a operação, vê-se e ouve-se ao fundo o ex-presidente dizendo “eles que enfiem no cu e tomem conta disso”. Ele se referia a deixar na frente da sede da Justiça Federal de Curitiba todo o acervo que recolheu em seus oito anos na Presidência.
Em seguida, Dilma passa o telefone a Wagner, que também conversa com Lula. O assunto é recorrente: cooptar a ministra Rosa Weber, do STF. Ambos defendem a tese de que a operação da PF visava a se antecipar a uma eventual posição de Rosa favorável a Lula em um pedido para tirar seu processo da competência da Lava Jato, levando para o STF. “Eles tão tentando antecipar tudo isso... Porque ela poderia tirar isso da Lava Jato. O Moro fez um espetáculo pra comprometer a Suprema Corte” disse Lula. Logo depois, o ex-presidente insiste na questão de buscar uma reunião com a ministra e pede a Wagner que peça à própria Dilma (que aqui trata por ELA) para entrar nessa operação. “Mas viu querido, ELA tá falando dessa reunião. ô Wagner, eu queria que você visse agora, falar com ELA... Já que ELA tá aí, falar o negócio da Rosa Weber, que tá na mão dela pra decidir. Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram”.
Segunda-feira, 07/03/2016
11:05:51 Lula X Nelson Barbosa
A estratégia de interferir nas investigações avança para outro front. Lula tenta convencer o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, a monitorar o trabalho dos técnicos da receita Federal que cooperam com a Lava Jato e eventualmente descobrir o que eles apuraram a seu respeito. “Era preciso você chamar o responsável e falar ‘que porra que é essa?’” Barbosa, monossilábico, resiste ao assédio.
Lula - Ô, Nelson, vou te falar uma coisa por telefone, isso daqui. O importante é que a Polícia Federal esteja gravando. É preciso acompanhar o que a Receita tá fazendo junto com a Polícia Federal, bicho! 
Barbosa: Não, é... (Gagueja) Eles fazem parte. 
Lula – É, mas você precisa se inteirar do que eles estão fazendo no Instituto. Se eles fizessem isso com meia dúzia de grandes empresas, resolvia o problema de arrecadação do Estado. 
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PARTE 4
Barbosa - “Uhumm”, sei. 
Lula – Sabe? Eu acho que eles estão sendo filho da puta demais. 
20:21:06 Lula X Sigmaringa Seixas
As articulações de Lula não param. Lula tem duas ligações interceptadas com o ex-deputado Sigmaringa Seixas, um de seus advogados em Brasília. Nas duas eles falam de Janot. Na segunda delas, à noite, eles discutem um plano para constranger o procurador geral da República. A ideia do advogado é apresentar um requerimento formalizando proposta de devolução do acervo de Lula à PGR. Lula é contra. “Eu estou cansado das coisas formais. Sabe...se esse cara fosse formal ele não seria Procurador Geral da República. Ele tinha tomado no cu. Tinha ficado em terceiro lugar. Esse é o dado”, afirma. Sigmaringa insiste: “ Pois é. Mas ele se tiver...se a gente formalizar, inclusive, jogando pra imprensa, ele vai ficar constrangido. Se for lá conversar ele diz não e pronto. Ou não diz, né.”
Terça-feira, 08/03/2016
18:11:24 Lula X Alberto Carlos de Almeida
O cientista político Alberto Carlos de Almeida defende junto ao ex-presidente que a única solução para evitar a prisão é a nomeação para o ministério. O argumento do advogado é direto: “Quando aquilo entra no Judiciário, você está condenado, efetivamente.” Depois, é incisivo na proposição: “Eu acho, tá, tem uma coisa que tá na mão de vocês, é MINISTÉRIO, acabou, porra!”. Almeida propõe um “arranjo”, que incluiria também a nomeação do ex-ministro Antonio Palocci para a Fazenda, como forma de solucionar a crise e “botar o mercado no bolso”. “Vocês têm os quadros e a faca e o queijo pra reencaminhar a discussão, politicamente falando, tá? E é você e nosso amigo lá. Foda-se, tá todo mundo queimado. A Lava Jato queimou todo mundo, a Câmara, o Senado. Porra antes era só ele que tava queimado, agora é todo mundo. E daí?”

