29 de mai. de 2015

Venezuela abate avião com dois traficantes brasileiros

A aeronave foi derrubada no domingo, com mais de 600 tabletes de cocaína a bordo. Apesar do incidente, setores da Venezuela são acusados de envolvimento com o tráfico

Militares venezuelanos inspecionam avião abatido
Militares venezuelanos inspecionam avião abatido(Ministério para Relações Interiores, Justiça e Paz da Venezuela/VEJA.com)
Um avião com dois traficantes brasileiros a bordo foi abatido pela Força Aérea Venezuelana na madrugada do último domingo (24) no espaço aéreo do país vizinho, divulgou o Ministério para Relações Interiores, Justiça e Paz da Venezuela. Klender Hideo de Paula Ida, de 24 anos, e Fernando César Silva Da Graca, de 32, morreram no local e mais de 600 tabletes de cocaína foram encontrados na aeronave.
O avião bimotor modelo Embraer EMB-820C, de prefixo PT-RCN, segundo reportagem da Folha de S. Paulo teria partido da Colômbia com a cocaína e se dirigia para alguma ilha do Caribe para depois levar a droga para os Estados Unidos ou para a Europa. A aeronave foi derrubada no município de Ricaurte, no Estado venezuelano de Cojedes. Ele estava sendo pilotado por Klender Hideo, segundo autoridades. De acordo com informações, a família de Klender estava sem notícias do piloto há vários dias.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira, Ascanio Irwin, presidente do Escritório Nacional Antidrogas da Venezuela, contou que a Força Aérea Venezuelana solicitou a identificação do avião, mas não obteve resposta. De acordo com Irwin, a aeronave conseguiu despistar os dois caças que o seguiam, auxiliados pelo mau tempo, e passou a voar em baixa altitude, sumindo dos radares. Só quase 3 horas depois é que os caças avistaram a aeronave brasileira novamente, abatendo-a por volta de 0h40 de domingo.
No local da queda dos destroços, os corpos já estavam parcialmente carbonizados, mas documentos, como Carteira Nacional de Habilitação e passaportes dos dois brasileiros, foram encontrados, assim como 500 dólares, 1.700 pesos colombianos e uma quantia não informada em reais. Ao todo, 616 tabletes de cocaína também estavam no avião. Também foi comprovado que a aeronave tinha um prefixo venezuelano falso "colado" em cima da identificação oficial.
Desde 2012 vigora na Venezuela a Lei de Controle para a Defesa Integral do Espaço Aéreo, que ampara legalmente ações contra aviões não identificados e considerados "hostis". Segundo o próprio presidente Nicolás Maduro, a Venezuela já abateu 30 aviões usados pelo narcotráfico. Apesar do combate às aeronaves de traficantes, uma investigação nos EUA e especialistas em luta antidroga ressaltam que a Venezuela se tornou a principal rota de escoamento da cocaína produzida na América do Sul. Segundo a investigação americana, há altos funcionários do governo envolvidos com o narcotráfico.
Conexão Bolívia-Venezuela-Espanha - Em maio, reportagem de VEJA revelou que o partido espanhol de esquerda Podemos foi financiado pela Venezuela e pela Bolívia para facilitar a entrada de cocaína na Europa através da Espanha. De acordo com um relatório secreto de 34 páginas assinado pelo coronel boliviano Germán Cardona Álvarez, cocaína peruana e boliviana partem da Bolívia para a Venezuela em aviões militares, "os quais, por serem oficiais de um Estado, não podem ser interceptados no espaço aéreo internacional".
As aeronaves Hércules C-130 deixam a Venezuela com armamento militar e retornam carregadas de cocaína e veículos que chegam à Bolívia depois de ser roubados no Brasil. Em Caracas, a droga é lá levada a outros destinos. Dentro desse esquema, diz o relatório, há seis anos, Hugo Chávez, o atual presidente Maduro e o boliviano Evo Morales usaram uma organização chamada Centro de Estudos Políticos e Sociais (Ceps) para financiar o Podemos, da Espanha.
(Da redação)

28 de mai. de 2015

Investigadores americanos sugerem que Marin dividiu propina com Teixeira e Del Nero

Esquema de pagamentos "por fora" pelos direitos de exploração da Copa do Brasil existiria desde 1990, segundo a Justiça dos EUA

Da redação, com AE
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José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), teria dividido o valor de propinas recebidas pela exploração comercial da Copa do Brasil com seu antecessor, Ricardo Teixeira, e com o atual presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, informa nesta quinta-feira (28) a Folha de S.Paulo, citando documentos da investigação conduzida pelo FBI (a polícia federal dos Estados Unidos).
Marin e mais seis integrantes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) foram presos nesta quarta-feira (27), na Suíça, durante uma operação de combate à corrupção dentro da entidade máxima do esporte.
 
Segundo a Folha, em reunião em abril do ano passado, Marin pediu ao presidente da empresa de marketing esportivo Traffic, J. Hawilla, que a propina que vinha sendo dividida com Teixeira passasse a ser paga apenas a ele e a Del Nero. O esquema dentro da exploração comercial da Copa do Brasil existiria desde 1990.
 
Segundo a Justiça dos EUA, em ocasiões anteriores, Hawilla teria concordado em fazer a divisão da propina entre Marin e os chamados "coconspiradores 11 e 12", descritos na investigação como "altos executivos da CBF". Apenas Teixeira e Del Nero se encaixam no perfil.
 
Questionada, a CBF informou que não vai se pronunciar sobre a acusação.
 
O esquema de corrupção dentro da Fifa está sendo investigado nos Estados Unidos por envolver transações em bancos americanos e por supostamente ter contado com a participação de empresas sediadas nos EUA.
 
Marin é colocado em uma 'prisão modelo' na Suíça e 'passa bem'
 
Uma cela individual com banheiro, numa prisão modelo da Suíça. O Departamento de Polícia do país alpino revelou na manhã desta quinta-feira que o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, "passa bem" e que está recebendo todos os serviços que são garantidos a detentos, inclusive assistência jurídica. Mas as autoridades decidiram dividir os dirigentes presos nesta semana em diferentes locais para evitar que possam "conversar ou trocar informações" sobre o caso. 
 
Ao Estado, o porta-voz da Polícia de Zurique confirmou que o brasileiro está em uma das prisões da região. Mas evitou dar a localidade exata por "motivos de segurança". "O que podemos garantir é que todos os direitos humanos do brasileiro estão sendo assegurados", afirmou. 
 
Ele garantiu que Marin "passa bem" e que não tem apresentado qualquer tipo de problemas de saúde. Em uma cela individual com banheiro, ele ainda foi afastado de qualquer outro cartola. "Não queremos que haja uma troca de informações", insistiu.
 
O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, não solicitou assistência do governo brasileiro ao ser detido nesta quarta-feira em Zurique. Informações do Itamaraty indicam que, apesar de o cartola ter o direito de pedir um acompanhamento do consulado e de diplomatas, nenhuma medida foi tomada neste sentido. 
 
Todos os brasileiros tem direito a receber tal ajuda, principalmente em casos de extradição. Como princípio, o Brasil não aceita entregar a uma Justiça estrangeira um nacional.  
 
Marin foi preso na manhã desta quarta no hotel Baur au Lac, em Zurique, e aguarda em uma prisão da região da cidade uma eventual extradição aos EUA. Segundo fontes próximas à CBF, ele passou o dia em busca de advogados na Suíça e nos EUA e deve resistir à extradição.
 
