31 de out. de 2018

E o PT criou Bolsonaro

O recado da sociedade é inequívoco: em busca do novo, tentando enterrar a política do compadrio, da corrupção e da mentira disseminada pelo lulopetismo, o País está prestes a eleger como presidente Jair Bolsonaro, antagonista que o próprio Lula gerou

Ilustração: Sattu
Foi durante um pesadelo que a escritora inglesa Mary Shelley buscou a inspiração para, aos 19 anos, escrever a obra prima da literatura de horror. No livro, o médico Viktor Frankenstein ousa brincar de Deus recriando a vida a partir de uma criatura que constroi a partir de partes de corpos humanos. Logo, porém, o médico percebe que o ser que julgava ter criado era na verdade uma criatura que, logo no primeiro momento após a vida, se voltaria contra seu criador. Há um parentesco óbvio entre a obra de Mary Shelley e o desenlace da disputa presidencial. Em boa parte, foi o PT quem engrossou o caldo de cultura responsável pela provável eleição de Jair Bolsonaro, candidato do PSL. O ex-presidente Lula, que já se comparou a Jesus Cristo, fez de tudo para transformar o pleito numa eleição polarizada. Acabou gerando sua própria antítese, que se revelou nas urnas um líder de massas, como ele. Inicialmente, Lula imaginava que o eleitorado brasileiro iria ungí-lo novamente. Sabendo que não poderia ser candidato, com base na Lei da Ficha Limpa, sancionada por ele mesmo quando presidente, considerou que conseguiria transferir sua popularidade para um preposto, como fez com Dilma Rousseff em 2010. Posaria de vítima, reafirmando que sua prisão era política. Ao final, apostava que essa narrativa seria consagrada nas urnas. Era a eleição plebiscitária com que sonhava. Ao contrário da Justiça, que o condenava, as urnas, acreditava, o absolveria. De roldão, viriam juntos absolvidos todos os demais petistas condenados e denunciados.
Ricardo Moraes/Reuters; Fabio Rodrigues-Pozzebom/Ag. Brasil; Geraldo Bubniak/agb; Juca Rodrigues/Framephoto; Jorge Araújo/Folhapress; Ricardo Stuckert; VANESSA CARVALHO/BRAZIL PHOTO PRESS; AFP PHOTO/Raysa Leite; Reprodução
Armadilha
À medida em que avançava nesse projeto, o PT e Lula radicalizavam o discurso e a postura de vítimas. Afrontavam a Justiça e outras instituições na conformação da sua narrativa. Iam, assim, juntando as peças do seu Frankenstein político. Quando o Frankenstein acordou, revelou-se algo bem mais virulento do que previam. Como reação à radicalização do discurso petista, surgiu em contraposição Jair Bolsonaro, do PSL, um candidato radical, de discurso por vezes perigoso, mas que parece encarnar aos olhos do eleitor justamente a contraface do que, para ele, o PT representa. “Bolsonaro é uma armadilha que o PT inicialmente não previa”, considera o analista político Leopoldo Vieira, da empresa de consultoria IdealPolitik.
O que torna complicada a situação para o PT é que boa parte do eleitorado de Bolsonaro declara saber dos riscos que ele representa. Mas fez a escolha por rejeição ao PT. O efeito teflon migrou de Lula para Bolsonaro. Para o analista político, um dado importante desse fato incontestável é que alguns dos defeitos que o PT aponta em Bolsonaro, o próprio eleitor de Bolsonaro enxerga no PT. Se o aspirante do PSL ao Planalto, agora, é acusado de ter criado uma ampla rede na internet para propagar fake news, antes era o PT quem montava uma estrutura de disseminação de notícias e perfis falsos. Se Bolsonaro às vezes demonstra ter pendores antidemocráticos, expostos por diversas declarações suas e de seus filhos, Eduardo e Flávio, o PT foi além: financiou governos que em nada respeitavam os princípios básicos da democracia, como Cuba e Venezuela. Se o candidato do PSL provoca sobressaltos, capazes de pôr em vigília instituições como o Supremo Tribunal Federal, o PT assustava ao ameaçar levar a cabo atitudes revanchistas caso vencesse as eleições – consubstanciadas na frase do ex-ministro José Dirceu, para quem o partido não iria vencer a disputa, mas “tomar o poder”.
Embriagado pela ideia de reescrever a história e redimir Lula, o PT, portanto, não enxergou os sinais de que a história de radicalização que vinha construindo tinha grande chance de refluir para o nascimento de um contraponto igualmente radical. Atônitos para o que antes do domingo 28 parece já ser uma derrota inevitável, hoje integrantes do partido e de seus aliados, como PDT e PSB, admitem que deveriam ter prestado mais atenção ao que começou a transparecer no país a partir dos protestos de 2013, durante a Copa das Confederações. “A gente pareceu esquecer que tudo começou como reação a aumentos de passagens de ônibus, trem e metrô na gestão do próprio Haddad na Prefeitura de São Paulo”, observa agora um parlamentar do PT.
Em algum momento da trilha para o fracasso nas urnas, Lula tentou promover uma espécie de evangelização de seus aliados e correligionários. Foi quando comparou-se a Cristo. “Jesus Cristo foi condenado à morte sem dizer uma palavra, recém-nascido. E, se o José não corre, ele tinha sido morto. E olhe que não tinha empreiteira naquele tempo, não tinha Lava Jato”, disse. Às vésperas de ser preso, o petista autoproclamou-se uma “ideia”. “Eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia misturada com as ideias de vocês”, proclamou. “Minhas ideias já estão no ar e ninguém poderá encerrar. Vocês são milhões de Lulas”. No seu entender, ele havia ascendido à dimensão divina. Agora ele encontra no extremo oposto e “com a mão na faixa presidencial”, o antagonista gestado por ele próprio – embora nem Bolsonaro seja capaz de encarnar o “mito”, alardeado pelo seu séquito, nem Lula possa arvorar-se de ente divino, como querem crer os fanáticos petistas.
