30 de set. de 2016

Para voar sem medo

App promete dar conforto a passageiros com receio de entrar em um avião explicando barulhos e solavancos durante a viagem aérea

Para voar sem medo
ALIADO Aplicativo acalma quem tem medo de voar com informações, em tempo real, do que se passa durante uma viagem aérea
Ansiedade, taquicardia, sudorese, enjoo e desarranjo intestinal. Para 6,5% da população mundial, basta falar em voar de avião que esse conjunto nada agradável de sensações se manifesta. Mais do que um desconforto, o medo de voar pode virar fobia e transformar uma simples viagem em um verdadeiro calvário – isso quando o pavor não inviabiliza o embarque. O medo costuma surgir dias antes da viagem e cresce até o derradeiro momento da decolagem. Presos à cadeira numa máquina que acelera furiosamente rumo ao céu, alguns até chegam a ter ataques de pânico.
Mas há esperanças para quem sofre desse mal. Recentemente, essa esperança se manifestou na forma de um aplicativo para smartphone. O SkyGuru, disponível para iPhone, foi criado por um piloto que tem formação em psicologia e funciona como um acompanhante técnico para os fóbicos. O guru acalma oferecendo a maior quantidade possível de informações sobre o voo antes e durante a viagem.
Basta inserir o número do voo, data, horário de partida e itinerário que o app combina essas informações com dados usados pelas companhias aéreas para exibir, antes do embarque, um detalhado relatório sobre cada momento da viagem. Velocidade, altitude, ventos, clima e até possíveis faixas de turbulência no percurso são apresentadas de forma didática ao usuário. Já durante o voo, o aplicativo usa o microfone, o giroscópio, a bússola e o barômetro do celular para identificar e explicar barulhos, movimentos, alterações de rumo e variações de altitude ao viajante. É como ter um especialista em aviação sentado na poltrona ao lado, tranquilizando o passageiro.
Ainda que o SkyGuru e outros apps como ele (leia quadro) funcionem bem para acalmar o fóbico na hora do voo, eles não tratam a origem do medo. “Acredito na eficiência dos apps se eles estiverem inseridos em um trabalho maior”, diz Cristiano Nabuco, pós-doutor em psiquiatria especializado no tratamento de medo de voar. Segundo ele, esse pavor está, frequentemente, associado à ansiedade diante de situações onde se tem pouco ou nenhum controle sobre o que acontece. E lidar com sentimentos complexos como este requer um trabalho terapêutico mais amplo. “O medo é uma reação emocional e nem sempre os esclarecimentos racionais – de mecânica de voo, aerodinâmica e física – bastarão para vencê-lo”, diz Nabuco. Mas um aliado a mais é sempre bom, e o SkyGuru promete ser exatamente isso.
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29 de set. de 2016

Lewandowski classifica impeachment como ‘tropeço’ da democracia

Da redação 
Um dos responsáveis pela manobra que ‘fatiou’ o julgamento e permitiu que Dilma Rousseff mantivesse os direitos políticos (contrariando a Constituição), o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski se referiu ao impeachment da petista como ‘tropeço’ da democracia brasileira. E culpou o chamado presidencialismo de coalizão pela saída de Dilma do poder – embora ela tenha sido condenada por crime de responsabilidade pelo Senado, em um julgamento presidido justamente por  Lewandowski, e cujos ritos foram definidos pela corte que ele presidia. De fato, Dilma, vítima sobretudo da própria incompetência, perdeu apoio no Congresso. Mas ainda que o processo de impeachment seja não apenas jurídico como também político, mesmo abandonada pelos parlamentares Dilma não teria perdido o cargo caso não houvesse comprovação do crime de responsabilidade.
A declaração foi dada durante uma aula do ministro na Escola de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo, na qual Lewandowski leciona Teoria do Estado. Aos que o ouviam, ele ainda definiu a cassação de Dilma como “lamentável”. Embora tenha feito as afirmações na segunda-feira, o caso veio á tona nesta quarta, por meio de um áudio divulgado pelo site da revista Caros Amigos. “A cada 25, 30 anos temos um tropeço na nossa democracia. Lamentável, quem sabe vocês jovens conseguem mudar o rumo da história”, disse. Lewandowski ainda classificou como um erro do STF não ter aprovado a cláusula de barreira – que reduziria o número de partidos. De acordo com ele, a profusão de siglas acabou por desorganizar o presidencialismo de coalizão: “Deu no que deu”.

28 de set. de 2016

Policial mata um negro na Califórnia e provoca novos protestos nos EUA

Afro-americano se negou a obedecer ordens de policiais.
Negro foi baleado ao tirar objeto do bolso da calça, diz a polícia de El Cajon.

Da EFE
A polícia de El Cajon divulgou através de sua conta no Twitter uma fotografia do momento onde o afro-americano apontou com suas mãos para um dos agentes (Foto: Reprodução / El Cajon Police)A polícia de El Cajon divulgou através de sua conta no Twitter uma fotografia do momento onde o afro-americano apontou com suas mãos para um dos agentes (Foto: Reprodução / El Cajon Police)
Um policial de El Cajon, na Califórnia, nos Estados Unidos, matou um afro-americano após ele apontar com suas duas mãos simulando ter uma pistola, informaram as autoridades nesta terça-feira (27). Depois do incidente, cerca de 200 pessoas, de acordo com a "CNN", se concentraram para protestar em frente a delegacia de polícia da cidade, situada nos arredores de San Diego.
O chefe da polícia de El Cajon, Jeff Davis, disse que dois de seus agentes abordaram em uma rua um homem na tarde de terça e que este se negou a obedecer "múltiplas ordens" enquanto mantinha suas mãos nos bolsos.
"Ele tirou um objeto do bolso da frente das calças, juntou as duas mãos e o estendeu em direção dos agentes", disse Davis, que não especificou de que objeto se tratava, descrevendo o momento prévio que um dos policiais matou o rapaz a tiros.
Segundo o jornal "Los Angeles Times", os investigadores não encontraram arma alguma no lugar do incidente.
O outro agente envolvido na ação disparou com uma pistola elétrica.
Os policiais correram para o local após receberem diversas chamadas alertando da presença de um homem com um "comportamento suspeito", afirmou o tenente Rob Ransweiler.
A polícia de El Cajon divulgou através de sua conta no Twitter uma fotografia do momento onde o afro-americano apontou com suas mãos para um dos agentes, uma imagem onde não identifica o objetivo utilizado pelo homem.
A fotografia foi extraída de um vídeo que as autoridades não pretendem divulgar, pelo menos até que seja revisada por um promotor.
Este caso ocorre apenas quase uma semana depois dos fortes distúrbios registrados em Charlotte , na Carolina do Norte, após a morte de outro afro-americano em uma ação da polícia e cercado de um crescente clima de tensão racial no país.

