31 de out. de 2014

PSDB quer auditoria no resultado da eleição presidencial

Partido quer que TSE crie comissão para avaliar sistema utilizado no pleito

Marcela Mattos, de Brasília
Deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), durante entrevista em Brasília
Deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), durante entrevista em Brasília (Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr/VEJA)
Quatro dias depois das eleições, o PSDB ingressou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira com um pedido de auditoria sobre o resultado das eleições presidenciais. O partido, derrotado pela presidente Dilma Rousseff por uma diferença de três pontos, quer que a corte crie uma comissão especial formada por representantes indicados pelos partidos políticos para avaliar a fiscalização dos sistemas utilizados no pleito.
Na ação, o coordenador Jurídico Nacional do PSDB, o deputado federal Carlos Sampaio, ressaltou que, passadas as eleições, surgiram uma série de denúncias e desconfianças por parte da população. “Nas redes sociais, os cidadãos brasileiros vêm expressando, de forma clara e objetiva, a descrença quanto à confiabilidade da apuração dos votos e a infalibilidade da urna eletrônica, baseando-se em denúncias das mais variadas ordens, que se multiplicaram após o encerramento do processo de votação, colocando em dúvida desde o processo de votação até a totalização do resultado”, diz.
Tendo em vista “dissipar quaisquer dúvidas”, Sampaio pede uma auditoria nos sistemas de votação com base em diversos documentos, como as cópias de boletins de urnas de todas as sessões eleitorais do país e dos logs originais e completos das urnas, além de todas as ordens de serviços e registros técnicos sobre atualização e manutenção do sistema e acesso aos programas e todos os arquivos presentes nas urnas eletrônicas. O TSE ainda não se manifestou sobre o pedido. 

30 de out. de 2014

Hackers russos invadiram computadores da Casa Branca

Não há indícios de que os criminosos tenham roubado informações sigilosas

Casa Branca, sede da Presidência dos EUA
Casa Branca, sede da Presidência dos EUA (Thinkstock/VEJA)
A rede de computadores da Casa Branca foi invadida nas últimas semanas por hackers que possivelmente seguiram orientações do governo russo, informou o jornal The Washington Post. Em condição de anonimato, fontes ligadas à investigação disseram que houve a interrupção de alguns serviços para que as autoridades pudessem conter a invasão. Não há indícios de que os criminosos conseguiram danificar sistemas de segurança nem roubar arquivos secretos do governo americano.
Acredita-se que os Estados Unidos só descobriram a falha após o alerta de um país aliado, emitido há duas ou três semanas. O FBI (a polícia federal americana), o serviço secreto e a Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) estão envolvidos na investigação.
A Casa Branca não detalhes sobre a invasão. “Certamente há uma variedade de agentes que pensam que nossas redes são alvos atrativos e tentam obter acesso a informações sensíveis. Ainda estamos avaliando a atividade que motivou esta preocupação”, afirmou um porta-voz. Segundo outro representante da Casa Branca, o ataque não pegou as autoridades de surpresa. “Esta é uma batalha constante para o governo e para as redes de computadores que armazenam informações sensíveis. Nós sempre estamos preocupados com indivíduos que tentam comprometer nossos sistemas e ter acesso às nossas redes.”
Relatórios divulgados recentemente por empresas de segurança identificaram ações de espionagem orquestradas por hackers russos que agiam a mando do Kremlin. Entre os alvos estavam a Otan, o governo ucraniano e empresas terceirizadas que contribuem com a defesa dos Estados Unidos. Fontes afirmaram ao Washington Post que o ataque à Casa Branca possui todas as características compatíveis com a espionagem praticada por um governo. Washington acredita que a Rússia é um dos países com maior capacidade para espionar alvos digitais no mundo.
O serviço de inteligência russo é acusado de estar por trás de um ataque à rede de arquivos secretos do Exército americano, descoberto em 2008. A operação para conter a invasão e livrar os computadores de qualquer ameaça levou meses para ser concluída. O incidente, inclusive, motivou o governo dos Estados Unidos a lançar o Comando Digital, uma organização voltada para defender os computadores nacionais, incluindo os de setores privados, que guardam dados sigilosos e podem ser vítimas de hackers estrangeiros. Se autorizado pelo presidente ou pelo secretário de defesa, o órgão também pode lançar ofensivas contra determinados alvos. Até 2016 o Comando terá cerca de 6.000 funcionários.

29 de out. de 2014

'Não fugi, eu salvei minha vida', diz Pizzolato após ser solto na Itália

Justiça italiana negou pedido de extradição do ex-diretor do Banco do Brasil.
Condenado pelo mensalão, ele fugiu em 2013 e foi preso em fevereiro.

Do G1, com informações do Jornal Nacional
Solto nesta nesta terça-feira (28) pela Justiça da Itália, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão, afirmou, ao sair da cadeia, que sua condenação foi injusta. Questionado se tinha valido a pena ter fugido do Brasil, ele respondeu: "Eu não fugi, eu salvei minha vida. Você não acha que salvar a vida não vale a pena?", afirmou, em entrevista a jornalistas.

"Fiz meu trabalho no banco, o banco não encontrou nenhum erro no meu trabalho. O banco sempre disse que não sumiu um centavo. Não é um banco pequeno, é o maior banco da América Latina, é um banco que tem um enorme sistema de controle", disse.
Mais cedo, a Corte de Apelação de Bolonha negou o pedido de extradição do governo brasileiro. Preso desde fevereiro, Pizzolato foi libertado ainda nesta terça, por ordem da mesma decisão que negou a extradição.
 
Condenado no Brasil a 12 anos e 7 meses de prisão por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, Pizzolato fugiu para a Itália em setembro do ano passado, mas foi preso em Maranello em fevereiro deste ano. Desde então, ficou preso em Modena aguardando o julgamento da extradição. Com a decisão desta terça, poderá responder ao processo em liberdade.
A PGR já anunciou que vai recorrer da decisão, que pode ser revertida em última instância na Corte de Cassação de Roma. O Ministério da Justiça informou que atuará em conjunto com a Procuradoria e a Advocacia-Geral da União em recurso contra a decisão. Mesmo que a Justiça decida pela extradição, a decisão final ainda caberá ao governo italiano.
Na audiência desta terça, em Bolonha, os três juízes que compõem a Corte de Apelação local decidiram negar o pedido de extradição acatando argumentos da defesa, que demonstrou  possibilidade de ele ser submetido a condições degradantes ou desumanas no Brasil.
Os advogados do brasileiro também alegaram que ele não teve direito de recorrer da decisão, pois foi julgado no Supremo Tribunal Federal, a mais alta instância do Judiciário. As razões da decisão de Bolonha só serão publicados em 15 dias. Só depois, o governo brasileiro e o Ministério Público da Itália poderão recorrer.
Alessandro Silvelli, advogado de defesa de Pizzolato, declarou que o ex-diretor do Banco do Brasil não entendeu a sentença assim que ela foi lida. "Ele está desorientado. Sua saúde está melhor. Pode ser que esta noite ele volte à cadeia em Modena e somente amanhã a sua casa, mas não temos certeza ainda".
Silvelli afirmou que "não foi permitido o recolhimento de provas para uma investigação paralela" e que pesou sobre a decisão do juiz "a denúncia sobre as condições das prisões no Brasil". Ainda segundo a defesa, o juiz considerou que o ex-diretor não deveria ter sido julgado no STF porque não era congressista.
Pizzolato ainda responde a processo por ter entrado na Itália usando documento falso, mas pode responder em liberdade.
Sessão
O julgamento do pedido foi realizado na Corte de Apelações do Tribunal de Bolonha. Pizzolato estava detido no presídio Sant’Anna di Modena, na cidade italiana de Modena, chegou por volta das 10h locais (7h de Brasília) ao tribunal, onde acompanhou a audiência. Ele foi transferido em um veículo da Polícia Penitenciária.
A sessão começou às 11h locais (8h de Brasília) e foi suspensa às 15h locais (12h de Brasília). Nesse horário, os juízes responsáveis entraram em uma sala reservada para tomar sua decisão.
O julgamento do pedido teve início em 5 de junho, mas as juízas responsáveis pelo caso concederam na época um prazo para que a defesa de Pizzolato analisasse documentos apresentados pelo Ministério Público Federal sobre as condições dos presídios brasileiros.
O Ministério Público da Itália havia se posicionado de forma favorável à extradição no primeiro semestre deste ano. Em maio, a Justiça do país europeu havia rejeitado o pedido da defesa para que ele pudesse aguardar em liberdade a decisão sobre o processo de extradição.
O caso é polêmico porque ele tem dupla cidadania (brasileira e italiana) e, por isso, o governo italiano, que tem a decisão final, poderia se recusar a extraditá-lo, mesmo com aprovação da Justiça. No entanto, ao contrário do Brasil, não há proibição na legislação italiana para a extradição de nacionais.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o procurador Eduardo Pellela está desde a última sexta (24) na Itália e irá acompanhar o julgamento. Nesta segunda (27), ele se reuniu com procuradores italianos, para trocar informações sobre o processo.

Em entrevista coletiva em julho deste ano, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o Brasil apresentou à Justiça italiana documentos que comprovam que o presídio da Papuda, no Distrito Federal, e as penitenciárias de Santa Catarina, onde o Pizzolato tem domicílio, têm condições de abrigar o ex-diretor do Banco do Brasil em condições que “respeitam os direitos humanos”.
“Uma das linhas de defesa era dizer que os presídios brasileiros não têm condições de receber o preso. Como o réu também tem direito de cumprir pena em presídios próximos ao domicílio, pedi que indicassem dois presídios em Santa Catarina. Fizemos relatório sobre esses dois presídios para demonstrar que, no cumprimento da pena, não havia ofensa aos direitos humanos”, disse Janot.

