28 de fev. de 2018

Jungmann decide trocar comando da PF e demite Fernando Segovia

Jungmann decide trocar comando da PF e demite Fernando Segovia
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, decidiu trocar o comando da Polícia Federal. Ele demitiu o atual diretor-geral da corporação, Fernando Segovia. Para o seu lugar, Jungmann indicou o atual secretário nacional de Segurança Pública, Rogério Galloro.
Segovia ficou à frente da PF pouco menos de quatro meses. O delegado tomou posse em 20 de novembro do ano passado.
Durante este período, o delegado protagonizou episódios polêmicos. No momento de maior crise, Fernando Segovia teve que se explicar ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, uma declaração à agência Reuters.
A fala de Segovia sugeria que a tendência da Polícia Federal era recomendar o arquivamento do inquérito contra o presidente Michel Temer, no caso do Decreto dos Portos. O delegado afirmou ainda que poderia abrir investigação interna para apurar a conduta do delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pelo inquérito.
O motivo seriam os questionamentos enviados a Temer no caso. Na ocasião, a defesa do presidente disse que as perguntas colocavam em dúvida a “honorabilidade e a dignidade pessoal” do presidente.
Nesta segunda-feira, 27, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ameaçou pedir o afastamento de Fernando Segovia caso o delegado voltasse a se manifestar sobre inquéritos.
Novo diretor
Galloro ingressou na PF em agosto de 1995. Com mais de 22 anos de carreira, o delegado já ocupou postos estratégicos na instituição. Entre abril de 2011 e junho de 2013 foi adido da PF nos Estados Unidos. Ele também foi superintendente regional em Goiás (outubro 2007/janeiro 2009).

27 de fev. de 2018

Procuradoria rescinde acordo de delação de Wesley Batista

Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O empresário Wesley Batista (Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou nesta segunda-feira, 26, por meio de nota, que decidiu rescindir os acordos de colaboração premiada de Wesley Batista e Francisco de Assis e Silva, sócio-proprietário e executivo da J&F, respectivamente. A decisão foi enviada, nesta segunda-feira, 26, ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), para homologação.
“A providência foi tomada no âmbito de um procedimento administrativo e é decorrente da constatação de que, assim como Joesley Batista e Ricardo Saud – que já tiveram os acordos rescindidos – os dois descumpriram os termos da colaboração ao omitirem, de forma intencional, fatos criminosos dos quais tinham conhecimento no momento do fechamento dos acordos firmados com o Ministério Público Federal (MPF). No caso de Wesley, a decisão da procuradora-geral considerou indícios da prática de crime quando o empresário já se encontrava na condição de colaborador”, diz a PGR.
Segundo a Procuradoria, em manifestação, Raquel, enfatiza que os colaboradores infringiram as cláusulas 25 e 26 do acordo.
“As investigações revelaram que, no momento do fechamento das colaborações, eles deixaram de informar ao MPF fatos ilícitos, como a prestação de serviços ao grupo empresarial pelo então procurador da República Marcelo Miller. O ato, destaca o documento, configura corrupção ativa pela cooptação de funcionário público, mediante vantagem indevida, para a prática de atos em seu favor”, completa.
Em nota, a defesa de Marcello Miller afirma que ele não recebeu qualquer remuneração de fonte privada por atividade desempenhada antes de 5 de abril de 2017, não interveio de forma alguma na preparação ou na emissão de fatura a nenhum cliente do escritório onde trabalhou, que os 700 mil reais não correspondem, por nenhum critério de cálculo, à soma sequer de todas as horas por ele trabalhadas no escritório enquanto lá esteve e não havia, em seu contrato, nenhum espaço para o recebimento de valores como os 700 mil reais a que o MPF se refere.

23 de fev. de 2018

"Há preocupação com migração do crime do Rio para outros Estados", diz Jungmann

Declarações foram dadas na saída da reunião do Conselho Militar de Defesa, que contou com a participação do presidente Michel Temer e dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica

Por ESTADÃO CONTEÚDO
Ministro reconheceu que "há uma preocupação" no governo com a possibilidade de migração do crime
Ministro reconheceu que "há uma preocupação" no governo com a possibilidade de migração do crime - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasília - O ministro da Defesa, Raul Jungmann, reconheceu que "há uma preocupação" no governo com a possibilidade de "migração do crime", após a intervenção federal decretada no Rio de Janeiro. Jungmann citou, no entanto, que isso "acontece sempre que as forças de segurança agem com mais rigor" em uma determinada região.
Segundo o ministro, a reunião do ministro da Justiça Torquato Jardim com os secretários de segurança do Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo é fundamental para discutir como barrar o deslocamento das quadrilhas para os demais estados. Mas lembrou que "o crime já e nacional" e, por isso, "é importante a participação dos estados" para coibir o avanço sobre os demais estados.
Raul Jungmann afirmou ainda que o novo Ministério da Segurança Pública, a ser criado pelo presidente Michel Temer, irá facilitar este trabalho de integração de combate ao crime no País, no entrosamento e discussão de ações conjuntas entre os estados.
Na entrevista, Jungmann sinalizou ainda que, na semana que vem, o Comandante Militar do Leste, general Walter Braga Netto, deverá anunciar um plano de operação da intervenção. Não deu, no entanto, nenhum detalhe sobre o planejamento, embora ressalvasse que as Forças Armadas "estão e estarão integralmente empenhadas nessa missão". O ministro explicou que Braga Netto está no Rio, já reunido com seu Estado Maior para detalhamento do trabalho a ser desenvolvido.
Para o ministro, "é um cenário plausível a migração do crime", acrescentando que ela já ocorre hoje, por exemplo, dentro do próprio Rio de Janeiro, ou em Pernambuco, ou Goiás. " E é claro que preocupa", emendou. "Onde você tem uma eficácia maior das forças de segurança, o crime migra e nós temos sim esta preocupação e temos de ter e de cuidar para que ela não se corporifique", prosseguiu o ministro. Ele acrescentou que "o presidente tem urgência" em anunciar a criação do Ministério, mas não sei quando será anunciado. "O ministério vai vir e deverá aglutinar todos os órgãos federais na área de segurança e os fundos que dizem respeito a isso", comentou.
Jungmann afirmou que não há definição sobre recursos que serão repassados para o Rio de Janeiro, por conta da intervenção. Ele citou que, para 2018, para as ações de Garantia da Lei e da Ordem, pela primeira vez, foi incluído no orçamento verba de R$ 100 milhões para ser empregada ao longo do ano. Estes recursos, no entanto, ainda não começaram a ser usados.
Estrutura policial sucateada
Ao ser indagado se seria possível recuperar a estrutura policial do Rio de Janeiro, que estaria sucateada por falta de recursos, o ministro da Defesa rebateu a tese dizendo que "eles têm dinheiro no orçamento".
De acordo com Jungmann, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, encaminhou a sua proposta de resgate fiscal do estado e o que ele se queixa é da demora com que esses recursos têm chegado ao Estado e a Fazenda responde que é por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal e outras normas. "Eu acho que é preciso mais velocidade (na liberação dos recursos). Antes da gente discutir o reforço a mais, porque se for necessário, o presidente Temer tem um compromisso com isso, é preciso fazer com que aconteçam os acordos, que eles sejam cumpridos", defendeu Jungmann.
"Mas acho que a força policial, no Rio de Janeiro, ou em qualquer lugar, se estiver sucateada, não atende à necessidade de segurança da população", declarou ele, sem querer admitir se a estrutura do Rio está ou não sucateada.
O ministro da Defesa voltou a criticar o modelo do sistema de segurança pública que existe no País, criado pela Constituição de 88. "Está falido", repetiu o ministro, ao citar a importância da criação do Ministério da Segurança neste novo contexto e ao reiterar que o crime, além de estar internacionalizado, é nacional, e está espalhado por todos os Estados.
Porte de armas
Questionado sobre o projeto de liberalização do porte de armas que poderá ser votado no Congresso, Jungmann disse que não conhece o seu teor e se será votado ou não. "Eu sou um defensor do controle de armas. É uma posição histórica de que armas têm de ser muito reguladas até porque acho que, mais armas, não significa mais segurança ou mais paz", declarou.
As declarações de Jungmann foram dadas na saída da reunião do Conselho Militar de Defesa, que contou com a participação do presidente Michel Temer e dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Temer, na saída do encontro, limitou-se a dizer que na reunião foi feita uma "exposição sistêmica de tudo aquilo que as Forças Armadas fazem", mas não falou de Ministério da Segurança ou da intervenção no Rio.