27 de set. de 2016

A cápsula nazista

Arqueólogos encontram em pequena cidade da Polônia documentos enterrados há décadas por soldados alemães. O material pode fazer novas revelações sobre o Reich

A cápsula nazista
TEMPO Enterrado em 1934 , invólucro foi descoberto por arqueólogos com livros, fotos e jornais
O inimaginável aconteceu em uma pequena cidade do interior da Polônia, quando saudações nazistas, discursos de ódio e o próprio Adolf Hitler saltaram de dentro de uma máquina do tempo. A história, que parece roteiro de uma produção barata de Hollywood, aconteceu em Zlocieniec, uma localidade com pouco mais de 13 mil habitantes. Lá, pesquisadores poloneses encontraram uma cápsula enterrada desde o ano de 1934, com fotografias do führer e duas cópias de seu livro, Mein Kampf (Minha Luta), além de jornais, moedas e outras imagens relacionadas ao 3º Reich.
Resgate difícil
O cilindro foi recuperado por arqueólogos em uma antiga escola de treinamento para combatentes nazistas, a “Ordensburg Krossinsee”. Estudiosos sabiam há décadas de sua existência, mas até recentemente não tinham sido capazes de encontrá-lo. Para chegar até o invólucro, precisaram passar por canais aquáticos subterrâneos, atravessar camadas de concreto e até desviar de minas terrestres plantadas pelos alemães. Quando finalmente alcançaram a cápsula, ainda precisaram cortá-la com uma serra elétrica para acessar seu interior. “Fizemos uma investigação documental exaustiva para identificar o local preciso”, disse à BBC a arqueóloga Alicja Witowiak, que participou da descoberta.
O resultado compensou o esforço, pois o material se encontrava em perfeito estado de conservação. Com isso, os pesquisadores poderão compreender melhor a história de um período antigo da cidade, quando ela ainda se chamava Falkenburg e fazia parte da Alemanha nazista. Depois de 1945, o território passou para a Polônia. As manchetes dos jornais encontrados registravam a abertura da escola de nazista no município. Agora, junto com o restante do que foi encontrado, passarão a integrar o acervo do museu de Museu Nacional de Zlocieniec, onde serão expostas, ao lado de explicações sobre os horrores do nazismo.

26 de set. de 2016

Teori autoriza fatiamento da delação de Sérgio Machado

Trechos que citam políticos foram desmembrados em petições autônomas – fase que antecede os pedidos de inquérito ou arquivamento da PGR

A delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, foi fatiada pelo ministro Teori Zavascki e vai gerar ao menos quatro novos procedimentos dentro do Supremo Tribunal Federal (STF), que podem dar origem a inquéritos. A decisão atende pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou ao relator da Lava Jato na Corte o desmembramento dos termos que vão de 10 a 13 da delação de Machado em petições autônomas.
Os trechos fatiados têm menções ao presidente Michel Temer, ao ex-presidente José Sarney, a senadores do PMDB, a políticos de PSDB, PP e PT e a ex-ministros como Romero Jucá, Henrique Eduardo Alves e Ideli Salvatti. As petições autônomas normalmente constituem a fase anterior aos pedidos de abertura de inquérito ou de solicitação de arquivamento pela PGR de algum trecho da apuração. A delação de Machado foi homologada por Teori em maio.

Termos

Entre os termos de colaboração que foram fatiados está o anexo denominado “obstrução e acordão”. É o termo de depoimento número 10, no qual são abordadas as conversas gravadas por Machado com Sarney, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). A divulgação dos áudios fez com que Jucá tivesse que deixar o Ministério do Planejamento. Os grampos apontavam para um possível pacto cujo objetivo seria parar a Operação Lava Jato.
As gravações deram suporte ao pedido de prisão oferecido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o deputado cassado Eduardo Cunha e os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros. Janot também pediu que o ex-presidente José Sarney fosse monitorado por meio de tornozeleiras eletrônicas. Após o vazamento do pedido, o ministro Teori Zavascki negou as solicitações de prisão do MPF.
Já o termo de número 11 diz respeito à eleição para Presidência da Câmara dos Deputados nos anos 2000 e a relação do atual senador Aécio Neves com Dimas Toledo, apontado por Machado como apadrinhado de Aécio em Furnas. Machado detalha em seu depoimento como uma articulação permitiu que Aécio fosse eleito presidente da Câmara. Segundo o delator, os valores amealhados para essa disputa foram distribuídos entre parlamentares e saíram dos cofres de empreiteiras, entre elas a Camargo Corrêa, e de Furnas, via Dimas Toledo.
No depoimento de número 12, Machado detalha repasses de recursos ilícitos efetuados por ele a diversos parlamentares e cita Temer. Segundo o delator, em setembro de 2012, teve um encontro com Temer na Base Aérea de Brasília na qual o atual presidente informou que estava com problemas para financiar a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo. De acordo com Machado, o pedido de Temer foi cumprido por meio de uma doação oficial da Queiroz Galvão ao diretório Nacional do PMDB.
Também é nesse depoimento que Machado afirma ter repassado cerca de R$ 100 milhões para o PMDB oriundo de comissões ilícitas angariadas com contratadas da Transpetro. Além de Temer, são citados: Candido Vacarezza (PT), Edson Santos (PT), Francisco Dornelles (PP), Garibaldi Alves (PMDB), Jandira Feghali (PT), Henrique Eduardo Alves (PMDB), Agripino Maia (DEM), Ideli Salvatti (PT), Jorge Bittar (PT) e Valdir Raupp (PMDB).
No caso do depoimento de número 13, cujo conteúdo o ministro Teori Zavascki autorizou desmembramento e autuação em procedimento autônomo, as declarações dizem respeito ao suposto acordo narrado por Machado entre a empresa JBS, da família Batista, e o PT para distribuir doações eleitorais a senadores do PMDB. Seriam contemplados os senadores Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, Eunício Oliveira, Vital do Rêgo, Eduardo Braga, Edson Lobão, Valdir Raupp e Roberto Requião. Esse é um dos depoimentos em que Machado cita o presidente Michel Temer. Segundo o ex-presidente da Transpetro, a notícia sobre a doação a senadores não foi bem recebida pelo PMDB da Câmara que se queixou ao então vice-presidente Temer. Após a reclamação, Temer reassumiu a presidência do partido “visando controlar a destinação dos recursos do partido”.