Quarta-feira, 09/03/2016
12:13:18 Lula X Wellington Dias
A tese do refúgio no Ministério prospera no PT, mas Lula ainda não está convencido e dá a entender que a própria presidente Dilma já havia comprado a ideia de blindá-lo com um cargo. Ao governador Wellington Dias, do Piauí, que o incentiva a aceitar, o ex-presidente afirma: “Deixa eu te falar, eu vou ter uma conversar com ELA (Dilma) porque não é fácil. (...) Não é uma tarefa fácil. Eu jamais irei pro governo pra me proteger.” Poucas horas depois, em outra ligação, o ex-ministro Gilberto carvalho também apela a Lula para que pense melhor e aceite o convite de Dilma. Ainda naquela tarde, novos fatos o colocariam mais próximo de mudar de ideia.
19:22:49 – Lula X Vagner Freitas
O Ministério Público de São Paulo pede a denúncia contra Lula no caso Bancoop – no dia seguinte, requereria também a prisão preventiva do ex-presidente. Ao advogado ele pergunta: “que palhaçada que é essa que o Ministério Público de São Paulo me denunciou?” A partir daí, O ex-presidente recebe várias ligações. Em uma delas, com o presidente da CUT, Vagner Freitas, ele demonstra pela primeira vez sua disposição de ceder ao convite para o Ministério. Diz ao aliado que está com “muita indecisão” e que precisa decidir rapidamente. “a pessoa lá tem muita pressa, muita pressa.... Muita pressa, muita pressa, muita pressa... Tá assim uma coisa de desespero...”
Quinta-feira, 10/03/2016
17:34:42 – Jaques Wagner X Rui Falcão
O celular é o de Lula, mas quem dialoga são dois caciques petistas. O cenário é confuso. Os promotores paulistas haviam pedido a prisão preventiva do ex-presidente, acusado de lavagem de dinheiro. Wagner e Falcão avaliam a hipótese de uma nomeação relâmpago de Lula, para evitar o pior. 
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PARTE 5
clima é de urgência, mas surge uma dúvida: não seria tarde demais?
Falcão – A outra coisa é o seguinte: se nomear ele hoje, o que que acontece? 
Wagner – Aí não sei, eu tô por fora. 
Falcão -- Então, consulta isso também...
Wagner – Mas ele já decidiu? 
Falcão – Não, mas nós “tamo”... Todo mundo pressionou ele aqui. Fernando Haddad, todo movimento sindical, todo mundo. 
Wagner – Tá bom.
Sexta-Feira, 11/03/2016
19:53:33 – Lula X Vavá
É antevéspera da megamanifestação contra o governo de Dilma e a proposta de transformar Lula em ministro é repudiada pela oposição. Lula recebe uma ligação de apoio do irmão Vavá, que lhe pede calma. Ele responde mostrando espírito de luta: “Domingo, domingo eu vou ficar um pouco escondido, porque, porque vai ter um monte de peão na porta de casa pra bater nos coxinha. Se os coxinhas aparecer, vão levar tanta porrada que eles nem sabem o que vai acontecer.”

Segunda-feira, 14/03/2016
19:13:09 – Lula X Jaques Wagner
As manifestações surpreenderam o governo. Lula partiu o para o confronto e define sua posição.Aceita refugiar-se na Casa Civil para escapar das decisões do juiz Sergio Moro e tentar ajudar Dilma a manter-se no Planalto. Ele pede a Wagner que marque uma conversa com a presidente em Brasília na manhã de terça, quando definiriam os detalhes da nomeação. Logo no início do diálogo, ele brinca com o então dono do cargo: “Você viu que eu já tirei você da Casa Civil, né porra?”