* Colaborou o G1, em Brasília

28 de out. de 2014

Novo valor de multas começa a valer sábado

Punição de infrações aumentará até 900%; objetivo é reduzir as irregularidades mais letais no trânsito


A Lei Federal 12.971/14 alterou 11 artigos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), visando diminuir, principalmente, as ultrapassagens
Foto: Tuno Vieira
Image-0-Artigo-1729315-1O reajuste no valor de multas de trânsito, que em alguns casos chega a 900%, começa a vigorar sábado (1º) no Brasil. No Ceará, a expectativa é que o "encarecimento" com a aplicação da Lei Federal 12.971/14, que alterou 11 artigos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), diminua, sobretudo, as ultrapassagens irregulares, que resultam em colisões frontais - acidentes responsáveis por cerca de 30% das mortes nas rodovias. Neste ano, 128 ocorrências do tipo, com 58 mortes, foram registradas no Estado. Em 2013, foram 134 acidentes, com 57 óbitos, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Com a alteração, infrações como os "rachas" - disputa de corrida - cuja multa hoje custa R$ 574,62, subirá para R$ 1.915,40. O mesmo valor será cobrado de quem for pego promovendo competições, manobras perigosas e ultrapassagens pela direita. No caso da ultrapassagens pelo acostamento e pela contramão, o valor passará de R$ 191,54 para R$ 957,70.
Segundo o Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE), o argumento do Congresso Nacional para justificar o projeto é que "mexendo no bolso dos condutores, há a possibilidade de finalmente as regras serem respeitadas". Para a PRF no Ceará, conforme o relações públicas da instituição, Alexsandro Luis Batista, a expectativa também é esta. Na definição da nova lei, de acordo com a PRF, os legisladores priorizaram as infrações que acarretam acidentes de maior gravidade.
Ocorrências
De janeiro a setembro de 2013, foram registradas, nas BRs do Ceará, 6.872 ultrapassagens na contramão. Neste ano, 7.413 multas já foram aplicadas pela infração, em igual período. Outra irregularidade recorrente é a ultrapassagem pelo acostamento. Neste ano, foram 990 multas. Aumento de 40%, se comparado ao mesmo período de 2013, que teve 704 autuações.
O rigor nas punições, não se dará somente no aspecto financeiro. Para quem praticar homicídio culposo - quando não há intenção de matar - no trânsito, a pena de reclusão, que hoje é de dois a quatro anos, pode ser ampliada em um terço ou metade, caso o condutor não possua carteira de habilitação, se deixar de prestar socorro quando possível fazê-lo sem risco pessoal à vítima, se estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros e se a ocorrência for em calçada ou faixa de pedestre.
Na avaliação do promotor de Justiça, integrante do Núcleo de Atuação Especial de Controle, Fiscalização e Acompanhamento de Políticas de Trânsito do Ministério Público, Gilvan Melo, o aumento do valor só ocasionará a redução das ocorrências se houver fiscalização efetiva e ações educativas. "A fiscalização é mínima e, diante disso, não importa o valor da multa".
Para a professora doutora do departamento Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisadora em Mobilidade Humana, Gislene Macêdo, o reajuste influenciará o comportamento do condutor, porém ela ressalta que "nenhuma punição educa" e a medida deverá ter efeito pontual. Para Gislene, o processo educativo tem "muito mais a ver com ética do que com lei" e a educação ainda é falha, já que o processo é amplo e deveria ser assumido não só pelo órgão de trânsito, mas por outras instituições, como as escolas.
Recursos para ações devem ter aumento
Com o reajuste no valor das multas determinado por lei, o valor destinado às ações educativas também será alterado. Isto porque o Código de Trânsito Brasileiro determina que "a receita arrecadada com as multas deve ser aplicado, em sinalização, engenharia de tráfego, fiscalização e educação de trânsito". Do total da arrecadação, 5% é depositado, mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança e educação de trânsito.
Em 2012, o Detran, registrou 102.832 infrações. No total, o órgão arrecadou R$ 51.387.675,31 com multas. Destes, R$ 20.926.222,90 foram destinados à fiscalização e educação no trânsito. No ano passado, foram contabilizadas 88.878 multas, que totalizaram uma arrecadação de R$ 53.391.188,87. Do total, R$ 28.065.418,96 foram empregados em fiscalizações e educação.
De acordo com o órgão, desde 2009 há investimentos permanentes em duas Escolas de Educação para o Trânsito, em Fortaleza e Sobral. Uma terceira unidade deverá ser construída no município de Juazeiro do Norte. No entanto, a ordem de serviço ainda está sendo elaborada.
Mudanças
Art. 173: Disputar Corrida
Valor atual: R$ 574,62
Novo valor: R$ 1.915,40
Art. 174: Promover competições
Valor atual: R$ 957,70
Novo valor: R$ 1.915,40
Art.175: Manobras arriscadas
Valor atual: R$191,54
Novo valor: R$ 1.915,54
Art.191: Ultrapassagem pela Direita
Valor atual: R$191,54
Novo valor: R$ 1.915,54
Art. 202: Ultrapassagem pelo acostamento
Valor atual: R$ 191,54
Novo valor: R$ 957,70
Art. 203: Ultrapassagem pela contramão
Valor atual: R$ 191,54
Novo valor: R$ 957,70
Thatiany Nascimento
Repórter

25 de out. de 2014

TSE faz teste final e aprova programa responsável pela apuração dos votos

Sistema faz o envio dos resultados de cada urna para os TREs e o TSE.
Segundo presidente do tribunal, Dias Toffoli, não há possibilidade fraude.

Fernanda Calgaro do G1, em Brasilia
O vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão (à esquerda); o presidente do TSE, ministro Dias Toffoli; e o secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Janino (à direita) (Foto: Fernanda Calgaro/G1)O vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão (à esquerda); o presidente do TSE, ministro Dias Toffoli; e o secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Janino (à direita) (Foto: Fernanda Calgaro/G1)
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Dias Toffoli, participou na manhã deste sábado (25) da cerimônia de verificação dos softwares que farão a totalização dos votos no segundo turno das eleições.
Foram conferidos os sistemas que fazem a conexão entre todas as urnas eletrônicas, os Tribunais Regionais Eleitorais e o TSE para o envio dos resultados apurados em cada uma das seções eleitorais.
Segundo ele, “não há qualquer possibilidade de fraude”. “Isso [essa checagem] significa que há garantia de que aquilo que foi votado na urna eletrônica é o que está totalizado”, afirmou.
A verificação foi feita em um evento realizado na sede do TSE, em Brasília, na presença do vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, do secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Janino, do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coêlho, e representantes de alguns partidos, como o PDT e o PT.
No domingo (26), assim que for encerrado o período de votação, às 17h, no horário local, o sistema de cada seção enviará eletronicamente um conjunto de arquivos para os servidores dos tribunais regionais, incluindo o resultado apurado, o número de ausentes e informações técnicas referentes à votação.
O presidente do TSE explicou também que, ao término da votação, são emitidos vários boletins de urna, que são entregues aos fiscais dos partidos, o que permite conferir o dado da totalização separadamente por seção eleitoral.
Na cerimônia, também foi feita uma checagem de que os sistemas instalados nos equipamentos da Justiça são os mesmos lacrados e assinados eletronicamente em setembro pelo próprio ministro Dias Toffoli, o procurador-geral eleitoral Rodrigo Janot, e representantes dos partidos e coligações.
“É a conferência das assinaturas que estão nos sistemas e nos programas de transferência dos dados, desde a urna eletrônica para os TREs e dos TREs para a totalização no Tribunal Superior Eleitoral”, disse Toffoli.

24 de out. de 2014

Lula passa dos limites

Ex-presidente se iguala aos ditadores de plantão ao usar o discurso do medo contra a candidatura de Aécio Neves

Da redação
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A forma como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou na campanha para a reeleição de Dilma Rousseff (PT) compromete sua história e vem surpreendendo até mesmo os aliados do governo. Lula tem usado o palanque para se dedicar pessoalmente à desconstrução do candidato Aécio Neves (PSDB), se valendo de argumentos vis, usando as  mesmas armas que Fernando Collor de Mello empunhou contra sua candidatura em 1989. Ataques pessoais e sem compromisso com a verdade têm pautado os discursos do ex-presidente. Ele já insinuou que o adversário teria problemas com bebidas, não respeitaria mulheres, seria nazista e, por último, tem dito que Aécio “não trabalha”.

Lula mancha a própria biografia ao usar de seu prestígio para espalhar boatos contra a honra do adversário, em vez de referendar as supostas propostas que a candidata Dilma Rousseff possa apresentar ao País. Ao protagonizar uma campanha do medo contra o candidato tucano, o ex-presidente se iguala aos ditadores de plantão que usam o discurso do estado democrático de direito apenas como arsenal retórico.

O terror contra o povo é um instrumento típico do bolivarianismo que graça com fervor em regimes totalitários da América Latina. Com seu posicionamento, Lula alimenta a claque sindicalista que não quer perder o poder e acha possível usar todos os instrumentos – o terrorismo eleitoral inclusive -- para manter o status. Mesmo a custa de um assalto notório ao Estado e as estatais, como estamos assistindo nos últimos tempos. Lula mente e acha isso aceitável. 