Moro

No fatiamento, Teori também autorizou a remessa de parte dos depoimentos ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas ações da Lava Jato na primeira instância. A parte da delação encaminhada a Moro serve para embasar investigação que não inclui autoridades com foro privilegiado.
(Com Estadão Conteúdo)

23 de set. de 2016

Bolsa-família R$15,9 mi doados por beneficiários

Os partidos que mais receberam recursos de integrantes do programa federal foram PTB, PMDB e PSD
Do total mapeado, 80% (mais de R$ 12 milhões) são de contribuições para candidatos a vereador ( FOTO: ALINA SOUZA/GOVERNO DO RIO GRANDE DO SUL )
Brasília. O Tribunal de Superior Eleitoral (TSE) divulgou ontem que 16 mil beneficiários do programa Bolsa Família contribuíram com aproximadamente R$ 15,9 milhões para campanhas de candidatos nas eleições municipais deste ano.
Segundo a corte, 67% desse montante, R$ 10,8 milhões, referem-se a doações estimativas. Isto é, valores que são atribuídos a trabalhos voluntários ou doações de materiais e bens recebidos pela campanha. Do total, R$ 5,1 milhões (33%) foram doados em dinheiro.
Os cinco partidos que mais declararam contribuições de integrantes do Bolsa Família foram PTB, com R$ 1,7 milhão, PMDB (R$ 1,5 milhão), PSD (R$ 1,1 milhão), PSDB (R$ 1 milhão) e PT (914 mil).
Levantamento
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, entregou o levantamento, que foi feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU), ao ministro do Ministério do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, chefe da pasta responsável pelo Bolsa Família.
Mendes afirmou que os dados indicam a possibilidade de que beneficiários do programa tenham sido usados para engordar os cofres de campanhas às eleições municipais.
"Tudo indica que está havendo fraude. Ou a pessoa não deveria estar recebendo ou está ocorrendo o fenômeno do 'caça CPF', a manipulação de CPF de alguém que está inocente nessa relação. Tudo isso será investigado", adiantou Mendes.
Dos R$ 15,9 milhões mapeados, 80% (mais de R$ 12 milhões) são de contribuições para candidatos a vereador, e 20% (cerca de R$ 3,5 milhões), a postulantes a cadeiras de prefeito.
O caso que mais chamou a atenção foi uma doação de R$ 67 mil, feita por um eleitor que está inscrito no programa do governo federal.
O TSE não divulgou os nomes de doadores e candidatos, tampouco as cidades onde ocorreram as supostas fraudes. Não está descartada a possibilidade de erros, como falhas de digitação e existência de homônimos, na base de dados usada pelo TCU para elaborar o levantamento.
O material será entregue ao Ministério Público e aos juízes eleitorais locais para que, se necessário, sejam instauradas investigações sobre os casos apontados pelos técnicos do Tribunal de Contas. Se no curso de um eventual processo for constatada a participação de candidatos em fraudes, eles podem ter os registros cassados.

22 de set. de 2016

Coronel Monstro Pedófilo

Acusado de estuprar uma menina de dois anos, o oficial da PM Pedro Chavarry Duarte usava uma ONG como fachada para atrair as mães e abusar de seus filhos. Polícia suspeita que ele cometia os crimes há 20 anos