Terça-feira, 15/03
Enquanto Lula e Dilma conversam, o ministro Teori Zavaski, do STF, decide pela homologação da delação premiada de Delcídio do Amaral. Liberada do sigilo, ela revela novos detalhes do depoimento do senador. O mais grave deles também tem um áudio: um assessor de Delcídio, José Eduardo Marzagão, gravou uma conversa que teve em dezembro com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Na época, Delcídio estava preso, acusado justamente de tentar obstruir o trabalho da Justiça ao tramar a fuga do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, um dos principais operadores do Petrolão. Mercadante insinuou que estava disposto a ajudar Delcídio a resolver sua situação, desde que esse não fizesse a delação. Para Delcídio, Mercadante agia como um emissário de Dilma.
Quarta-feira, 16/09
13h32 – Lula X Dilma
O dia da oficialização do sim de Lula a Dilma foi também o de uma sucessão de fatos que desmontariam a estratégia petista. Às 11h20, o juiz Moro decretou a queda do sigilo do processo que corria contra Lula. Estabeleceu-se uma corrida contra o tempo. Com medo de um pedido imediato de prisão contra Lula, Dilma acelerou o passo. Quando os primeiros grampos foram revelados, no fim da tarde, uma gravação feita poucas horas antes flagrou a presidente informando ao seu antecessor que já havia enviado o termo de posse. “E só usa em caso de necessidade...”, disse ela. Mais que palavras, outros atos confirmavam que a intenção de ambos era livrá-lo de problemas com a Justiça. Enquanto Rui Falcão publicava um post informando que a posse de Lula só aconteceria na próxima terça 22, o governo decidiu publicar uma edição extra do Diário Oficial com o ato de nomeação, oferecendo foro privilegiado a Lula ainda naquela tarde. A posse foi antecipada para o dia seguinte, num movimento que surpreendeu até o beneficiado. Lula já havia embarcado de volta para São Paulo. Teve de ir novamente a Brasília no dia seguinte para a cerimônia
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Obstrução da justiça
Dilma telefona para Lula às 13h32 da quarta-feira 16 para dizer que está lhe encaminhando uma cópia do Termo de Posse. Trata-se de documento que quando assinado passaria a conferir a Lula o direito de ser investigado pelo STF e não pelo juiz Sergio Moro. O diálogo, segundo juristas, comprova que a presidente cometeu crime ao tentar interferir no trabalho da Justiça.
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Dilma – Alô.
Lula – Alô.
Dilma – Lula, deixa eu te falar uma coisa...
Lula – Fala querida.
Dilma – Seguinte, eu tô mandando o Messias (sub-chefe de assuntos jurídicos da Casa Civil) junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o Termo de Posse, tá?
Lula – Tá bom. Eu tô aqui. Fico aguardando.
Dilma – tchau.
Lula – Tchau, querida.
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Ataques à Justiça e ao Legislativo
Depois de ser conduzido pela PF para prestar depoimento na Lava Jato, Lula telefona para Dilma dispara ofensas contra o STF, o STJ e o Congresso e diz ter medo do que chama de “república de Curitiba”.
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Reação: Celso de Mello, o decano do STF, disse que Lula
foi autocrático e arrogante
Dilma – Como você está?
Lula – É um espetáculo de pirotecnia sem precedentes, entendeu querida? É o seguinte: eles estão convencidos de que com a imprensa chefiando, sabe, qualquer processo investigatório, eles conseguem refundar a República.
Dilma – É isso ai...
Lula – Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, Nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um parlamento totalmente acovardado. Somente nos últimos tempos é que PT e PCdoB começaram a acordar e a brigar... Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido, não sei quantos parlamentares ameaçados. Sinceramente estou assustado com a república de Curitiba. A partir de um juiz da primeira instância tudo pode acontecer nesse País. 
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Interferência no STF
Em 4 de março, o ex-presidente conversa com o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e através dele pede a Dilma que fale com Rosa Weber (foto), ministra do STF, que iria julgar se o juiz Sergio Moro poderia ou não continuar a investiga-lo.
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Lula – Eu queria que você visse agora, falar com ela (Dilma), já que ela está aí, falar o negócio da Rosa Weber...
Jaques Wagner – Sei. Tá bom.
Lula – Está na mão dela (Rosa Weber) para decidir. Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram.