Dentro do próprio PT, integrantes da sigla admitem que o antipetismo chegou a um nível tão grande que dificilmente ele será dissipado nas próximas eleições. A grande questão é que esse antipetismo foi fomentado, justamente, por ações do próprio partido. A autocrítica cobrada por muitos, Fernando Haddad só começou a fazer, de forma tímida, na reta final da campanha eleitoral. Para um integrante da Executiva Nacional do PT, um grande equívoco agora seria o partido desistir de aprofundar essa revisão dos seus erros. Ainda que, no que parece hoje improvável, o PT venha a virar as eleições, a autocrítica precisará ser feita. E, no caso mais provável de derrota, será essencial para que o partido não acabe minguando nos próximos anos. Hoje, parte do PT ressente-se de não ter feito o que o ex-ministro Tarso Genro propôs quando presidia o partido logo após o escândalo do mensalão, uma revisão profunda, que chamava de “refundação”. “Éramos para ter cortado na própria carne enquanto havia tempo”, diz o petista.
Ao contrário, o PT não apenas renegou seus erros como passou a atacar todos aqueles que os explicitavam. A começar pela imprensa, passando pelo juiz Sérgio Moro, condutor da Operação Lava Jato, por todos os juízes em todas as instâncias, até chegar ao próprio Supremo Tribunal Federal (STF), e alguns de seus integrantes, como o ex-ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão. Para tanto, valeu-se de uma ampla rede de blogueiros e influenciadores digitais. No esforço para estabelecer uma narrativa distorcida da realidade, o PT acabou criando em contraposição outra realidade igualmente distorcida. Assim, a racionalidade foi ficando de lado e as paixões afloraram.
Outro sinal que hoje os petistas admitem ter ignorado foi a reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Estava clara ali uma profunda divisão do país, a partir da constatação de que Dilma vencia o pleito com somente pouco mais da metade dos votos. Deveria ter sido feito, avaliam petistas hoje, um aceno de conciliação. Não foi feito. Nem cogitado. Dilma passou a campanha incutindo nas pessoas o temor de que perderiam suas conquistas sociais caso não fosse reeleita. E de que ela era a única alternativa para evitar a recessão e a crise. Mais uma mentira deslavada propagada pelo PT. Tão logo tomou posse, Dilma passou a fazer exatamente o que dizia que seus adversários fariam. Ali apareceu uma figura que, dizem, hoje Bolsonaro explora: a do petista arrependido. “Quando tentamos rever posições, ele cola na gente a ideia do petista arrependido”,diz um integrante do partido. Ou seja: estabelece uma falta de firmeza e de convicção, em vez de um reconhecimento de erro.
No processo de impeachment de Dilma, já parecia claro, pela falta de reação mais forte das ruas, que a narrativa do golpe não ganhava eco na sociedade. Foi outro sinal ignorado. Com efeito contrário, a manutenção de tal discurso reforçou o antipetismo. Na prisão de Lula, a intensidade só aumentou. Finalmente, o erro fatal: a manutenção da candidatura de Lula pelo máximo de tempo possível quando já se sabia da sua impossibilidade legal. A visão colhida até mesmo de petistas é que, ao insistir em uma candidatura que todos sabiam insustentável, Haddad ficou sem tempo de construir a sua própria identidade. Quando entrou, não era como um candidato próprio à eleição. Era como um reserva de Lula. “Lula é Haddad”, dizia o slogan da campanha. “Com o arrefecimento do antipetismo, Haddad herdou mais a rejeição de Lula do que os seus votos”, observa o analista Leopoldo Vieira. Como disse Ciro Gomes, do PDT, era dançar “uma valsa à beira do abismo”. Às vésperas do segundo turno, o PT exibe o que chama de “face perigosa” de Bolsonaro. A essa altura, o eleitor parece decidido. Prefere correr o risco com Bolsonaro, do que endossar a volta do PT ao poder, cujas práticas ele conhece bem e quer ver extirpadas do País.
STF sob ataques
“Eu já adverti o garoto”, disse Bolsonaro
Numa reação orquestrada, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram duros. Entenderam que precisavam se impor como instituição e deixar claro os limites democráticos de um presidente, por maior que seja sua popularidade. O vídeo que começou a circular no fim de semana, em que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, fala que bastam “um cabo e um soldado” para fechar o STF chocou os ministros. “Eu já adverti o garoto”, desculpou-se Bolsonaro.
Em julho, durante uma palestra para estudantes, Eduardo Bolsonaro foi perguntado sobre o que aconteceria se o STF impugnasse a candidatura de seu pai. “Aí vai ter que pagar pra ver. Pessoal até brinca lá, cara, se quiser fechar o STF sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe, manda um soldado e um cabo”, disse Eduardo. Diversos ministros reagiram. Para o ministro Celso de Mello, a fala foi “inconsequente e golpista”. Para o presidente do STF, Dias Toffoli, “atacar o Judiciário é atacar a democracia”.
As reações mostram uma ação combinada de defesa da ordem institucional. Mas não foi a primeira vez que o STF foi atacado. Como reação à prisão de Lula, petistas também falaram em “fechar” o Supremo. Defendiam diminuir a importância da Suprema Corte. “Temos que redesenhar o papel do Poder Judiciário. Temos que fechar o STF. Fazê-lo virar corte constitucional”, disse o deputado Wadih Damous (PT-RJ). Em entrevista a um portal do Piauí, o ex-ministro José Dirceu foi na mesma linha. “É preciso tirar poderes do STF para ser só corte constitucional”, disse. “Nossa Constituição estabeleceu três poderes, mas só existem dois, que são eleitos: o Legislativo e o Executivo”. Afrontar as instituições, bem como ameaçar a imprensa, é moda perigosa e precisa ser duramente combatida.
A criatura
ADEMIR PHOTOGRAFO/FUTURA PRESS
De escândalo em escândalo, o chamado “quadrilhão do PT” – termo usado pelo STF para investigar os petistas que comandaram o maior esquema de corrupção já desvendado no Brasil – acabou sendo responsável pelo empoderamento dos grupos que orbitavam em torno de Bolsonaro, como a bancada evangélica (que clamava contra a crise nos costumes), a bancada de bala (inconformada com a onda de violência) e a bancada ruralista (insatisfeita com o crescente desprestígio do agronegócio). Foi o rio caudaloso onde desaguou o capitão reformado