Coronel Monstro Pedófilo
FOCO O coronel cresceu no subúrbio carioca e construiu uma carreira sólida na Polícia Militar, tendo até se candidato a deputado federal
Quando a criança começava a falar, ele não pegava mais”, disse à ISTOÉ a mãe de um menino que já permaneceu sob os cuidados do coronel reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro Pedro Chavarry Duarte, 62 anos, preso na noite de sábado 10 sob acusação de estupro de uma menina de 2 anos, flagrada nua e aos prantos em seu carro (leia quadro). “Agora sabemos porque, era para que não contasse as maldades que ele fazia.” Criado em subúrbios do Rio, como Ramos, na zona norte, onde tem um apartamento e também se localiza o conjunto de casebres chamado Uga-Uga, Chavarry se aproveitava do status de sua patente, do fato de frequentar pastorais católicas e de doar roupas e fraldas na região para conquistar a confiança das pessoas e levar suas crianças e bebês para, segundo dizia, serem cuidados em uma ONG infantil. Sabe-se agora que a instituição era fachada para ele poder abusar dos menores. A Polícia trabalha com a suspeita de que o militar estuprava crianças há duas décadas, pelo menos.
CRIMINOSO O coronel cercado de crianças da comunidade Uga-Uga: ele já havia sido flagrado abusando de menores, mas não foi punido
CRIMINOSO O coronel cercado de crianças da comunidade Uga-Uga: ele já havia sido flagrado abusando de menores, mas não foi punido
ISTOÉ esteve na comunidade Uga-Uga e conversou com algumas mães que confiavam os filhos ao coronel, e que vivem, agora, um pesadelo por não saberem a perversidade que ele pode ter feito com seus meninos e meninas. Para piorar, têm medo dos traficantes, que “costumam matar moradores que mantém vínculos com gente da polícia”, como contou um morador da região. “Já recebemos ameaças. Estão acusando a gente de desleixo com nossos filhos e ainda corremos o risco de nos lincharem”, afirmou uma mãe. Cinco moradoras da comunidade – entre elas a faxineira Thuanne Pimenta dos Santos, 23 anos, que foi presa na segunda-feira 13 e é investigada por formação de quadrilha -, trabalhavam em imóveis que pertencem ao coronel. “Ele perguntava se tínhamos com quem deixar as crianças para fazer a faxina e se oferecia para levá-las à tal ONG, onde ficariam com uma babá”, disse uma delas.
Pessoas da comunidade também foram contratadas para fazer a campanha dele a deputado federal (em 2014, pelo PSL/RJ). “Sempre tinha um PM ajudando a gente a entregar os santinhos. Como poderíamos desconfiar?”, afirma uma delas. As faxineiras contam que costumavam receber em torno de R$ 150 para limpar apartamentos vazios, localizados em Ramos e Vaz Lobo, ambos na zona norte, além de salas da Caixa Beneficente da Polícia Militar do Rio, órgão criado para pagar auxílios a policiais militares aposentados e familiares de PMs falecidos, presidido por Chavarry durante seis anos. As fraldas que o coronel distribuía eram adquiridas na empresa Mercadão das Fraldas, através de contrato com a Caixa Beneficente. Ele também pagou, com recursos oriundos da Caixa, o enterro de duas crianças da comunidade, no cemitério do Catumbi. O Ministério Público está investigando os casos.
Chevarry dizia, em discursos, que se dedicava demais às causas sociais e ao trabalho, deixando “a família em segundo plano”. É casado com Rosana, pai de Rachel, e residia na Barra da Tijuca, bairro nobre da zona oeste. De origem simples, nasceu e cresceu no subúrbio carioca. Filho de Modesta Chavarry Duarte, já falecida, e Milton Campos Duarte, ele ingressou na PM aos 19 anos para uma carreira bem-sucedida. No site da Caixa Beneficente, é descrito como um oficial que “adquiriu experiência necessária para se tornar um homem influente e bem visto dentro da corporação”. E é essa ascensão que o secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, do Rio, deputado Paulo Melo, não entende, pois atuou em sua prisão, em 1993, por tráfico de bebês.
Coordenador de uma comissão parlamentar na época, Melo recebeu denúncias de uma associação de moradores de Bangu, na zona norte, e montou uma operação, com a ajuda policial, para comprovar a acusação. “Flagramos o momento em que ele entrou em um apartamento usado como cativeiro pela quadrilha dele, para pegar um bebê de quatro meses, que tinha passado a noite no chão, sozinho, nu. No lugar, havia um monte de caixas de Lexotan que devia ser usado para dopar os bebês e uma mamadeira com uma água estranha”, disse à ISTOÉ. Na época, Chavarry foi preso, mas saiu impune. “É um bandido. Não entendo como foi sendo promovido dentro da PM apesar do histórico criminal. Deveria ter trocado a farda pelo uniforme de presidiário há muito tempo”, disse Melo. Em 1994, o nome de Chavarry apareceu na lista de policiais que recebiam propina do bicheiro Castor de Andrade (1926-1997). Mas, após se arrastar por 10 anos, o processo foi arquivado. E ele novamente escapou.
Agora, a PM iniciou procedimento administrativo disciplinar e, dependendo do resultado, o coronel poderá ser excluído da tropa e perder a patente. Além disso, vai responder na Justiça comum pelo crime de estupro de vulnerável – a Polícia Civil investiga se existe uma rede de pedofilia por trás de sua suposta atividade beneficente. Responsável pela investigação, a delegada Cristiana Bento, da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), acredita que o caso é “a ponta do iceberg de uma monstruosidade que pode estar sendo praticada há mais de 20 anos.”

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21 de set. de 2016

No dia das eleições Tribunal autoriza Forças Armadas em oito Estados



Entre a véspera da votação e a data do pleito, tropas estarão em cidades como o Rio de Janeiro ( Foto: AGÊNCIA BRASIL )
Brasília. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou ontem que as Forças Armadas atuem em municípios de oito Estados no primeiro turno das eleições, marcado para 2 de outubro. Entre sábado, véspera da votação, até domingo, dia do pleito, as tropas estarão em cidades do Acre, de Alagoas, do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e de Tocantins.
A corte atendeu a pedidos encaminhados pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), que recebem as solicitações dos juízes eleitorais locais.
Apenas o Piauí teve o pleito indeferido pelo relator do caso, ministro Herman Benjamin. Ele afirmou que o governo estadual, em parecer anexado ao processo, disse estar apto a garantir a segurança durante as eleições.
Apoio fundamental
Relatora da solicitação apresentada pelo Rio Grande do Norte, a ministra Rosa Weber considera que o apoio é fundamental para o transcorrer do processo eleitoral no Estado.
"Em razão da crise na segurança pública e o risco de comprometimento, não só da normalidade das eleições, como da própria integridade física dos eleitores, eu defiro o pedido", justificou a ministra. O envio das tropas já havia sido autorizado pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB), a quem as Forças Armadas são subordinadas, em decreto assinado em agosto.