22 de fev. de 2018

TCU vai acompanhar intervenção no Rio

Raimundo Carreiro, presidente da corte, cobrou zelo redobrado na análise da legalidade, da eficácia e da eficiência dos gastos federais neste 'momento excepcionalíssimo'

Por ESTADÃO CONTEÚDO
Acompanhamento deverá observar o cumprimento das metas fiscais e das regras de gestão fiscal responsável, a geração de despesas obrigatórias de caráter continuado e o custeio das despesas
Acompanhamento deverá observar o cumprimento das metas fiscais e das regras de gestão fiscal responsável, a geração de despesas obrigatórias de caráter continuado e o custeio das despesas - WILTON JUNIOR / ESTADÃO
Rio - O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) determinou nesta quarta-feira, o acompanhamento dos atos e dos gastos do governo federal na intervenção no estado do Rio de Janeiro. A proposta partiu do presidente da corte de contas, Raimundo Carreiro, que cobrou zelo redobrado na análise da legalidade, da eficácia e da eficiência dos gastos federais neste "momento excepcionalíssimo".
"Os atos administrativos praticados pelo interventor e seus prepostos, bem como pelos agentes responsáveis pelos repasses de recursos da União para o alcance dos objetivos da intervenção, sujeitam-se, a priori, a todas as normas e princípios regentes da Administração Pública", afirmou Raimundo Carreiro.
O acompanhamento, que será feito pela Secretaria-Geral de Controle Externo Segecex), deverá observar o cumprimento das metas fiscais e das regras de gestão fiscal responsável, a geração de despesas obrigatórias de caráter continuado e o custeio das despesas com pessoal, entre outras normas e princípios do direito administrativo. Será sorteado um relator para o procedimento.
O tribunal também determinou que a Segecex "atue de forma integrada com o Observatório a ser criado pela Câmara dos Deputados para fiscalizar as medidas da intervenção federal". E que sejam solicitadas ao Ministério da Fazenda as informações necessárias referentes às finanças do Estado do Rio de Janeiro em seu regime de recuperação fiscal.
A situação do Rio, afirmou Raimundo Carreiro, "não justifica descuidos ou liberalidades orçamentárias que ignorem os primados da responsabilidade fiscal nem a prática de atos administrativos sem o necessário amparo nas normas de regência".

21 de fev. de 2018

Senado aprova decreto e autoriza intervenção federal no Rio

Medida terá validade até 31 de dezembro. Enquanto estiver em vigor, o general Walter Braga Netto será o interventor no Estado e terá o comando dos aparelhos de segurança do Rio

Por ESTADÃO CONTEÚDO
Senado aprova decreto e autoriza intervenção federal no Rio
Senado aprova decreto e autoriza intervenção federal no Rio - Alexandre Brum
Rio - O Congresso aprovou, na noite desta terça-feira, o decreto que autoriza a intervenção federal na segurança pública do Rio. Depois de a Câmara dar o aval, foi a vez de o Senado chancelar a medida por 55 votos a favor, 13 contra e uma abstenção.
Por se tratar de um decreto presidencial, a intervenção já está em vigência desde sexta-feira, quando a medida foi assinada pelo presidente Michel Temer. Coube aos parlamentares apenas dizer se aceitavam ou não a decisão, sem ter o direito de fazer modificações no mérito da proposta.
A medida terá validade até 31 de dezembro. Enquanto estiver em vigor, o general Walter Braga Netto, do Comando Militar do Leste, será o interventor no Estado e terá o comando dos aparelhos de segurança do Rio, como as Polícias Civil e Militar
Relator do decreto no Senado, o senador Eduardo Lopes (PRB-RJ), aliado do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), afirmou que o governo não pode deixar faltar recursos para as ações que serão colocadas em prática no Estado.
Segundo Lopes, o Palácio do Planalto "tem que apresentar o mais rápido possível" o plano de trabalho e a previsão de gastos da intervenção no Rio. "Não dá para começar uma operação dessa magnitude e no meio dizer que não alcançamos o que queríamos por falta de recurso", disse.
Até agora, o governo não divulgou quanto a medida vai custar. Caberá a Braga Netto apresentar nos próximos dias um planejamento detalhado das medidas.
Assim como na Câmara, a maioria dos senadores da base votou a favor da medida. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou o governo, mas votou a favor do decreto. "A intervenção é decorativa e expõe as Forças Armadas, mas é inevitável", disse.
Encaminharam voto contrário ao texto PT, PSB, PCdoB e Rede. "Esse é um governo paspalhão e essa intervenção é uma intervenção tabajara. Se der errado, nós vamos recorrer a quem? Ao Vaticano?", questionou o líder da minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE).