23 de out. de 2014

Fundadora do PT passa a apoiar Aécio Neves

Sandra Starling afirmou, em artigo, que seu voto é um "veto ao voto em Dilma"

Da redação
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Fundadora e estrela de primeira grandeza do PT até 2010, Sandra Starling revelou em artigo divulgado nesta quarta-feira que seu voto para presidente será de Aécio Neves, do PSDB. “Meu voto é um veto ao voto em Dilma”, diz a ex-deputada que chegou a ser líder do Partido na Câmara. “O PT se julgou a consciência política do Brasil, mas é tão corrupto quanto os demais”, afirmou.

Sandra Starling foi uma das principais lideranças do PT em Minas Gerais, sendo a primeira candidata da legenda a disputar o governo do Estado, em 1982. No primeiro mandato de Lula (2003 e 2006) ocupou a secretaria executiva do Ministério do Trabalho. A decisão de apoiar o tucano Aécio Neves se deu depois que soube da “censura” imposta pela presidenta Dilma Rousseff  ao IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Segundo a ex-líder do PT, os dados levantados pelo IPEA mostrariam que a “desigualdade social no Brasil não diminuiu. “Não dá para continuar acreditando nas mentiras que a presidenta Dilma vem contando”, afirmou. “Votar em Dilma seria exercer o direito de ser idiota”.

Sandra Starling não é a primeira fundadora do PT que se rebela contra os rumos tomados pela legenda desde que chegou ao poder em janeiro de 2003.

O jurista Hélio Bicudo, que chegou a ser vice na chapa de Lula em 1982, quando o ex-presidente disputou ao governo paulista, e foi vice-prefeito de São Paulo na gestão de Marta Suplicy, também tem feito sérias críticas ao PT e a forma como o partido vem se portando no governo federal. “Se Dilma vencer a democracia estará em jogo”, chegou a dizer o jurista em 2010. Homem de história comprometida com a ética e com a defesa dos Direitos Humanos, Bicudo deixou o PT em 2005, logo depois do escândalo do Mensalão.

22 de out. de 2014

A ofensiva social de Aécio

Nos últimos dias de campanha, candidato do PSDB planeja divulgação massiva de propostas nas áreas de combate à pobreza, distribuição de renda, educação e habitação

Da redação
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Em resposta aos ataques da campanha petista, que tem martelado a hipótese de Aécio Neves (PSDB) modificar ou até mesmo encerrar programas sociais, a coordenação dos tucanos prepara uma ofensiva final para divulgar iniciativas nas áreas de combate à pobreza, distribuição de renda, educação e saúde.

Entre esta terça-feira 21 e a sexta-feira 24, o tempo de rádio e TV de Aécio deverá ser usado para apresentar as propostas de governo na área social e, acima de tudo, rebater as insinuações de que o candidato do PSDB poderia acabar com programas como o Bolsa Família, o Prouni e o Minha Casa Minha Vida. Na última segunda-feira, Dilma Rousseff (PT) voltou a ventilar essa possibilidade durante discurso para jovens na Zona Leste de São Paulo (SP). "Eles foram contra o Bolsa Família, chamaram o Bolsa Família de Bolsa Esmola", declarou a candidata à reeleição, sem citar nomes.

A ofensiva de Aécio, que também deverá ocupar as redes sociais, será, em grande parte, baseada na desconstrução do chamado “discurso do medo” adotado pela campanha do PT. “Não podemos permitir que nas próximas eleições se repita esse filme perverso do atentado contra a dignidade das famílias que recebem o Bolsa Família”, afirmou, nesta segunda-feira, o candidato do PSDB. “Existem pessoas pagas pelos nossos adversários andando de porta em porta pelas regiões mais pobres do Brasil, como no Vale do Jequitinhonha, em Minas, dizendo que, se ganharmos as eleições, vamos acabar com os programas sociais. Isso não é contra nós, isso é falta de generosidade com essas famílias.”

Ainda nesta segunda-feira, Aécio reiterou o compromisso de manter e ampliar o programa de distribuição de renda. “Aqueles programas que vêm dando certo, que melhoram a vida das pessoas, como o Bolsa Família, não apenas serão continuados, mas serão aprimorados”, disse.

A campanha do PSDB pretende deixar claro, ainda, que, caso Aécio seja eleito, iniciativas para melhorar o acesso ao ensino superior e técnico, com o ProUni e o Pronatec, serão melhoradas.

Uma das políticas que também devem fazer parte do esforço final da campanha tucana é o chamado programa Nordeste Forte. O plano envolve 45 ações que se destinam à melhoria da qualidade de vida na região, nas áreas de educação, saúde, segurança e obras de infraestrutura, entre outros. “A nossa proposta tem inúmeras prioridades, mas a maior delas é a diminuição das diferenças regionais”, afirmou Aécio. “Nós só vamos diminuir as desigualdades no Brasil tratando as regiões desiguais de forma desigual.”

Na habitação, o candidato do PSDB também pretende garantir o aumento do alcance de iniciativas para acesso à moradia. As diretrizes do programa tucano garantem a "manutenção e ampliação de programa habitacional, nos moldes do Minha Casa Minha Vida, com atendimento prioritário às famílias de menor renda com subsídios e adotando, para a política de concessão de financiamentos, o critério diferencial da renda familiar e o conceito de capacidade de pagamento das famílias".

A intenção da coordenação do PSDB é angariar, nos últimos dias antes do pleito, os votos dos indecisos, que, segundo todos os institutos de pesquisa, serão decisivos nesta eleição.

21 de out. de 2014

A confissão das empreiteiras

Construtoras de pequeno e médio porte contam na Justiça detalhes do propinoduto na Petrobras e dificultam a defesa das gigantes do setor

Claudio Dantas Sequeira e Josie Jerônimo
Há pelo menos duas semanas as investigações da Operação Lava Jato contam com uma importante ajuda: a participação de empreiteiras de médio e pequeno porte que romperam com as gigantes do setor e resolveram buscar um acordo de leniência para ajudar nas investigações sobre o propinoduto da Petrobras, em troca de punições mais brandas. A Engevix, por exemplo, tentou informalmente obter um acordo com a Justiça, entregando informações que foram consideradas insuficientes pelo MP. Outras duas empresas, subcontratadas para obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, apresentaram ao juiz federal Sérgio Moro números de contas de parlamentares no exterior. Os dados apresentados foram considerados consistentes e o acordo de leniência já foi firmado.
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A empresa que trabalhou em Abreu e Lima tentou o acordo, mas não convenceu o MP
As informações, no entanto, não puderam ficar no âmbito das investigações do Paraná, pois as contas apontadas pela empreiteira envolvem autoridades com foro privilegiado e os documentos foram remetidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, relator do caso. Os montantes de transferências apresentados pelas empreiteiras, porém, foram considerados pequenos, abaixo da casa de R$ 1 milhão. O posicionamento dessas empresas atrapalhou o acordo que vinha sendo feito pelas gigantes do setor. Elas queriam uma defesa conjunta, argumentando que teriam sido vítimas de extorsão. Ou seja, diriam à Justiça que caso não entrassem no esquema não teriam como trabalhar. Essa estratégia deu certo durante o Collorgate. Agora, porém, os empreiteiros estão bem divididos. Quem obtiver o acordo de leniência poderá ter punição mais branda e continuar a trabalhar. Quem ficar de fora corre o risco de não poder firmar contratos com o governo, de ver os executivos na cadeia e de ter os bens indisponíveis.
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20 de out. de 2014

Após início promissor, debate entre Aécio e Dilma volta a se transformar em festival de ataques

Candidatos à Presidência da República se enfrentaram em encontro organizado pela tevê Record, neste domingo