20 de set. de 2016

GREVE DOS BANCÁRIOS Falha em caixas e cartão bloqueado entre queixas

Procon recomendou que bancos adotem uma série de medidas na paralisação. Orientação será debatida na quinta
O zelador José Maria Tomaz foi à agência realizar dois serviços para seu empregador, mas não teve sucesso O autônomo Francisco José teve um documento estornado e não conseguiu resolver ( Fotos: Thiago Gadelha )
A greve dos bancários se intensifica pelo Brasil e chega ao 15º dia nesta terça-feira (20). Em Fortaleza, embora diversos serviços consigam ser realizados nos caixas eletrônicos, é fácil encontrar clientes reclamando da falta de atendimento nas agências por não conseguirem resolver seus problemas. As queixas são das mais variadas e vão desde a falta de envelopes para depósitos até cartões bloqueados.
O geógrafo Renato Braz, por exemplo, não consegue efetuar saques nem pagamentos porque seu cartão está bloqueado. Ele conta que, recentemente, recebeu de seu banco um novo cartão, que, além de conta corrente, também tem a função crédito.
"Eu não pedi esse cartão, que ainda veio cobrando R$ 67 de anuidade. Como recebi esse novo, o outro bloqueou automaticamente. Agora, tenho que pagar essa fatura de quase R$ 3 mil e não tenho como. Está vencida desde o dia 14. Estou querendo falar com o gerente, mas me disseram que ele está em horário de almoço", reclamou ontem.
Na última sexta-feira (9), a servidora pública aposentada Solange Muniz conseguiu ser atendida por funcionários da agência da qual é cliente e efetuou o pagamento de três contas de energia. A aposentada não conseguiu fazer o procedimento nos caixas eletrônicos porque as máquinas não estavam lendo os códigos de barras das faturas.
Ontem, porém, Solange Muniz teve uma surpresa. Descobriu que o pagamento dos três boletos, no valor de R$ 1.400, não havia sido autenticado pelo banco. "O valor foi debitado da minha conta, mas consta que os papéis não foram pagos. Estou aguardando para ser atendida pela gerência do banco, porque preciso prestar conta desse pagamento", reclama.
Documento estornado
O autônomo Francisco José de Lima também estava em busca de uma solução para seu problema. Há cerca de duas semanas, ele depositou um cheque no valor R$ 4.500 para pagar parte do financiamento de um veículo, mas o documento foi estornado. Segundo ele, o impasse ocorreu porque houve erro no preenchimento da data.
"Era para ter preenchido para o dia 6 de setembro, mas foi colocado para 6 de outubro. Preciso falar com alguém do banco. Já é a terceira vez que venho a essa agência e não consigo resolver isso. Estou com outro cheque, com a data certa. O pior é que os juros estão correndo", lamenta Francisco José.
Já o zelador José Maria Tomaz foi à agência realizar dois serviços para seu patrão, mas não teve sucesso. O depósito não foi feito por falta de envelope. Já o pagamento do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf), que, segundo ele, só pode ser efetuado na boca do caixa, não foi realizado por falta de funcionários.
"Meu patrão me disse que, hoje (ontem), os bancos teriam que abrir para o publico por, no mínimo, duas horas. Por isso, eu vim aqui para ver se estava tendo atendimento. O Darf dele vence amanhã (hoje)", observa José Maria, torcendo para que a greve termine logo.
Recomendações
O assessor jurídico da Associação de Bancos do Estado do Ceará (Abance), Lúcio Paiva, explica que as recomendações estabelecidas pelo Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza) - para diminuir os problemas enfrentados pelos clientes durante a greve - serão acatadas. Nesta quinta-feira (22), às 18h30, a associação se reunirá com os superintendentes dos bancos cearenses, para repassar as medidas. A diretora geral do Procon Fortaleza, Cláudia Santos, também foi convidada à reunião. "As medidas são razoáveis, queremos conversar com os superintendentes para ver a melhor forma de aplicar as recomendações", ressaltou.
O documento conta com oito recomendações, além da proibição do bloqueio de funções dos terminais de autoatendimento, ainda foi recomendado pelo órgão, que os bancos revoguem as limitações impostas em relação a saques e outros serviços; desonerem os consumidores da cobrança de quaisquer taxas referente a devolução de cheques; abstenham-se de cobrar a chamada taxa de manutenção de conta corrente; disponibilizem empregados/terceirizados para auxiliar aos consumidores; garantam aos consumidores o livre acesso aos caixas eletrônicos; evitem a negativação dos correntistas; e divulguem o conteúdo desta recomendação.
Balanço
A greve dos bancários entrou ontem em seu 14º dia, com maior adesão, sendo fechadas 419 agências em todo o Estado, sendo 223 em Fortaleza e 196 no Interior, que corresponde a um percentual de paralisação de 74,56% do total, como aponta o balanço diário do Sindicato dos Bancários do Ceará (Seeb). De acordo com o presidente do Seeb Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, a expectativa é de que a greve continue a crescer.
A Federação Nacional dos Bancos subiu de 6,5% para 7% a proposta de reajuste salarial da categoria, acrescido de um abono de R$ 3,3 mil, mas os bancários reivindicam pela alta de 14,78%, mais o pagamento de três salários e R$ 8,3 mil em participação nos

19 de set. de 2016

NY reforça segurança. Polícia vê conexão entre explosões

Bomba que explodiu em Chelsea foi 'ato de terrorismo', segundo o governador

As autoridades de Nova York acreditam que há conexão entre a explosão de uma bomba no bairro de Chelsea, em Manhattan, que feriu 29 pessoas no sábado, e a explosão em um cano em Nova Jersey. “Não sabemos de tudo. Acreditamos que estão conectados? Sim. Mas não há provas disso ainda”, afirmou Robert Boyce, chefe dos detetives do Departamento de Polícia de Nova York. A polícia ainda busca por suspeitos e motivação para os ataques.
A cidade ampliou neste domingo as medidas de segurança nas estações ferroviárias, aeroportos, linhas de metrô e de ônibus, informou o chefe de Polícia, James O’Neill. O governador de Nova York, Andrew Cuomo, explicou que um contingente extra de 10.000 agentes de segurança vai patrulhar as ruas da cidade nos próximos dias. “Vamos encontrar quem fez isso e eles serão levados à Justiça”, disse, acrescentando que se trata de um ato de terrorismo, mas que não existem provas de ligação com grupos internacionais.
O prefeito da cidade, Bill De Blasio, por sua vez, pediu para que a população esteja “vigilante” e que qualquer pista sobre a autoria do crime seja entregue à Polícia.
Investigações preliminares indicam que o artefato teria explodido dentro ou nas proximidades de uma lixeira em Chelsea, no coração de Manhattan. Horas mais tarde, foi encontrada um segunda bomba caseira – uma panela de pressão ligada a um celular por alguns fios – ainda em Chelsea, a poucos quarteirões da primeira explosão.
A candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, condenou neste domingo o que chamou de “aparentes ataques terroristas” em Minnesota, Nova Jersey e Nova York. Os três ataques no sábado envolveram um esfaqueamento em um shopping em Minnesota que feriu nove pessoas, a explosão de uma bomba no bairro de Chelsea, em Manhattan, que feriu 29 pessoas e uma explosão em um cano em Nova Jersey.

17 de set. de 2016

O inferno de Pimentel

À espera da decisão do STJ que pode afastá-lo comando do governo de Minas Gerais, o petista se torna indiciado em mais dois casos de corrupção