20 de fev. de 2018

Empreiteiro diz que ex-assessor de Lula pagou por obras do sítio

Empreiteiro diz que ex-assessor de Lula pagou por obras do sítio
O empreiteiro Carlos Rodrigues do Prado afirmou, nesta segunda-feira, 19, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que Rogério Pimentel, ex-assessor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pagou pela obra do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, atribuído pela força-tarefa da Operação Lava Jato ao petista. Segundo ele, Rogério Aurélio Pimentel aprovou os valores sem discussão e sem pedido de “desconto” em um posto de gasolina próximo à propriedade rural. Carlos Rodrigues Prado falou como testemunha de acusação em ação penal contra o petista. Ele ainda disse que, atendendo solicitação de Aurélio, emitiu as notas fiscais da obra contra o empresário Fernando Bittar, proprietário do imóvel.
O empreiteiro afirmou ter cobrado o montante de R$ 163 mil, dividido em quatro vezes, para fazer a obra em 2010. De acordo com ele, a reforma teve início em dezembro daquele ano e “rolou ali uns 30 dias, mais ou menos”.
Ao juiz Moro, o empreiteiro relatou que foi chamado pelo engenheiro Frederico Barbosa, ligado à Odebrecht, para terminar a obra de dois cômodos e de uma guarita do sítio. Segundo Carlos do Prado, o engenheiro o apresentou a Rogério Aurélio Pimentel, ex-assessor de Lula e também réu na ação sobre as reformas do sítio de Atibaia. O ex-presidente é acusado por corrupção e lavagem de dinheiro.
“Eu não sabia nem o nome dele (Aurélio). Depois que eu fiquei sabendo que o Aurélio é uma pessoa que negociava ou acertava os negócios da obra. Inicialmente, a única pessoa que eu conhecia lá era o seu Frederico. Esse Aurélio foi quando eu fiz o orçamento, que eu liguei para o Frederico: ‘olha, o orçamento da obra está pronto’. A gente encontrou em um posto de gasolina que tinha lá antes de chegar na obra e encontrei com o Frederico e esse Aurélio. Ele (Frederico) falou: ‘o dono da obra é esse daqui’. Eu passei para ele, eles conversaram lá e a gente começou a tocar a obra”, contou.
O empreiteiro foi questionado pelo Ministério Público Federal sobre o orçamento da obra. O procurador quis saber se Carlos do Prado havia passado a estimativa dos gastos a Aurélio e também se o ex-assessor de Lula havia concordado.
“Concordou. Não teve assim nem discussão: ‘Ah, me dá um desconto'”, disse Carlos do Prado.
Recibo
Prado ainda afirma que emitiu contra Fernando Bittar, a pedido da Odebrecht, nota fiscal referente às obras do sítio atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Operação Lava Jato. De acordo com Prado, o ex-assessor de Lula, Rogério Aurélio Pimentel, enviou um office boy com os dados do empresário Fernando Bittar para que constassem na nota.
Segundo delatores da Odebrecht, com o fim de ocultar a titularidade do imóvel, o advogado Roberto Teixeira, defensor do petista, teria pedido à empreiteira para que as notas fiscais das obras fossem emitidas contra Fernando Bittar, empresário, filho do ex-prefeito de Campinas Jaco Bittar, e proprietário do terreno, segundo o registro de imóveis.
Ele relatou que o ex-executivo da Odebrecht Emyr Diniz o ligou pedindo para que se encontrassem no estacionamento de um clube em Campinas. “Quando eu cheguei lá a gente conversou e ele falou pra mim que havia necessidade de emitir uma nota fiscal do valor da obra que foi executada”, relata.
De acordo com Prado, Emyr pediu para que a nota fosse emitida contra Fernando Bittar.
“No último pagamento, veio um office boy. Estávamos trabalhando em Campinas, quando o Aurélio ligou dizendo que estava com os dados da pessoa para emitir a nota fiscal. Ele mandou um office boy, eu dei um endereço, com endereço do Fernando. Emitimos uma nota para ele e o office boy levou a nota”, afirma.
Denúncia
O caso envolvendo o sítio representa a terceira denúncia contra Lula no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo a acusação, a Odebrecht, a OAS e também a empreiteira Schahin, com o pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobrás.
Defesa
Com a palavra, a defesa de Lula:
“Carlos Rodrigues Prado afirmou que jamais teve conhecimento de qualquer relação entre contratos da Petrobras e a reforma que disse ter realizado no sítio de Atibaia, que é a real acusação feita pelo Ministério Público contra o ex-Presidente Lula.
A testemunha também não fez referência a qualquer atuação de Lula em relação a essa reforma, que, se realizada, foi incorporada à propriedade de bem imóvel que pertence à família Bittar.
O depoimento dessa testemunha, portanto, reforça a improcedência da acusação feita contra Lula e o “lawfare” praticado contra o ex-Presidente, que consiste no mau uso e no abuso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política.
Cristiano Zanin Martins”, advogado de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Com a palavra, o advogado João Vicente Augusto Neves, que defende Rogério Aurélio Pimentel:
“O depoimento apresentou uma série de contradições com o depoimento do Frederico Barbosa. Ele não diz ao certo quantas vezes esteve na obra, depois não diz ao certo onde encontrou com o Rogério. Ele alega ter encontrado com o Rogério quatro vezes para receber. O Rogério nega isso, que nunca encontrou com ele para fazer nem um tipo de pagamento. Ele se confunde na hora de descrever o Rogério. Ele não descreve fisicamente como era essa pessoa que se encontrou com ele para entregar quatro envelopes com uma quantia considerável de dinheiro. O Rogério nega que tenha encontra com ele para fazer qualquer repasse.”
Com a palavra, Odebrecht:
“A Odebrecht continua colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Está empenhada em ajudar a esclarecer qualquer dúvida sobre os relatos apresentados por seus executivos e ex-executivos. O acordo de colaboração da Odebrecht já se provou eficaz, inclusive com desdobramento em novas investigações e processos judiciais no Brasil e no exterior. A Odebrecht está comprometida a combater e não tolerar a corrupção, qualquer que seja a sua forma.”

16 de fev. de 2018

Governo federal decide fazer intervenção na segurança do Rio de Janeiro

Exército passará a ter responsabilidade sobre as polícias, os bombeiros e a área de inteligência do Estado
A intervenção é prevista no artigo 34 da Constituição, segundo o qual “a União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para manter a integridade nacional" ( Foto: Agência Brasil )
por Estadão Conteúdo
O presidente Michel Temer decidiu no início da madrugada desta sexta-feira (16) decretar intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro. O Exército passará a ter responsabilidade sobre as polícias, os bombeiros e a área de inteligência do Estado, inclusive com poder de prisão de seus membros. O interventor será o general Walter Braga Neto. Na prática, o oficial vai substituir o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), na área de segurança. A decisão do governo federal contou com o aval de Pezão.
Pela Constituição, cabe ao presidente do Congresso, Eunício Oliveira (MDB-CE), convocar sessão para que as duas Casas Legislativas aprovem ou rejeitem a intervenção em dez dias. O decreto, que será publicado ainda nesta sexta-feira, tem validade imediata.
Enquanto a intervenção vigorar, não pode haver alteração na Constituição. Ou seja, nenhuma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) pode ser aprovada. É o caso da reforma da Previdência, que começa a ser discutida na segunda-feira pela Câmara. Uma ideia é decretar a intervenção e suspender seus efeitos apenas por um dia, para a votação das mudanças nas regras da aposentadoria.
Reunião tensa
A decisão pela intervenção foi tomada em uma reunião tensa no Palácio da Alvorada, com a presença de ministros e parlamentares. No mesmo encontro, Temer bateu o martelo sobre a decisão de criar o Ministério da Segurança Pública. A proposta partiu do presidente do Senado. Não se trata de uma ideia nova, mas ela foi desengavetada agora pelo Palácio do Planalto na tentativa de emplacar uma agenda popular, a sete meses e meio das eleições.
Pesquisas encomendadas pelo Planalto mostram que a segurança é uma das principais preocupações da população, ao lado da saúde. Na avaliação de auxiliares de Temer, as iniciativas de decretar a intervenção na segurança pública do Rio e de criar um ministério para cuidar da área passam a imagem de que o governo federal não está inerte e age para enfrentar o problema, embora a competência no setor seja dos Estados.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), precisou ser convencido da decisão pela intervenção. O deputado se queixou de que não foi convidado a participar de reuniões sobre a crise na segurança desde o início da crise e demonstrou irritação com o ministro da Justiça, Torquato Jardim. Inicialmente contra a intervenção no Rio, o deputado foi avisado de que seria responsabilizado publicamente pela crise na segurança do Estado, e acabou cedendo. Durante o encontro, a situação vivida no Rio foi comparada a uma “guerra civil”.
A intervenção é prevista no artigo 34 da Constituição, segundo o qual “a União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para manter a integridade nacional". O artigo 60, parágrafo primeiro, diz que “a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio”.