Ao sair do hotel, Marin estava abatido. Segundo pessoas que acompanharam o caso, ele teria apenas tido. "Mas sou só eu? Onde estão os outros?". No Brasil, a CBF já afastou o brasileiro e a Fifa o puniu com uma suspensão temporária de todas as atividades no futebol. 
 
Em Zurique, o processo de extradição pode levar até seis meses e a defesa do brasileiro tentará convencer a Justiça local a permitir que Marin aguarde a decisão em liberdade condicional por conta de sua idade. O ex-presidente da CBF tem 83 anos. Segundo a investigação, ele cobrou comissões e propinas milionárias em contratos da CBF.

25 de mai. de 2015

Dono de empreiteira confirmou "comissões" em contrato do pré-sal

Um dos donos da Engevix Engenharia, Gerson de Mello Almada, afirmou a investigadores que os contratos suspeitos ainda estão em execução

AE
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Um dos donos da Engevix Engenharia, Gerson de Mello Almada, confirmou à Operação Lava Jato que a empreiteira pagou Milton Pascowitch "comissões" que chegaram a "0,9%" dos contratos - ainda em execução - que o Estaleiro Rio Grande, controlado pela empreiteira, fechou para construção de sondas do pré-sal, para a Petrobras.
Pascowitch - dono da Jamp Engenheiros Associados - é um dos cinco acusados pela força-tarefa da Lava Jato de serem operadores de propina nos contratados de construção de 29 sondas para exploração de petróleo em águas profundas, pela Petrobras, via empresa Sete Brasil S.A..
 
A confirmação do empresário de que Pascowitch recebia "comissões" pelo "lobby" que fez nos contratos do Estaleiro Rio Grande foi um dos elementos que levaram a Justiça Federal a decretar a prisão preventiva do lobista, na última semana.
 
"Vinculado a esse negócio foi firmado um contrato de consultoria com a Jamp (Engenharia Associados) de Milton Pascowitch, o qual foi calculado em torno de 0,75% a 0,9% do valor do contrato das sondas, que girou em torno de US$ 2,4 bilhões, estando o contrato ainda em execução", declarou Almada.
 
A Sete Brasil foi criada pela Petrobras, em parceria com fundos de pensão públicos e privados e com três bancos. Em 2011, a empresa fechou um contrato com estatal para viabilizar um grandioso projeto de construção de sondas no Brasil, no valor de US$ 25 bilhões.
 
Peça central na criação da Sete Brasil e primeiro diretor de Operações da empresa, nomeado para cuidar do projeto das sondas, foi Pedro Barusco. Ele é ex-gerente de Engenharia da Petrobras e confessou, em delação premiada com a Lava Jato, receber propina no esquema.
 
"Sobre o valor de cada contrato firmado entre a Sete Brasil e os estaleiros, deveria ser distribuído o porcentual de 1%, posteriormente reduzido para 0,9%", revelou Barusco.
 
Almada, admitiu que foi procurado por Barusco para os contratos das sondas. O Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul, foi contratado para construir três das sondas marítimas de perfuração da Sete Brasil.
 
Pré-sal
 
Cinco estaleiros, formados por empresas do cartel em parceria com as gigantes mundiais do setor, foram contratados nesse pacote de equipamentos para o pré-sal.
 
Procuradores da Lava Jato sustentam que as "comissões" que Almada confessou ter pago à PF e à Justiça Federal - em processo em que é réu - para Pascowitch no negócio das sondas era "propina".
 
Os contratos das 29 sondas da Sete Brasil são um dos pontos de partida da força-tarefa da Operação Lava Jato na ofensiva para comprovar que o esquema de cartel e corrupção nas obras de refinarias da Petrobras, entre 2004 e 2014, foi reproduzido em contratos do bilionário mercado do pré-sal.
 
A prisão de Pascowitch nesta semana é fruto desse aprofundamento de produção de provas no setor que orbita o pré-sal. Ele foi o terceiro operador de propina apontado como representante dos estaleiros contratados pela Sete Brasil a ser preso pela Lava Jato.
 
Barusco apontou em sua delação o nome de cada um dos operadores: Ildefonso Colares Filho (executivo da Queiroz Galvão, preso e liberado) em nome do Estaleiro Atlântico Sul; Zwi Zkornicki pelo Estaleiro BrasFels, controlado pela Kepell Fels; Guilherme Esteves de Jesus (preso em Curitiba), pelo Estaleiro Jurong Aracruz, Rogério Araújo (executivo da Odebrecht) pelo Estaleiro Enseada do Paraguaçú, e Milton Pascowitch pelo Estaleiro Rio Grande.
 
Em fevereiro, a Procuradoria chegou a pedir a prisão de Pascowitch, mas ela foi negada pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato. O pedido baseava-se apenas nos apontamentos de Barusco em sua delação.
 
Após a confirmação de um dos sócios da Engevix sobre seu papel nos contratos com a Petrobras e do encontro de provas em buscas feitas na casa do lobistas e de outros investigados - como contratos de "falsas consultorias" e registro dos recebimentos de valores no exterior -, o juiz Sérgio Moro decretou sua prisão preventiva, cumprida na quinta-feira.
 
Em março, a Lava Jato prendeu também o lobista Guilherme Esteves de Jesus. Ele é acusado de ter pago US$ 8,2 milhões em propinas em nome do Estaleiro Jurong Aracruz pelos contratos para construção de sondas de exploração do pré-sal da Sete Brasil.
 
Ildefonso Collares já havia sido preso, em novembro, junto com Almada - na sétima fase da Lava Jato. Ele é acusado de ser um dos executivos da Queiróz Galvão envolvidos com a corrupção na Petrobras.
 
Operadores do pré-sal
 
É a partir do núcleo de cinco operadores de propina ligados aos estaleiros, que foram contratados pela Sete Brasil, que a Lava Jato deu início à tentativa de comprovação de que a "corrupção sistematizada" que vigorou nas obras de refinarias avançou nos contratos que orbitam o pré-sal.
 
Será seguindo rastro do dinheiro movimentado por esse núcleo de operadores de propina e das provas até agora encontradas, que investigadores da Lava Jato acreditam que atingirão novos nomes do grupo de agentes públicos corrompidos.
 
Eles seriam os elos dos partidos na Petrobras. Três já foram presos: Paulo Roberto Costa (delator, em regime domiciliar), Renato Duque e Nestor Cerveró. As denúncias apontam que o esquema era coordenado pelo PT, PMDB e PP - mas beneficiou também legendas da oposição, como o PSDB.
 
AS DEFESAS
 
Sete Brasil
 
A Sete Brasil, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que não se considera como "empresa investigada pela Operação Lava Jato" e que desde que foi deflagrado o caso tem adotados as medidas internas.
 
"Não há até o momento nenhuma acusação de existência de irregularidades ou existência de um 'operador de propina' nos contratos da Sete Brasil", informa.
 
"Como vem esclarecendo desde o início do ano, a Sete Brasil informa que o ex-presidente e o ex-diretor citados por delações premiadas divulgadas pela imprensa não são mais executivos da Sete Brasil desde início de 2014, quando houve mudança da presidência e de toda diretoria da empresa."
 
