7 de fev. de 2018

Nações Unidas investigam ataques químicos na Síria

Comissão apura crimes de guerra, após relatos médicos sobre casos de asfixia envolvendo até crianças como vítimas
Na cidade de Douma, a oeste de Guta Oriental, uma menina respira com ajuda de uma máscara, depois de ter inalado um gás tóxico lançado em ataque ( Foto: AFP )
Damasco/Nova York. Pelo menos 47 civis, incluindo 10 crianças, foram mortos, ontem, em ataques aéreos sírios contra um encrave rebelde perto da capital, enquanto Damasco ignora a pressão internacional após ser acusada de ataques químicos.
No plano humanitário, a ONU exigiu o "fim imediato das hostilidades" durante pelo menos um mês em toda Síria para ajudar as populações sitiadas.
Ontem, a força aérea síria atacou o reduto rebelde de Guta Oriental, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), indicando que, além das 47 vítimas fatais, "ao menos 19 pessoas estão sob os escombros".
"O número de mortos pode aumentar devido à presença de pessoas presas sob os escombros e feridos em estado crítico", disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman. Na localidade de Saqba, socorristas tiraram dos escombros uma menina com o rosto coberto de sangue.
Depois foi a vez de uma senhora. E, em Kafr Batna, um mercado localizado próximo de uma escola foi completamente destruído. No necrotério de um hospital, uma mulher soluçava em lágrimas ao reconhecer o corpo do marido morto.
Sitiada desde 2013 pelas forças do regime, Guta Oriental é alvo quase diário de bombardeios, e seus 400 mil habitantes vivem uma séria crise humanitária, com escassez de alimentos e remédios. Nas últimas semanas, o regime intensificou seus ataques em Guta Oriental e na província de Idlib, outro reduto da rebelião no noroeste da Síria.
Na segunda-feira, civis morreram em ataques do regime contra Guta Oriental, um reduto rebelde cercado desde 2013 pelas forças de Damasco.
Zonas de distensão
Estas duas regiões fazem parte das 4 zonas de distensão estabelecidas na Síria para obter uma trégua nos combates, enquanto a guerra que assola o País desde 2011 já fez 340 mil mortos.
"Nas últimas 48 horas, a escala e a ferocidade dos ataques aumentaram dramaticamente", lamentou a comissão da ONU encarregada de investigar os crimes de guerra na Síria.
A comissão da ONU também anunciou que investiga ataques químicos pelo regime em Saraqeb, cidade na província de Idlib, onde 11 casos de asfixia foram relatados, mas também em Guta Oriental.
Em 22 de janeiro, o OSDH já havia relatado a ocorrência de 21 desses casos em Guta, enquanto moradores e fontes médicas relataram um ataque com gás cloro. O regime nega utilizar armas químicas.

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