15 de fev. de 2018

Tempestade causa mortes, enchentes e deslizamentos no Rio

Por causa da chuva forte, o município entrou em Estágio de Crise na madrugada desta quinta-feira. Carro de PM foi atingido por árvore, em Realengo, e policial morreu no local

Por GABRIELA MATTOS
Forte chuva atingiu a Vila da Penha
Forte chuva atingiu a Vila da Penha - Facebook / Onde Tem Tiroteio
Rio - Uma tempestade que atingiu o Rio, na madrugada desta quinta-feira, deixou três pessoas mortas. Duas das vítimas foram atingidas em um deslizamento, em Quintino, na Zona Norte. Já na Rua Recife, em Realengo, um policial militar do 3º BPM (Méier) morreu após uma árvore cair em cima de seu carro. Por causa do temporal, houve ainda desabamento de muros, queda de árvores e ruas alagadas. Entre 0h25 e 5h30, o município ficou em Estágio de Crise, quando há previsão de chuvas fortes e muito fortes.
Nesta manhã, a cidade voltou para o Estágio de Atenção e ainda pode haver temporal durante o dia. De acordo com o Alerta Rio, os ventos ficarão com intensidade fraca a moderada e as temperaturas estarão estáveis em relação ao dia anterior, sendo a máxima prevista de 30°C e mínima de 19°C.
Temporal alagou as ruas de Vila Isabel na madrugada desta quinta-feira - Flávio Almeida / Agência O DIA
O temporal causou diversos transtornos no Rio. Um dirigível caiu na rede elétrica da SuperVia perto da estação Vila Militar e prejudicou a circulação de trens na manhã desta quinta-feira. Por causa do problema, todas estações do ramal Santa Cruz foram fechadas por volta das 7h. 
A concessionária informou ainda que o serviço do ramal Saracuruna foi suspenso e todas as estações foram fechadas. As extensões Vila Inhomirim e Guapimirim também foram interditadas. Já no ramal Belford Roxo, a circulação de trens ocorria apenas no trecho entre Pavuna e Belford Roxo. Às 8h, não havia partidas na Central.
Dirigível caiu em rede elétrica da SuperVia e prejudicou funcionamento de trens - Divulgação
Segundo a SuperVia, a estação Piedade ficou interditada para embarque e desembarque. Os trens sentido Deodoro não param nas estações Riachuelo, Sampaio, Engenho Novo, Méier, Piedade e Quintino.
A forte chuva provocou alagamentos em diversas ruas do Rio. Por volta das 00h30, os locais mais atingidos foram Barra da Tijuca (98,8 mm), Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá (72,2 mm), Cidade de Deus (73,2 mm), Tanque (66,2 mm), Piedade (62,4 mm) e Anchieta (59,2 mm). Nas redes sociais, moradores registraram o momento da tempestade principalmente nas zonas Oeste e Norte do Rio, como na Rua Sousa Cerqueira, em Piedade; as ruas Conde de Bonfim, Haddock Lobo e Uruguai, na Tijuca, e as ruas Visconde de Santa Isabel e Barão de São Francisco, em Vila Isabel. 
Às 7h10, o Centro de Operações informou que agentes da Defesa Civil interditaram um trecho da Ciclovia Tim Maia, entre São Conrado e a Barra da Tijuca, após um afundamento da pista na altura de São Conrado.
Durante a enchente, quatro viaturas do 9º BPM (Rocha Miranda) ficaram submersas no batalhão. O DIA procurou a corporação, mas, até o momento, a PM não deu mais detalhes sobre o caso.
Viaturas do 9º BPM ficaram submersas em enchente - Facebook / Onde Tem Tiroteio
Vias expressas paradas
A chuva também prejudicou os motoristas que passavam pelas vias expressas nesta manhã. Por causa de alagamentos, às 9h, havia retenções na Avenida Brasil no sentido Centro, em Realengo, entre Guadalupe e a Penha, da Penha até Ramos e na altura de Manguinhos. De acordo com o Centro de Operações, há também bloqueios em Manguinhos. O trânsito é lento desde o Caju.
Mais cedo, uma queda de árvores provocou o fechamento de trecho da Linha Vermelha. Às 9h20, ainda havia retenções de Duque de Caxias até o Parque das Missões, na altura do Galeão, e entre o Complexo da Maré e o Caju.
Ruas Conde de Bonfim e Uruguai ficaram completamente alagadas durante a tempestade - Reprodução Instagram
Falta de luz
A tempestade deixou ainda diversos bairros sem luz, como Campo Grande, Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Recreio. Em nota, a Light informou que as equipes tentam normalizar o serviço nos bairros, mas os funcionários estão "encontrando dificuldades como ruas alagadas, árvores caídas e galhos na rede elétrica".

Galeria de Fotos

Houve alagamentos na esquina da Rua Sousa Cerqueira e da Avenida Suburbana, em Piedade Luiz Almeida / Agência O DIA
Temporal alagou as ruas de Vila Isabel na madrugada desta quinta-feira Flávio Almeida / Agência O DIA
Trecho da ciclovia Tim Maia desabou por causa da tempestade Reprodução Facebook

9 de fev. de 2018

A folia politizada

Denúncias contra a miséria, a corrupção e a crise política e moral entram no enredo das escolas de samba e dão o tom da maior festa popular do Brasil neste ano