Jaques wagner – Falou. Combinado.
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“Janot tinha tomado no cu”
O ex-presidente Lula conversa com o advogado Sigmaringa Seixas e pede abertamente que ele pressione o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot (foto), a abrir investigação contra Aécio Neves. Durante a conversa, Lula diz que Janot é ingrato e não corresponde ao fato de ter sido indicado para o cargo.
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Lula - Eu estou cansado das coisas formais. Sabe…se esse cara fosse formal ele não seria Procurador -Geral da República. Ele tinha tomado no cu. Tinha ficado em terceiro lugar. Esse é o dado.
Sigmaringa - Pois é, mas os deputados…
Lula - Quando os cara precisa não tem formalidade. Quando a gente precisa tá cheio de formalidade. Vá se foder porra. Bom, fale com o Cristiano.
Sigmaringa - Mas não é isso. É porque nós vamos. Eu vou falar com ele. Eu vou combinar com ele tá. Porque deputado pode fazer outra coisa. Eles podem fazer qualquer coisa.
Lula - Eu não sei o quê que eu pedi pra você de manhã. Mas era uma coisa simples que não precisava de formalidade.
Sigmaringa - Não. Mas simples ele vai dizer não. Ele não vai receber. Eu conversei com gente só.
Lula - É porque ele recusou quatros pedidos de investigação ao Aécio e aceitou a primeira de um bandido do Acre contra mim.
Sigmaringa - Pois é…mas se fizer uma petição…
Lula - Essa é a gratidão…Essa é a gratidão dele por ele ser Procurador.
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Ofensa da primeira-dama
Em 23 de fevereiro, a ex-primeira dama Marisa Letícia (foto), conversa como filho Fábio Luiz, o Lulinha, sobre os panelaços. Ela minimiza os protestos, diz que partem dos “coxinhas” e ofende os manifestantes.
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Lulinha – As pessoas estão se manifestando, têm direito constitucional de bater panelas. 
Marisa – Eles que enfiem as panelas no cu... Isso vem dos prédios dos coxinhas. Vem desses prédio que custam 500 mil e eles ainda estão pagando. A favela não se manifestou ...
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Ironia com Marta Suplicy
Depois das manifestações do domingo 13, em conversa telefônica, Lula e o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, comentam em tom de deboche as vaias e ofensas recebidas pela senadora Marta Suplicy (foto), ex-petista, na Avenida Paulista.
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Lula – como foi a manifestação na Bahia?
Jaques Wagner – Ah, teve 10, 15 mil. O Aleluia foi falar, tomou uma vaia da porra, e ninguém mais quis falar. Generalizou. Virou uma manifestação contra a política...
Lula - ... E aqui em São Paulo ninguém conseguiu falar dos dirigentes. Marta, Aécio. A Marta teve que se trancar na Fiesp. Foi chamada de puta, vagabunda, vira-casaca.
Jaques Wagner – É bom para nega aprender....
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“Eles têm que ter medo”
No dia 28 de fevereiro, em conversa com o deputado Wadih Damous (PT-RJ), o ex-presidente Lula afirma que a bancada do PT deve impor medo o juiz Sérgio Moro.
Lula – Tô botando muita fé que se nossa bancada tiver animada ela pode fazer a diferença nesse processo com o Moro, com Lava Jato, com qualquer coisa, sabe?
Damous – A bancada tá outra bancada.
Lula – Eles têm que ter em conta o seguinte, bicho, eles têm que ter medo.
Damous – Aham...
Lula – Eles têm que ter preocupação. Um filho da puta desses qualquer que fala merda, ele tem que dormir sabendo que no dia seguinte vai ter dez deputados na casa dele enchendo o saco, no escritório dele enchendo o saco, vai ter representação no Supremo Tribunal Federal...
Damous – Ahan...
Lula - ... Seu um filho da puta desse pode pegar e achincalhar a agente, porque a agente não pode achincalhar?