29 de out. de 2018

Conheça a história de Jair Bolsonaro, novo presidente eleito do Brasil

Conheça a história de Jair Bolsonaro, novo presidente eleito do Brasil
(Maio) Bolsonaro posa com militares em São Paulo - AFP/Arquivos
Sem tempo de TV, candidato por um partido nanico e vítima de um atentado com faca no meio da campanha eleitoral. Nenhuma dessas adversidades foi capaz de impedir que Jair Bolsonaro (PSL) se elegesse o 38º presidente da República da história do Brasil neste domingo, 28.
Em seu sétimo mandato consecutivo, o deputado federal bateu Fernando Haddad por uma margem de 55,7% dos votos com 92% das urnas apuradas. A vitória quebra a hegemonia de vitórias do PT e PSDB nas urnas, partidos que desde 1994 dominavam as eleições para o Palácio do Planalto.
Com 13 candidatos, a campanha deste ano começou com uma pulverização dos votos, mas as pesquisas mantinham Bolsonaro à frente nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado pela Lava Jato em Curitiba.
Após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que negou o registro da candidatura do líder petista, Bolsonaro assumiu a primeira posição corrida presidencial. Os escassos oito segundos de tempo de televisão não foram um problema para o deputado. Nem mesmo os ataques constantes de Geraldo Alckmin (PSDB) por meio de seus mais de cinco minutos de propagandas na TV conseguiram atingir a estratégia bem planejada do capitão reformado na internet. Bolsonaro liderou as intenções de voto de ponta a ponta.
Sua campanha presidencial – que contou com um tempo mais curto de propaganda eleitoral em 2018 – se transformou completamente após o atentado sofrido em Juiz de Fora, no dia 6 de setembro. Ferido por uma facada de Adélio Bispo de Oliveira, Bolsonaro passou por duas cirurgias e ficou três semanas internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Na Unidade de Tratamento Intensivo, no entanto, continuou usando sua principal arma de campanha: as redes sociais. Sem poder promover atos de campanha na rua, gravou vídeos, postou fotos e não interrompeu a bem sucedida estratégia online de campanha.
Deixar de comparecer aos debates na televisão também não gerou efeitos negativos. Ao contrário, o presidente eleito evitou desgastes das discussões com adversários e assistiu seu índice de intenções de votos subir a cada pesquisa eleitoral. Com 46,03% dos votos válidos, quase venceu a eleição no primeiro turno.
Biografia e trajetória no Exército
Nascido na cidade de Glicério, município do interior de São Paulo com 4,8 mil habitantes, Bolsonaro tem seis irmãos e é filho de Olinda Bonturi e Percy Geraldo Bolsonaro. O nome de batismo Jair é uma homenagem ao jogador Jair da Rosa Pinto, meia que atuou pelo Palmeiras e pela seleção brasileira nos anos 50.
O presidente eleito entrou na carreira militar ao passar no concurso da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), no ano de 1974, com 19 anos. Depois da formação como oficial, Bolsonaro fez o curso de paraquedismo militar e deixou a Academia.
De lá, foi para o Rio de Janeiro, onde fez o curso de formação em educação física do Exército e participou do 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista, entre 1983 e 1986.
Foi nesta época que o futuro político de Bolsonaro começou a se desenhar. Em 86, o então capitão protestou contra o valor dos salários dos cadetes da Aman em um artigo na revista Veja. A publicação do artigo levou o militar à prisão por 15 dias, porque teria infringido o regulamento disciplinar.
Com o protesto, Bolsonaro ganhou simpatia das esposas dos oficiais e do baixo clero do Exército. Já em 87, o capitão se viu encurralado depois que a mesma revista Veja divulgou um suposto plano em que o militar e um colega planejavam explodir bombas em unidades militares.
Bolsonaro e Fábio Passos faziam parte da Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e tinham divergências com o comando do Exército. Quando a revista publicou a matéria, com o título de “Pôr bomba nos quartéis, um plano na ESAO”, no dia 25 de outubro de 1987, os militares foram convocados a dar explicações, mas negaram participar do plano, assim como o contato com a revista.
Na edição seguinte, a revista publicou uma reportagem que mostrava um suposto desenho de onde as bombas seriam detonadas. Os croquis teriam sido desenhados por Bolsonaro. Depois dessa matéria, foi aberta uma sindicância na Escola, que se desenrolou em um Conselho de Justificação e em julgamento no Superior Tribunal Militar.
Depois de meses de investigação, Bolsonaro saiu inocentado. Não estava claro, mesmo depois de quatro exames grafotécnicos, que os desenhos eram do punho do militar. Dois exames indicaram que era impossível determinar a autoria e outros dois confirmaram como do punho de Bolsonaro.
Já era junho de 88 quando o militar foi considerado inocente, por 8 ministros que acompanharam o relator, dentro de um colegiado de 13. Seis meses depois, o capitão vai para a reserva e se elege como vereador da cidade do Rio de Janeiro, pelo Partido Democrata Cristão (PDC), com 11.062 votos. Na época, o político buscava representar as causas das famílias de militares.
Atividade parlamentar em Brasília
Depois de Fernando Collor ser eleito na eleição de 1989, a primeira presidencial com voto direto depois da ditadura militar, os eleitores voltaram às urnas em 1990 para escolher os parlamentares e governadores. Entre os 514 deputados, Jair Bolsonaro foi eleito – ainda pelo PDC – com 67.041 votos, pelo Rio de Janeiro.
Durante o processo de impeachment de Fernando Collor, Bolsonaro votou contra o presidente, assim como 441 deputados. Em 1993, trocou pela primeira vez de partido, uma prática que se tornaria comum em sua carreira política. O capitão reformado foi para o Partido Progressista Reformador (PPR), que era uma fusão do PDC e do Partido Democrático Social (PDS).
Nas eleições de 2018, Bolsonaro foi o candidato que mais trocou de partido: atualmente, está na nona sigla diferente (PDC, 1989-1993; PP, 1993; PPR, 1993-1995; PPB, 1995-2003; PTB, 2003-2005; PFL, 2005; PP, 2005-2016; PSC, 2016-2018; PSL, 2018-). Impulsionado pela popularidade do presidente eleito, o atual partido saiu de 8 para 52 deputados federais e deverá ser uma das principais forças do Congresso Nacional na próxima legislatura.
Polêmicas
As primeiras polêmicas do candidato começaram ainda no seu primeiro mandato. Em discurso no dia 24 de junho de 1993, o político defendeu a volta de um regime de exceção com tempo determinado e o fechamento do poder legislativo.
Na época, o discurso rendeu diversas críticas de outros parlamentares e do então presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL), que pediu a abertura de um processo contra o deputado.
Apesar das críticas, Bolsonaro também recebeu apoios, que se transformam em votos nas eleições do ano seguinte.
Em 1994, os votos recebidos pelo ex-capitão aumentaram. Bolsonaro foi reeleito para a Câmara com 111.927. No primeiro ano da nova legislatura, trocou de partido mais uma vez: foi para o PPB.
Em 1998, Bolsonaro defendeu que os sequestradores do empresário Abílio Diniz, presos e condenados no Brasil, deveriam ser torturados antes de sofrer pena de morte.
Apesar das reações do presidente da República, da Câmara, e de outros parlamentares, Bolsonaro não respondeu a processo por quebra de decoro.
No mês seguinte, o político deu mais uma declaração polêmica sobre o ex-padre José Antônio Monteiro, que havia sido internado com pressão alta em Brasília. José Antônio Monteiro foi torturado por lutar contra a ditadura pelo PCdoB.
Apesar de ter sido eleito com conselhos do economista liberal Paulo Guedes e reproduzir discursos a favor de controle nas contas públicas e de mudanças nas regras da aposentadoria – medida destacada como prioritária pelo seu candidato a vice, general Hamilton Mourão (PRTB), neste domingo – Bolsonaro votou contra as propostas de reforma da previdência de Fernando Henrique Cardoso e Lula na Câmara dos Deputados.
Na última legislatura, Bolsonaro foi membro titular das comissões de Direitos Humanos e Minorias, de Relações Exteriores e Defesa Nacional, de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, e de Educação.
Em 2014, no seu mandato anterior, Bolsonaro também foi titular da comissão responsável pelo projeto de lei conhecido como estatuto da família, que definia como união familiar apenas o casamento entre homem e mulher. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.
Ascensão política entre 2014 e as eleições 2018
O julgamento do mensalão, a operação Lava-Jato e a condução econômica do governo Dilma Rousseff desgastaram a imagem do Partido dos Trabalhadores. Em 2014, o PT ganhou as eleições presidenciais com a menor vantagem desde 2002: foram apenas 3,4 milhões de votos de diferença, cerca de 3%.
Naquela eleição, Bolsonaro recebeu 464.572 votos, conquistando seu sétimo mandato como deputado federal, pelo Estado do Rio de Janeiro.
Com o esfarelamento do governo de Dilma Rousseff pós-eleições 2014 e a abertura do processo do impeachment, em 2016, Bolsonaro ganhou mais projeção. Na votação para autorizar ou não a abertura do processo contra a presidente, no dia 17 de abril de 2016, o presidente eleito voltou a ser o centro de uma polêmica.
Ao declarar o voto a favor do afastamento de Dilma, o então deputado homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador na ditadura reconhecido pela Justiça.
A fala gerou repercussões contrárias da Associação de Juízes pela Democracia, de partidos como Rede e Psol, e do Instituto Vladimir Herzog.
Da polêmica fala até as eleições de 2018, a popularidade de Bolsonaro só aumentou. A confirmação de que seria candidato só veio em 2016, mas em 2014 Bolsonaro já dizia que seria o “candidato da direita em 2018”.