O inferno de Pimentel
EM BREVE STJ pode aceitar denúncia contra Pimentel nos próximos quinze dias
Desde que assumiu o governo de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) coleciona problemas com a Justiça. Não bastasse a denúncia de corrupção que pode afastá-lo a qualquer momento se aceita pelo Superior Tribunal de Justiça, o petista passou à condição de investigado formal em outro caso da Operação Acrônimo na última semana. O ministro Herman Benjamin, do  STJ, autorizou a Polícia Federal a indiciá-lo por ter recebido propina para facilitar empréstimos a empreiteiras. É o último passo antes de uma denúncia formal pela Procuradoria-Geral da República. As investigações apontam que Pimentel, então ministro do Desenvolvimento no primeiro mandato do governo Dilma, exigiu cerca de R$ 25 milhões do grupo Odebrecht. Em troca, prometeu ajuda para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concedesse créditos para obras em Moçambique e na Argentina. Segundo a delação do operador do petista, Benedito Oliveira, o Bené, o acordo ilícito saiu do papel, mas a construtora não aceitou pagar a quantia exigida. Liberou R$ 12 milhões, parte em espécie. A negociata teria o consentimento de Marcelo Odebrecht, também indiciado.
O cerco se fecha
O cerco, para desespero de Pimentel, está se fechando. Na quinta-feira 17, foi deflagrada uma nova operação para investigar se ele e pessoas próximas receberam vantagens para atuarem na liberação de empréstimos em obras no exterior e fraudarem licitações do ministério da Saúde. Já outro inquérito reaberto contra o petista demonstra para onde foi o dinheiro da corrupção. Financiou o caixa dois da sua campanha ao governo de Minas Gerais. De acordo com depoimentos do operador Bené, as despesas eleitorais superam em R$ 28 milhões o valor oficial de R$ 52 milhões declarado ao Tribunal Superior Eleitoral.
De acordo com a Constituição de Minas Gerais, se virar réu,
Fernando Pimentel será automaticamente apeado do cargo
Em outra frente, Pimentel já foi denunciado pela Operação Acrônimo ao Superior Tribunal de Justiça em maio. Procuradores o acusam de ter recebido propina de uma empresa automobilística em troca da concessão de benefícios fiscais, quando era ministro. Até agora, a Corte não se manifestou se aceita ou não. De acordo com a Constituição de Minas Gerais, se virar réu, Fernando Pimentel será automaticamente apeado do cargo. Assumirá o vice Antônio Andrade, do PMDB. Na tentativa de permanecer no cargo, o petista ingressou com um pedido para que só responda ao processo se a Assembleia Legislativa autorizar. O recurso possui poucas chances de prosperar, mas serviu para lhe dar mais tempo. Foi três vezes adiado por pedidos de vista. Enfim, deverá ser julgado nos próximos quinze dias.
Petista enrascado
Fernando Pimentel enfrenta sucessivas acusações. Confira:
1. Exigiu dinheiro para ajudar empreiteiras a obterem empréstimos para obras na Argentina e em Moçambique
2. Recebeu propina em troca da concessão de benefícios fiscais para uma empresa do ramo automobilístico
3. Os gastos com a campanha de Pimentel a governador foram R$ 28 milhões acima dos R$ 52 milhões declarados

14 de set. de 2016

Atenção, pais: não mandem os filhos para os EUA

Casos de adolescentes brasileiras barradas na imigração e detidas em albergues por vários dias escancaram os exageros das autoridades americanas e os riscos a que se submetem os jovens que viajam sozinhos