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“Não tem ministro da Justiça”
Na final da tarde de 10 de março, o presidente do PT, Rui Falcão, liga para o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (foto) e exige que o governo interfira no Judiciário, pois o Ministério Público paulista havia pedido a prisão preventiva de Lula. Na mesma conversa, Rui Falcão insinua que nomear o ex-presidente ministro poderia resolver o problema.
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Rui – Oi Jaques. O louco do Conserino (Cássio Conserino, promotor em São Paulo) aqui pediu a preventiva do Lula.
Jaques Wagner – É, eu vi porra.
Rui – Sim, e vocês não vão deslocar alguém para cá, como é que é?
Jaques Wagner – Deslocar em que sentido?
Rui – Acho que tem que vir alguém para cá, porra. Para se mexer aqui também.
Jaques Wagner – Mas alguém quem? Só para eu entender ....
Rui – Não tem ministro da Justiça...
Jaques Wagner – Não, tem ministro da Justiça. Ele está no Ministério, claro. Está no posto.
Rui – Alguma iniciativa vocês precisam tomar... Tá nas mãos de uma juíza que pode tomar uma decisão ainda hoje....
Jaques Wagner – Tá bom. Deixa eu fazer alguma coisa aqui...
Rui – Outra coisa: se nomear ele hoje o que acontece?
Jaques Wagner – Ai não sei. Tô por fora...
Rui - ...Alerta a presidente. Toma a decisão de estado-maior ai.
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“Sítio de pobre”
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (foto), telefona para Lula três dias depois de o ex-presidente ter sido levado para depor e faz brincadeiras de mau gosto, inclusive referentes a brincadeiras com a presidente Dilma e o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão.
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Paes – A minha vida começou com Lula e Sérgio Cabral e está com Dilma e Pezão. Puta que me pariu..
Lula – Você é abençoado por Deus, com essa Olimpíada....
Paes – Segurar olimpíada com vossa excelência e o Sérgio Cabral é uma coisa. Segurar com aquele bom humor da Dilma e do Pezão...
Lula – Não é fácil, querido.
Paes – ... Da próxima vez, o senhor me para com essa vida de pobre, com essa tua alma de pobre, comprando esses barcos de merda, sitiozinho vagabundo...
Lula – (risos)
Paes – Eu, todo mundo fala aqui no meio, eu falo o seguinte: imagina se fosse aqui no Rio esse sítio dele, não é em Petrópolis, não é em Itaipava. É como se fosse Maricá. É uma merda de lugar, porra!
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“Você está condenado efetivamente”
Em 8 de março, Lula recebe telefonema do cientista político Antônio Carlos de Almeida, que lhe sugere virar ministro de Dilma como sendo a única saída para escapar da prisão e de Sergio Moro. Sugere também a nomeação de Antônio Palocci (foto) para o Ministério da Fazenda.
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Roberto – Eles te condenaram efetivamente, tá? Não tem defesa jurídica que salve...
Lula – uhumm
Roberto – é uma decisão individual daquele cara lá de Curitiba. Ele pega e toma a decisão e está tomada. Acabou.
Lula – Uhumm
Roberto - .. Eu acho, tá, tem uma coisa que tá na mão de vocês, é ministério. Acabou porra!
Lula – Uhumm
Roberto - ... é uma guerra política. Uma disputa política, o cara lá é juiz mas é tucano, formação opus dei e o cacete a quatro, entendeu... ... vai que esse cara é maluco e ousado o suficiente para tomar uma decisão nessa direção (prisão)? Você tem uma coisa na tua mão hoje. Usa caralho!!
Lula – Uhumm
Roberto ... Agora você tem uma coisa na tua mão porra: você, o PT, a Dilma... Faz isso e foda-se! Vai ter porrada? Vão criticar? E dai? Numa boa, você resolve outro problema, que é a governabilidade. Você e a Dilma, um depende do outro... Fiz um ensaio. Você ministro e o Palocci na Fazenda.
Lula – ... Para mim é muito difícil essa hipótese.