A atual direção da Sete Brasil informou que auditorias externas iniciadas depois de maio de 2014, feitas em todos os contratos, chegaram à conclusão de que eles "estavam dentro da legalidade e com preços praticados pelo mercado".
 
A empresa informou ainda que está em curso um "plano de reestruturação", autorizado pelo acionistas, para ser apresentada aos credores até o final de junho.
 
Milton Pascowitch
 
O advogado criminal Theo Dias, que defende Milton Pascowitch disse que não vê a presença dos requisitos necessários para o decreto de prisão preventiva de seu cliente. "Ele (Pascowitch) já prestou depoimento recentemente, houve busca e apreensão na residência dele, houve até sua condução coercitiva, em fevereiro. Desde então, o cenário não mudou. Ele continua no mesmo endereço, suas atividades todas estão paradas."
 
Theo Dias, o defensor de Pascowitch, ressalta que, há cerca de três meses, o juiz federal Sérgio Moro indeferiu um primeiro pedido de prisão preventiva de seu cliente. "Não vejo nenhuma mudança de fevereiro para cá que justifique agora a ordem de prisão".
 
"Ainda que o Ministério Público Federal entenda que tenha provas de envolvimento de Pascowitch em atividades ilícitas isso não é suficiente para a prisão preventiva. Não havia risco de fuga, ameaça à testemunha. O que me surpreende é um decreto de prisão sem nada que autorize tal medida, a não ser a metodologia de prender para forçar as pessoas a falarem", assinala o advogado.
 
"Estamos trabalhando minuciosamente nessas respostas e no nosso prazo, que vence na próxima segunda-feira. No meio desse prazo, porém, ocorre o decreto de prisão. Nessas últimas semanas temos tido frequentes contatos com o delegado da Polícia Federal para agendamento de depoimento do Milton (Pascowitch), são contatos assíduos com o delegado da operação."
 
Renato Duque
 
O ex-diretor Renato Duque, preso em Curitiba, negou o envolvimento em pagamento de propinas. Tanto sua atuação na Petrobras, como posteriormente na empresa própria de consultoria, foram dentro da legalidade.
 
Zwi Skornicki
 
Zwi Skornicki nega qualquer tipo de envolvimento em atividades relacionadas a Operação Lava Jato. O engenheiro informa que está sendo investigado e vem cooperando com a Justiça. Aproveita para ressaltar que presta serviços para empresas multinacionais e transnacionais que seguem rígidas normas anticorrupção.
 
Petrobras
 
Procurada, a Petrobras informou que não iria comentar o assunto.

19 de mai. de 2015

Corte de gastos será concentrado em investimentos e atingirá o "Minha Casa"

Dos R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões de cortes previstos no Orçamento do governo, cerca de R$ 65 bilhões serão em despesas não obrigatórias, entre elas obras do PAC e recursos para habitação

AE
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Além do corte de despesas no Orçamento deste ano, que deve ser da ordem de R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões, o governo vai reduzir a previsão de receitas e de gastos obrigatórios. Também vai alterar a projeção oficial para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) e da inflação. As mudanças serão anunciadas até sexta-feira.
A maior parte do corte será feita pela retenção de despesas discricionárias (que não são obrigatórias), como investimentos e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 
 
Também serão cortados investimentos financeiros, como os gastos com o programa habitacional Minha Casa Minha Vida. Segundo apurou o Estado, o corte desse tipo de despesa deve somar cerca de R$ 65 bilhões.
 
Corte na carne. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta segunda-feira que o corte de despesas planejado pela equipe econômica é uma “disciplina nas despesas discricionárias” e que o número em estudo vai provar que o governo “está respeitando todas as suas responsabilidades e cortando na carne”.
 
Segundo Levy, o objetivo é retomar o nível de gastos discricionários de 2013, de R$ 227 bilhões. “Na medida em que 2014 foi um ano de certo excesso, o que levou a um déficit primário, e não queremos repetir isso, estamos voltando para (os níveis de) 2013, que foi relativamente de expansão”, afirmou Levy.
 
Outros R$ 10 bilhões, aproximadamente, serão obtidos por meio de uma redução na estimativa de gastos obrigatórios. Essa despesa, que envolve pagamentos de salários e encargos a servidores e benefícios públicos, não pode ser simplesmente cortada. O que o governo vai fazer é reduzir a estimativa de gastos - mas se, ao longo do ano, essas obrigações aumentarem, o governo não terá como evitar despesas maiores.
 
A redução na previsão de gastos obrigatórios será principalmente obtida por meio das medidas provisórias (MPs) 664 e 665, que restringem a concessão de benefícios como seguro-desemprego e pensões por morte, em votação no Senado Federal. Essas MPs originalmente renderiam uma economia de R$ 18 bilhões com esses gastos, segundo o governo, mas depois de atenuações feitas na Câmara dos Deputados, o governo estima ter perdido R$ 4 bilhões.
 
Receitas. A equipe econômica também vai fazer um ajuste no lado das receitas previstas no Orçamento. Isso porque será reduzida a projeção oficial para o crescimento do PIB.
 
O Orçamento enviado ao Congresso no ano passado previa um avanço do PIB de 1,8%. No fim de 2014, o governo reduziu essa previsão para 0,8%, mas a estimativa de receitas continuou inflada. O mercado estima que 2015 terminará com a maior recessão em 25 anos, com uma queda de até 1,5% no PIB. Quanto menor o crescimento, menor é a arrecadação.
 
Por outro lado, a inflação mais alta aumenta a entrada de recursos nos cofres da Receita Federal. Técnicos da equipe econômica avaliam que a redução na previsão de arrecadação poderá ser menor do que especialistas estimam.
 
A definição sobre o corte de despesas será tomada após as negociações do governo com lideranças do Congresso. Entre esta terça-feira e quarta-feira, os parlamentares vão votar o ajuste fiscal.
 
Desonerações. A Câmara dos Deputados pode começar a votar nesta terça-feira o projeto de lei que revisa as desonerações da folha de pagamentos. Embora Levy deseje que o projeto seja mantido, os deputados, ecoando pedidos dos empresários, devem atuar para que o aumento de impostos seja gradual e comece em 2016. O vice-presidente, Michel Temer, admitiu que pode haver mudanças no projeto.
 
Já o Senado começará a votar as medidas provisórias que restringem benefícios trabalhistas e previdenciários. Com isso, na quinta-feira, o governo terá um quadro claro de quanto poderá perder com as medidas no Congresso e, assim, definir um corte de gastos para “complementar” eventuais derrotas.
 
O Ministério da Fazenda prepara novos aumentos de impostos. Levy disse que a lei obriga o governo a tomar medidas quando as receitas se mostram insuficientes.
 
“Se verificarmos que a receita não comporta o cumprimento da meta (fiscal), a gente toma medidas. E temos de avaliar se é questão de ampliar ainda mais os cortes ou que outra medida temos de fazer. Isso é tranquilo e é o que a lei manda.”

18 de mai. de 2015

Ministro do Supremo autoriza quebra de sigilos de Collor

Pedido foi feito pela PGR nas investigações da Lava Jato.
Senador é suspeito de receber R$ 3 milhões, mas nega acusações.

Renan Ramalho e Mariana Oliveira Do G1 e da TV Globo, em Brasília
Fernando Collor/GNews (Foto: Reprodução GloboNews)Senador Fernando Collor durante discurso na tribuna
do Senado (Foto: Reprodução GloboNews)
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) no período de 1º de janeiro de 2011 a 1º de abril de 2014.  A decisão é da última quinta-feira (14).

