Trabalho dos profissionais em área industrial de Santos começou na quinta.
No momento, quatro tanques de combustíveis estão pegando fogo.
Nese sábado (4), sexto tanque foi atingido pelas chamas (Foto: Sérgio Furtado/G1)
Mais de 100 homens do Corpo de Bombeiros seguem trabalhando sem
intervalos para controlar o incêndio que atinge uma área industrial em Santos,
no litoral de São Paulo, desde a última quinta-feira (2). Neste sábado
(4), uma nova explosão aconteceu e o sexto tanque foi atingido pelas
chamas. No momento, um tanque de álcool e três de gasolina estão pegando
fogo.
O incêndio na empresa Ultracargo começou por volta das 10h da última
quinta-feira (2) e atingiu seis tanques de combustível, sendo que, por
volta das 6h deste domingo (5), quatro permaneciam pegando fogo. A
temperatura no local chega a 800°C. Ainda não há um prazo para o término
dos trabalhos. Até agora, os bombeiros utilizaram quase cinco bilhões
de litros de água do mar para combater o incêndio.
Segundo os bombeiros, ninguém morreu no incêndio. Pelo menos 15 pessoas
que trabalhavam no local, entre funcionários e bombeiros, precisaram de
atendimento já que inalaram fumaça. Todas foram liberadas.
Dois tanques da área industrial da empresa Ultracargo já tiveram seus
componentes queimados e não apresentam mais riscos para o trabalho dos
bombeiros. Assim como aconteceu na sexta-feira (3) e no sábado, o
trabalho segue sendo o resfriamento dos tanques que não foram atingidos.
No momento, os profissionais atuam diretamente em 41 dos 58 tonéis da
empresa.
O Prefeito de Santos, no litoral de São Paulo, Paulo Alexandre Barbosa,
procurou tranquilizar a população da cidade com relação a uma possível
evacuação por conta do incêndio e solicitou apoio do Governo Federal.
"Tínhamos um caminhão da Petrobras, agora teremos mais três caminhões
chegando, além de outros três equipamentos de auxilio. O monitoramento
naquele momento mostrou que não precisaria desses novos recursos, mas já
não é a situação de agora. O momento mudou, o que não significa um
agravamento", explica.
Bombeiros continuam trabalhos em incêndio na Alemoa (Foto: Sérgio Furtado/G1)
O Governo do Estado de São Paulo instalou neste sábado um gabinete de
crise para acompanhar e tomar providências com relação ao incêndio.
Fazem parte do gabinete o vice-governador de São Paulo, Márcio França,
os secretários Saulo de Castro (Governo), José Roberto Rodrigues de
Oliveira (Casa Militar), Alexandre de Moraes (Segurança Pública) e
Patrícia Iglecias (Meio Ambiente), além do comandante do Corpo de
Bombeiros, Marco Aurélio Alves Pinto, e do subsecretário de Comunicação,
Marcio Aith. Também participam do gabinete o Prefeito de Santos, Paulo
Alexandre Barbosa, representantes da Secretaria de Meio Ambiente e da
Defesa Civil da cidade, além da Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (Cetesb).
Segundo o vice-governador, a criação do gabinete de crise foi um pedido
do governador Geraldo Alckmin. "A função desse gabinete é centralizar
as decisões durante 24 horas por dia. Queremos integrar as três esferas
de comando do governo", explicou Márcio França.
De acordo com a Defesa Civil de Cubatão, as equipes de plantão estão
monitorando o município, já que as chamas e a fumaça estão direcionadas
para a cidade. Nesta sexta-feira (3), duas pessoas acionaram as
autoridades reclamando de fuligem na região do bairro Jardim Casqueiro.
As unidades de atendimento de saúde emergencial da cidade não receberam
nenhum caso relacionado a possíveis efeitos da fumaça do incêndio.
Peixes mortos foram encontrados no canal do
Porto de Santos (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
A Secretária do Meio Ambiente, Patrícia Iglecias, alertou a população
sobre a aparição de peixes mortos na região. Apesar de não poder afirmar
se existe uma relação entre os animais e o incêndio, ela recomenda que a
população não consuma os peixes.