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Minuta encontrada pela Lava Jato reforça que sítio é mesmo de Lula 
Por Marcelo Rocha
No dia da Operação Aletheia, a 24ª da Lava Jato, a Polícia Federal vasculhou o apartamento 122 do condomínio Hill House, em São Bernardo do Campo, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mora. Entre os papeis recolhidos pelos agentes federais estava a minuta, não assinada, de um contrato de compra e venda do Sítio de Atibaia (SP). No documento, de seis páginas, o empresário Fernando Bittar transfere o sítio ao casal Lula da Silva por R$ 800 mil. Há uma referência à data da negociação: julho de 2012. 
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Atibaia: Durante busca no sítio, foram encontrados pertences de Lula e Marisa
A minuta é considerada pelos integrantes da força-tarefa da Lava Jato uma forte evidência sobre quem, de fato, é o dono do imóvel. O sítio é usado regularmente por Lula e familiares desde que ele deixou a Presidência, em janeiro de 2011. Foram, desde então, mais de 100 visitas ao local. A defesa do ex-presidente vai argumentar na Justiça que o documento indica apenas que ele cogitou comprar o terreno, reforçando a versão que tem sustentado de que não é o proprietário. Mas essa alegação está ficando cada vez mais difícil de ficar de pé diante de tantos indícios que apontam o contrário.
Outra evidência coletada nesse sentido veio das interceptações realizadas pela PF, autorizadas pelo juiz Sérgio Moro. Fábio Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente, foi gravado conversando com Kalil Bittar – irmão de Fernando Bittar. A gravação foi feita dias antes de uma manifestação marcada para acontecer em frente ao sítio. Fábio pede a Kalil que organize um churrasco no local no mesmo dia, para manter o sítio ocupado. “Causa estranheza o fato de que apesar de, oficialmente, o sítio de Atibaia ser de propriedade de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, Kalil Bittar pede autorização de Fábio Silva para convidar determinadas pessoas para o churrasco (...),”, afirma a PF. 
Há ainda um outro documento, também recolhido pela PF em São Bernardo do Campo, sobre as melhorias realizadas na propriedade durante a reforma, com o cronograma de cada providência. As obras foram feitas no local pelas construtoras Odebrecht e OAS, ambas enroladas no Petrolão. Nesse caso, desconfiam as autoridades, as duas empreiteiras teriam reformado o sítio como forma de escamotear propina destinada a Lula. Enquanto o ex-presidente era conduzido à delegacia da PF no aeroporto de Congonhas para prestar depoimento durante a Operação Aletheia, uma equipe de seis peritos se dirigiu a Atibaia para inspecionar o Sítio Santa Bárbara. 
Os peritos federais passaram um pente fino nas dependências da propriedade rural. Vasculharam a casa principal e outras duas edificações que funcionam como ponto de apoio, um espaço Gourmet e o anexo da piscina, além da casa de barco e do píer. O resultado do trabalho veio a público na semana passada, após o juiz Moro levantar o sigilo do inquérito aberto no início deste ano pela polícia para investigar a propriedade do sítio e a troco do quê empreiteiras do Petrolão deram uma recauchutado no local para o ex-presidente frequentar.
Entre os 11 quesitos a serem analisados pelos peritos estava a pergunta: Seria possível indicar o uso do imóvel por Bittar ou Suassuna, em nome de quem está registrado o terreno? Resposta: “Não foi identificado qualquer objeto de uso pessoal que pudesse indicar o uso do imóvel por Jonas Suassuna e Fernando Bittar”, afirmaram os peritos. “A única referência ao Sr. Fernando Bittar são alguns croquis localizados no interior de uma pasta rosa, cuja destinatária era a sra. Marisa Letícia Lula da Silva.” Em contrapartida, os sinais da presença frequente da família Lula no local saltaram aos olhos dos peritos, como a adega de vinhos e outras bebidas do ex-presidente, os coletes para os times de futebol, e os cosméticos da ex-primeira-dama. 