O pedido foi feito pela Procuradoria Geral da República (PGR) dentro de inquérito da Operação Lava Jato que apura se o senador cometeu o crime de lavagem de dinheiro e se recebeu cerca de R$ 3 milhões em propina em um negócio da BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras.

Na época da abertura do inquérito, em março, Collor disse que irá provar sua inocência e negou “qualquer tipo de relação pessoal, política ou empresarial” com o doleiro Alberto Youssef, delator que colabora com as investigações.
 

No pedido de abertura de inquérito, feito em julho do ano passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ver indícios “veementes” da prática de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Em sua delação premiada, Youssef também disse que foram feitos vários depósitos para Collor a pedido de Pedro Paulo, conhecido como PP. Ele foi ministro de Collor durante seu mandato de presidente e é dono de uma empresa que fazia negócios com o doleiro, GPI Participações e Investimentos.

Comprovantes de depósitos em espécie foram encontrados fortuitamente no escritório de Youssef durante busca e apreensão, somando R$ 50 mil. “A realização de movimentações vultosas em espécie não é comum e constitui expediente usualmente utilizado para evitar rastreamento bancário”, apontou o juiz Sérgio Moro ao encaminhar os dados ao STF.
Desde que surgiram as suspeitas, Collor tem atacado Janot e o Ministério Público pelas investigações realizadas contra ele. Num discurso no plenário do Senado, em março, o senador  afirmou que a atuação do órgão no caso é "parcial" e "irretratável". "Na prática da Justiça, listas de nomes sem provas não significam absolutamente nada. [...] Que credibilidade e veracidade supremas podem haver nas palavras de notórios contraventores da lei?", afirmou.

16 de mai. de 2015

Os escândalos do padre golpista

Líder de uma das paróquias mais populares do Brasil, pe. Osvaldo é investigado por desviar cerca de R$ 2 milhões dos fieis, comprou uma cobertura duplex em condomínio de luxo, é dono de um empório e de uma pizzaria e casado com uma empresária


O encontro foi marcado para as 13h50 da quarta-feira 13. No local combinado, um senhor alto, de cabelos grisalhos e com as pontas escuras por causa da tintura antiga desce de um carro branco da marca Mitsubishi. Ele caminha até a frente do prédio, abre a porta de aço, liga as luzes e já começa a mostrar seu imóvel, à venda por R$ 2,5 milhões. O térreo é um mini-mercado com caixas registradoras, freezers e prateleiras com algumas mercadorias que haviam sobrado da época do fechamento, no final de fevereiro. A maioria produtos importados, como vinhos e frios, de muita qualidade e preços altos. Afinal, apesar de estar localizado no bairro São Lourenço, em Bertioga, a 120 km de São Paulo, o comércio fica a metros da Riviera de São Lourenço, condomínio conhecido por reunir veranistas de alto poder aquisitivo. No segundo andar, uma sala onde funcionava uma pizzaria tem 15 mesas empilhadas, balcão com as louças usadas no restaurante, cozinha equipada e uma máquina de fabricação de massa de pizza. “As vendas foram boas, mas não tive lucro. Investi muito mais dinheiro do que o valor que estou pedindo”, diz o proprietário, que desistiu do empreendimento, administrado por sua esposa, segundo ele próprio, por não levar jeito como empresário. “Penso em sair do Brasil”, diz. Aos corretores, pede que divulguem o preço do imóvel como sendo de R$ 4 milhões. O comprador se mostra interessado, mas combina de retornar em breve com uma resposta.
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À PAISANA
Pe. Osvaldo Palópito atualmente, em seu mini-mercado:
um homem de negócios
Esse poderia ser o início de uma transação de compra e venda de um imóvel não fosse o dono do empreendimento o padre Osvaldo Palópito, 60 anos, que ficou conhecido no início deste ano ao ser afastado da igreja de Santo Expedito, em São Paulo, uma das mais visitadas do País, por ter desviado ao menos R$ 2 milhões de sua paróquia. E o candidato a comprador a reportagem de ISTOÉ simulando interesse no negócio. O desvio milionário é o golpe conhecido, mas está longe de ser o único, uma vez que, como sacerdote, Palópito fez voto de pobreza e castidade e não poderia ter bens, nem manter relação amorosa com uma mulher. ISTOÉ descobriu que o sacerdote possui, além do empório e da pizzaria, uma cobertura duplex na Riviera de São Lourenço, anda em carros importados e leva vida de casado. Mais magro, com a barba por fazer e um pouco abatido, Palópito ainda mantém a postura simpática, a extroversão e o carisma que o tornaram um padre querido pelos devotos do santo das causas urgentes. Ele também conquistou os fiéis vendendo seus CDs – tem seis – e fazendo shows pelo País. Desde 2003 à frente da paróquia, que chega a receber 250 mil pessoas no dia do padroeiro, em 19 de abril, o sacerdote tinha funções pastoral e administrativa e lidava diretamente com dízimos e doações, fonte majoritária de renda para a manutenção da igreja. Após receber denúncias de pessoas que trabalharam com ele, a corregedoria da Polícia Militar – Palópito é capelão militar e, por isso, está submetido às regras da corporação – iniciou uma investigação em setembro de 2014 na qual identificou “indícios de desproporção entre o patrimônio do capelão e seus vencimentos”. A investigação foi finalizada com indicativo de acusação por crime de peculato, no qual um servidor público se apropria de dinheiro ou qualquer bem a que tenha acesso em razão do cargo, e encaminhada à Justiça Militar, que deverá julgar o processo. O sacerdote ingressou na corporação por meio de concurso e ocupava também o posto de tenente-coronel. Em 31 de janeiro, ele pediu sua transferência para a reserva, como se chama a aposentadoria dentro da PM. Essa manobra lhe garante que, mesmo que seja considerado culpado e perca a patente, mantenha alguns benefícios.
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NEGÓCIO
Fachada do empório e pizzaria registrados em nome de Isabel
Firmino, apresentada pelo padre como sua mulher
Depois de o escândalo vir à tona neste ano, a luxuosa cobertura duplex na Riviera de São Lourenço foi colocada à venda por R$ 2,65 milhões. Em conversa com a reportagem, a corretora responsável pelo imóvel afirmou que a negociação foi fechada no início de maio pelo valor R$ 2,3 milhões “porque o proprietário estava envolvido em um escândalo e precisava do dinheiro rapidamente”. Um documento no rack da sala de estar com informações sobre retirada de equipamento da TV por assinatura confirma o nome do assinante: Osvaldo Palópito. O apartamento foi vendido com permuta por outro na Riviera no valor de R$ 1,6 milhão. O restante foi pago em dinheiro, à vista. A cobertura duplex tem 325,07m², vista para o mar e piscina. Todos os eletrodomésticos são de última geração.
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O mercado está registrado no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) em nome de Isabel Cristina Firmino. Segundo moradores de São Lourenço confirmaram à reportagem, entre eles uma ex-funcionária do empório, Isabel era apresentada pelo padre como sendo sua esposa. O próprio Palópito confirmou, na quarta-feira 13, enquanto mostrava seu estabelecimento, que “dona Isabel”, nome que aparecia em cartazes pedindo organização na cozinha da pizzaria, era sua mulher. No mesmo CNPJ, o e-mail de Palópito consta no campo “endereço eletrônico”. Ainda de acordo com os moradores da região, o casal era conhecido por ostentar. Eles circulavam pelo condomínio de luxo com dois carros da marca Mitsubishi e não hesitavam em dar detalhes sobre suas compras e viagens. À reportagem, o padre chegou a afirmar que queria trocar seu automóvel por uma BMW e citou um tour feito em uma vinícola em Santiago, no Chile. Muitos moradores nem sabiam que o dono do empório e da cobertura duplex era o líder de um dos pontos de peregrinação católicos mais frequentados do Estado e tomaram conhecimento de sua vida dupla apenas quando as notícias sobre o inquérito da PM vieram à tona.
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Acima, celebração do dia de Santo Expedito, em 19 de abril. Estimativa
é que capelania receba centenas de milhares de pessoas na data.
Abaixo, padre Palópito durante missa
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Um dia depois do encontro com Palópito, ISTOÉ entrou em contato por telefone com ele e informou sobre o real objetivo da visita ao imóvel e sobre a publicação desta reportagem. Ao ser questionado sobre o tempo em que estava casado, já que havia dito um dia antes que “dona Isabel” era sua esposa, o capelão negou ter uma companheira. “Nunca fui casado. A gente é amigo. Ela é proprietária.” Ao final da ligação, Palópito, tranquilo, perguntou se, por causa da visita, havia de fato interesse na compra do imóvel. Mostrou-se desapontado com a resposta negativa e agradeceu o contato. Sobre o patrimônio, Paulo Ornellas, seu advogado, afirma que o cliente trabalha há 30 anos e que não tem onde gastar seus rendimentos – só se esqueceu que sacerdócio não é trabalho e que os padres têm apenas uma ajuda de custo, chamada côngrua, no valor médio de dois salários mínimos. No momento adequado, após a abertura do processo, ele irá justificar seus bens perante a Justiça, disse o advogado. “O inquérito corre em segredo de Justiça, estou esperando a tramitação para falar sobre o caso.”
A paróquia de Santo Expedito é uma capelania militar. Por isso, Palópito responde tanto à Igreja Católica quanto à corporação. Assim, se for considerado culpado pelo crime pelo qual foi investigado, será afastado definitivamente da Polícia Militar. Segundo a secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, o padre também terá de responder criminalmente. De acordo com o Ordinariado Militar, espécie de arquidiocese para as Forças Armadas e polícia, Palópito está afastado do ministério sacerdotal enquanto tramita o inquérito. Desde que o escândalo veio à tona, não houve nenhum contato entre o padre e seus superiores.
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No âmbito eclesiástico, se provado o fato de Palópito ter uma companheira, a punição mais dura seria o afastamento do exercício do ministério por concubinato, como explica o padre Edson Chagas Pacondes, professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, ligada à Arquidiocese de São Paulo. “Em relação à questão financeira, a pena seria o ressarcimento”, afirma. “Já a excomunhão é um caso mais esporádico e só aplicado quando há relação com questões religiosas, como negar a própria fé.” Se pensarmos em fé como um compromisso com a caridade, a humildade e a justiça, usar as doações e o dízimo dos fieis para enriquecimento próprio não é também uma maneira de negá-la?  
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15 de mai. de 2015

