31 de jan. de 2014

Novo ministro da Educação é réu em processo na Justiça

Escolhido de Dilma para o MEC, o petista Henrique Paim responde a processo por irregularidades em convênio firmado entre uma ONG e o FNDE

Bianca Bibiano
José Henrique Paim Fernandes, secretário executivo do Ministério da Educação
José Henrique Paim Fernandes, secretário executivo do Ministério da Educação (SAE-PR)
Desde que o atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, se instalou em uma sala na Casa Civil para fazer o processo de transição para Pasta, o nome de José Henrique Paim Fernandes (PT), secretário executivo do MEC desde 2006, começou a pipocar na imprensa como possível substituto ao cargo. A confirmação de seu nome para o cargo ocorreu no começo da tarde desta quinta-feira, na reforma ministerial realizada pela presidente Dilma.
O economista de 47 anos é o nome técnico do MEC, tendo anteriormente passado dois anos como presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), cargo que assumiu em 2004 com a indicação de Tarso Genro, atual governador gaúcho, com quem atuou na Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social em 2003.
Entre as fontes ouvidas pelo site de VEJA, os elogios à sua capacidade como gestor não faltam. “É uma pessoa séria, técnica, que nunca quis agradar ninguém por politicagem”, disse Mozart Neves Ramos, Diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna e membro do Conselho Nacional de Educação.
De sua passagem pelo FNDE, autarquia que administra 31,2 bilhões de reais em receitas, Paim se destacou durante as negociações do Plano de Ações Articuladas (PAR), autorizando repasses de verba para Estados e municípios. Uma fonte próxima ao MEC que não quis se identificar disse que, na época em que os acordos estavam sendo definidos, o economista conversou com todos representantes estaduais e cuidou dos 27 projetos apresentados. “Ele é do tipo que chega às 9h, sai às 22h e não tem problemas em marcar reuniões na sexta-feira às 19 horas”, comentou.
Outro ponto que conta – e muito – a seu favor é a parceria com a presidente Dilma Rousseff. Ambos trabalharam juntos no governo do Rio Grande do Sul e de lá trazem a parceria que segue até hoje. Dizem que é para ele que Dilma liga na hora de saber o andamento dos projetos educacionais que costuma ostentar em seus discursos. A contar pela reputação, Paim tem tudo para ser bem-sucedido nos dez meses que vai chefiar a pasta.
Entretanto, datam de seu período no FNDE denúncias envolvendo irregularidades em convênios firmados com ONGs para programas de alfabetização. Um dos processos, que se estende até hoje, teve início em 2006, quando o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública para denunciar irregularidades em um convênio de 491.040 reais assinado em 2005 com a ONG Central Nacional Democrática Sindical (CNDS) para educar jovens e adultos.

Fundada em 2001, a CNDS é uma associação civil criada para representar membros de entidades sindicais e outras ONGs. Segundo a denúncia do MPF, a ONG firmou o primeiro contrato com o FNDE em 2004, no valor de 532.222 reais no âmbito do programa Brasil Alfabetizado. A vigência desse contrato venceu em abril de 2005 e, logo em seguida, os responsáveis pela CNDS tinham 60 dias para apresentar a prestação de contas do recurso do governo federal - o que não foi feito.

Esse fato, somado a denúncias por falta de pagamento feitas por professores vinculados a ONG, levou o MPF a emitir uma recomendação destinada à presidência do FNDE para que a pasta não fechasse novos contratos com a ONG. A recomendação não foi acatada e, mesmo com as irregularidades, a autarquia fechou um novo convênio com a CNDS em dezembro de 2005.

A situação ficou mais complicada para Paim quando a Justiça Federal em São Paulo acatou a ação do MPF e abriu um processo para a investigação do caso. Em sua defesa, o ex-presidente do FNDE afirmou que o convênio foi firmado sem seu conhecimento. Eximindo-se da acusação de improbidade administrativa, ele pediu uma auditoria no MEC e passou a responsabilidade do contrato com a CNDS para os servidores que fiscalizavam os convênios da autarquia.

Enquanto a Advocacia-Geral da União (AGU) tratava da defesa de Paim, a CNDS e seu então presidente, Edmilson de Almeida Santos, desapareceram. A sede da ONG, em Guarulhos, foi fechada. Um advogado, que preferiu não se identificar, conta que foi procurado por Edmilson logo após a denúncia por falta de pagamentos, mas que renunciou ao caso em 2007. Em sua defesa, anexada ao processo, ele afirma que estava afastado por tuberculose e responsabilizou o vice-presidente da CNDS, Acácio Paulino, pela falta de pagamento aos educadores. Assim como Edmilson Santos, Acácio Paulino nunca respondeu às intimações para prestar depoimento à Justiça, o que causou a demora de julgamento no processo. Atualmente, o caso está nas mãos do juiz aguardando decisão e, até que saia a sentença, Paim segue como réu.

Os problemas com esse convênio vieram à tona quando o então ministro da Educação, Fernando Haddad, saiu para candidato à prefeitura de São Paulo e declarou que nenhum dos seus secretários no MEC tinha impedimentos legais. Na época, Haddad disse: "Um Henrique Paim vale por uma dúzia de Alexandre Schneider [ex-secretário municipal de Educação de São Paulo]”. A denúncia sobre o envolvimento de Paim nas irregularidades apareceu na imprensa nos dias seguintes à declaração. O secretário executivo era, até então, um dos cotados para substituir Haddad.
Questionado pelo site de VEJA sobre as irregularidades apontadas pelo MPF, o MEC informou que o ex-presidente foi "induzido a erro por falha administrativa interna do FNDE" e que o Tribunal de Contas da União (TCU), responsável por fiscalizar a utilização do dinheiro público, investigou paralelamente as denúncias de irregularidade no convênio. Em 2009, o TCU acatou as alegações de Paim e o eximiu de qualquer responsabilização no caso, condenando a CNDS a devolver o dinheiro recebido no segundo convênio. O MEC também afirma que, como o processo ainda não foi julgado em 1ª instância, foi solicitado o julgamento em separado de Paim, "sendo aguardada no momento a prolação de sentença eximindo o ex-presidente do FNDE de qualquer responsabilidade."