Em diálogo, Bittar pede permissão de Lulinha para churrasco
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“Fui escalado por Dilma e Lula para barrar a Lava Jato”
Na esteira da homologação do seu acordo de delação premiada, Delcídio do Amaral (PT-MS) deu mais ênfase às próprias revelações. “Cadê o governo que se dizia republicano, que nada interferiria nas investigações?”, questionou o senador ao colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. “Na minha delação, fica claro que fui escalado, como líder do governo, pela Dilma e pelo Lula, para barrar a Lava-Jato.” O sul-matogrossense também atacou o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva e disse que o petista “não sairá vivo” da Lava Jato. “Ele arrecadava recursos ameaçando, na linha do ‘ou está com a gente ou está contra’”, denunciou Delcídio.
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Na avaliação do líder da minoria na Câmara, Miguel Haddad (PSDB-SP), a delação “ilustra claramente que este governo acabou e chegou ao seu limite”. Segundo o tucano, as denúncias se somam à forte adesão aos protestos contra o governo no último domingo 13, quando “o povo convocou o Congresso a derrubar o PT”. Declaradamente contra o governo, o peemedebista Lúcio Vieira Lima (BA) classificou a delação de Delcídio como o verdadeiro “divisor de águas” da Lava Jato. Pelo acerto celebrado com os investigadores, Delcídio se comprometeu a devolver R$ 1,5 milhão aos cofres públicos em até dez anos e a cumprir, por um ano e meio, pena em regime equivalente ao semiaberto domiciliar. 
Além disso, ele teve a promessa de que, no STF, sua condenação não superaria 15 anos de reclusão. Por ora, e caso não tenha seu mandato cassado pelos colegas senadores, ele continua a exercer suas funções parlamentares, mas é proibido de frequentar locais como restaurantes, bares e shoppings. O senador também ficou impedido de manter contato reservado com outros réus e investigados na Lava Jato, exceto quando a conversa tiver cunho institucional e a presença de pelo menos duas testemunhas. (Mel Bleil Gallo)
Créditos das fotos desta matéria: ANDRE COELHO/Ag. O Globo; STF; Sergio Lima/Folhapressfotos: Marcelo Liso/AFBpress; Divulgação; Adriano Machado/ag. istoe; Nadia Sussman/Bloomberg

18 de mar. de 2016

'Impeachment será célere, como processo dessa gravidade tem de ser', diz Cunha

Presidente da Câmara dos Deputados garantiu que estará na Casa nas segundas e sextas-feiras para ajudar no quórum para a abertura de sessão

Estadão Conteúdo

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Foi eleita na tarde desta quinta-feira, 17, na Câmara dos Deputados a chapa que comporá a comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A votação terminou com 433 votos a favor dos 65 membros indicados e 1 contra, do deputado José Airton (PT-CE).

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que, no que depender dele, o impeachment da presidente Dilma Rousseff tramitará da forma mais célere possível, como deve ser um "processo dessa gravidade". O peemedebista prometeu estar presente na Casa todas as segundas e sextas-feiras para que sua presença ajude a alcançar o quórum mínimo de 51 deputados necessário para abrir uma sessão e, assim, possa ser contabilizada para os prazos do processo de impedimento da petista.

Eduardo Cunha previu que nesta sexta-feira, 18, talvez o quórum de 51 parlamentares não seja alcançado e não haja sessão, segundo ele, porque alguns deputados já devem ter marcado compromissos. O peemedebista ressaltou, contudo, que na próxima segunda, terça e quarta-feira já estão marcadas sessões da Câmara. "A consciência do Parlamento, de estar aqui para abrir sessão, cada um vai ter a sua. Aqueles que efetivamente acham que esse processo é um processo relevante e tem de ter essa celeridade vão estar aqui para dar presença", disse.

O presidente da Câmara reafirmou sua previsão de que o processo de impeachment deve ser julgado pelo plenário da Câmara em 45 dias, mas ponderou que esse prazo pode ser até menor, a depender também do próprio governo. "Se a presidente quiser enfrentar logo a votação, é só apresentar a defesa imediatamente e pular esse prazo de 10 sessões (que tem para apresentar defesa)", afirmou.

Ele explicou que, após a eleição dos 65 membros da comissão especial nesta tarde, a primeira secretaria da Mesa Diretora deve notificar possivelmente ainda nesta quinta-feira a presidente Dilma para que ela apresente sua defesa.