24 de mar. de 2016

PF aponta R$ 21,5 milhões da Odebrecht a marqueteiro do PT após reeleição de Dilma

Planilha do esquema profissionalizado de propina da empreiteira registra repasses a 'Feira', condinome usado para identificar João Santana e a mulher, Mônica Moura; documento integra relatório de indiciamento do casal

Estadão Conteúdo
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A Polícia Federal apontou no relatório de indiciamento do marqueteiro do PT João Santana e de sua mulher, Mônica Moura, que o casal recebeu pelo menos R$ 21,5 milhões entre outubro de 2014 e maio de 2015 – período pós reeleição da presidente Dilma Rousseff – do “departamento de propina” da Odebrecht.
No documento encaminhado na noite de ontem ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba, a PF listou todos os repasses lançados na planilha controlada pela ex-secretária da Odebrecht Maria Lucia Tavares, que fez acordo de delação premiada, em nome do codinome “Feira”. O termo era usado, segundo ela confessou, para identificar João Santana e a mulher, que são da região de Feira de Santana, na Bahia.

João Santana e a mulher estão presos em Curitiba, desde 23 de fevereiro, desde que foram alvo da 23ª fase da Lava Jato – batizada de Operação Acarajé. Para o delegado Márcio Anselmo, que apresentou relatório de indiciamento do casal, a “inserção de codinomes é claro indicativo de trata-se de operação à margem da contabilidade da empresa, buscando ‘mascarar’ pagamentos não contabilizados de forma oficial”. Há ainda o registro de senhas que eram usadas pelos entregadores do dinheiro.

João Santana foi o marqueteiro da campanha de reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, da campanha de 2010 e da campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010. Em depoimento à PF, Mônica Moura – que assumiu cuidar da parte financeira dos negócios – afirmou que os pagamentos da Odebrecht recebidos em conta secreta na Suíça, entre 2012 e 2013, num total de US$ 3 milhões foram por serviços prestados fora do Brasil.

O casal foi indiciado pela PF por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, acusada de desvios na Petrobrás. O Ministério Público Federal denunciará formalmente Santana e a mulher ao juiz Sérgio Moro na próxima semana.

A defesa do marqueteiro do PT diz que seu cliente é inocente. O advogado Fábio Tofic sustenta que os recebimentos da Odebrecht alvo do inquérito foram por serviços fora do Brasil. Mônica Moura trocou seu advogado no mês passado e tenta um acordo de delação premiada com a Lava Jato.

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