Da redação
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Após um início promissor, com algum espaço para discussão de propostas de governo, o debate dos candidatos à Presidência da República deste domingo 7 descambou, mais uma vez, para um festival de ataques e acusações de parte a parte. O clima ficou especialmente quente quando o escândalo de corrupção na Petrobras entrou na pauta.
Nos estúdios da tevê Record, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) participaram do penúltimo encontro do tipo antes da votação do segundo turno, no próximo domingo 26.
O debate se iniciou com a pergunta de Dilma sobre a lei do Simples, que facilitou a tributação de pequenas empresas. "Temos que ampliar o alcance do Simples", afirmou Aécio. "Se eleito, apresentarei proposta para simplificar o atual sistema tributário." A candidata do PT, em seguida, comparou o desempenho de seu partido ao governo FHC. "Conosco, o simples cresceu 101%", afirmou Dilma.
A questão da criminalidade também foi discutida. Segundo Aécio, o governo Dilma falhou no combate à violência. Na réplica, a candidata à reeleição voltou a colocar Minas Gerais - Estado que foi governado pelo tucano - no centro do debate, e afirmou que Aécio não foi capaz de conter o aumento dos homicídios.
Ao debaterem crescimento econômico e inflação, os candidatos fizeram acusações mútuas e disseram que os dados apresentados de cada lado eram imprecisos. Aécio aproveitou a menção de Dilma à baixa taxa de desemprego para alfinetar: "O meu governo não gerou mais ou menos emprego que o seu porque eu não governei o Brasil, candidata."
Aécio, como tem feito nos últimos debates, voltou a citar o escândalo de corrupção na Petrobras. "Devo fazer um reconhecimento público e citar que a candidata finalmente reconheceu que houve desvios de dinheiro", afirmou o tucano. Dilma respondeu dizendo que seu governo é marcado pelo combate à corrupção e citou que, diante dos indícios, haverá investigação completa das denúncias do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, delator do esquema. "Faltou governança na Petrobras. Não foi só corrupção", replicou Aécio.
A menção ao escândalo da Petrobras foi o gancho para o início de uma série de ataques diretos. Ambos se acusaram de serem coniventes com a corrupção, e Dilma chegou a acusar Aécio de ter prevaricado. "Eu mando investigar, não transfiro delegado para outro Estado para não investigar, como no caso da Pasta Rosa", afirmou Dilma. “Triste do país em que o presidente manda ou não investigar. Quem investiga são as instituições”, respondeu Aécio.
A saúde, tema que praticamente ficou de fora da campanha eleitoral, foi brevemente mencionada no primeiro turno do debate. Dilma citou o “Mais Médicos”, programa que trouxe profissionais de saúde estrangeiros para atuar no Brasil, e lembrou que o PSDB votou pelo fim da CPMF, imposto cuja arrecadação era destinada à saúde. Aécio replicou: “Não quero um programa para chamar de meu, quero mais saúde.” O candidato tucano também criticou o fato de a remuneração dos médicos cubanos ser diferente daquela dada a outros profissionais. “Vocês desviaram mais de R$ 7 bilhões da saúde em Minas Gerais”, acusou Dilma.
O segundo bloco do debate começou com mais uma menção ao escândalo de corrupção na Petrobras. Aécio Neves afirmou que o aparelhamento da estatal favorece os desvios e lembrou o mau desempenho da empresa no mercado financeiro, com reflexos negativos para o cidadão que investiu o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço na companhia. “Não é só sobre corrupção, é sobre gestão”, disse o tucano. Dilma retrucou afirmando que o valor de mercado da Petrobras passou de U$ 15 bilhões nos tempos de FHC para U$ 100 bilhões hoje.
Com a segurança de volta à pauta, Dilma afirmou que pretende integrar a atuação de forças federais às polícias estaduais, como ocorreu durante a Copa do Mundo de 2014. Aécio rebateu: “Pena que você não fez nos últimos quatro anos o que propõe agora, candidata. A senhora diz que vai fazer algo que já poderia ter sido feito.”
O candidato do PSDB criticou a gestão de Dilma Rousseff à frente dos bancos públicos, afirmando que o governo retém repasses e os coloca na conta dessas instituições. “No nosso governo, os bancos públicos serão fortalecidos”, disse Aécio. Dilma respondeu e disse que o BNDES é, hoje, o grande financiador do desenvolvimento nacional.
No fim do segundo bloco, Dilma citou as realizações de seu governo no Pronatec, o programa de incentivo ao ensino técnico. “Em 8 anos vocês fizeram 11 escolas técnicas”, disse a Aécio. “Eu em 4 anos fiz mais de 200.” O tucano repetiu, como tem feito nos últimos debates, que Dilma “tem obsessão por chamar os programas de meu”. E continuou: “O Pronatec precisa avançar.”
O bloco seguinte começou – com algum alívio para o eleitor – com Dilma questionando sobre a importância do Enem e do acesso amplo às universidades. “Quando penso em educação, também penso em creche”, provocou Aécio. “Aquelas 5 mil creches que a senhora disse que iria construir e que não construiu.” A petista retrucou e disse que os governos tucanos “sucatearam” o ensino superior e votaram contra o ProUni. “Assim não é possível tratar a educação”, afirmou Dilma.

Em seguida, Aécio questionou Dilma sobre as obras de infraestrutura prometidas, mas não entregues, como a transposição do rio São Francisco, no Nordeste. “Nós investimentos R$ 200 bilhões em infraestrutura apenas no meu governo”, respondeu a presidenta. “Os nordestinos não receberam uma gota d’água da transposição”, replicou o tucano.
A última parte do encontro foi reservada para as considerações finais dos candidatos. Dilma afirmou que os governos tucanos condenaram o País ao desemprego. "Eu sei que ninguém é uma ilha nem ninguém consegue crescer sozinho, por isso tenho certeza de que você (eleitor) cresceu porque o Brasil mudou, e o Brasil mudou porque o governo tomou providências", disse.

"Nós temos dois projetos para o País", disse Aécio. "Um que se contenta em comparar o presente com o passado, como o da candidata. Outro que olha para frente, que é o nosso", afirmou o tucano. "Eu não sou mais o candidato de um partido, sou o candidato dos brasileiros que sentem que o Brasil pode ser muito mais do que é hoje."

19 de out. de 2014

"Campanha golpista"? Alto lá!