Dilma convoca equipe econômica para discutir cortes no Orçamento

Após Câmara aprovar medidas que aumentam gastos do governo, presidente reúne ministros neste domingo para tratar de contingenciamento

AE
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Depois de ver aprovadas pela Câmara dos Deputados as medidas provisórias 664 e 665, que endurecem as regras de acesso a benefícios previdenciários e trabalhistas, a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião neste domingo, 17, para discutir o tamanho do contingenciamento do Orçamento.
A reunião no Palácio da Alvorada, marcada para as 18h, terá as presenças dos ministros da Fazenda, Joaquim Levy; do Planejamento, Nelson Barbosa; e da Casa Civil, Aloizio Mercadante. 
 
Na semana passada, o vice-presidente Michel Temer chegou a dizer que, "se não houver um ajuste, o contingenciamento será muito radical". Com as alterações promovidas nas duas MPs pela Câmara, o governo deverá conseguir uma economia entre R$ 14 bilhões e R$ 14,5 bilhões, de acordo com estimativas feitas pela equipe econômica. Sem as mudanças, o governo estimava uma economia de R$ 18 bilhões.
 
O contingenciamento deverá ser anunciado oficialmente na semana que vem. O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, disse na última quarta-feira, a3, que "com certeza, todas as áreas do governo, dentro das metas propostas, sofrerão contingenciamento", mas ressaltou que os "programas sociais estão preservados". O contingenciamento deverá ficar próximo de R$ 65 bilhões.

14 de mai. de 2015

Brasil é o 11º país com mais mortes por arma de fogo

Levantamento do Mapa da Violência deste ano avaliou 90 nações e aponta que, no Brasil, 42.416 pessoas foram vítimas de disparos em 2012

Por: Kalleo Coura
Três homens foram baleados em Guarulhos na noite de sábado; dois morreram no local
Brasil tem taxa de 21,9 mortes a cada 100.000 habitantes(Helio Torchi/Estadão Conteúdo/VEJA)
A cada hora quase cinco brasileiros morrem vítimas de um disparo de arma de fogo. Numa lista com 90 nações analisadas, apenas países do porte de Venezuela, El Salvador, Trinidad e Tobago e Iraque são proporcionalmente mais violentos que o Brasil, que ocupa a décima primeira posição neste ranking - taxa de 21,9 mortes a cada 100.000 habitantes. Este é o retrato traçado pelo Mapa da Violência 2015 - Mortes Matadas por Armas de Fogo, levantamento de autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, que será lançado nesta quinta-feira.
"Se não tivéssemos aprovado o estatuto do desarmamento, esse cenário seria ainda pior", diz Jacobo. Apesar de as 42.416 mortes por armas de fogo registradas em 2012 serem o pico da série histórica que começa em 1980, no estudo, o sociólogo identificou que o estatuto foi responsável não só por anular a então tendência de crescimento anual dos homicídios de 7,2%, como por reduzir o número de assassinatos nos primeiros anos de implantação.
Com isso, segundo a pesquisa, 160.036 vidas foram poupadas no período de 2004 a 2012. Os jovens de 15 a 29 anos foram os principais beneficiários da mudança na legislação, com 113.071 vidas salvas.
Esse é o terceiro estudo com foco em mortes ocorridas exclusivamente por disparo de armas de fogo. O primeiro foi divulgado em 2005, e o segundo, em 2013, com dados até 2010. Na versão daquele ano, o número de mortes por armas de fogo foi de 38.892, e a taxa de mortes por 100.000 habitantes, foi de 20,4. Do segundo estudo para este, o crescimento desse tipo de morte foi de 9% para o número de mortes, e 7,35% em relação à taxa.
Taxas de mortalidade por arma de fogo no mundo
(VEJA.com/VEJA)

​O estudo é lançado no momento em que a Câmara dos Deputados discute numa comissão especial o projeto de lei 3.722/2012, de autoria do deputado Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC), que na prática revoga o estatuto do desarmamento.
"O projeto é um retrocesso. Se for aprovado, haverá um incremento absurdo da mortalidade. A primeira coisa que se faz quando as Nações Unidas intervém num país que vive um conflito é desarmar a população. Arma de fogo não foi feita para se defender, foi feita para matar", afirma o sociólogo.
O Mapa da Violência identificou ainda a tendência interna das mortes por armas de fogo. A região Sudeste é a que registrou queda mais acentuada no número de mortes de 2002 a 2012, puxada principalmente por São Paulo e Rio de Janeiro, dois Estados que investiram em tecnologia e no aparelhamento de suas polícias principalmente no início da década passada.
Os principais aumentos nas mortes foram de 135,7% na região Norte e de 89,1% no Nordeste. Já o Estado onde a violência armada mais cresceu foi o Maranhão, com uma variação de 273,2% no número de mortes. A explicação é que houve uma migração da criminalidade para áreas que tiveram um crescimento econômico recente, mas que tradicionalmente possuem um poder de investigação menor. Como a impunidade nessas regiões é ainda maior do que no Sudeste, o crime encontrou um ambiente mais que propício para se estabelecer e crescer.