19 de out. de 2018

TRF4 indefere habeas corpus preventivo para Beto e Pepe Richa

Decisão tem caráter liminar e pode, ou não, ser confirmada pelo colegiado dos desembargadores

Por O Dia
O ex-governador Beto Richa
O ex-governador Beto Richa -
Brasília - O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) indeferiu a concessão de um habeas corpus preventivo em favor do ex-governador do Paraná Beto Richa e do seu irmão, ex-secretário de Infraestrutura e Logística do estado Pepe Richa. A decisão tem caráter liminar e pode, ou não, ser confirmada pelo colegiado dos desembargadores.
O pedido buscava assegurar liberdade aos dois irmãos políticos, investigados nas operações Piloto e Integração II, deflagradas durante a campanha eleitoral em atuação conjunta da Polícia Federal, do Ministério Público do Paraná e do Ministério Público Federal.

17 de out. de 2018

Cid Gomes: parte do PT já deu por perdida a disputa presidencial no 2º turno

Cid Gomes: parte do PT já deu por perdida a disputa presidencial no 2º turno
O senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) disse nesta terça-feira, 16, ao Estadão/Broadcast, que parte do PT já deu por perdida a disputa presidencial no segundo turno das eleições 2018 e está “se lixando” para o presidenciável Fernando Haddad. Na visão do irmão de Ciro Gomes (PDT), a “companheirada” só está pensando em garantir a hegemonia na oposição a um futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL).
“Eles (petistas) querem ser hegemônicos inclusive na oposição. Boa parte da companheirada aí já deu por perdido (o segundo turno) e está pensando nisso, em ser hegemônico na oposição. Estão se lixando para o Haddad. São incapazes de um gesto de grandeza, mesmo que isso seja permitir uma oportunidade para o jovem, talentoso, inteligente, preparado que é o Fernando Haddad. Eu acho que isso (gesto de autocrítica) tem que partir de quem está no comando do PT”, afirmou.
Cid provocou polêmica em ato político realizado em Fortaleza (CE), na noite desta segunda-feira, 15, no qual conclamou que o PT fizesse uma autocrítica para não “perder feio” de Bolsonaro no pleito presidencial. O pedetista acabou vaiado pela plateia, que começou a gritar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba na Operação Lava Jato. Após a fala de Cid, o PT considera improvável criação de frente ampla contra Bolsonaro.
Nesta terça-feira, Cid Gomes reiterou à reportagem essas críticas e disse que é uma característica do PT não fazer gestos para reconhecer erros.
“Se tem uma possibilidade de reversão desse quadro (liderança de Bolsonaro), extremamente avesso ao Haddad, que eu considero o melhor candidato, é a gente ir no nó da questão, que é essa ânsia, essa raiva, essa vingança, que boa parte dos brasileiros tem em relação ao PT”, disse. “Penso que a única forma de se contrapor a esse sentimento é desvincular. É um pedido de desculpas, é o reconhecimento de erros. Ser humilde não faz mal a ninguém, nunca vi ninguém sofrer porque fez gesto de humildade, de reconhecimento de erros. Falta infelizmente (esse reconhecimento de erros), que pelo visto é característica do PT”, afirmou.
O senador eleito disse ainda que há um sentimento na sociedade brasileira de “dar uma lição” tanto em PT quanto no PSDB, mas os tucanos já tomaram a “porrada” no primeiro turno, quando o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, figurou como quarto colocado.
“(A rejeição da sociedade) não é só PT, não, ao PSDB também. Acho que há um sentimento de virar as duas páginas (PSDB e PT). O Alckmin levou a primeira porrada, o PSDB levou a primeira porrada no primeiro turno. É óbvio que o PT é um partido que tem mais máquina, acabou elegendo a maior bancada, que no final das contas é 10% do Congresso. Isso, para um partido que teve o presidente da República por quatro mandatos seguidos, é nada. Então há um sentimento de dar uma lição no PSDB e no PT e agora o Haddad será vítima disso”, disse.
Mais cedo, Cid usou seu perfil no Facebook para tentar contornar a repercussão de suas declarações. Ele escreveu na rede social que Haddad é “infinitamente melhor que o Bolsonaro”. “Eu não quero me vingar de ninguém. Para o Brasil o menos ruim é o Haddad. Por isso penso que seria melhor que ele ganhasse”, publicou.

16 de out. de 2018

Cid cobra mea culpa do PT, bate boca com militantes e é vaiado

ATO PRÓ-HADDAD | Durante encontro da campanha de Fernando Haddad no Ceará, Cid Gomes exigiu autocrítica do partido e foi vaiado por petistas

AO SER VAIADO por militantes, Cid Gomes respondeu:
AO SER VAIADO por militantes, Cid Gomes respondeu: "É por isso que vocês vão perder" TATIANA FORTES
Ao lado do governador Camilo Santana (PT), o senador eleito Cid Gomes (PDT) cobrou ontem um mea culpa do partido durante encontro que abriu a campanha de Fernando Haddad no Ceará no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL).
  "Eu conheço o Haddad, é uma boa pessoa. Tenho zero problema de votar nele", disse o ex-governador do Estado a um auditório lotado de filiados e simpatizantes do PT.

"Mas aí fica para algum companheiro do PT que me suceda aqui na fala: se quiser fazer um exemplo para o País, tem de fazer um mea culpa. Tem de pedir desculpas, tem que ter humildade e reconhecer que fizeram muita besteira", completou.

Numa fala de dez minutos, o ex-governador distribuiu críticas fartas à postura da legenda durante o primeiro turno e ao ex-presidente Lula. O pedetista também bateu boca com militantes petistas, que vaiaram o ex-ministro. Em resposta, Cid os chamou de "babacas" e "otários".

Irmão do ex-presidenciável Ciro Gomes, terceiro colocado na disputa ao Planalto, o senador eleito acrescentou: "Não admitir o mea culpa, os erros que cometeram, isso é para perder a eleição e é bem feito".

A plateia então passou a gritar o nome de Lula e a entoar cantos de "Lula livre".

"Lula o quê?", perguntou Cid. "Lula está preso, babaca. Isso é o PT. E o PT desse jeito merece perder. Só pra rimar. Vão perder feio porque fizeram muita besteira. Porque aparelharam as repartições públicas. Porque acharam que eram donos de um país, e o Brasil não aceita ter dono."

Antes de encerrar a fala, Cid se despediu, ainda sob vaias: "Beijinho, beijinho, e tchau, tchau".

Considerada fundamental para as forças pró-Haddad no Ceará, a participação de Cid no ato já prenunciava o desconforto do grupo político dos Ferreira Gomes.

O pedetista, principal articulador da campanha de Ciro à Presidência, chegou junto com Camilo ao auditório do Marina Park, onde já o aguardava a cúpula 
do PDT no Estado.

Estavam lá o deputado eleito Salmito Filho, o presidente da Assembleia Legislativa Zezinho Albuquerque, o deputado Tin Gomes e o prefeito de Sobral e irmão de Cid, Ivo Gomes, além da vice-governadora, Izolda Cela.