O PT é alvo de seus próprios erros e armações

Josie Jeronimo (josie@istoe.com.br)
Desde a eclosão do mensalão, os escândalos não assumiam de maneira tão escancarada a linha de frente de uma campanha presidencial, relegando ao segundo plano as propostas e as ideias dos candidatos necessárias à correção de rota almejada pela população para a melhoria do bem-estar do povo e das condições do País. A exemplo de 2006, mais uma vez o PT e o governo vão para uma eleição mergulhados em denúncias. A mais grave delas, os desvios bilionários da Petrobras em benefício do PT e de partidos aliados ao governo. E, como num filme repetido, os petistas cumprem um roteiro já bastante conhecido na tentativa de encobrir seus próprios erros. Reagem não só como vítimas, mas imbuídos de certa arrogância, como se pairassem acima dos demais partidos e instituições. Em resposta à divulgação de áudios em que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef revelam que 3% de todo dinheiro desviado dos contratos da estatal abasteceram o PT e a campanha de 2010, a presidenta Dilma Rousseff acusou a oposição de usar as investigações para dar um golpe no País. “Na véspera eleitoral, sempre querem dar um golpe. E estão dando um golpe. Esse golpe nós não podemos concordar.” Na avaliação da presidenta, as denúncias de abastecimento de seu partido e campanha com recursos drenados da estatal não poderiam ter vindo a público durante o período eleitoral. O mesmo raciocínio, porém, não é aplicado por Dilma quando as acusações envolvem o partido adversário. No debate do SBT realizado na quinta-feira 16, usando dois pesos e duas medidas, Dilma valeu-se de um vazamento da delação premiada de Paulo Roberto Costa para atacar o candidato do PSDB, Aécio Neves. Segundo Costa, o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto este ano, teria recebido propina para esvaziar uma CPI em 2009. Ou seja, contra o PT, a divulgação dos áudios “é golpe”. Mas, se o mesmo áudio atinge o partido adversário, vira munição eleitoral nas mãos do PT. O ex-presidente Lula discursou na mesma toada da sucessora. Em comício no bairro de Campo Limpo, São Paulo, bradou como se a vítima fosse o seu partido: “Eu já estou de saco cheio (das denúncias contra o PT). Daqui a pouco eles estarão investigando como nós nos portávamos dentro do ventre da nossa mãe”, afirmou Lula.
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Ato contínuo, aliados da presidenta Dilma abriram fogo contra o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condução dos processos resultantes da Operação Lava Jato. Como as ações não correm sob sigilo judicial, o magistrado autorizou a divulgação do áudio dos interrogatórios. Na guerrilha virtual, o PT inundou as rede sociais com ataques a Moro. Os militantes o acusaram de transformar a operação em um trampolim para uma vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF). As agressões não ficaram restritas à rede de computadores. Em protocolos entregues ao Supremo e à Procuradoria-Geral da República, com pedidos de acesso aos autos da Lava Jato, o presidente do PT, Rui Falcão, insinuou que o magistrado não foi cuidadoso com dados da delação premiada, permitindo vazamentos seletivos. O governador do Rio Grande do Sul e candidato à reeleição, Tarso Genro, gravou um vídeo tentando comparar as eleições deste ano às de 1989, quando Fernando Collor venceu Lula com uma série de lances de jogadas sem ética e sem relação com desvios de dinheiro público, como acontece agora.“Isso que está sendo feito é uma manipulação para interferir no voto, é um golpe político em curso. É um golpe contra a democracia, contra a livre manifestação dos eleitores.”
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NO PALANQUE DO ATRASO
Em comício em Alagoas, a presidenta Dilma Rousseff discursa ao
lado de Renan Filho, herdeiro do presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB), e Fernando Collor (PRTB). Hoje, os três são aliados
Em lugar de questionar a intempestividade dos vazamentos e atacar um juiz no exercício de suas funções e prerrogativas constitucionais, o PT e o governo deveriam se dedicar a esclarecer as revelações estarrecedoras. Faz parte do processo democrático, munir o eleitor de informações relevantes para que ele tenha discernimento para decidir sobre quem ele considera mais preparado e em melhores condições para comandar os destinos do País. Portanto, nada mais adequado que o conteúdo dos depoimentos tenha vindo a público no momento em que o eleitor terá de se definir sobre dois projetos para o País: a continuidade, personificada por Dilma Rousseff, do PT, ou a mudança proposta por Aécio Neves, do PSDB. A discussão sobre o momento mais adequado para o vazamento ou não dos áudios não poderia se sobrepor ao gravíssimo teor das revelações do ex-diretor da maior estatal do País. Não se trata do discurso udenista de quem possui mais virtudes para ocupar o Palácio do Planalto, mas do sacrossanto direito do eleitor de poder reunir o máximo de informações disponíveis dos candidatos e respectivos partidos antes da derradeira decisão.
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Não por acaso, as associações de classe reagiram prontamente, repudiando a tentativa do PT de tentar tirar a credibilidade do magistrado e do trabalho da Polícia Federal. O ministro Gilmar Mendes, do STF, foi o mais contundente. Tachou de “absurda” a tese que condiciona o andamento do inquérito e dos processos decorrentes da Operação Lava ao calendário eleitoral. “Levantou-se esse mesmo argumento na época do julgamento do mensalão. De tão absurdo, isso chega a ser risível. O Brasil tem eleições a cada dois anos”, disse Gilmar Mendes. “Então, nós vamos suspender os inquéritos e os processos judiciais em períodos eleitorais? Será que vão suspender também o cometimento de crimes? E quanto aos prazos de prescrição, o que fazemos com eles?” Gilmar Mendes realçou que um magistrado pode ser acusado do crime de prevaricação se deixar de executar os atos inerentes à sua função. Lembrou que os incomodados dispõem de um “sistema de proteção” contra eventuais abusos. Queixas contra juízes podem ser protocoladas no Conselho Nacional de Justiça. Abusos de promotores e procuradores podem ser reportados ao Conselho Nacional do Ministério Público. O ministro ironizou. “Estão querendo decretar o fim da independência entre os poderes e inventar um novo recesso para o Poder Judiciário. Teremos de fazer uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral. A Constituição prevê que o processo eleitoral não pode ser modificado um ano antes do pleito. Há incontáveis inquéritos e processos envolvendo políticos. Vamos suspender a tramitação um ano antes de cada eleição ou podemos adotar o período de seis meses? Parece brincadeira.”
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As práticas da vitimização não são novas para o PT. Originado do movimento sindical brasileiro no início da década de 80, o partido se especializou em assumir a figura de mártir nas disputas eleitorais. A rotina remonta ao primeiro embate com os tucanos em 1994. Como agora, PT e PSDB disputaram aquela eleição na condição de principais antagonistas. Em desvantagem na refrega devido ao sucesso do Plano Real, idealizado pelo então ministro de Relações Exteriores do governo Itamar Franco e candidato à Presidência, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o PT classificou o plano de “factoide e estelionato eleitoral” criado pelos tucanos, segundo o partido, com não outro propósito senão o de vencer as eleições. O desenlace, no entanto, se deu na contramão da retórica petista. O Plano Real pôs fim à hiperinflação e trouxe a estabilização da moeda, essencial para os avanços sociais conquistados a partir da ascensão de Lula ao poder em 2003. Desde então, porém, o partido parece se recusar a aprender com os próprios erros, preferindo imaginar manobras antidemocráticas toda vez que se vê ameaçado de deixar o Palácio do Planalto.
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O histórico dos quase 12 anos de PT no poder expõe um extenso repertório de escândalos que causaram indignação aos brasileiros e a petistas históricos, que abandonaram a agremiação para não compactuarem com o crime. Foram pelo menos 38 escândalos durante a era petista. Parte da energia e do tempo que deveriam ser usados no aprimoramento da administração e gestão públicas foi canalizada para responder a uma série de acusações e inquéritos policiais. O partido, criado em 1980 para representar os trabalhadores e se diferenciar das outras legendas, aos poucos assimilou as velhas práticas da política nacional e viu vários de seus principais representantes serem tragados por casos de corrupção. Como famílias que preferem esconder os problemas para evitar o julgamento público, o PT afagou seus correligionários, alimentando a sensação de impunidade no seu próprio seio. Foi assim com Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma. Afastado em 2006, acusado de quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa, Palocci regressou em 2011 e foi novamente dispensado por não conseguir explicar contratos de consultoria que lhe renderam R$ 20 milhões.
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A prática de dar uma segunda chance a envolvidos em corrupção teve seu ápice neste ano. Dilma Rousseff começou o governo em 2011, dando a impressão de que mudaria o quadro ao faxinar da Esplanada seis ministros alvos de denúncias. O selo de faxineira dos “malfeitos”, no entanto, caiu por terra quando ela reabilitou ministros que saíram sem explicar irregularidades. Paulo Sergio Passos – secretário-executivo à época em que Alfredo Nascimento foi apeado do cargo – voltou graças à necessidade de Dilma de recompor com o PR. O mesmo ocorreu com o ministro Carlos Lupi. Ele saiu da pasta do Trabalho sem conseguir justificar suas relações com ONGs que mantinham convênios fraudulentos com a pasta e explicar a indústria de criação de sindicatos. Mesmo assim, continuou dando as cartas e emplacou Manoel Dias como sucessor, na cota do PDT. Os episódios registram que o PT decretou a falência moral dos seus governos em nome de um arranjo político que sustenta o grupo instalado no poder. Ao construir uma base artificial, atraída por promessas de aparelhamento de ministérios e estatais, o PT também ficou refém de aliados. O depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa à Justiça Federal do Paraná ilustra bem essa situação. O PT e os partidos da base se apoderaram dos órgãos públicos e, em vez de apoio político, passaram a formar um exército alimentado à base do fisiológico toma lá dá cá político.
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Apesar da série de equívocos cometidos em mais de uma década, o PT nunca admitiu erros ou fez mea-culpa. O mensalão levou para a cadeia os principais nomes da legenda e, até hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trata o episódio como uma grande perseguição orquestrada pelo Judiciário, a imprensa e legendas da oposição. A constante negação dos problemas teve repercussão social e no interior do próprio partido. Grupos de diferentes segmentos ideológicos e econômicos passaram a pregar o “voto anti-PT”, associando o partido a práticas de corrupção e ao aparelhamento do Estado. O antipetismo cresceu na sociedade disseminado não apenas por oposicionistas históricos do partido, mas por pessoas que votaram uma, duas, três vezes na legenda e, hoje, encontram-se desiludidas. No primeiro turno das eleições presidenciais, análises do diretório nacional do PT detectaram que um terço dos votos válidos, o equivalente a 34 milhões, se basearam no sentimento de desaprovação à legenda. Os “antipetistas” se dividiram entre Aécio Neves e Marina Silva. No segundo turno, esse movimento voltou com toda a força, segundo as mais recentes pesquisas.
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DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Dilma valeu-se do vazamento do áudio da delação de Paulo Roberto Costa,
classificado anteriormente por ela de “golpista”, para tentar atingir o candidato
do PSDB, Aécio Neves. Segundo Costa, Sérgio Guerra, ex-presidente do
PSDB, teria recebido propina para abafar uma CPI contra a Petrobras
O PT não pode acusar seus eleitores de traição. Antes mesmo do crescimento da rejeição na sociedade civil, a legenda sofreu defecções no interior da própria legenda. Desencantados com os rumos do partido, históricos fundadores puxaram o adeus ao PT. Entre eles, os políticos Chico Alencar, Milton Temer, Heloisa Helena e o jurista Hélio Bicudo. Aos 92 anos, Bicudo vive hoje a desilusão de ver o partido que ajudou a fundar, e do qual se desfiliou em 2005, ser desfigurado por abandonar princípios éticos que defendeu fervorosamente antes de se tornar governo. O PT perdeu Hélio Bicudo e com ele parte de sua história e um dos quadros mais respeitáveis na luta dos direitos humanos e da intelectualidade do direito brasileiro. “Hoje, o PT, infelizmente, gosta de aparecer como vítima: vítima da mídia, vítima de uma traição, de um poder que quer se apoderar do que está nas mãos dele”, lamentou.
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Há 34 anos, o “nós” a que o PT se referia eram os trabalhadores e o “eles”, os políticos tradicionais, flagrados em esquemas de corrupção. O selo de legenda criada para servir ao povo inspirou um slogan que virou hit durante a primeira eleição de Lula: “No fundo, no fundo, todo mundo é um pouco PT”. A exaltação que hoje pode causar arrepios em muitos fazia sentido e despertou um sentimento de união que culminou com a eleição do líder operário para a Presidência.
Hoje, “o nós contra eles” ainda está presente no discurso, mas os personagens mudaram. O “nós” representa o partido, não mais os trabalhadores, e o “eles” retrata uma indefinível gama de adversários, sem deixar claro se os inimigos pertencem a um grupo econômico específico ou a uma categoria social. O “eles” da década de 1980 agora são aliados políticos e apoiadores do PT, a exemplo da família Sarney e do próprio Fernando Collor, adversário de Lula em 1989. 

18 de out. de 2014

A presidente que foi candidata em tempo integral

Depois das agendas disfarçadas de presidente e candidata, Dilma Rousseff mergulhou de cabeça na campanha e quase não pisou no Palácio do Planalto

Gabriel Castro, de Brasília
Dilma Rousseff visita as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte em Altamira (PA)
PRESIDENTE-CANDIDATA - Dilma Rousseff visita as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Agendas de candidata disfarçada de presidente (Ichiro Guerra/Divulgação/VEJA)
Quando a campanha eleitoral teve início, em 7 de julho, a presidente Dilma Rousseff parecia pouco se importar: nos primeiros dias, enquanto os adversários começavam a rodar o país o país para pedir votos, ela manteve uma rotina de reuniões, despachos e viagens oficiais.

Aos poucos, entretanto, a petista passou a vestir o figurino de candidata. No início de agosto, surgiram as primeiras agendas eleitorais disfarçadas – ou "mistas", segundo a definição da própria campanha. A propaganda na televisão começaria em breve e era preciso gravar imagens de Dilma Brasil afora.