Gráfico taxa de óbitos por arma de fogo
(VEJA.com/VEJA)

13 de mai. de 2015

Câmara aprova liberação de R$ 50 bilhões para o BNDES

Texto ainda depende de aval do Senado. Oposição critica o aporte em um momento de ajuste fiscal

Por: Gabriel Castro e Marcela Mattos, de Brasília
Plenário da Câmara dos Deputados - 15/04/2015
Texto foi aprovado com 299 votos a favor e 120 contra na Câmara (Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)
Em meio ao ajuste fiscal do governo, a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira uma medida provisória que libera 50 bilhões de reais para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O texto principal teve 299 votos favoráveis, 120 contrários e uma abstenção. Agora, a MP segue para o Senado Federal.
A oposição votou contra a medida provisória. "O PT tira direito dos trabalhadores, como seguro-desemprego e abono salarial, para entregar para as grandes empresas 50 bilhões de reais com juros subsidiados", criticou o líder do PPS, o deputado Rubens Bueno (PR). Outros oposicionistas citaram os repasses do BNDES a regimes estrangeiros, como Cuba, para criticar a proposta.
O governo alega que a liberação é importante para assegurar o financiamento de pequenas, médias e grandes empresas e, assim, gerar empregos num momento de crise. "A oposição quer ludibriar o povo brasileiro. Quer apontar simplesmente questões como 'Ah, tem corrupção aqui, tem corrupção ali'. Vamos debater a economia, vamos debater as questões centrais", rebateu Carlos Zarattini (PT-SP), vice-líder do governo.
Apesar da oposição do PT, o plenário manteve nesta terça trecho do texto que obriga o governo a prestar contas da aplicação dos recursos a cada dois meses. O Ministério da Fazenda vai ter de publicar na internet demonstrativos do impacto fiscal das operações do Tesouro Nacional com o BNDES e os valores inscritos em restos a pagar nas operações de equalização de juros.
O governo também foi derrotado, após longa discussão, na aprovação de uma emenda proposta pelo PDT que prevê que 30% dos recursos do BNDES subsidiados pela União devem ser direcionados a beneficiados oriundos das regiões Norte e Nordeste do país. Os governistas, em busca de evitar a obrigatoriedade de um piso de investimento, foram contra a medida e alegaram que a União, em 2014, destinou valor superior ao previsto no texto. Essa foi a única alteração acatada pelo plenário.
No mês passado, quando aprovou a liberação de aproximadamente 30 bilhões de reais para o BNDES, a Câmara incluiu no texto um dispositivo que extingue a concessão de empréstimos sigilosos, como o que permitiu a construção do porto de Mariel, em Cuba. O projeto ainda aguarda análise do Senado.
CPI - A aprovação do aumento de recursos repassados ao BNDES se dá ao mesmo tempo em que a oposição pressiona pela criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as denúncias de fraudes em empréstimos concedidos pelo banco público. Na Câmara, o pedido de criação da CPI já foi protocolado e é o sétimo requerimento na lista de espera para a instalação. Apenas cinco comissões de inquérito podem funcionar simultaneamente. No Senado, o governo conseguiu convencer os parlamentares a retirarem o apoio à investigação do BNDES, mas a oposição juntou novas assinaturas e a instalação agora depende do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL).
Os parlamentares querem investigar os financiamentos de 2,4 bilhões de reais concedidos para empreiteiras alvos da operação Lava Jato entre 2003 e 2014 e também empréstimos secretos firmados com países como Angola e Cuba.

12 de mai. de 2015

PF indicia André Vargas e mais 29 em novo inquérito da Lava Jato

Os inquéritos foram abertos para apurar crimes de corrupção, fraude a licitações, lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros delitos

AE
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A Polícia Federal concluiu neste fim de semana sete inquéritos policiais que apuram a responsabilidade criminal de três ex-parlamentares presos na 11.ª fase da Operação Lava Jato – Luiz Argôlo (SD/BA), Pedro Corrêa (PP/PE) e André Vargas (sem partido/PR).

Os inquéritos foram abertos para apurar crimes de corrupção, fraude a licitações, lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros delitos. André Vargas está entre os indiciados.

Trinta investigados foram indiciados. Em alguns casos houve investigados que foram indiciados em mais de um procedimento.

Vargas foi preso em 10 de abril, na Operação A Origem – 11 ª fase da Lava Jato. Segundo a força-tarefa, a agência de publicidade BorghiLowe Propaganda e Marketing Ltda, que administra contas publicitárias de órgãos como a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde, teria contratado serviços de seis outras empresas para a realização de serviços de publicidade para o banco estatal e o ministério, e as orientado a realizar pagamentos de comissões de bônus de volume nas contas das empresas Limiar e LSI controladas por André Vargas e seus irmãos.

Ele também está sob suspeita por lavagem de dinheiro na compra da própria casa em Londrina, no interior do Paraná. O imóvel foi sequestrado por ordem do juiz federal Sérgio Moro. Vargas declarou a compra do imóvel por R$ 500 mil, segundo consta da escritura. Mas o vendedor, em sua declaração de rendimentos, declarou o negócio por R$ 980 mil, “preço integralmente recebido em 2011″.

O ex-parlamentar é investigado ainda pelo repasse de R$ 2.399.511,60, em espécie, do doleiro Alberto Youssef, personagem central do esquema de corrupção na Petrobrás, para o ex-deputado. Seu envolvimento com o doleiro levou Vargas a ter o mandato cassado em dezembro do ano passado e também ser expulso do PT.

