Presidente deu a declaração em discurso transmitido em cadeia de televisão
Cristina Kirchner, presidente da Argentina
(Lorenzo Tarditti/EFE)
Nesta quarta-feira, a presidente da
Argentina,
Cristina Kirchner, mostrou mais uma vez sua, digamos, excentricidade:
em um discurso feito em cadeia nacional de televisão, ela disse ser “a
reencarnação de um grande arquiteto egípcio”, pois não consegue segurar
sua vocação e “ama construir”.
Cristina mostrou sua predileção pelo antigo Egito pelo menos em mais uma ocasião. O jornal
El Clarín
destacou que, em março de 2010, quando inaugurou um gasoduto na região
de Ushaia, ela disse se sentir como o faraó Quéops diante de uma
pirâmide, em uma alusão à construção de Giza, a mais antiga das sete
maravilhas do mundo.
Sem bons números ou ideias, a presidente optou por uma fala vazia.
“Não temos que repetir atitudes que não nos agradam. Em um momento em
que o mundo parece vir a baixo, nós jogamos tudo para cima, com
otimismo, força e muita esperança”, concluiu.
Expropriação - Foi mais ou menos 'jogar tudo para
cima' o caminho encontrado por ela para resolver o escândalo de
corrupção envolvendo seu vice,
Amado Boudou,
e uma empresa de impressão de papel-moeda. Em vez de apurar o que de
fato ocorreu, a presidente-faraó mandou um projeto ao Congresso para
expropriar a empresa.
Deputados opositores acusam Boudou de ter pedido à Receita Federal que
não decretasse a quebra da Companhia de Valores Sul-Americana (CVS)
quando ele era ministro da Economia. O objetivo, de acordo com a
acusação, seria facilitar sua compra por um fundo de investimentos.
A declaração de utilidade pública da companhia (a única autorizada a
produzir pesos desde quando a Casa da Moeda passou a terceirizar o
serviço, em 1990) foi aprovada em uma votação relâmpago nesta
quarta-feira no Congresso argentino, que é amplamente dominado pela
presidente. Segundo Cristina, a expropriação é necessária para o estado
recuperar a capacidade de imprimir cédulas e fabricar moedas.
Marcos Brindicci / Reuters
Vice Amado Boudou recebe instruções da presidente Cristina Kirchner
Inflação - Outra medida tomada pelo "kirchnerismo",
que reflete seu modus operandi, foi a sanção decretada contra a ONG
Consumidores Libres, de direitos dos consumidores, que teve sua licença
de funcionamento suspensa após divulgar uma pesquisa que apontava o
aumento da inflação em produtos da cesta básica argentina.
O Ministério de Defesa do Consumidor argentino alegou, como publicou o jornal
El Clarín,
que faltava na pesquisa “rigor, embasamento científico e a consistência
estatísticas necessárias para a realização de medições deste tipo” o
que poderia induzir a “confusão ou a disseminação de dados
inverossímeis”.
Os dados oficiais de inflação argentinos há muito deixaram considerados
"verossímeis" por organismos e publicações internacionais.
(Com Agência EFE)