Instado a falar - o discurso de Cid abriu o evento, que se encerraria pouco tempo depois -, o pedetista expôs a insatisfação diante da tentativa do PT de costurar no segundo turno uma participação mais efetiva de Ciro e do PDT na campanha de Haddad.

"Todo mundo sabe que eu votei noutro candidato no primeiro turno, não sabe?", começou o ex-governador. "E isso não é uma transição tão fácil. Acho que, pra essa transição acontecer, muita coisa teria que ter acontecido."
Cid se referia ao isolamento imposto pelo PT a Ciro ainda em agosto, quando as tentativas de acordo do PDT com PSB e PCdoB fracassaram após intervenções da legenda de Lula.

Em seguida, o senador eleito falou que havia duas alternativas para o seu partido. "Uma é a gente fazer de conta... Futebol é isso mesmo, tem dois turnos, e no segundo turno a gente tem que escolher. Para mim, tudo bem", respondeu. "Ora, eu já votei no Eunício (Oliveira). Para votar no Haddad, eu voto com muito mais prazer ainda."

A segunda alternativa seria, "se a gente quer, daqui do Ceará, dar um exemplo para o Brasil", fazer um mea culpa.

Ao discursar, porém, Camilo esquivou-se dessa tarefa. "Nosso objetivo aqui não é fazer uma análise política. Meu primeiro objetivo aqui é agradecer a vocês pelo resultado deste ano no Estado do Ceará", disse o governador.

"Eu entendo tudo que o Cid falou aqui. Cada um tem a liberdade de se expressar, mas o Cid tomou a decisão de vir pra ajudar a construir a grande vitória do Haddad no Ceará. Esse é o momento de nos unirmos."

11 de out. de 2018

Kátia Abreu sugere que Haddad renuncie e Ciro o substitua contra Bolsonaro

Crédito: Reprodução Twitter
A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) defendeu, nesta quarta-feira, 10, que o candidato do PT Fernando Haddad renuncie à campanha presidencial nas eleições 2018 “em nome da democracia”. O objetivo de sua proposta é que o petista, ao abrir mão da disputa, abra espaço para que Ciro Gomes (PDT) seja o adversário de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno.
“Eu não estranharia e acharia muito digno se por acaso ele (Haddad) desistisse da candidatura vendo que pode entregar o País a um fascismo religioso”, afirmou, referindo-se a Bolsonaro. “A lei é clara. Se ele renunciar à sua candidatura, Ciro Gomes é o candidato. E é o único capaz de vencer Bolsonaro”, justificou.
A proposta de Kátia Abreu se baseia no artigo 77 da Constituição Federal, que no inciso 4º diz que “se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação”.
Kátia Abreu disse também que não fará campanha para Haddad, apesar da decisão do partido de optar pelo “apoio crítico”. “PDT só deu apoio crítico ao PT para não dar uma de Pôncio Pilatos, para não lavar as mãos diante da ameaça e fascismo que a outra candidatura representa. O PT que tinha uma causa lá atrás não existe mais, não vale a pena defender.” A senadora afirmou ainda irá votar em “branco” ou “nulo” em 28 de outubro.

10 de out. de 2018

Gleisi: Lula mandou Haddad fazer campanha e não ir mais a Curitiba

Gleisi: Lula mandou Haddad fazer campanha e não ir mais a Curitiba
Presidente do Partido dos Trabalhadores Gleisi Hoffmann com máscaras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 4 de agosto de 2018 - AFP/Arquivos
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez chegar ao partido que espera que o candidato à Presidência, Fernando Haddad, se concentre nas agendas de rua da campanha neste segundo turno e deixe de visitá-lo na prisão semanalmente, como tem feito até o momento.
“Foi um recado para mim: manda o Haddad fazer campanha, não precisa mais vir aqui”, disse Gleisi, que participa de reunião organizada pela direção petista na capital paulista, nesta terça-feira, 9.
Gleisi voltou a defender ajustes no programa de Haddad no segundo turno para atrair novos aliados, mas reforçou que a proposta do PT para a Previdência está “fechada”. Haddad, no entanto, já sinalizou que pode discutir questões como a idade mínima para aposentadoria.
“Na Previdência, é um tema que temos mais posição fechada”, declarou a dirigente. Ela enfatizou que a proposta do PT é uma medida que ataque privilégios, mas que não mexa no regime geral do INSS.
Gleisi disse que o partido ainda não discutiu ajustes no plano para agregar propostas como a de Ciro Gomes (PDT) sobre capitalização do sistema de Previdência. A discussão seria feita com Ciro se ele declarar apoio a Haddad.

9 de out. de 2018

Bolsonaro chama Haddad de ‘canalha’ após proposta contra fake news

Bolsonaro chama Haddad de ‘canalha’ após proposta contra fake news
El economista elegido por Jair Bolsonaro (foto), el candidato ultraderechista que obtuvo la mayor cantidad de votos en las elecciones presidenciales de Brasil, entusiasma a los mercados - AFP/Arquivos
O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, chamou nesta segunda-feira, 8, seu rival no segundo, Fernando Haddad, do PT, de “canalha” após o ex-prefeito paulistano propor um pacto contra disseminação de notícias falsas na campanha. Segundo Bolsonaro, Haddad está inventando que ele pretende taxar os mais pobres.
“O pau mandado de corrupto me propôs assinar ‘carta de compromisso contra mentiras na internet’. O mesmo que está inventando que vou aumentar imposto de renda pra pobre. É um canalha!”, afirmou em sua conta no Twitter. Desde o início propomos (sic) isenção a quem ganha até R$ 5.000. O PT quer roubar até essa proposta.”
Mais cedo, em Curitiba, Haddad disse que gostaria que Bolsonaro assinasse uma carta de compromisso contra ataques e disseminação de mentiras nas redes.
“É muito difícil se defender de uma enxurrada, um bombardeio via WhatsApp, com mentiras ao seu respeito. Não temos dinheiro nem condições para enfrentar”, declarou o petista.
Haddad também fez um apelo para que a Justiça Eleitoral seja mais rápida no combate às notícias falsas na internet. “Vamos tentar estabelecer um protocolo ético para o tipo de abordagem que vai ser feito na campanha. Uma carta de compromisso contra difamação anônima.”

8 de out. de 2018

Haddad fala em unir democratas e debater “olho no olho” no 2º turno

Crédito: NELSON ALMEIDA / AFP
No primeiro pronunciamento após a confirmação da disputa de segundo turno na corrida presidencial, o candidato Fernando Haddad (PT) afirmou haver “muita coisa em jogo” no pleito deste ano e sinalizou a busca de apoio nas próximas três semanas de campanha. Até a última atualização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o petista tinha 28,95% dos votos válidos contra 46,26% de Jair Bolsonaro (PSL), com 98,86% das urnas apuradas. O segundo turno será realizado no próximo dia 28 de outubro.
“Esta eleição coloca muita coisa em jogo. O próprio pacto da Constituinte de 1988 está em jogo em função das ameaças que sofre quase diariamente”, afirmou. A declaração foi dada em um hotel no bairro do Paraíso, em São Paulo, na presença de dezenas de apoiadores, correligionários e aliados, incluindo a candidata a vice-presidente na chapa, Manuela d’Ávila (PCdoB) e integrantes do PROS, o outro partido que compõe a coligação.
O petista afirmou já ter conversado por telefone com Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL) e Marina Silva (Rede). “Tenho muita consideração por todos e a ideia é manter o diálogo aberto”, disse. Segundo a assessoria do candidato, Haddad trocou telefonemas de cumprimentos com os três adversários, mas ainda não foi definida uma agenda de conversas para viabilizar o apoio deles no segundo turno.
A assessoria de Haddad informou ainda que o governador reeleito da Bahia, Rui Costa (PT), está articulando uma reunião com governadores do PT e aliados para a próxima terça-feira (9), em São Paulo, para discutir o apoio nos estados na sequência da campanha eleitoral. O presidenciável também deve visitar amanhã (8) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, e em seguida deve conceder uma entrevista coletiva à imprensa.