Desde a noite de sexta-feira, a Prefeitura de Santos envia mensagens
via SMS ou por voz para 466 mil celulares e telefones fixos cadastrados
junto a administração municipal. Na mensagem, os moradores eram avisados
que o incêndio no bairro Alemoa estava sob controle e que a Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental monitora permanentemente a
qualidade do ar, além de avisar que o incidente não oferecia riscos à
população.
O comandante da operação, Wagner Bertollini Junior, salientou que os
tanques possuem um sistema para retirar o combustível, entretanto ele
não funcionou. Alguns tanques chegaram a derreter por causa do calor. Os
bombeiros usam água e espuma para amenizar a temperatura. "Os sistemas
foram danificados e os tanques não estão podendo ser esvaziados por
baixo. Então eles estão em uma situação quase que surreal porque eles
continuam cheios em volta de um tanque pegando fogo. Essa que é a nossa
grande dificuldade", diz.
O acesso de embarcações às áreas ao redor do incêndio na Ultracargo
teve que ser limitado após o fogo se alastrar. "Os terminais de Santos
próximos do incêndio estão fechados e o canal que dá acesso aos
terminais de Cubatão também foi bloqueado por motivos de segurança, já
que ele é estreito”, conclui o Capitão da Marinha Ricardo Gomes.
Porta-voz dos bombeiros disse que há dificuldades
de conter chamas (Foto: Guilherme Lucio/G1)
Resfriamento de tanques
Segundo os bombeiros, o foco dos trabalhos é no resfriamento dos
tanques que ainda não foram atingidos. A temperatura média no foco
principal do incêndio gira em torno dos 800ºC. Por causa do calor, os
bombeiros ficam a uma distância de 100 metros do local das chamas para
fazer a contenção do fogo. A água não é direcionada para as labaredas,
já que o líquido evapora antes de atingir o chão por causa do calor.
A internauta Josilayne Carvalho registrou uma das explosões no local
(veja o vídeo abaixo).
Por volta das 18h10 de quinta-feira, uma nova explosão causou correria
entre profissionais da imprensa e bombeiros, que precisaram se
reposicionar.
A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) informa que a área
atingida fica fora do Porto e que enviou a sua Brigada de Incêndio da
Guarda Portuária para ajudar no combate ao incêndio. Já o Corpo de
Bombeiros afirma que equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu), da Defesa Civil, da Sabesp e da Polícia Militar também
acompanham os trabalhos.
Por causa do incêndio, a entrada do Porto de Santos, pela Via Anchieta,
foi fechada. Seis navios que estavam atracados nos dois terminais
próximos ao local do incêndio interroperam suas operações e foram
retirados da região. Uma empresa, que fica a 2 km do local do incêndio,
emitiu alerta para os funcionários deixarem a área devido ao risco de
serem atingidos por destroços caso haja uma grande explosão.
De acordo com apuração da reportagem, 93 bombeiros trabalham no local,
com apoio de 22 viaturas, sendo que oito delas foram enviadas da capital
paulista.
A empresa
O local onde ocorre o incêndio abriga 175 tanques de capacidade de até
10 mil m³, cada um, em uma área de 183.871 m². A Ultracargo possui 58
tanques, com capacidade de até 6 milhões de litros, e armazena produtos
como combustíveis, óleos, vegetais, etanol, corrosivos e químicos.
Fogo atingiu tanques de combustível; temperatura no local é de 800 ºC (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
Cinco tanques pegaram fogo; bombeiros trabalham desde o dia 2 (Foto: Diego Lameiro / Arquivo Pessoal)
Helicóptero Águia da Polícia Militar presta apoio em Santos (Foto: Roberto Strauss / G1)
Bombeiros tentam evitar que sexto tanque de combustíveis seja atingido (Foto: Roberto Strauss / G1)
Nuvem escura criada por fumaça podia ser vista de vários pontos de Santos, SP (Foto: Ivair Vieira Jr/G1)
Tanques foram atingidos pelas chamas; testemunhas relataram explosões (Foto: Roberto Strauss/G1)
Fogo e fumaça podem ser avistadas de São Vicente, litoral de São Paulo (Foto: Bruno Giufrida/G1)
Motoristas ficaram assustados com o incêndio em Santos (Foto: Joel Reis/Arquivo Pessoal)