Atenção, pais: não mandem os filhos para os EUA
BARRADAS Da esq. para a dir., Anna Beatriz, Anna Stephanie e Lilliana: as três adolescentes detidas pela imigração americana
Três garotas, o mesmo sonho, o mesmo desfecho. Em cinco meses, pelo menos três adolescentes brasileiras foram proibidas de entrar nos Estados Unidos quando desembarcavam no país. Casos diferentes, mas nas três situações as jovens foram encaminhadas para albergues de menores imigrantes sem saber o motivo de sua detenção, nem quanto tempo ficariam por lá. Foram tratadas como criminosas e deixaram famílias desesperadas no Brasil. “Quando cheguei ao albergue, colocaram um saco preto na minha cabeça para matar piolhos e pensei comigo ‘meu Deus, onde estou?’. Fiquei desesperada”, diz Anna Beatriz Theophilo Dutra, 18 anos, de Palmas (TO). Na época em que foi barrada, em abril deste ano, a brasileira tinha 17 anos e estava com toda a documentação em dia. Depois de 15 dias presa em um albergue em Chicago, Anna Beatriz voltou ao Brasil. Outro caso de prisão sem sentido, a recém-liberada Anna Stephanie Radeck, 16 anos, ficou 20 dias detida no mesmo local e retornou ao Brasil na quinta-feira 1. A última prisão foi de Lilliana Matte, 17 anos, de Boa Vista (RR), em 22 de setembro. Na sexta-feira 9, porém, foi solta e retornou ao País. “Ela chamou a atenção de um policial por fazer uma selfie em área restrita. Quando viram que era menor desacompanhada, foi barrada, mesmo com a documentação necessária e acompanhada de dois casais de amigos da família”, afirma a mãe, Anaide Matte.
As dramáticas histórias dessas adolescentes brasileiras, inocentes maltratadas em prisões num país estranho e deixadas à deriva pelos consulados locais, mostram que há um novo status quo estabelecido pela imigração nos Estados Unidos. O fato não passa despercebido porque essa juventude, mesmo municiada de todos os documentos necessários, tem sido barrada de forma inclemente. Diante dessa realidade, chega-se à conclusão de que não é recomendável mandar os filhos menores para os Estados Unidos. A política de imigração dos americanos sempre foi severa, e tem recrudescido cada vez mais, à medida que aumenta a ameaça terrorista no mundo. Mas atingir jovens cujo único objetivo é passear na Disney é um absurdo. Mais do que isso, mantê-las sob restrições severas – as garotas tiveram de usar uniforme, tomar até dez vacinas e foram privadas do contato – é um ato de crueldade.
Complicadores legais
Ingrid Baracchini, advogada especialista em imigração, diz que um menor entrar sem um responsável legal é um risco. “A imigração não permite que o jovem entre sozinho porque, se algo acontecer, será responsabilidade do Estado”, diz Ingrid. Caso o menor seja barrado, ele não pode decidir sozinho pela remoção voluntária. “Por isso essas meninas foram encaminhadas para albergues”, afirma a advogada. Thiago Oliveira, CEO da Globalvisa, empresa de assessoria que atende brasileiros que queiram viajar para o exterior, considera os casos das adolescentes barradas como “situações de caráter humanitário”. “Por um lado, o governo americano vem fazendo esforços para atrair brasileiros, porque é um povo que consome muito. Mas, se fosse mesmo isso, eles deveriam adotar procedimentos mais dignos”, diz. Segundo Oliveira, a quantidade de vistos negados para brasileiros tem aumentando, o que teria relação com a crise econômica. Consultada, a embaixada dos EUA no Brasil afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa que não iria comentar os casos. Ingrid Baracchini, advogada especialista em imigração, diz que um menor entrar sem um responsável legal é um risco. “A imigração não permite que o jovem entre sozinho porque, se algo acontecer, será responsabilidade do Estado”, diz Ingrid. Caso o menor seja barrado, ele não pode decidir sozinho pela remoção voluntária. “Por isso essas meninas foram encaminhadas para albergues”, afirma a advogada. Thiago Oliveira, CEO da Globalvisa, empresa de assessoria que atende brasileiros que queiram viajar para o exterior, considera os casos das adolescentes barradas como “situações de caráter humanitário”. “Por um lado, o governo americano vem fazendo esforços para atrair brasileiros, porque é um povo que consome muito. Mas, se fosse mesmo isso, eles deveriam adotar procedimentos mais dignos”, diz. Segundo Oliveira, a quantidade de vistos negados para brasileiros tem aumentando, o que teria relação com a crise econômica. Consultada, a embaixada dos EUA no Brasil afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa que não iria comentar os casos.
As duras normas americanas
Basicamente, é impedido de entrar nos Estados Unidos quem já trabalhou ilegalmente no país, quem é suspeito de querer ficar mais tempo do que o respectivo visto permite, quem não consegue provar que tem dinheiro para se manter, já foi condenado criminalmente ou tem ligações com grupos terroristas. Mas, por vezes, as razões beiram o inexplicável. Como, por exemplo:
Em 2013, Niels Gerson Lohman, um escritor dinamarquês, não pode entrar no país porque anteriormente tinha viajado para países muçulmanos, como Iêmen e Malásia
Em 2012, dois jovens britânicos ficaram detidos durante 12 horas após desembarcarem nos EUA por terem postado mensagens no Twitter dizendo que planejavam “destruir a América”, referindo-se a uma gíria para “festa”
Em 2007, Andrew Felmar, psicoterapeuta canadense, foi barrado quando um agente da imigração pesquisou seu nome na internet e descobriu que ele havia escrito, 40 anos antes, um artigo sobre LSD
ANGÚSTIA Anna Beatriz Theophilo Dutra posa com a mãe, Leide Theophilo, na data do seu retorno ao Brasil, após 15 dias presa nos EUA
ANGÚSTIA Anna Beatriz Theophilo Dutra posa com a mãe, Leide Theophilo, na data do seu retorno ao Brasil, após 15 dias presa nos EUA
“Fiquei desesperada”
A brasileira Anna Beatriz Theophilo Dutra, à época com 17 anos, foi presa pela imigração americana em abril, durante 15 dias. Nessa entrevista ela conta à ISTOÉ os momentos de aflição que viveu
O que aconteceu quando você desembarcou nos Estados Unidos?
Eu respondi às perguntas do agente da imigração, parecia que tudo corria normalmente quando fui encaminhada para outra sala. Depois de uma hora, uma mulher me chamou. Ela chegou a dizer que sabia que eu tinha um namorado nos EUA.
Depois disso, o que houve?
Falaram que eu teria de passar três dias em Chicago para ter uma audiência com um juiz. Aí cheguei a um lugar onde me entregaram roupas e me colocaram um saco de lixo na cabeça com um produto para matar piolhos. Não explicaram absolutamente nada, apenas diziam que depois eu ia entender. Comecei a ficar desesperada.
Como era a rotina no albergue?
Tínhamos que acordar todo dia às 6h30. Aí limpávamos quarto e banheiro, tomávamos café e lavávamos a louça.
O que aconteceu depois que você foi liberada?
Ainda no albergue me pediram para assinar uma deportação voluntária. Como eu não havia feito nada de ilegal, me recusei, e uma advogada orientou minha mãe a incluir uma cláusula no documento dizendo que eu saía voluntariamente do país, mas não que aceitava a deportação.
Você tinha planos de continuar viajando?
Sim, iria para o Canadá. Mas quando voltei ao Brasil fiquei uma semana sem sair de casa e.meu cabelo começou a cair. Minha mãe me convenceu e estou aqui agora. Engraçado é que, na conexão nos Estados Unidos para cá, fui levada para a sala de novo. A agente da imigração chegou a me dizer que, se da primeira vez o caso estivesse com ela, teria cancelado meu visto.
Fotos: Arquivo pessoal

12 de set. de 2016

Um gravíssimo precedente

Se o STF não reverter a decisão que manteve os direitos políticos de Dilma estará consumado o atentado à Constituição Federal, que coloca em xeque a Lei da Ficha Limpa. Com isso, políticos corruptos e quase cinco mil servidores públicos demitidos por justa causa poderão ser beneficiados