Discutir o Brasil

Em seus discurso, Fernando Haddad disse ainda que pretende “unir os democratas do Brasil” em torno de um projeto que tenha como prioridade o combate as desigualdades sociais do país e a defesa da soberania nacional e popular. Ele falou ainda que o segundo turno abre oportunidade para discutir “frente à frente e olho no olho”.
“Vamos para o campo democrático com uma única arma: o argumento. Nós vamos com a força do argumento para defender o Brasil e seu povo, sobretudo o povo mais sofrido do país”, afirmou. Ao fazer referência ao resultado das urnas, que apontou vasntagem de 18 pontos para Bolsonaro, o petista disse que os números são “expressivos e apontam para os riscos que a democracia corre no país”.

5 de out. de 2018

Por unanimidade, TRF-4 absolve Dilma por gastos com o cartão corporativo

Ação Popular buscava condenação da ex-presidente e de 14 agentes públicos federais por uso indevido do Cartão de Pagamento do Governo Federal; onze foram condenados a ressarcir os cofres públicos

Por O Dia
Ex-presidente Dilma Rousseff
Ex-presidente Dilma Rousseff -
Rio - A 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) decidiu na quarta-feira por unanimidade manter a absolvição da ex-presidente Dilma Rousseff em Ação Popular que buscava condenação dela e de mais 14 agentes públicos federais por uso indevido do Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF), também conhecido como cartão corporativo. Dentre eles, 11 foram condenados a ressarcir os pagamentos feitos sem comprovação de nota fiscal e os valores que excederam os limites estabelecidos para o uso do cartão.
A ação foi ajuizada na Justiça Federal do Rio Grande do Sul (JFRS) em agosto de 2005 pelo advogado gaúcho Antônio Pani Beiriz contra a União e um grupo de funcionários públicos ligados ao Poder Executivo Federal.
Entre os acusados pelo autor estavam a então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, o ex-ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão Paulo Bernardo Silva, o ex-ministro de Estado da Fazenda Antonio Palocci, o ex-presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) Rolf Hackbart, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) Mauro Marcelo, além de outros 10 funcionários da Presidência da República.
O advogado alegou que os acusados praticaram desvio de finalidade na utilização do cartão, má administração do dinheiro público e enriquecimento ilícito.
O autor argumentou que procedimentos que deveriam ser eventuais passaram a ser regra, afrontando as normas gerias de licitação.
Assim, segundo ele, os gastos exagerados e os altos valores sacados teriam fugido do controle do Governo Federal e configurado ilegalidade e violação do princípio da moralidade administrativa por parte dos acusados.
O advogado requisitou que a JFRS declarasse a irregularidade e nulidade dos pagamentos e saques de dinheiro feitos com os cartões corporativos dos réus.
O autor também requereu a condenação solidária dos responsáveis, usuários e beneficiários dos cartões a indenizar o Tesouro Nacional dos valores sacados e dos pagamentos efetuados sem comprovação de legalidade, incluindo os valores que haviam excedido os limites fixados para o cartão em atos e portarias do Governo Federal.
O juízo da 9ª Vara Federal de Porto Alegre julgou improcedente o pedido em relação a Dilma, a Bernardo Silva e a Palocci, inocentando-os. Em relação a Hackbart, o pedido foi extinto sem exame do mérito, considerando que, antes da sentença, ele restituiu aos cofres da União todas as despesas referentes ao seu cartão corporativo, tendo a ação perdido o seu objeto para ele.
Os demais réus do processo, servidores ligados à Presidência da República, foram condenados a restituírem ao erário os valores das despesas consideradas ilegais e os valores das compras consideradas irregulares feitas com desvio de finalidade. Já a União Federal foi condenada a adotar as providências competentes para evitar a repetição das irregularidades e as providências administrativas necessárias para o cumprimento do ressarcimento pelos réus até a integral reparação do dano que causaram.
Segundo Grau
O processo foi enviado ao TRF4 por força da remessa necessária, já que a lei federal da Ação Popular determina, em seu artigo 19, que a sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeitos senão depois de confirmada pelo tribunal.
Além disso, o autor recorreu da decisão de primeira instância, reiterando o pedido de condenação de Dilma por entender que ela, como ministra-chefe da Casa Civil na época dos fatos, foi a responsável direta pela má utilização dos cartões corporativos por parte de seus subordinados. A União também interpôs o recurso de apelação pleiteando a nulidade da sentença.
No TRF4, o caso foi julgado de forma unânime pela 4ª Turma, especializada nas matérias Administrativa, Civil e Comercial. O relator do processo na corte, desembargador federal Luís Alberto d’Azevedo Aurvalle, manteve a absolvição de Dilma, declarando que “a ré não pode ser condenada por suposta omissão do dever de impedir o uso dos cartões, porquanto existia e existe norma legal a autorizá-los, devendo a prestação de contas ser fiscalizada pelo TCU, sendo inexigível da ministra-chefe da Casa Civil, a quem cabe a tarefa de submeter ao presidente da República todas as matérias de importância nacional, que se desincumba também de tal função burocrática, a cada deslocamento de seus subalternos a serviço da Presidência”.
O magistrado decidiu manter a condenação de ressarcimento pelos réus referente a todos os pagamentos feitos sem comprovação de nota fiscal e também os que excederam os valores limites estabelecidos, por considerá-los irregulares.
Para Aurvalle, “o agente público deve agir de acordo com a lei e, tendo recebido os cartões de pagamento do Governo Federal, deve seguir as determinações para que sejam utilizados para o atendimento das despesas excepcionais vinculadas à Presidência da República e desde que guardada a compatibilidade com a finalidade do suprimento”.
No entanto, o relator excluiu da obrigação de reparação os valores gastos pelos servidores públicos com uniformes, por considerar que esses estão vinculados ao fim público, com DVDs, por terem sido devolvidos em expediente próprio, com material de construção usado para indenização de terceiros, além de demais despesas comprovadas com a apresentação de notas fiscais.