11 de mai. de 2015

Doleiro volta a dizer que Planalto sabia do petrolão

Deputados da CPI tomam depoimentos de 14 acusados de participar do assalto aos cofres da estatal para abastecer o PT e partidos aliados

Por: Alexandre Hisayasu, de Curitiba
Alberto Youssef depõe na CPI da Petrobras, na sede da Justiça Federal em Curitiba
O doleiro Alberto Youssef depõe na CPI da Petrobras na sede da Justiça Federal em Curitiba(Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress)
Primeiro a depor na CPI da Petrobras em Curitiba (PR), o doleiro Alberto Youssef voltou a afirmar nesta segunda-feira que o Palácio do Planalto sabia dos desvios para pagamento de propina na Petrobras, conforme VEJA revelou no ano passado. Os deputados foram incisivos na pergunta: o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff sabiam do esquema criminoso? "Sim. Esta é uma opinião minha", respondeu o doleiro.
Um dos delatores do petrolão, Youssef disse que, "em determinado momento, houve um racha no Partido Progressista (PP) e essa situação foi parar no Palácio do Planalto".
Questionado pelos parlamentares, Youssef apontou como alguns dos contatos no governo os ministros Ideli Salvatti, à época chefe da Secretaria de Relações Institucionais, e Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência. "O Paulo Roberto Costa [um dos operadores do esquema] sempre mencionava quando havia um imprevisto e alguma discussão entre os partidos que tinha de ter o aval do Palácio."
O doleiro também citou a anuência do Planalto ao narrar um episódio no qual o ex-ministro Paulo Bernardo (Comunicações) pediu dinheiro para bancar a campanha de sua mulher, a ex-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, ao governo do Paraná no ano passado. "Não tenho como imaginar que o Palácio não sabia."
Youssef: "O Planalto sabia de tudo!" Delegado: "Quem?" Youssef: "Lula e Dilma"
Também estão agendados para hoje os depoimentos do ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró e do lobista Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano, ligados ao PMDB. Serão ouvidos ainda Mário Góes, Guilherme Esteves e Adir Assad, outros três lobistas acusados de operarem propina na Diretoria de Serviços, então cota do PT do propinoduto.
Nesta terça, serão ouvidos os depoimentos dos ex-deputados André Vargas (ex-PT) e Pedro Corrêa (PP). Eles estão presos na carceragem do Centro Médico Prisional, na Região Metropolitana de Curitiba.
PT e PP - Youssef repetiu partes de seus depoimentos que contrariam a defesa do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ele afirmou que encontrou pessoalmente com Vaccari em restaurantes e disse que, em 2014, o petista foi pessoalmente ao seu escritório, mas em um momento em que não estava presente para recebê-lo. O doleiro reafirmou também ter entregado pessoalmente remessa de 400.000 reais para a cunhada de Vaccari, Marice Lima, e ter feito outra entrega em dinheiro no diretório do PT.
Segundo o depoimento, PT e PP dividiram 6 milhões de propina que paga à agência Muranno Marketing Brasil, em 2010, a pedido do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa.
Youssef já havia relatado essa parte do esquema de corrupção em depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato. Segundo o doleiro, o valor pago para a Muranno foi uma ordem do ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli a pedido do ex-presidente Lula.
Segundo ele, quem pagou a parte do PT foi o lobista Julio Camargo, representante no Brasil do Grupo Mitsui. "Em determinado momento, Julio Camargo fez os repasses da parte da conta do PT."
A Muranno apareceu no rastreamento de valores da empresa MO Consultoria, uma das usadas na lavanderia de Youssef. Os delatores explicaram que o valor era referente a uma extorsão que seria feita pelo dono da Muranno, Ricardo Villani, para que valores atrasados a receber da Petrobras fossem pagos. A Muranno prestou serviços para a Petrobras, em provas da Fórmula Indy, nos Estados Unidos sem contrato.
Cunha e Renan - O doleiro disse que não pode confirmar a remessa de dinheiro da empreiteira OAS para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Recebi da OAS para que fosse entregue o recurso nesse endereço. Não sabia quem era morador dessa residência", disse Youssef aos parlamentares. "Eu recebia o endereço, o local, a cidade e quem iria receber", disse Youssef.
Segundo ele, quem fez a entrega foi o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Sobre o depoimento de Careca, que implicou Cunha e o senador Antonio Anastasia (PSDB), o doleiro disse não saber se o policial disse a verdade. "Não tenho ideia. Não sei se ele inventou nomes, porque quem foi ao endereço foi ele."
Youssef disse não conhecer pessoalmente Cunha nem ter lhe repassado diretamente recursos. O doleiro disse também não conhecer ou ter dado dinheiro ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Porém, disse ter feito repasses para Fernando Baiano, operador do PMDB no esquema.
'Operação abafa' - O doleiro voltou a citar um pagamento de 10 milhões de reais para abafar as investigações de outra comissão parlamentar, que funcionou em 2010, destinada a apurar irregularidades na estatal. Segundo ele, o pagamento teria sido exigência do ex-presidente do PSDB Sergio Guerra, morto no ano passado.
"Em 2010, fui cobrar a empreiteira Queiroz Galvão para que ela pudesse pagar seus débitos na diretoria de Abastecimento da Petrobras e fui informado que eles teriam repassado 10 milhõesde reais a pedido do ex-diretor Paulo Roberto Costa", afirmou Youssef, citando um dos operadores do esquema.
(Com Estadão Conteúdo)

9 de mai. de 2015

Petrobras move as primeiras ações judiciais contra empresas da Lava Jato

Estatal pede R$ 298 milhões à Mendes Júnior e R$ 154 milhões à Engevix.
No total, empresa quer recuperar R$ 6,2 bilhões perdidos com corrupção.

Do G1 Rio
A Petrobras e o Ministério Público Federal (MPF) ingressaram com uma ação judicial contra a empreiteira Mendes Júnior, pedindo uma indenização de R$ 298 milhões, parte de uma estratégia para recuperar recursos desviados, revelou a estatal nesta sexta-feira (8). No último dia 30, a empresa foi à Justiça contra outra empreiteira, a Engevix, da qual reivindica o pagamento de quase R$ 154 milhões, a título de ressarcimento. A petroleira passa a atuar como assistente do MPF.
As duas ações são as primeiras que a Petrobras move contra empreiteiras envolvidas no esquema investigado pela operação. Outras três ações que estão sendo preparadas contra as empreiteiras Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa somam R$ 826 milhões, de acordo com a estatal. Os valores pedidos já incluem multas e reparações por danos morais.
  Para a próxima segunda-feira, está previsto o recebimento pela Petrobras de R$ 157 milhões recuperados do ex-gerente da empresa Pedro Barusco, que admitiu ter cometido desvios em depoimentos à Justiça por meio de acordo de delação premiada. Segundo a gerente executiva do Departamento Jurídico da Petrobras, Taísa Maciel, o dinheiro irá para o cofre da companhia “imediatamente”.
No total, a Petrobras tenta reaver na Justiça R$ 6,2 bilhões perdidos com corrupção em 2014. Foi este o cálculo divulgado no balanço auditado da companhia, divulgado no último dia 22 de abril. O valor foi definido no demonstrativo como "baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente".
Conforme declarou à Globo News a gerente executiva do departamento jurídico da Petrobras, Taísa Maciel, caso a justiça decida aplicar multas e danos morais pelos atos ilícitos, a petroleira pode conseguir de volta um valor até maior que os R$ 6,2 bilhões perdidos com as irregularidades.
Caso a decisão da Justiça seja favorável à Petrobras na ação contra a Mendes Júnior, poderão pagar o valor cobrado, além da própria empresa, o diretor vice-presidente executivo Sérgio Cunha Mendes; o diretor de óleo e gás, Rogério Cunha de Oliveira; o diretor vice-presidente corporativo, Ângelo Alves Mendes; o representante da Mendes Junior nos contratos com a Petrobras, Alberto Elisio Vilaça Gomes; o engenheiro da área operacional de obras e gerente de contratos, José Humberto Cruvinel Resende; e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Procurada pelo G1 na noite desta sexta-feira, a Mendes Junior afirmou que "não tem conhecimento da ação e por isso não irá se manifestar".
No caso da ação contra a Engevix, são responsabilizados a empresa Jackson Empreendimentos S/A, holding da Engevix; o vice-presidente Gerson de Melo Almada; os representantes da Engevix em contratos Carlos Eduardo Strauch Albero, Newton Prado Junior e Luiz Roberto Pereira; e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Procurada pelo G1 nesta sexta-feira, a Engevix afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
Danos morais e materiais
De acordo com a gerente jurídica da Petrobras, as duas primeiras ações tentam não só a reparação material, mas também a moral, já que a imagem da companhia teria sido abalada.
“A Petrobras está tomando todas as medidas necessárias para a integral reparação dos prejuízos sofridos, inclusive com relação à sua reputação. Essa medida de hoje se insere num contexto de diversas medidas que têm esse objetivo, incluindo aí medidas na esfera penal, quando a gente entrou como assistente de acusação, ao lado do Ministério Público, administrativas e as medidas civis que são essas das ações de improbidade”, disse.
Taísa também destacou que, se a Justiça for favorável aos pedidos da Petrobras, o valor ressarcido poderá ser superior às quantias desviadas. “Para ter ideia, nessas duas primeiras ações que a Petrobras está entrando, o pedido é de cerca de R$ 500 milhões. E já está em preparação o ingresso de mais três ações com o objetivo de obter o ressarcimento de cerca de R$ 800 milhões. Então, virão ainda outras ações contra outras empresas e outros contratos à medida que as investigações forem avançando”.