Crédito: Divulgação
A realidade se impôs sobre a imaginação no carnaval deste ano. Desde 1989, quando a Beija-Flor de Nilópolis desfilou, no Rio, com seus “Ratos e urubus: larguem a minha fantasia” e um Cristo censurado, não se anunciava uma festa como essa, tão orientada para denunciar as grandes mazelas nacionais, como a miséria e a corrupção e para avançar, no ritmo do samba, nas referências ao atribulado momento político. O que se verifica neste ano é que a crítica social se aprofundou, assim como a consciência da crise moral que assola o país. A folia se politizou. No Rio de Janeiro, os protestos sociais aparecem em pelo menos três escolas de samba, que se sobressaem por apresentar enredos com questionamentos ao difícil momento nacional: Beija-Flor, Estação Primeira da Mangueira e Paraíso do Tuiuti. Em São Paulo, a Império da Casa Verde, com seu enredo baseado em “Os Miseráveis”, livro de Victor Hugo, destaca a luta contra a corrupção e os privilégios restritos a uma pequena parcela da população. Também os blocos enchem as ruas cariocas e paulistanas de gritos de guerra contra o cerceamento da liberdade, a volta da febre amarela, os auxílios dados aos juízes, a intolerância religiosa e de gênero e o preconceito racial.
Fundada há 90 anos, a Estação Primeira de Mangueira, estréia, em 2018, no quesito samba politizado com o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco” — e o alvo principal é o prefeito do Rio, Marcelo Crivella. “O momento político que o Brasil vive é muito delicado. Há uma influência da onda conservadora que extrapola a cultura da sociedade”, afirma o carnavalesco Leandro Vieira. “A chegada do prefeito Crivella ao Rio de Janeiro é isso. Ele representa o avanço da mistura explosiva entre política e religião, é o prefeito de uma cidade que tem uma festa libertária que ele não gosta.” O pomo da discórdia entre a Mangueira e Crivella é o corte das verbas destinadas às escolas de samba do Rio no carnaval deste ano.
Segundo Vieira, o prefeito tentou justificar a medida com o argumento de que o dinheiro seria destinado para as creches municipais, o que revela uma visão errada do carnaval, que além de representar a cultura popular é uma enorme fonte de receitas para a cidade do Rio. “O enredo da Mangueira é um tributo à cidade, à sua essência festiva, seu caráter plural, mundano e livre. A Mangueira veio dizer que a rua é do povo e nosso enredo é um tributo à liberdade — tudo o que o prefeito não quer”, diz Vieira.
O tom mais politizado e crítico dos desfiles deste ano, na avaliação dos próprios carnavalescos, tem relação com a renovação do público da festa, que busca uma maior conexão com o mundo real. Com seu enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”, a Beija-Flor pretende claramente atingir uma plateia mais jovem, que vai para o Sambódromo mas mal assiste aos desfiles porque não se interessa pelos temas apresentado pelas escolas. “Houve uma pasteurização do espetáculo que não gera atração”, afirma o coreógrafo Marcelo Missailidis, responsável pela concepção cênica da Beija-Flor. ”A preocupação de nosso enredo não foi só com o potencial cênico, mas também com um conteúdo que interesse.
Falamos das preocupações de hoje: medo de viver em cidade grande, falta de confiança nos representantes políticos, abandono, angústia da população em todas as camadas sociais.” Em outras palavras, o desfile da escola poderia ser considerado uma grande manifestação política com invólucro artístico. E qual o significado do rato gigante que aparece em um dos carros alegóricos? “É o maior símbolo de corrupção do Estado do Rio. O rato representa toda a imundície, a sujeira da política hoje em dia. Aquilo que corrói a ética. Percebemos hoje que as decisões políticas sempre foram rodeadas por corrupção e ganância”, afirma Missailidis.
FESTA NOS BLOCOS Gritos de guerra contra o cerceamento da liberdade, a volta da febre amarela, o preconceito racial e os políticos
O poder do riso
“O riso é uma arma muito poderosa”, diz o pesquisador do carnaval e professor de marketing de massa da Universidade Mackenzie José Maurício Conrado, para ele, o carnaval já traz embutida uma crítica social. “O desfile da Beija-Flor em 1989 foi emblemático por conta do período histórico em que o País se encontrava”, afirma, relembrando a expectativa nacional pela redemocratização com as eleições diretas para presidente, que ocorreram no mesmo ano. Em 2018, ano eleitoral e de polarizações ideológicas, o ambiente social e político se tornaram perfeitos para esse tipo de abordagem. “O carnaval tem essa veia de crítica social. É normal que isso aconteça. Mas parece que este ano ele está mais sintonizado com essas questões”, afirma. “Elas apareceram com muita força porque há mudanças em curso.”
O escritor e sambista Haroldo Costa, outro especialista em carnaval, afirma que temas políticos em sambas enredo são frequentes: “Em diversas oportunidades as escolas realizaram enredos com alusões ou fatos políticos”, afirma. A lista remonta à década de 1950, com “O Grande Presidente”, da Mangueira, em 1956, e segue com “Heróis da Liberdade”, da Império Serrano, em 1969, “Kizomba, Festa e Raça”, da Vila Isabel, de 1988 e “Prestes, o Cavaleiro da Esperança”, da Grande Rio, em 1998. Costa faz questão de afirmar que as escolas de samba não são alienadas, como alguns insistem. Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos enredos focaram na presença do Brasil no combate ao nazismo, lembrou. Segundo ele, “não há a menor dúvida de que as escolas têm contribuído de modo efetivo para realçar episódios e personagens que os livros escolares pouco ou nada registram.”
A questão racial e o imperativo da liberdade do homem entrará em discussão no samba da Paraíso do Tuiuti. O enredo “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?” tem como pano de fundo a Lei Áurea e trata da exploração do homem pelo homem no decorrer das civilizações. “Mostra que o negro que era açoitado ficou preso na favela e é marginalizado. Acorda às 3h da madrugada para pegar o ônibus às 5h e ir trabalhar por menos de um salário mínimo, diz Thiago Monteiro, diretor de carnaval da escola. “As críticas não são personificadas em um governo, mas sim em um sistema no qual as grandes corporações exploram o ser humano pagando salários indignos. Nosso enredo é, na verdade, um grande tratado da exploração humana”, afirma.
BEIJA-FLOR Rato gigante faz menção às ratazanas políticas que saquearam os cofres públicos (Crédito:Stefano Martini)
Pátria amada
“Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu” BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS
Vejo a liberdade aprisionada
Teu livro eu não sei ler, Brasil!
Mas o samba faz essa dor dentro do peito ir embora
Feito um arrastão de alegria e emoção o pranto rola
Meu canto é resistência
No ecoar de um tambor
Vêm ver brilhar
Mais um menino que você abandonou
Oh pátria amada, por onde andarás?
Seus filhos já não aguentam mais!
Você que não soube cuidar
Você que negou o amor
Vem aprender na Beija-Flor