Crédito: Foto: Wenderson Araujo
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É unanime entre os juristas a convicção de que a manutenção dos direitos políticos da ex-presidente Dilma Rousseff representa uma ameaça à Constituição. E, apesar disso, a tendência é a de que nas próximas semanas o Supremo Tribunal Federal irá validar esse atentado contra o estado de direito. Embora os ministros considerem inconstitucional o fatiamento da punição imposta a Dilma, há entre eles um perigoso consenso. “Alterar agora o que foi definido no Senado poderá colocar o País sob uma grande instabilidade política”, disse na semana passada uma ministra ouvida por ISTOÉ. É verdade que boa parte das decisões proferidas pelo STF tem conotação política, mas politizar as decisões não é o que se espera dos magistrados da mais alta corte de Justiça do País.
No caso específico do impeachment de Dilma, há entre os juristas a certeza de que o erro cometido pelo Senado pode sim ser corrigido no STF sem risco de haver instabilidade. “Está muito claro que o vício está na manutenção dos direitos políticos da ex-presidente e não na perda do mandato”, argumento o professor de direito administrativo da PUC-SP Adilson Dalari. “E a decisão deve ser revista apenas onde existe o vício que está no quesito do fatiamento”.
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Nos últimos dias, mais de dez ações contra o processo do impeachment desembarcaram no tribunal constitucional, dentre elas os mandados de segurança que questionam a separação das votações da cassação e da perda dos direitos políticos. Todos relacionados ao fatiamento ficaram nas mãos da ministra Rosa Weber. Na quinta-feira 8, a ministra rejeitou seis desses mandados de segurança, mas apenas por questões processuais. O mérito ainda será julgado pelo plenário da corte. A mesma ministra Rosa Weber determinou a inclusão da ex-presidente, Dilma Rousseff, como parte em diversos mandados de segurança. Nos despachos, publicados na última quinta-feira, 8, ela deu prazo de 15 dias para a correção das petições iniciais. Até la, o caso está em suspenso. Uma espera que ameaça abarrotar os escaninhos da justiça com pedidos de revisão de punições de servidores públicos. Muitos deles vão apelar a jurisprudência concedida com o fatiamento dado ao caso de Dilma.
UMA ENXURRADA DE AÇÕES
É fato que a separação das punições preocupa e muito. Se a moda pega, todos os políticos e todo rol de servidores públicos que foram punidos com a inabilitação para o exercício público estarão na condição de ter restabelecidos seus direitos. De 2003 a julho deste ano, 4.962 servidores foram demitidos do serviço público por envolvimento com irregularidades, segundo dados do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle, antiga Controladoria-Geral da União (CGU). Em tese, pela Lei da Ficha Limpa, todos eles ficam inelegíveis por oito anos. A depender do tipo de infração, também podem ser impedidos de voltar a exercer função pública. Todos poderão tentar, na Justiça, uma nova habilitação para o serviço público.
MONOCRÁTICA Rosa Weber (ao lado de Teori Zavascki) decidiu manter tudo como está
MONOCRÁTICA Rosa Weber (ao lado de Teori Zavascki) decidiu manter tudo como está
Muitos parlamentares cassados, condenados e até presos podem tentar voltar a receber um salário dos cofres públicos. Por exemplo: o ex-deputado André Vargas (ex-PT-PR), hoje preso em Curitiba por acusações de corrupção na Operação Lava Jato e cassado em dezembro de 2014 depois de vir à tona que viajou em um jatinho pago pelo doleiro Alberto Youssef, pode tentar recuperar seus direitos políticos quando sair do cárcere. “Em ações de improbidade administrativa, ou mesmo de infrações penais, você tem como consequência o afastamento do cargo e inabilitação. Abrir um precedente, a meu ver, é perigosíssimo em termos de instabilidade. Em tese, todos aqueles que de alguma maneira passaram por um processo semelhante poderiam reclamar esse direito”, afirmou o advogado Luiz Fernando Prudente do Amaral, especialista em direito público e doutor em direito civil comparado.
O jurista Modesto Carvalhosa afirmou que o entendimento do Senado “cria um precedente brutal”. “Pela Constituição, é indissociável a punição de perda dos direitos políticos. O efeito da sentença é justamente esse. Não pode alguém cometer um crime de responsabilidade e ser novamente eleito na eleição seguinte”, disse. Um dos mais respeitados jurista do País, Ives Gandra afirma que o Supremo pode decidir declarar a inconstitucionalidade apenas para os casos vindouros, evitando anular a votação do impeachment. “Na eventualidade de alterar e considerar inconstitucional teria de expelir nova votação, e isso estabeleceria o caos absoluto. A essa altura, eu tenho a impressão de que é inconstitucional, mas a competência é do Senado”, disse. Mesmo que não haja a aplicação da separação para casos de outros políticos, esse se torna um forte argumento para os parlamentares tentarem mudar a Lei da Ficha Limpa, grande conquista da sociedade. É o que pensa o professor da FGV Direito Rio, Michael Mohallem. O destino dessa questão pode demorar ainda mais de duas semanas, o que causa um clima de instabilidade política no País. Mesmo com a importância da questão e a urgência de uma decisão, o Supremo postergou a análise do assunto. Nos bastidores do tribunal, a avaliação é que os ministros não irão interferir no julgamento do Senado, quando bastava fazer o dever de casa: manter a resultado do impeachment, mas anular a segunda votação que manteve os direitos de Dilma. A Constituição respiraria aliviada.
Foto: Aílton de Freitas/Agência O Globo

9 de set. de 2016

Conheça seis recursos do WhatsApp que podem melhorar sua vida

Entre as funções, está o modo de ouvir uma mensagem de voz privadamente, sem que mais ninguém a escute

O WhatsApp já tem mais de 1 bilhão de usuários e, mesmo com tantas informações circulando nas redes sociais e com a divulgação das atualizações, algumas funcionalidades interessantes do serviço passam despercebidas. Confira alguns recursos que podem deixar sua vida bem mais confortável:

1. Negrito, itálico e riscado É possível colocar palavras em negrito e em itálico. Para negrito, as palavras devem estar entre dois asteriscos (*); em itálico, devem estar entre dois sinais underline ( _ ) e para riscar um texto basta colocar uma palavra entre um sinal de til (~).

2. Compartilhar documentos

O app permite o envio de documentos no formato pdf e também o compartilhamento de arquivos do Office (Word, Excel, Power Point), pacote de programas da Microsoft. Para enviar um arquivo: no ícone de anexos das conversas está a opção “Documento”, que aparece junto com as outras antigas abas como câmera, galeria de fotos e áudio. Feito isso basta escolher o arquivo salvo no celular. Os arquivos do pacote Office têm as seguintes terminações: Word (.docx); Excel (.xlsx) e Power Point (.pptx).

3. Esconder o último acesso

A mensagem “visto por último”, que vem em cima das conversas, pode ser “escondida”: vá em “Ajustes/Configurações”, acesse a aba “Conta”, depois “Privacidade”, e  em “Visto Por Último” marque a opção “ninguém” caso queira que nenhum de seus contatos veja a que horas ocorreu o último acesso.

4. Ouvir mensagens de voz sem o alto-falante

Para evitar que aquelas mensagens de voz não atrapalhem um ambiente silencioso e outras pessoas escutem a mensagem, basta tocar no “play” e levar o celular ao ouvido, como se estivesse em uma ligação normal. Feito isso, a mensagem de voz deixará o modo alto-falante, ou viva-voz, para ser reproduzida internamente no telefone.

5. Como evitar o ‘double check’ – recibo de leitura

Há duas formas de prevenir que alguém saiba que a mensagem foi lida (quando aparece o double check azul). A primeira: ir em “Ajustes/Configurações” > “Conta” >”Privacidade” e desativar a opção “confirmações de leitura”. Dessa forma, o usuário também não verá se suas mensagens foram lidas. O outro jeito, um truque: ative o modo avião antes de ler a mensagem recebida.

6. Acessar o WhatsApp do computador

O WhatsApp Web permite o acesso do app no computador. Para espelhar o conteúdo da tela do smartphone ao computador, deve-se o site do aplicativo, e no celular ir em “Ajustes/Configurações” e selecionar onde está escrito “WhatsApp Web”. Uma tela se abrirá no smartphone com a câmera ligada, que servirá para ler o QR code da tela do computador. Reconhecida a conta, automaticamente o conteúdo do aplicativo será espelhado para a tela do computador.