Um passeio pela Ferrovia Norte-Sul, uma inspeção na hidrelétrica de Jirau, uma visita à casa da Dona Nalvinha, na comunidade rural de Batatinha, na Bahia, um encontro com alunos do Pronatec em Belo Horizonte Todos esses eventos (e muitos outros) foram incluídos na agenda presidencial, mas só aconteceram para que Dilma pudesse ser filmada em imagens que depois seriam exibidas em seu programa de TV. Ainda assim, havia a justificativa de que ela estava vistoriando – na condição de presidente – o trabalho que realizou nos anos anteriores. O fotógrafo presidencial e o fotógrafo da campanha nunca atuavam juntos, embora frequentemente estivessem presentes no mesmo evento. Os ministros em exercício só lidavam com a Dilma-presidente, nunca com a Dilma-candidata.

Os atos explicitamente eleitorais, como comícios, eram agendados preferencialmente para o início da noite. Mas não demorou muito para que ela passasse a relaxar as regras: os eventos de campanha invadiram o horário de expediente, os ministros mais próximos passaram a ficar à disposição da Dilma-candidata e o gabinete presidencial no Palácio do Planalto foi deixado às moscas.
Desde 1º de agosto, a presidente compareceu ao seu local oficial de trabalho apenas cinco vezes A última delas foi em 25 de agosto, em um encontro com o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno. Eles discutiram a reforma política e, minutos depois, a Dilma-candidata já estava no Palácio da Alvorada dando uma entrevista sobre o encontro.

Apesar da ausência prolongada, nem mesmo a oposição gasta energia apontando a ausência dela na cadeira de presidente. O caso de Dilma mostra que a reeleição abre portas para um desequilíbrio evidente: Dilma usa o avião presidencial para se deslocar – embora o comitê de campanha pague o combustível da aeronave –, e, a cada lugar que visita, a estrutura de segurança da Presidência a acompanha.

Viagens não têm faltado: na semana passada, por exemplo, ela esteve em cinco estados do Nordeste num período de dois dias: Piauí, Paraíba, Bahia, Sergipe e Alagoas. Depois, seguiu para compromissos eleitorais em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Mas, como a legislação permite que candidatos à reeleição permaneçam no cargo, e como Dilma Rousseff não tem folha de ponto para assinar, não há ilegalidade na jornada eleitoral da petista.
Sempre que é indagada sobre o assunto, Dilma afirma que graças à tecnologia consegue governar longe do palácio e que mantém contato frequente com seus ministros. O principal deles, Aloizio Mercadante, da Casa Civil, também está licenciado do cargo para atuar na campanha. Também se afastaram do governo para atuar na campanha os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institutcionais) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), e outros, como Miriam Belchior (Planejamento), têm andado a tiracolo com a presidente pelo país. Como disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Dias Toffoli, crítico do longo e exaustivo processo eleitoral brasileiro, "o país não deveria ficar parado durante seis meses a cada quatro anos".

17 de out. de 2014

País tem só 12% de suas rodovias pavimentadas, diz CNT

Os pontos críticos na malha rodoviária aumentaram 32% nos últimos quatro anos

AE
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Embora apenas 12% das rodovias brasileiras sejam pavimentadas, de acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), 62,1% dos trechos pesquisados ainda apresentam algum tipo de problema. Além disso, os pontos críticos na malha rodoviária aumentaram 32% nos últimos quatro anos.
Os resultados divulgados nesta quinta-feira, 16, mostram que 44,7% da malha pavimentada pesquisada apresentam desgastes e 19,1% têm trincas e remendos. Em outros 3,3% existem afundamentos, ondulações e buracos, enquanto em 0,5% a pista está simplesmente destruída. Dos 98.475 quilômetros percorridos pela CNT, somente 32,4% estavam em condições perfeitas de rodagem.
 
O levantamento abordou quase a metade dos 203.599 quilômetros de rodovias pavimentadas do País. Os trechos asfaltados, porém, representam apenas 12% do mais de 1,691 milhão de quilômetros de estradas brasileiras. "É muito pouco para um País que quer crescer. A nossa densidade é muito menor do que a de países como a Argentina e o México. O Brasil precisa melhorar a extensão e a qualidade da sua malha rodoviária", afirmou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
 
Pontos críticos
 
Entre os pontos críticos encontrados estão 28 quedas de barreira, 13 pontes caídas, 100 erosões na pista e 148 buracos grandes. O total de 289 ocorrências críticas em 2014 supera os 250 pontos identificados em 2013 e é 32% superior aos 219 problemas registrados em 2011. "Isso é bastante preocupante porque é um reflexo imediato sobre a segurança das pistas, com relação direta sobre o número de acidentes", completou Batista.
 
Com relação à sinalização das pistas, em 39,9% dos trechos rodoviários pesquisados, a pintura das faixas laterais estava desgastada e em 15,9% era simplesmente inexistente. No caso da faixa central, havia desgaste em 40,8% da extensão analisada e em 6,8% não havia sequer sinalização. "Na chuva, por exemplo, esse desgaste aumenta muito a insegurança", explicou o diretor da CNT.
 
A confederação também identificou falhas graves na ausência de dispositivos de proteção contínua - as chamadas muretas ou guardrails - em 45,9% dos trechos, todos eles com necessidade da estrutura. Em 11,8%, os dispositivos existiam de maneira adequada; em 17,7% estavam presentes apenas e parte do percurso; e nos 24,6% não havia a necessidade da estrutura. Como ponto positivo, as placas de sinalização vertical tiveram bom resultado, estando visíveis - sem obstáculos, como mato - em 82,3% dos trechos avaliados, e legíveis em 88% da extensão pesquisada.
 
Quanto à geometria das vias, porém, 49,7% da extensão percorrida pela CNT contam com curvas perigosas sem placas e sem muretas de defesa completas. Apenas 11,5% dos trechos contam com os dois instrumentos de segurança e sinalização. Além disso, em 60,1% delas não havia acostamento e 66,9% das pontes e viadutos não contavam com as estruturas de segurança ideais.
 

16 de out. de 2014

Criação de empregos atinge menor nível para meses de setembro em 13 anos

O país criou 123.785 vagas no mês passado, número mais baixo desde 2001, quando foram gerados 80.028 postos de trabalho

Agência Brasil
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A criação de empregos com carteira assinada – diferença entre contratações e demissões – atingiu, em setembro, o pior nível para o mês em 13 anos. Segundo dados divulgados há pouco pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o país criou 123.785 empregos no mês passado, o menor número para meses de setembro desde 2001, quando foram gerados 80.028 postos de trabalho.
De janeiro a setembro deste ano, foram criados 904.913 empregos registrados em carteira, total mais baixo desde o início da série histórica do Ministério do Trabalho, em 2004. Em relação ao mesmo período do ano passado, a geração de emprego caiu 31,6%. De janeiro a setembro de 2013, havia sido criado 1,323 milhão de vagas.
 
No mês passado, o total de admissões somou 1.770.429, contra 1.646.644 demissões. Apesar do desempenho ruim na comparação com os outros anos, a geração de empregos em setembro atingiu o melhor nível desde fevereiro deste ano, quando haviam sido criados 260.823 postos de trabalho na série sem ajustes.
 
Os setores que mais ampliaram a oferta de vagas em setembro foram serviços (62,4 mil novas vagas), comércio (36,4 mil vagas) e indústria de transformação (24,8 mil vagas). Dois segmentos registraram queda nos postos de trabalho: indústria extrativa mineral (-455) e agropecuária (-8,9 mil), influenciada pelo fim da colheita da maior parte das safras.
 
Os estados que mais geraram empregos no mês passado foram Pernambuco (21,9 mil), Alagoas (13,7 mil), Rio de Janeiro (12,7 mil) e Paraná (11,5 mil). Por outro lado, quatro estados registraram mais demissões que contratações em setembro, com todos os resultados negativos na casa das dezenas ou das centenas: Acre (-90), Piauí (-401), Minas Gerais (-840) e Rondônia (-937).

15 de out. de 2014

Horário de verão vai reduzir contas de luz em até 15%

Mudança de comportamento dos consumidores também ajudará na economia

Helio Almeida
Rio -  Com o início do horário de verão a partir da zero hora de domingo, consumidores residenciais podem gastar menos energia elétrica, aproveitando também o uso de aparelhos mais eficientes. O DIA selecionou conjunto de medidas que ajudará os clientes de concessionárias de energia a reduzir a conta de luz em até 15% nos 126 dias que durar o horário adiantado em uma hora.

O comércio espera incremento de 30% nas vendas com a mudança de comportamento dos consumidores, que devem ficar mais tempo na rua, segundo o CDL-Rio.

Muito usado no verão, o chuveiro elétrico é um dos vilões da conta de luz, representando 35% do valor, seguido pela geladeira, que contribui com 30%, iluminação (até 25%), televisor (15%) e ar-condicionado (média de 5%). Mas o uso contínuo da TV acaba pesando na conta final.

Gerente do Boteco da Garrafa, Lindomar Sousa (E), espera um maior movimento com o começo do horário de verão. “A gente deve ter uma alta de 30% nas vendas”, estima
Foto:  Maíra Coelho / Agência O Dia
“O ar-condicionado é um equipamento que consome pouco, mas o acumulado é maior pelo fato de ficar ligado a noite inteira, por exemplo”, explica o engenheiro da Light, Antônio Raad. “Há um leque de opções para economizar energia. Por isso, é sempre bom escolher o aparelho com selo Procel e do Inmetro”, recomenda.
Algumas dicas podem reduzir a conta de luz. Para o ar-condicionado, o ideal é manter o filtro limpo e o termostato regulado. Além disso, a potência do ar (BTUs) precisa ser adequada ao tamanho do ambiente. Portas e janelas devem sempre estar fechadas.