Referência ao panelaço 
ALEGORIAS DA CRISE Enredo da Paraíso do Tuiuti tem como pano de fundo a Lei Áurea e trata da exploração do homem pelo homem
Em São Paulo, a escola de samba Império de Casa Verde ocupará a avenida com o propósito de fazer o público se divertir e pensar. O tema do enredo é “O povo: a nobreza real” e trata da revolução francesa. Mas é impossível ouvir a composição e não relacionar com o cenário que se vê no Brasil. O tema é histórico e atual: muitos com pouco e poucos com muito. As diferenças sociais são bem destacadas no enredo, nos carros alegóricos e nas fantasias. O samba canta as regalias das classes dominantes e a pobreza do povo, que se revolta contra essa situação e provoca uma revolução. No desfile, a ideia da escola é mostrar que o povo venceu os desafios e terminou comemorando em uma grande festa: o carnaval, é claro. De acordo com o carnavalesco Jorge Freitas, a relação com o período histórico e a atual situação do Brasil foi proposital, mas ele afirma que a escola não quer tomar nenhum partido. Segundo ele, a intenção é mostrar que o povo unido é forte. “Só mudou o tempo. O povo, no boca a boca, tem força. Se ele se unir, no nosso reino há justiça”, afirma. Em um dos carros, inclusive, a escola irá trazer o que ficou conhecido como “panelaço”: “Quem estiver assistindo, vai estar se vendo. É histórico e contemporâneo”, afirma. Freitas também explica que uma das obrigações da arte é trazer uma reflexão para a sociedade e que a intenção dele não é ser nem “coxinha” nem “petralha”, mas mostrar que muitos anos se passaram e pouca coisa mudou em relação à liberdade, igualdade e fraternidade, que é o lema da revolução francesa. “O povo se manifesta através da alegria. Quem dera que eu não precisasse falar disso em um enredo”. Um dos onze compositores do samba da Império, Luciano Godoi, explica a intenção da letra: “A gente queria passar, de alguma forma, essa mensagem de que isso aconteceu lá atrás, mas está acontecendo hoje”. Em determinado momento, a música convoca: “Vem pra rua”, slogan que ficou conhecido nas manifestações de 2013. De acordo com Godoi, “não é que a gente quis exaltar um grupo, mas é para mostrar que quando o povo vai para a rua, ele consegue tomar as rédeas.”
No pré-carnaval de São Paulo, o bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, um dos maiores e mais disputados da capital, trouxe a mensagem “É proibido proibir”, referência aos movimentos de contestação de 1968. Em vários momentos era possível ouvir os foliões cantando músicas de protesto como “Para não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, e “Apesar de você”, de Chico Buarque. As canções ficaram famosas durante o período da ditadura militar, quando a censura atingia também o carnaval. Cheios de artistas, os trios elétricos do bloco passaram pela Rua Consolação, no centro de São Paulo, com discursos poderosos sobre liberdade de expressão. Em um dos carros, artistas de grupos de teatro da região central fizeram uma performance em que apareciam nus. A cantora Maria Rita cantou “Como nossos pais”, música de Belchior que se tornou clássica ao ser interpretada pela mãe dela, Elis Regina. Em vários momentos, os foliões também participaram das manifestações e gritavam “Fora Temer” e “Volta Lula”.
MANGUEIRA Crítica ao prefeito Crivella: mistura explosiva entre política e religião (Crédito:Custódio Coimbra)
A hora da mudança
“Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco!” ESTAÇÃO PRIMEIRA DA MANGUEIRA
Chegou a hora de mudar
Erguer a bandeira do samba
Vem a luz à consciência
Que ilumina a resistência dessa gente bamba
Pergunte aos seus ancestrais
Dos antigos carnavais, nossa raça costumeira
*Outrora marginalizado já usei cetim barato*
*Pra desfilar na mangueira*
A minha escola de vida é um botequim
Com garfo e prato eu faço meu tamborim
Firmo na palma da mão, cantando laiálaiá
Sou mestre-sala na arte de improvisar
Ôôôô somos a voz do povo embarque nesse cordão
Pra ser feliz de novo
Carna tríplex
O ex-presidente condenado a 12 anos e 1 mês de detenção também é mote da folia. Foi marcado para o terça-feira 13, às 14h, o “Carna Tríplex”. Organizado pelo grupo Mobilização Brasil, o evento acontecerá em frente ao Edifício Solaris, no Guarujá, onde fica o apartamento que Lula recebeu indevidamente da OAS. Não será a primeira vez que o condomínio vira palco de uma manifestação de foliões. No sábado 3, jovens simpatizantes de Lula realizaram um churrasco em frente ao condomínio para homenagear o ex-presidente. O evento foi batizado de “Churras no Tríplex do Lula” teve carne, farofa e camisetas vermelhas.
Além das escolas de samba e dos blocos, outra forma de politizar a folia apareceu nos centros de comércio popular, caso da região da Rua 25 de março, em São Paulo. Como em anos anteriores, máscaras de políticos estavam à venda junto às tradicionais fantasias para os foliões. As figuras que mais aparecem são os ex-presidentes Lula e Dilma, o juiz Sergio Moro, o “japonês da Federal” e o ministro do STF Gilmar Mendes. Ainda que as vendas não estejam tão em alta, as máscaras, que custam a partir de R$ 4, continuam funcionando como alegoria pessoal para os foliões que querem brincar e protestar ao mesmo tempo.
IMPÉRIO DA CASA VERDE Muitos com pouco e poucos com muito: destaque para a desigualdade (Crédito: Marco Ankosqui)
Vem pra rua
“O povo: a nobreza real” IMPÉRIO DA CASA VERDE
“Quem sou eu na ‘selva de poder’?
Mais um ‘bobo da corte’ a padecer
Sem desfrutar da riqueza
Que a realeza tem pra oferecer
No ‘Reino das Regalias’
A poesia é nossa arma pra lutar
Contra o carrasco da injustiça
Na monarquia impera a corrupção
E nos banquetes, toda a fidalguia
Desperta a insatisfação
É chegado o momento, surge um movimento
A batalha acabou de começar
Na alma da gente a esperança continua
Vem pra rua

8 de fev. de 2018

Marco Aurélio diz que vai negar pedido para suspender prisão após 2ª instância

Crédito: Agência Brasil
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira, 7, que vai negar pedido para proibir provisoriamente a prisão após condenação em segunda instância até que o plenário da Corte tome uma decisão final sobre o tema.
A petição foi apresentada pelo advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que é advogado de diversos políticos investigados na Operação Lava Jato, como o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), e o ex-presidente José Sarney.
“Não posso (ir contra o plenário). Isso já passou pelo crivo do plenário. Por melhor que seja a intenção”, disse Marco Aurélio nesta tarde. Ele é relator das ações que versam sobre o tema no STF.
Segundo o ministro, o atual entendimento do STF, de 2016, prevê a possibilidade da execução antecipada da pena e não seria adequado tomar uma decisão monocrática no sentido contrário. Na época do julgamento, há dois anos, Marco Aurélio se posicionou contra a prisão após segunda instância, mas foi voto vencido.
“Já houve o indeferimento pelo plenário da Corte e não posso enfrentar e simplesmente suplantar a decisão da maioria.” Ele destacou que liberou o processo em dezembro e agora cabe à presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, marcar a data da votação no plenário.
Em nota, Kakay disse que a postura de Marco Aurélio foi “correta” por respeito ao colegiado. “Se o colegiado já definiu a liminar, é normal que o relator espere então o julgamento do mérito”, escreveu o advogado. Ele afirmou, no entanto, que entrou com o pedido para tentar pacificar o tema até o julgamento do mérito, pois o assunto divide opiniões e gera insegurança jurídica no País.
O jurista também destacou que o seu pedido não tem relação com o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pelo Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF-4) em janeiro deste ano. O petista foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão.
“Eu entendo que esse julgamento não tem nenhuma relação com o caso Lula. Poderá ser utilizado, dependendo da decisão que o Plenário do Supremo tiver, mas não tem nenhuma relação. Nós entramos com essa ação muito antes do processo do Lula. Esse é um entendimento que atende e interessa, como eu tenho dito, a milhares e milhares de pessoas sem rosto, sem voz, e, muitas vezes, sem advogado. Mas eu entendo a postura do Ministro, é uma postura de respeito ao colegiado”, afirmou Kakay.

7 de fev. de 2018

Nações Unidas investigam ataques químicos na Síria

Comissão apura crimes de guerra, após relatos médicos sobre casos de asfixia envolvendo até crianças como vítimas
Na cidade de Douma, a oeste de Guta Oriental, uma menina respira com ajuda de uma máscara, depois de ter inalado um gás tóxico lançado em ataque ( Foto: AFP )
Damasco/Nova York. Pelo menos 47 civis, incluindo 10 crianças, foram mortos, ontem, em ataques aéreos sírios contra um encrave rebelde perto da capital, enquanto Damasco ignora a pressão internacional após ser acusada de ataques químicos.
No plano humanitário, a ONU exigiu o "fim imediato das hostilidades" durante pelo menos um mês em toda Síria para ajudar as populações sitiadas.
Ontem, a força aérea síria atacou o reduto rebelde de Guta Oriental, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), indicando que, além das 47 vítimas fatais, "ao menos 19 pessoas estão sob os escombros".
"O número de mortos pode aumentar devido à presença de pessoas presas sob os escombros e feridos em estado crítico", disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman. Na localidade de Saqba, socorristas tiraram dos escombros uma menina com o rosto coberto de sangue.
Depois foi a vez de uma senhora. E, em Kafr Batna, um mercado localizado próximo de uma escola foi completamente destruído. No necrotério de um hospital, uma mulher soluçava em lágrimas ao reconhecer o corpo do marido morto.
Sitiada desde 2013 pelas forças do regime, Guta Oriental é alvo quase diário de bombardeios, e seus 400 mil habitantes vivem uma séria crise humanitária, com escassez de alimentos e remédios. Nas últimas semanas, o regime intensificou seus ataques em Guta Oriental e na província de Idlib, outro reduto da rebelião no noroeste da Síria.
Na segunda-feira, civis morreram em ataques do regime contra Guta Oriental, um reduto rebelde cercado desde 2013 pelas forças de Damasco.
Zonas de distensão
Estas duas regiões fazem parte das 4 zonas de distensão estabelecidas na Síria para obter uma trégua nos combates, enquanto a guerra que assola o País desde 2011 já fez 340 mil mortos.
"Nas últimas 48 horas, a escala e a ferocidade dos ataques aumentaram dramaticamente", lamentou a comissão da ONU encarregada de investigar os crimes de guerra na Síria.
A comissão da ONU também anunciou que investiga ataques químicos pelo regime em Saraqeb, cidade na província de Idlib, onde 11 casos de asfixia foram relatados, mas também em Guta Oriental.
Em 22 de janeiro, o OSDH já havia relatado a ocorrência de 21 desses casos em Guta, enquanto moradores e fontes médicas relataram um ataque com gás cloro. O regime nega utilizar armas químicas.