4 de out. de 2018

As candidatas-laranja

Para cumprir a cota de 30% exigida pela lei, partidos inscrevem nas eleições mulheres que sequer participam da campanha. Para outras, não destinam um centavo sequer. É o velho jeitinho para driblar o TSE

Crédito: Divulgação
DESALENTO “Se até lá não conseguir recursos, jogo a toalha. Não vou ser laranja”, disse Roneide Paiva, do PMB (Crédito: Divulgação)
Aurestina Assis de Matos Lopes é dona de casa, dedicada à família e à religião. A discussão política está bem longe da sua rotina. No entanto, na lista de candidatos a deputado distrital do Distrito Federal, Aurestina transmuta-se para Tina Lopes, que disputará as eleições pelo PRP com o número 44180. “Disputará” é força de expressão. Tina Lopes não fez nem fará campanha. Não pede um voto. Nem a seus familiares. Ela entrou na chapa somente porque o PRP precisava de mulheres para preencher a cota exigida pela legislação de 30% de candidaturas femininas. Aurestina é uma laranja clássica, mas não constitui um caso isolado. ISTOÉ verificou que há uma grande quantidade de “Tinas” espalhadas pelo país. Algumas, laranjas declaradas. Em boa parte dos casos, mulheres que não receberam um tostão sequer dos seus partidos para as suas campanhas.
Com base nos dados de registros do TSE, ISTOÉ verificou a situação das candidaturas femininas nos três principais colégios eleitorais – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – e no DF. Nesse locais, estão registradas as candidaturas de 3,5 mil mulheres. Dessas, 567 (cerca de 15%) declaram ao tribunal não ter recebido qualquer tipo de recurso. Outras 778 mulheres captaram valores inferiores a R$ 5 mil (21,8% das analisadas). Se forem somados os percentuais das mulheres que nada receberam com as que receberam até R$ 5 mil, chega-se a 37%. Ou seja, quatro entre dez mulheres não receberam de seus partidos uma condição mínima para disputarem. Ou seja: ali estão somente para o cumprimento da mínima de 30% para mulheres.
Se os números ainda suscitarem dúvidas, Aurestina é a resposta. ISTOÉ procurou Tina Lopes. A reportagem foi atendida por seu marido, o servidor público federal Jorge Luiz Lopes. Que admitiu claramente a condição da candidatura de sua mulher por telefone. “Foi resolvida de última hora (a candidatura) porque (o partido) estava precisando superar aquela cota de 30%”, admitiu Lopes.
Se em alguns casos, mulheres como Aurestina são procuradas somente para fazer número nas listas, em outros casos a total falta de compromisso com as candidatas produz efeito semelhante.
À MÍNGUA “Só com muita força de vontade para manter uma candidatura nestas condições”, afirma Cristiane Dias, do PRP (Crédito:Divulgação)
Roneide Paiva é um exemplo. Ela foi chamada pelo PMB em agosto para ser candidata. Igualmente às pressas, pela necessidade de cumprir a cota. Moradora da cidade de Samambaia, região administrativa distante aproximadamente 25 quilômetros do centro de Brasília, Roneide animou-se em conciliar a luta pela sobrevivência com a candidatura a deputada distrital. Do partido, nada recebeu. Obteve ajuda para imprimir alguns panfletos que distribui na sua vizinhança. “Estou sem estrutura”, confessa. Ela pensa em desistir antes do 1º turno. “Se até lá, não conseguir recursos, jogo a toalha. Não vou ser laranja”, desabafa.
Cristiane Dias, candidata pelo PRP, só não pensou em fazer o mesmo porque recebe alguma ajuda de amigos para seguir adiante. Moradora da cidade de São Sebastião, a 20 quilômetros do DF, conseguiu, por seus próprios meios, dinheiro para alguns santinhos. Conhecidos trabalham de graça para ela. “Só com muita força de vontade para manter uma candidatura nestas condições”, reclama ela. Em caráter reservado, dirigentes partidários admitiram que muitas mulheres estão mesmo na lista somente pela exigência da legislação eleitoral. A opção pelas laranjas é para poder manter na lista candidatos homens cujas candidaturas são consideradas competitivas. É, de novo, o velho e surrado jeitinho para driblar a Justiça.
“Foi resolvida de última hora (a candidatura da minha mulher) porque (o partido) estava precisando superar aquela cota de 30%”, admitiu o marido de Tina Lopes, laranja assumida

3 de out. de 2018

Toffoli quer empurrar para 2019 decisões polêmicas sobre Lula e manter canais abertos com militares

Movimentações incluem manutenção de veto a entrevista com o petista e declaração sobre 'movimento de 1964'

O presidente do STF, Dias Toffoli, quando presidente da República em exercício, em 25 de setembro Foto: Jorge William / Agência O Globo
O presidente do STF, Dias Toffoli, quando presidente da República em exercício, em 25 de setembro Foto: Jorge William / Agência O Globo
Na primeira grande briga que presidiu no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli conseguiu atingir seu objetivo: isolar o colega Ricardo Lewandowski, uma das únicas vozes da Corte dispostas a defender o direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de conceder entrevista de dentro da prisão, antes das eleições. No tribunal, boa parte dos ministros concorda com a posição de Toffoli – que, na segunda-feira, legitimou a decisão de seu vice, Luiz Fux, de proibir a entrevista que Lula daria ao jornal “Folha de S. Paulo”.
Os conflitos entre os ministros começaram na sexta-feira, quando Lewandowski autorizou a entrevista. Horas depois, Fux, que ocupava a presidência da Corte interinamente, deu nova decisão proibindo que Lula falasse à imprensa. Irritado com a decisão do colega, Lewandowski reafirmou sua decisão na segunda-feira. No mesmo dia, Toffoli escreveu, em um despacho, que prevalecia a decisão de Fux.
A maioria dos ministros do STF gostou da decisão de Toffoli. Eles acreditam que liberar a fala de Lula às vésperas da eleição teria potencial para bagunçar ainda mais o cenário político nacional. Na Corte, a ordem é tentar interferir o menos possível no campo político até a definição das urnas.
Lewandowski é voz isolada. Além de tentar garantir para Lula o direito de dar entrevistas, ele quer antecipar em plenário a discussão sobre a libertação do ex-presidente. Em setembro, o ministro pediu vista de dois pedidos de liberdade da defesa do petista que estavam sendo julgados no plenário virtual – um mecanismo em que os ministros votam pelo sistema eletrônico, sem a necessidade do encontro físico. Lewandowski quer que os processos sejam julgados no plenário físico.
No tribunal, também há consenso entre os ministros de que a liberdade de Lula deve ser discutida somente depois das eleições.  Pelo menos quatro dos onze ministros estariam dispostos a conceder o benefício ao petista no fim do ano – ou, quem sabe, no início de 2019. A intenção de Lewandowski de antecipar esse debate não foi bem vista por alguns colegas.
Lewandowski e Toffoli eram considerados aliados em votações importantes da Lava-Jato. Como “garantistas”, costumavam formar maioria na Segunda Turma para libertar réus em julgamentos de habeas corpus. Agora Toffoli é presidente do STF e não integra mais a Segunda Turma. Com perfil de negociador, o presidente da Corte deve tentar uma reaproximação do colega para tentar atenuar a mágoa de Lewandowski.

No meio das brigas internas do STF, Toffoli ainda conseguiu chamar a atenção com uma declaração polêmica dada na segunda-feira, em uma palestra na Universidade de São Paulo (USP). “Hoje, não me refiro nem mais a golpe, nem a revolução. Me refiro a movimento de 1964”, disse aos estudantes. A interlocutores, ele ponderou que a fala foi mal interpretada. Alegou que, como juiz, se usasse qualquer das duas nomenclaturas, estaria tomando partido. Um ministro do STF, não tomar partido sobre a ditadura é um claro aceno aos militares. 