Para o chuveiro elétrico, evite banhos demorados e em horários de pico, das 18h às 21h. Outras indicações são usar a chave seletora na posição verão e se ensaboar com o chuveiro desligado. A orientação para o uso das geladeiras é deixá-la afastada da parede, do sol e do fogão. A porta não deve ficar por muito tempo aberta. Alimentos quentes não podem ser guardados e é preciso manter a borracha da porta em bom estado. Substituir lâmpadas incandescentes por fluorescentes, que consomem até 30% a menos e duram mais, é uma boa saída. Durante o dia, aproveite a luz natural e apague lâmpadas em ambientes desocupados.
ALTA DE 30% NAS VENDAS

O governo deve economizar R$ 278 milhões com a implantação do horário de verão. O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grüdtner, disse que alguns ganhos são o lazer e o turismo, “quando as pessoas desfrutam o dia por mais tempo”.

Para o comércio, a expectativa é de que as vendas aumentem no período. “As pessoas saem do trabalho com o dia ainda claro e isso as estimula a ficarem mais tempo na rua”, diz o presidente do CDL-Rio, Aldo Gonçalves.

Gerente do Boteco da Garrafa, na Lapa, Lindomar Sousa, 46 anos, espera um maior movimento. “A gente deve ter uma alta de 30% nas vendas”, estima.

14 de out. de 2014

Apuração parcial confirma vitória de Evo Morales nas eleições da Bolívia

Apurados 45,71% dos votos, Evo tem 53,9% dos votos.
O opositor Samuel Doria Medina segue em segundo, com 30,2%.

Da EFE
O presidente da Bolívia, Evo Morales, no Palácio Presidencial em La Paz. (Foto: David Mercado / Reuters)O presidente da Bolívia, Evo Morales, no Palácio Presidencial em La Paz. (Foto: David Mercado / Reuters)
O resultado da apuração de 45,71% das urnas, divulgado nesta segunda-feira (13) pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia, confirma a vitória do presidente Evo Morales nas eleições realizadas no domingo (12), como já tinham antecipado as pesquisas de boca de urna divulgadas após a votação.
Os dados da apuração começaram a ser publicados na tarde de segunda na Bolívia, após mais de 24 horas sem informações sobre o resultado. O TSE atribuiu a demora a problemas técnicos e a uma suposta ameaça de ataque de hackers contra o sistema eleitoral.
Segundo os dados divulgados até agora, que não chegam à metade dos votos registrados, Morales conquistaria seu terceiro mandado com 53,9% de apoio contra 30,2% do principal candidato da oposição, Samuel Doria Medina, e 11,3% do ex-presidente Jorge Quiroga.
Os levantamentos de boca de urna já tinham dado ao atual governante uma vitória com cerca de 60% do total de votos. Até a oposição já tinha reconhecido a vitória de Morales por causa da boa reputação desse tipo de pesquisa na Bolívia.
Antes mesmo dos resultados oficiais, Morales, em entrevista coletiva, se declarou vitorioso e acrescentou que seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), conquistou uma grande vitória ao garantir dois terços da Assembleia Legislativa, o que lhe permitirá governar confortavelmente sem necessidade de acordos com a oposição.
Morales poderá então promover novas reformas legais e modificar a própria Constituição, algo que vem ocorrendo desde 2009, quando os governistas dominaram o Congresso.
Durante a campanha, a oposição expressou seu temor pelo domínio do MAS no Legislativo, dizendo que o controle poderia significar uma proposta de reeleição indefinida, algo que o governo nega.
Embora as pesquisas de boca de urna tenham apontado que Morales venceu pela primeira vez no tradicionalmente opositor departamento de Santa Cruz, Samuel Doria Medina está na frente por quase dois pontos percentuais no resultado parcial divulgado até o momento.
Em entrevista à Agência Efe, o porta-voz do TSE, Ramiro Paredes, disse que problemas de logística e supostas ameaças de hackers atrasaram a apuração, impedindo o anúncio dos resultados até a meia-noite de domingo.
Paredes afirmou que alguns dos membros do órgão eleitoral receberam em seus celulares 'mensagens anônimas' de que o sistema de transmissão do TSE seria sabotado, o que obrigou as autoridades a reforçarem a segurança.
Houve também atraso no trabalho dos mesários, 'que resultou em um efeito dominó em todas as atividades posteriores', acrescentou Paredes.
A legislação eleitoral da Bolívia permite que os tribunais departamentais enviem seus relatórios ao TSE em até sete dias. Há ainda o acréscimo de outros cinco dias para a divulgação do resultado final oficial, disse o porta-voz.
A missão de observação eleitoral enviada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) ao país afirmou em seu relatório sobre as eleições que 'não é conveniente que conclusões sejam tiradas a partir das pesquisas boca de urna'.
O documento também qualifica o processo de apuração do país como 'extremamente lento' e recomenda que a Bolívia desenvolva um sistema eficaz de transmissão e divulgação dos resultados preliminares.
A ausência inicial de dados oficiais não foi empecilho para que o governo de vários países parabenizassem Morales pela vitória.
Mais de seis milhões de bolivianos votaram para escolher o presidente, vice-presidente e novos integrantes do Legislativo do país.
A votação ocorreu com normalidade e com alta participação. Mais de 200 observadores de organismos internacionais acompanharam a realização do pleito.

13 de out. de 2014

Presidente da CPI articula reunião emergencial sobre 'petrolão'

CPI mista tem tido baixa presença dos parlamentares nas últimas semanas por causa do período eleitoral

Senador Vital do Rêgo (PMDB-PB, presidente da CPI mista da Petrobras
Senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI mista da Petrobras (Lia de Paula/Agência Senado/VEJA)
O presidente da CPI mista da Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), convocou os líderes partidários para uma reunião nesta  terça-feira para discutir a possibilidade de uma sessão extraordinária nesta semana. A movimentação ocorre após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef acusarem PT, PMDB e PP de desviar dinheiro da estatal para financiar campanhas políticas em 2010. Os recursos viriam de propina paga por empresas para obter contratos com a Petrobras no petrolão. As denúncias foram feitas à Justiça Federal do Paraná na última semana.
"Estou voltando para Brasília na terça para me reunir com lideranças de todos os partidos que compõem a CPI para ver a possibilidade de convocarmos ainda esta semana uma reunião administrativa", disse o presidente da CPI.

Petrolão envolvia gente 'de cima', diz Youssef à Justiça
Apesar da iniciativa de promover o encontro, Vital do Rêgo já afirmou que a CPI teve baixa presença de parlamentares por causa do período eleitoral. Na semana passada, por exemplo, a comissão ouviu Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, e o presidente da CPI foi um dos que não compareceram — ele disputou o governo da Paraíba, mas teve 5,22% dos votos.
Na próxima semana, a última antes do segundo turno eleitoral, a CPI agendou o depoimento de José Carlos Consenza, sucessor de Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento da estatal. No requerimento de convocação de Consenza, aprovado pela comissão, o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), afirma que é preciso esclarecer denúncias de que o atual diretor teria envolvimento com o esquema de desvio de recursos da Petrobras.
(Com Estadão Conteúdo)

10 de out. de 2014

Petrolão envolvia gente 'de cima', diz Youssef à Justiça

Em depoimento, doleiro disse que o esquema de desvios de dinheiro na Petrobras começou em 2005, com o mensaleiro José Janene, já morto

Rodrigo Rangel e Hugo Marques, de Brasília
O doleiro Alberto Youssef em depoimento
O doleiro Alberto Youssef em depoimento (VEJA)
(atualizada às 20h21)
O doleiro Alberto Youssef também prestou depoimento à Justiça – e também fez revelações surpreendentes. Disse que o esquema de desvios de dinheiro na Petrobras começou em 2005, comandado pelo o ex-deputado federal José Janene. O parlamentar, já morto, também foi envolvido no esquema do mensalão.