6 de fev. de 2018

Clubes vetam e Brasileiro não usará árbitro de vídeo; Copa do Brasil terá sistema

Clubes vetam e Brasileiro não usará árbitro de vídeo; Copa do Brasil terá sistema
Nas instalações da Federação Italiano de Futebol (FIGC), os melhores árbitros do mundo se reuniram em final de abril para seguir se familiarizando com o sistema de vídeo - AFP/Arquivos
O Campeonato Brasileiro de 2018 não terá árbitro de vídeo. A introdução do recurso foi vetada nesta segunda-feira pela maioria dos clubes da Série A, durante reunião do conselho arbitral, realizada na sede da CBF, no Rio. No entanto, o uso da tecnologia será adotado na Copa do Brasil, a partir da fase de quartas de final.
A adoção da tecnologia para auxiliar a arbitragem a dirimir dúvidas relacionadas a lances de gol, pênalti, aplicação de cartão vermelho e também à identificação de atletas estava dividindo os clubes tanto pelo aspecto técnico, por interferir na marcação do juiz, como financeiro. Muitos dos times clubes queriam que a CBF arcasse com os custos, estimados em R$ 30 mil por partida, e não concordaram em pagar totalmente ou em parte os gastos.
O tema foi colocado em votação e 12 clubes posicionaram-se contra. Apenas sete foram a favor e o São Paulo não votou, pois seu representante deixou a reunião antes de o assunto ser definido.
Sergio Correa, ex-chefe do departamento de arbitragem da CBF e responsável pelos estudos para a implantação do VAR, como o árbitro de vídeo é chamado oficialmente, negou que os custos tenham sido preponderante para a negativa. “Não foi exatamente a questão do custo. Teve clube que argumentou com a questão técnica, outro falou de testes, alguns de custos. Uma pena”, lamentou.
No conselho arbitral, os clubes aprovaram o uso da grama sintética em substituição à natural – é o caso, atualmente, da Arena da Baixada, estádio do Atlético Paranaense.
Outra decisão tomada pelos clubes permite a venda de cinco mandos de campo, desde que o clube visitante concorde, assim como a federação à qual o mandante é filiado. E a venda não pode acontecer nas últimas cinco rodadas do campeonato.

5 de fev. de 2018

INSS apura novo tipo de fraude contra aposentados

Com documentos de pessoas mortas, quadrilhas aplicam golpes em segurados vivos. Polícia investiga

Por MARTHA IMENES
'Diante da negativa do instituto, não houve outra alternativa que não fosse a via judicial para conseguir o benefício do INSS', diz a advogada Janaína Fernandes
'Diante da negativa do instituto, não houve outra alternativa que não fosse a via judicial para conseguir o benefício do INSS', diz a advogada Janaína Fernandes - fotos Luciano Belford / Agencia O Dia
A cada dia que passa um novo tipo de fraude aparece. Agora aposentados e pensionistas da Previdência têm que estar atentos a mais um: o compartilhamento da pensão. Ou estelionato post mortem. Nesse tipo de golpe, documentos de pessoas falecidas são utilizados para concessão de benefício, ou como no caso que relatamos, para dividir a pensão. "Os fraudadores 'montam' documentos e apresentam no posto do INSS para habilitar o benefício", explica Alessandro Magalhães de Moraes, delegado da Polícia Federal e responsável por um núcleo que investiga crimes contra a Previdência na Baixada Fluminense.
Essa prática, inclusive está na mira da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF). "Apresentar esse tipo de documento para concessão de benefício é estelionato", adverte o delegado, que analisou o caso de uma viúva, que chamaremos de senhora X, que teve a pensão por morte compartilhada. "Há indício de fraude", adverte o agente.
O CASO
Em janeiro de 2015, após 30 anos de união, a senhora X ficou viúva. Algum tempo depois, orientada por parentes, ela procurou uma agência da Previdência para dar entrada na pensão por morte. Chegando lá foi informada da documentação exigida, juntou tudo que comprovasse a união, mas mesmo assim teve o pedido negado.
O trâmite então teve que ser feito pela Justiça. "Diante da negativa do instituto, não houve outra alternativa que não fosse a via judicial para conseguir o benefício do INSS", informa Janaína Fernandes, do escritório Dias, Menini e Fernandes Advogados Associados.
Passado um ano e sete meses, a Justiça reconheceu o direito de X ao benefício. "Fui informada que o próximo passo seria aguardar a carta de concessão em casa", conta. Mas, ao invés de receber o documento pelos Correios, a viúva foi informada por uma financeira, via ligação telefônica no celular, que sua pensão havia sido concedida e que era para comparecer ao escritório, que fica no Centro, para pegar os documentos. "Estranhei a ligação, mas não sabia se tinha mudado alguma coisa no INSS", conta.
Dia e hora combinados, a viúva chega sozinha a um escritório na Avenida Presidente Vargas, no Centro. Uma atendente, cujo nome também será preservado, informou sobre a liberação da pensão e a data do pagamento. E que a viúva teria uma margem de R$ 19 mil para fazer empréstimo consignado. Para comprovar o "direito", a atendente apresentou a carta de concessão e um contracheque da futura segurada. Ambos documentos internos do INSS. E advertiu: "A pensão é compartilhada". Aqui começa o drama de X. "A divisão da pensão é mais do que suspeita, pois quem informou sobre a outra 'viúva' foi a financeira. Além disso foram apresentados documentos 'montados' no posto", conta.
Procurado, o INSS disse não ter intermediários e não soube informar como os documentos foram parar na financeira.

Concessão do benefício antes do agendamento

O trâmite dessa pensão, de acordo com levantamento apresentado pelo próprio INSS à Justiça, foi - digamos assim - surreal. Em 28 de março de 2016, pouco mais de um ano após o falecimento do segurado, a suposta companheira ligou para a Central 135 para agendar a concessão do benefício. O atendimento foi marcado para 27 de junho, ou seja, três meses depois. Até aqui tudo certo. O que vem em seguida, segue uma linha do tempo incomum: mesmo com agendamento marcado para junho, a pensão por morte foi concedida em maio.
Todos os documentos apresentados pela suposta fraudadora, como conta de luz, extrato bancário, fatura de cartão de crédito, foram contestados pela advogada da vítima por serem diferentes dos originais.
"Este é o modus operandi: confecção de falsos documentos a fim de caracterizar união estável", aponta o delegado da Polícia Federal.