8 de mai. de 2015

PT de São Paulo tem dívida de R$ 55 milhões

Presidente paulista, Emídio de Souza, diz que não sabe como e quando vai quitar os débitos – metade vem da campanha derrotada de Alexandre Padilha

O candidato ao Governo do Estado de São  Paulo Alexadre Padilha (PT) faz  campanha com Lula em São Bernardo do Campo
Candidato derrotado ao governo de São Paulo, Alexadre Padilha deixa R$ 25 milhões em dívidas(VEJA.com/Estadão Conteúdo)
Proibido de receber doações de empresas privadas, o diretório estadual do PT de São Paulo registrou um prejuízo de 55,2 milhões de reais em 2014. Segundo números divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o diretório do PT paulista arrecadou 57,7 milhões de reais no ano passado e gastou 112,9 milhões de reais.
Segundo o PT paulista, a maior parte do prejuízo, cerca de 25 milhões de reais, se refere à dívida deixada pela campanha do candidato a governador Alexandre Padilha, atual secretário de Relações Institucionais da prefeitura de São Paulo. Outra parte diz respeito às dívidas deixadas por candidatos a deputado nas eleições do ano passado.
Construtoras da Lava Jato doaram R$ 78 milhões a PT e PSDB
Na eleição de 2014, o PT sofreu uma das maiores derrotas em seu berço político. Com apenas 35% dos votos paulistas, a presidente da República, Dilma Rousseff, foi derrotada no Estado pelo senador Aécio Neves (PSDB), que teve 64% na disputa da Presidência. Padilha amargou o terceiro lugar na disputa pelo governo, com somente 18% dos votos.
No dia 17 de abril, o diretório nacional do PT aprovou uma resolução que proíbe o recebimento de doações de empresas privadas em todos as instâncias partidárias.
O presidente do diretório estadual do PT, Emídio de Souza, disse que o partido está conversando com os fornecedores das campanhas, mas ainda não sabe como vai pagar a dívida. "Ainda não há uma resposta para essa pergunta. Estamos conversando com fornecedores e segurando por enquanto", afirmou.
O PT foi o segundo partido que mais arrecadou em São Paulo no ano passado. O primeiro foi o PSDB, com 74,9 milhões de reais de receita e 68,6 milhões de reais em despesas.
Em terceiro vem o PSD, que arrecadou 30,7 milhões de reais e gastou praticamente o mesmo valor. O Solidariedade vem em quarto lugar - declarou à Justiça Eleitoral 20,7 milhões de reais de receitas e praticamente o mesmo montante em despesas. Na sequência aparece o PMDB, que arrecadou 15,8 milhões de reais e gastou 15,9 milhões de reais.
(Com Estadão Conteúdo)

7 de mai. de 2015

Entenda a origem do Dia das Mães

Em vários países do mundo, o segundo domingo de maio é a data escolhida para homenagear o carinho materno; tudo começou com uma filha engajada em fazer o legado da mãe sobreviver

Historicamente, o Dia das Mães moderno surgiu nos Estados Unidos a partir da iniciativa de uma mulher chamada Anna Jarvis, que queria homenagear sua mãe, Ann Maria Reeves Jarvis, nascida em 1832.
Casada com um pastor metodista, Ann teve 12 filhos, mas só viu quatro deles chegarem à idade adulta. Na época, as condições de higiene eram muito precárias e as crianças frequentemente morriam por doenças como diarreia. Preocupada com isso, ela fundou centros (Mothers’ Day Work Clubs) em diversas cidades para tentar melhorar as condições de higiene e saúde das crianças e suas famílias e diminuir a mortalidade infantil.
Durante a Guerra Civil norte-americana (1861-1865), os centros fundados por Ann foram declarados neutros e prestavam atendimento aos soldados doentes de qualquer um dos exércitos envolvidos no confronto.  No final da guerra, ela organizou o Mothers’ Friendship Day, uma data especial para tentar promover a paz e contornar as inimizades criadas pela guerra.
O caráter e o ativismo de Ann influenciaram profundamente sua filha, Anna, que ficou muito entristecida com a morte da mãe. Para tentar amenizar essa dor e também homenagear o legado de Ann, Anna e algumas amigas fizeram uma homenagem às mães na igreja que frequentavam, no dia 12 de maio de 1907.
Expansão
Nos anos seguintes, Anna passou a lutar para que o Dia das Mães fosse uma data nacional. A ideia era que na data as pessoas pensassem de forma mais intensa em suas mães.  A campanha teve boa aceitação e em pouco tempo vários estados americanos já tinham aderido à comemoração. Em 1914, o presidente Woodrow Wilson oficializou o segundo domingo de maio como o Dia das Mães nos EUA, para “a expressão pública do nosso amor e referência às nossas mães”.
Anos depois de o Dia das Mães ser incluído no calendário oficial dos EUA, Anna preocupou-se com o caráter meramente comercial de que a data estava se revestindo. Para ela, limitar a comemoração aos presentes seria distorcer o verdadeiro sentido do Dia das Mães. Por isso ela passou a combater o uso comercial da data. Ela defendeu até o fim da vida, em 1945, que o Dia das Mães fosse uma ocasião para que demonstração de amor e carinho às mães e não um mero oferecimento de presentes.
No Brasil
Inspirados na comemoração americana, a Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul (ACM-RS) começou a celebrar o Dia das Mães em 1918. Em 1931, após participar do Dia das Mães da ACM de São Paulo, a feminista e ativista política Alice Tibiriçá prometeu ajudar na campanha para oficializar a data.
No mesmo ano, durante o II Congresso Internacional Feminista, realizado no Rio de Janeiro, Alice apresentou uma moção dirigida ao chefe do governo provisório (Getúlio Vargas) pedindo para ser instituído no segundo domingo do mês de maio o Dia das Mães. No documento, as feministas explicam que “reunidas por um alto ideal de confraternização feminina para trabalhar pelo progresso do país, desejam homenagear as mães – o maior fator de nosso aperfeiçoamento moral”. No ano seguinte, em 1932, Getúlio Vargas assinou o decreto que oficializou a data no Brasil.