Corrupção na Petrobras tinha 'ata' da quadrilha – A quadrilha que desviou dinheiro por 9 anos na Petrobras chegou a tal nível de sofisticação que era confeccionada uma ata paralela a cada reunião do grupo criminoso para dividir propinas de contratos públicos. O doleiro Alberto Youssef prometeu entregar as cópias dessas atas à Justiça nos próximos dias. Ele guardou as atas paralelas com uma pessoa de sua confiança. “Essas reuniões eram feitas às vezes com empresas, individualmente, e às vezes com as empresas junto com o diretor Paulo Roberto e o próprio agente político que estava comandando a situação, para discutir exatamente questões de valores, questão de quem ia participar do certame e outro tipo de situação. E outros problemas que se encontravam nas obras, que pediam para solucionar. Isso era feito uma ata nessa reunião. Participava o agente político, o Genu (João Cláudio Genu), eu, o Paulo Roberto”, disse o doleiro. Estarrecido, o juiz Sérgio Moro perguntou ao doleiro se nessas atas paralelas constavam os detalhamentos do negócio. “Constavam os detalhamentos, vossa excelência”, respondeu Youssef. O doleiro afirmou que as empresas não tinham como correr do pagamento de propina para a quadrilha. “As empresas, principalmente as grandes, ficavam reféns desse esquema porque: ‘ou participa ou não tem obra’”, disse Youssef. As reuniões do grupo eram feitas geralmente em hotéis no Rio e em São Paulo ou na residência do “agente político” que comandava o contrato e que iria se beneficiar do desvio. “Todo mundo sabia o que estava acontecendo”, disse Youssef.
Aliados pressionaram Lula para garantir nomeação de Costa  A força do grupo político que comandava o esquema não era pequena. Paulo Roberto Conta que os parlamentares da quadrilha trancaram a pauta de votações no Congresso Nacional por 90 dias, até que a Presidência da República nomeasse um diretor da confiança do grupo na Petrobras. “Na época o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder e realmente empossar Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento”, disse Youssef. O doleiro diz que a cobrança de comissão nos contratos acontecia em todas as diretorias da Petrobras. Segundo ele, Paulo Roberto Costa ficava com 30% do dinheiro da propina, o agente político ficava com 60%. Os 10% restantes eram divididos entre o doleiro Youssef e o mensaleiro João Cláudio Genu, que ficou conhecido como o “homem da mala”.
Empresas dividiam pacote de obras – O doleiro revelou como funcionava a divisão de grandes obras da Petrobras. Ele informou que participou diretamente de várias dessas reuniões com as grandes empreiteiras, antes mesmo da licitação. "O conhecimento que tenho é que existia um acerto entre as empresas, não na questão das licitações, mas sim quando saía um pacote de obras na Petrobras. As empresas, elas entre elas, tratavam de se relacionarem e obterem quem ia ser o ganhador daquela obra", disse Youssef.
1% para o PP – A empresa que não topasse pagar 1% para o PP, segundo Youssef, não assinava o contrato. "Ela ganhava a obra. Se não pagasse, tinha ingerência política e do próprio diretor", disse o doleiro.
Doleiro aponta as empresas – O doleiro também confirmou os nomes de todas as empresas e dos diretores com quem negociou. A lista do doleiro inclui as empresas OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Engevix, Odebrecht, UTC, Jaraguá, Odebrecht e Tomé Engenharia, entre outras.
"Havia muitas pessoas acima de Costa" – Youssef afirmou que havia muitas pessoas no esquema acima de Paulo Roberto Costa na organização criminosa, incluindo “agentes públicos”. Advertido pelo juiz de que não poderia citar nomes de pessoas com foro privilegiado (deputados, senadores, ministros, presidente da República), ele não pode identificar a quem se referia. Na hierarquia da empresa, a diretoria de Abastecimento está subordinada à presidência da estatal, que responde ao ministro das Minas e Energia e, acima deste, o presidente da República.
“Em primeiro lugar quero deixar claro que não sou o mentor nem o chefe desse esquema. Na acusação diz que sou mentor e chefe da organização criminosa. Eu não sou. Eu sou apenas uma engrenagem desse assunto que ocorria na Petrobras. Tinha gente muito mais elevada acima disso, inclusive acima de Paulo Roberto Costa, no caso agentes públicos. Esse assunto ocorria nas obras da Petrobras e eu era um dos operadores”, disse Youssef

9 de out. de 2014

Dinheiro desviado da Petrobras foi para campanha em 2010, diz ex-diretor

Advogado de doleiro acompanhou audiência de Paulo Roberto Costa.
Alberto Youssef também falou nesta quarta-feira (8) à Justiça em Curitiba.

Thais Kaniak Do G1 PR
O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse em audiência na tarde desta quarta-feira (8) na Justiça Federal de Curitiba que o esquema que desviou dinheiro da empresa serviu para financiar partidos políticos na campanha eleitoral de 2010. As informações são do advogado do doleiro Alberto Youssef, Antonio Figueiredo Basto, que acompanhou a audiência dos dois presos na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
 
De acordo com o advogado, que falou à imprensa após a audiência, o doleiro Youssef afirmou ao juiz federal Sergio Moro que os mandantes do esquema bilionário de desvio de dinheiro investigado  na Lava Jato  “são agentes políticos”.

“Agiam em nome deles [dos agentes políticos]", afirmou Basto. "O que foi dito é que eles financiavam um esquema político. Inclusive o Paulo deixou bem claro que esse esquema financiou a campanha de 2010, só não pode dizer de quem, mas de muita gente”.
Ainda segundo Basto, o doleiro Youssef também disse que há partidos envolvidos no esquema e, ao juiz, listou quais são. O advogado, porém, apenas afirmou que um deles concorre ao segundo turno na eleição presidencial.

“A única coisa que ele [Youssef] não confirmou é quem era o líder da quadrilha. Ele falou que os líderes estão fora desse processo. São agentes políticos”, afirmou. “Três partidos grandes foram citados, que dividiam integralmente o bolo da propina na Petrobras. Ficou muito clara uma coisa, que eu acho que é fundamental: o meu cliente não era o chefe dessa quadrilha, não era chefe de nada. Era o operador. Era um cara que era peça da engrenagem. Diria não insignificante, mas muito menor do que todo esse esquema”, afirmou Basto.
Esta foi a primeira vez que o ex-diretor Costa depôs à Justiça. João Mestieri, advogado de Costa, não revelou o que seu cliente disse ao juiz. Entretanto, ele afirmou que o ex-diretor não citou novos nomes além dos já citados na delação premiada.
Também falaram ao juiz nesta quarta outros três réus: Pedro Argese Junior, Esdra de Arantes Ferreira e Leandro Meirelles. Contudo, os dez acusados da denúncia formulada pelo Ministério Público Federal (MPF) pela prática de crime de lavagem de dinheiro e de crimes de pertinência a  grupo criminoso participaram da audiência.
Os demais réus no processo são: Antônio Almeida Silva, Márcio Andrade Bonilho, Murilo Tena Barros, Leonardo Meirelles e Waldomiro Oliveira. Eles serão ouvidos no dia 20 de outubro, conforme a Justiça Federal.
Operação Lava Jato
Paulo Roberto Costa é um dos acusados na operação Lava Jato, que foi deflagrada no dia 17 de março deste ano em vários estados brasileiros e no Distrito Federal. A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões.

De acordo com a PF, a organização criminosa era liderada pelo doleiro Alberto Youssef, que está detido em Curitiba. Após ser preso, Costa chegou a ser libertado no dia 19 de maio por ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas foi preso novamente no dia 11 de junho a pedido Ministério Público Federal (MPF).
Depois de homologar o acordo de delação premiada no dia 30 de setembro, Zavascki transferiu para a Justiça Federal do Paraná a decisão sobre a prisão domiciliar de Costa. O juiz Sérgio Moro oncedeu o benefício.
No dia 1º de outubro, Costa foi transferido para o Rio de Janeiro, onde cumpre prisão domicilar, em um condomínio no Bairro da Tijuca. Ele está sendo monitorado por uma tornozeleira eletrônica.
Entenda a delação premiada
O processo de delação premiada é a confissão de informações em troca da possibilidade de redução de pena ou outros benefícios. Costa começou o acordo com a Justiça no dia 29 de setembro. De lá pra cá, foram vários depoimentos na sede da PF do Paraná. Alguns, inclusive, aos fins de semana. Durante esse período, Costa denunciou políticos que teriam se beneficiados de um esquema de pagamento de propina em contratos da Petrobras com outras empresas.
Segundo a homologação feita pelo ministro Zavascki, há a confirmação oficial de um possível envolvimento de várias autoridades com foro privilegiado, inclusive parlamentares federais, citados na delação de Paulo Roberto. No entanto, o conteúdo detalhado dos depoimentos é sigiloso para resguardar as investigações.
Em nota divulgada no dia 30 de setembro, o MPF informou que a colaboração premiada é um método de investigação moderno e valioso para elucidar crimes complexos. “Por vezes, somente quem tem conhecimento dos detalhes da atividade criminal são os próprios agentes. As informações prestadas pelo colaborador ficam sempre sujeitas à verificação e à corroboração”, diz um dos trechos da nota.
O ex-diretor Paulo Roberto ocupou a direção de Refino e Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

8 de out. de 2014

FMI reduz projeção de expansão da economia brasileira pela sexta vez e estima que PIB crescerá 0,3%

Se confirmada a avaliação do Fundo, este será o segundo pior desempenho do Produto Interno Bruto desde 1998

Da redação
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O Fundo Monetário Internacional divulgou nesta terça-feira, em Washington, o relatório World Economic Outlook (Perspectivas da Economia Global) no qual avalia a situação da economia mundial. Ao analisar o Brasil, o FMI reduziu pela sexta vez consecutiva a previsão de crescimento para o País, e agora espera um aumento do PIB de apenas 0,3%. Se essa previsão de confirmar, será o segundo pior resultado desde 1998, quando não houve expansão da economia. Em 2009, auge da crise mundial, a atividade econômica encolheu 0,3%.

“No Brasil, o PIB se contraiu no primeiro semestre do ano, refletindo o investimento fraco e uma moderação no consumo, devido a condições financeiras 'mais apertadas', à fraqueza continuada nos negócios e à confiança do consumidor. Esses fatores, juntamente com a fraqueza da competitividade, deverão manter o crescimento moderado na maior parte da 2014”, afirma o FMI, no relatório.

As estimativas para a atividade econômica brasileira estão abaixo do que espera o governo (crescimento de 0,9%), mas ainda acima do previsto pelo mercado. O Boletim Focus, divulgado na segunda-feira pelo Banco Central, que reúne análises do mercado financeiro, estimou um aumento do PIB de apenas 0,24% para este ano.

As projeções para 2015 também foram reduzidas. O FMI espera um avanço de 1,4%, do PIB, abaixo dos 2% calculados anteriormente. Segundo o relatório, o crescimento brasileiro deverá ficar abaixo da média global, que também foi revisada para baixo e agora é de 3,3% em 2014 e de 3,8% em 2015.