Veja como se precaver de fraude ou descontos

Especialistas recomendam ter cuidado com dados pessoais. Bancos e instituições públicas não solicitam informações por telefone ou e-mail. Em caso de perda ou roubo de documentos, é recomendado fazer registro de ocorrência na polícia e comunicar o fato a órgãos de proteção ao crédito (SPC e Serasa).
O aposentado que desconfiar ter sido vítima de fraude deve tirar o extrato do benefício no site da Previdência e acompanhá-lo para ver se há desconto indevido. Ao perceber irregularidades, precisa ir até um posto e pedir para verificar os dados referentes a todos os empréstimos feitos em seu nome.
O INSS orienta o beneficiário a formalizar denúncia ligando gratuitamente para a Central 135 ou então por meio da internet. Além das agências da Previdência Social, o segurado também pode entrar em contato com a Ouvidoria em https://www.inss.gov.br/.

Documentos foram contestados por órgãos emissores

Passado o susto de saber que terá que dividir a pensão com outra pessoa, a senhora X insiste em saber de quem se trata. O que foi prontamente resolvido pela atendente: ambas se dirigiram ao posto do INSS ao lado do escritório para verificar os dados. Chegando lá, e mesmo sem agendamento prévio como é solicitado a todos os segurados, a senhora X soube que seu benefício era compartilhado com J.B.S., de São João de Meriti.
E a situação fica mais estranha ainda: todos os documentos apresentados no posto de Copacabana para a concessão do benefício foram contestados pelos órgãos emissores. Por exemplo, a conta de luz tem o nome da mulher no endereço do falecido, mas o código do cliente é diferente do original. Os bancos do Brasil e Bradesco informaram que o morto não tinha conta conjunta, nem cartão de crédito adicional, conforme apresentado no posto do INSS pela segunda beneficiária.
O caso, assim como o pedido de pensão da senhora X, também foi parar na Justiça. "Meu pagamento que deveria passar de R$ 3 mil, é dividido com outra pessoa. Para habilitar minha pensão o INSS fez um monte de exigências, mas concedeu o benefício para alguém que nem deve existir", lamenta.

Galeria de Fotos

'Diante da negativa do instituto, não houve outra alternativa que não fosse a via judicial para conseguir o benefício do INSS', diz a advogada Janaína Fernandes fotos Luciano Belford / Agencia O Dia
Documentos duplicados: após pegar a carta de concessão do INSS em uma financeira, viúva recebeu documento similar em casa Luciano Belford / Agencia O Dia
A Guarda Municipal já recebeu doação de 50 aparelhos de medição Ascom/Divulgação
Central 190 recebe cerca de 20 mil ligações por dia Agência O Dia

2 de fev. de 2018

Fux pretende levar para julgamento ações penais de Bolsonaro

As duas ações penais deverão ser julgadas pela Primeira Turma do STF

Por O Dia
Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se envolveu em mais uma polêmica na Câmara, em sessão presidida pela rival política, Maria do Rosário (PT-RS)
Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se envolveu em mais uma polêmica na Câmara, em sessão presidida pela rival política, Maria do Rosário (PT-RS) - Divulgação
Brasília - O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quinta-feira, que acredita que as duas ações penais de sua relatoria em que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) é réu podem ser julgadas nos próximos seis meses.
As duas ações penais deverão ser julgadas pela Primeira Turma do STF. Numa delas, o pré-candidato à Presidência da República é réu por injúria e apologia ao crime. A autora é a deputada federal Maria do Rosário (PT/RS), sobre quem Bolsonaro declarou, em 2014, que "não estupraria a deputada porque ela não mereceria". A outra denúncia é do Ministério Público Federal (MPF), que enxerga, na conduta do deputado, incitação ao crime de estupro.
"São duas ações penais, uma privada, outra pública. Uma está mais adiantada que a outra, numa delas falta oitiva de três testemunhas. Então, o ideal é julgar junto, porque os fatos são os mesmos, a categorização é que ficou diferente", disse Fux.

1 de fev. de 2018

Temer reafirma que, sem reforma, Previdência vai quebrar

Declaração foi feita no programa do Ratinho, onde o presidente respondeu perguntas do apresentador e de outras pessoas gravadas na rua

Por Agência Brasil
Temer assina decreto que concede indulto natalino a presos
Temer assina decreto que concede indulto natalino a presos - Marcelo Camargo / ABR
São Paulo - O presidente Michel Temer voltou a afirmar nessa segunda-feira, no programa do Ratinho, que sem a reforma, a Previdência vai quebrar. Ele respondeu a perguntas do apresentador e a outras gravadas na rua, por cidadãos comuns. Temer havia conversado também sobre a reforma da Previdência no programa Silvio Santos, exibido no domingo.
“A Previdência quebra. Você veja o caso da Grécia e de Portugal. Há pouquíssimo tempo, foi preciso fazer [nesses países] uma reforma da Previdência e cortar pensões de aposentados e vencimentos de servidores públicos porque tardaram muito a fazer a reforma”, disse Temer. “Nós estamos pensando em impedir uma reforma muito mais radical. Porque se não fizermos agora, daqui a dois, três anos no máximo, teremos uma reforma radical que vai prejudicar os aposentados”, completou.
O presidente gravou sua participação no Programa do Ratinho no dia 18 de janeiro. A conversa foi exibida na noite de ontem (29) pelo SBT. Questionado pelo apresentador sobre as empresas com dívidas com a Previdência, Temer disse que a Advocacia-Geral da União (AGU) está acionando judicialmente todas as empresas.
“A AGU moveu ação contra todos os devedores. As ações estão correndo. Algumas são pagas, outras demoram. Em outras, a empresa pediu recuperação judicial ou foi à falência”, disse ele, lembrando que a dívida da Previdência é de R$ 189 bilhões. “Para sairmos desse buraco, temos que fazer [a reforma]”.
A entrevista teve linguagem informal, típica do programa. O apresentador buscava uma resposta simples e direta. “Vai mudar alguma coisa para quem se aposenta por doença?”, perguntou Ratinho. “Não há nenhuma modificação em relação a esse tema. A aposentadoria por invalidez vai continuar da mesma maneira”, respondeu o presidente.
A uma pergunta de uma pessoa na rua, Temer disse que os aposentados e aqueles que já têm direito à aposentadoria não serão afetados pela reforma. Também respondeu que a reforma vai trazer igualdade de aposentadoria entre servidores públicos e inciativa privada, e também entre políticos e os demais trabalhadores.
Em seguida, fez um apelo à audiência do programa. “O que eu gostaria de pedir aos telespectadores é que mandem carta para deputado, senador, mostrando que é fundamental para a aposentadoria. O deputado vai fazer ecoar no Congresso a voz do povo. Se o povo estiver de acordo, ele se sente confortável para votar [a favor da reforma]”.
Votos
Dos 308 votos necessários para a aprovação da reforma da Previdência na Câmara, o governo tem 275, nas contas do relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA). Após reunião com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, na semana passada, Maia afirmou que o governo tem pelo menos 275 votos favoráveis.
Segundo Marun, a votação vai ocorrer no dia 19 de fevereiro e o governo está confiante em conseguir os votos necessários.