2 de out. de 2018

Sigilo da delação de Palocci cai e afeta campanha de Haddad

Rivais aproveitaram a retirada do sigilo das denúncias feitas pelo ex-homem forte de Lula e Dilma para atacar o PT
pallocci
A 5 dias do primeiro turno, o presidenciável do PT, Fernando Haddad, se depara com um novo desafio: além de deter o avanço de Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas, ele terá de dar explicações sobre as denúncias citadas na delação premiada do ex-homem forte de Lula, o ex-ministro Antonio Palocci. Ontem, os adversários já começaram a atacar o partido de Haddad. Na próxima quinta, haverá o último debate televisivo, na Globo.
"Que o PT quebrou o País para ganhar a eleição nós já sabíamos. A delação de Palocci revela que a trama criminosa para a perpetuação do partido no poder é muito pior do que se pensava. Eles não têm limites. É nosso dever trabalhar para impedir que voltem ao poder", tuitou Geraldo Alckmin (PSDB).
Marina Silva (Rede) também se manifestou sobre a quebra do sigilo da delação premiada de Palocci, determinada pelo juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro.
"Há quatro anos eu digo que a eleição de 2014 foi fraudada com dinheiro de corrupção. A delação de Palocci detalha como e por quanto. O partido responsável por essa tragédia ética, política e institucional agora está fazendo de tudo para voltar ao poder, sem nenhuma autocrítica", escreveu Marina no Twitter.
Ciro Gomes (PDT) não comentou a delação de Palocci. Nem Haddad.
Caixa 2
O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil afirmou no primeiro anexo de sua delação premiada que as duas últimas campanhas presidenciais do PT para eleger Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, custaram, somadas, R$ 1,4 bilhão, mais do que o dobro dos valores declarados à Justiça Eleitoral. Segundo Palocci, as campanhas foram largamente abastecidas com Caixa 2. Segundo o depoimento, os empresários contribuíam esperando benefícios em troca e, mesmo nas doações oficiais, a origem da maior parte do dinheiro eram acertos de propina.
O anexo se tornou público ontem, após decisão de Moro, que determinou a juntada do depoimento de Palocci em uma das ações penais em andamento contra o ex-presidente Lula, na qual ele é acusado de receber propina da Odebrecht. Palocci atuou nas campanhas petistas como interlocutor do setor empresarial para a arrecadação financeira.
O ex-ministro está preso preventivamente desde setembro de 2016. Ele já foi condenado em 1ª instância a 12 anos e dois meses de prisão.
Segundo Palocci, a "ilicitude das campanhas" começava nos "preços elevadíssimos que custam". "Ninguém dá dinheiro para as campanhas esperando relações triviais com o governo". Palocci afirmou ainda que havia um largo esquema de venda de medidas provisórias no Congresso durante os governos petistas.
Defesa
Os petistas negaram as denúncias da delação de Palocci e atacaram Moro por tirar o sigilo do caso a menos de uma semana da eleição, acusando o magistrado de tentar interferir no processo eleitoral prejudicando o partido.
"A delação mentirosa de Palocci foi negociada com a PF em troca de redução de 2/3 de sua pena, prevendo até perdão judicial, de devolução de R$ 37 milhões e da preservação de todos os imóveis", tuitou a liderança do PT no Senado. Já o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) informou que vai acionar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra Moro, que estaria "atacando a democracia e o processo eleitoral".
Sobre a retirada do sigilo da delação, Moro justificou que a medida permite a "ampla defesa dos acusados" e rechaçou o risco de exploração política do processo. Já Lula negou as acusações e questionou a delação de Palocci, afirmando que seu ex-ministro foi pressionado a denunciá-lo.
Gilberto Carvalho, da coordenação da campanha de Haddad, minimizou o impacto eleitoral da delação. "Esse modus operandi contra nós já está tão desgastado, que é só mais um. Serão um ou dois dias no noticiário e a vida segue, até porque é a palavra do Palocci no desespero para viver em liberdade com os milhões que ele acumulou. A gente lamenta esse gesto de traição".
Quem é Palocci
Antonio Palocci, de 57 anos, foi ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil. Foi uma figura-chave dos governos Lula (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016). Palocci está preso desde setembro de 2016 por envolvimento no esquema de corrupção revelado pela Lava-Jato.
Em sua delação, Palocci afirma que em 2010 Lula ordenou ao então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, que encomendasse a construção de 40 sondas de exploração de petróleo em águas profundas "para garantir o futuro político do País" e do PT com a "eleição de Dilma Rousseff". Sergio Gabrielli é o atual coordenador da campanha de Haddad. Palocci, que em 1980 fez parte do núcleo fundador do PT, foi ministro da Fazenda de Lula entre 2003 e 2006 e chefe de gabinete de Dilma em 2011.

1 de out. de 2018

Eleições mudam o início do horário de verão

Previsão é começar em 4 de novembro e acabar em 6 de fevereiro de 2019

Por O Dia
Eleições mudam o início do horário de verão
Eleições mudam o início do horário de verão -
Rio - As eleições vão causar mudanças até no cronograma do horário de verão. Tradicionalmente, o início é a partir da meia-noite do terceiro domingo de outubro, mas neste ano foi adiado para dia 4 de novembro - primeiro domingo após o segundo turno. Com 15 dias a menos, o novo horário durará cerca de três meses, até o dia 6 de fevereiro de 2019.
No entanto, é possível que essa data ainda sofra modificações. O Ministério da Educação (MEC) solicitou ao presidente Michel Temer o adiamento do início do horário de verão em razão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A avaliação do MEC é que a alteração no horário poderia gerar confusão, fazendo com que candidatos possam perder o exame devido à alteração no horário.
Alterações
A decisão de adiar o início do horário de verão ocorreu no final de 2017, quando Temer atendeu a um pedido do ministro Gilmar Mendes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e assinou um decreto para reduzir o período com o objetivo de evitar conflitos com as eleições.
A expectativa é que a medida dê mais agilidade à apuração dos votos, pois a diferença máxima de fuso horário em relação a Brasília, também durante o segundo turno das eleições, continuará sendo de duas horas e não de três horas, como ocorre a partir da entrada em vigor do horário de verão.
Outro reflexo da medida deve ser percebido na divulgação dos resultados parciais da votação para presidente da República, que só pode começar após a conclusão da votação em todo país.
Estados
Neste ano, municípios do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, de São Paulo, do Rio de Janeiro, Espírito Santo, de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e do Distrito Federal adiantam em uma hora o relógio.
O leste do Amazonas, Roraima e Rondônia deixam o relógio atrasado em duas horas em relação a Brasília, enquanto Acre e parte oeste do Amazonas atrasam o relógio em três horas em relação ao horário oficial do país.
Provas
As datas das provas do Enem foram marcadas para os dias 4 e 11 de novembro. No dia 4, serão aplicadas as questões de linguagem, ciências humanas e redação, com duração prevista de 5 horas e 30 minutos. No dia 11, será a vez das questões envolvendo ciências da natureza e matemática, com duração de 5 horas. A abertura dos portões será às 12h e o fechamento, às 13h.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não discute a possibilidade de alterar as datas das provas. Caso o pedido não seja acatado, o horário de verão começará à 0h do dia 4 de novembro e terminará em 16 de fevereiro de 2019.