Após quase sete anos, ainda não ficou explicado, nem pelo processo judicial, nem pelo acórdão do TCU, onde foram parar os 491.040 reais repassados à ONG, já que a entidade parou de responder pelo serviço de alfabetização a que havia se proposto e nunca devolveu a quantia aos cofres públicos.

29 de jan. de 2014

Governo reconhece número recorde de decretos de emergência em 2013

Foram 3.747, o maior dos últimos dez anos, segundo dados da Defesa Civil.
Uma em cada três cidades do país fez solicitação para obter ajuda federal.

Thiago ReisDo G1, em São Paulo

O governo federal reconheceu 3.747 decretos de situação de emergência e estado de calamidade pública no ano passado. O número, o maior de toda a série histórica da Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), representa uma média de dez decretos reconhecidos por dia no país. Trata-se de um aumento de 182% em relação a 2003 (Veja o mapa ao lado com todos os decretos).
Ao todo, 1.940 cidades requisitaram ajuda federal, sendo que 2/3 delas fizeram isso mais de uma vez durante o ano. Ao decretar situação de emergência ou estado de calamidade pública, os municípios comunicam ao governo federal a ocorrência de um grande desastre natural e pedem a liberação de verba de emergência da União para tentar amenizar os danos.
A seca que assolou o Nordeste, por exemplo, considerada por alguns estados como a pior dos últimos 50 anos, fez com que 75% dos municípios da região tivessem decretos reconhecidos. Treze cidades (11 do Piauí e duas da Bahia) tiveram situação de emergência reconhecida quatro vezes em 2013.decretos
A Bahia é o estado que concentra o maior número de municípios (284) em emergência e calamidade e é também o que detém a maior parcela dos decretos (680). O Piauí aparece logo atrás, com 612 reconhecimentos. No estado, 212 das 224 cidades entraram em emergência no ano passado.
A maioria (87%) dos reconhecimentos em todo o país se deu em razão de seca ou estiagem, que ainda persiste em parte do território nacional. Houve também decretos por inundações, geadas e granizo, erosões e deslizamentos, incêndios, vendavais e tornados, doenças infecciosas virais e até por infestação de uma praga em árvores – caso registrado em Belo Horizonte, em março.
Família de Manoel Cornélio sobrevive apenas com a ajuda de programa assistenciais na Zona Rural de Elesbão Veloso (Foto: Pedro Santiago/G1)Famílias de agricultores sobrevivem com a ajuda
de programas assistenciais na zona rural de
Elesbão Veloso, Piauí (Foto: Pedro Santiago/G1)
Segundo o secretário nacional de Defesa Civil, Adriano Pereira Junior, muitos decretos foram renovados durante o ano passado em razão de eventos prolongados, provocando um aumento na estatística. Além disso, o fato de a população diretamente afetada nos municípios que tiveram reconhecimento do decreto poder sacar uma parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para refazer a vida ajuda a entender esse aumento de pedidos, já que várias ocorrências graves, com muitas pessoas atingidas, foram registradas em 2013, explica o secretário.
Alguns reconhecimentos realizados em 2013 são de pedidos feitos pelas cidades em 2012. Como eles tiveram efeito retroativo (ou seja, mesmo quando reconhecidos, passaram a valer a partir da data da solicitação) e a validade expirou, novos decretos foram reconhecidos em uma data próxima. Um erro da Sedec também fez com que alguns municípios tivessem um mesmo decreto reconhecido duas vezes, com publicação no Diário Oficial da União. O Ministério da Integração Nacional não sabe precisar o número, mas diz que isso não causou prejuízo às cidades nem aos cofres públicos, já que verbas só são repassadas após a apresentação de um plano de ação pelas administrações municipais.
Em 2013, houve ainda a criação do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID). Antes, os municípios precisavam entregar, em papel, documentos para comprovar os prejuízos sofridos. Atualmente, todo o processo é feito digitalmente, o que torna mais ágeis a ação dos municípios e o reconhecimento por parte do governo federal.
Em 2014, já foram feitos 141 reconhecimentos de decretos de emergência e calamidade pública em todo o país, sendo 65 (46%) em Minas Gerais, em decorrência das chuvas intensas.
Situação de emergência e estado de calamidade
Dos decretos reconhecidos em 2013, 3.740 são de situação de emergência e sete de calamidade pública. A situação de emergência é o reconhecimento pelo poder público de uma situação anormal provocada por um desastre natural com danos superáveis. Já a calamidade se refere a uma situação anormal que causa sérios danos à comunidade, à segurança e à vida dos moradores.
Restante da criação de ovelhas de Gildenor Sena (Foto: Pedro Santiago/G1)Animais tentam sobreviver à seca no Piauí (Foto:
Pedro Santiago/G1)
A partir do reconhecimento do decreto, os municípios podem receber uma verba de emergência, que chega mais rápido aos cofres locais, por meio das chamadas transferências obrigatórias. Os decretos têm uma validade máxima de 180 dias (não há um prazo mínimo). Já os recursos para reconstruir as áreas atingidas dependem da apresentação de um plano de trabalho no prazo de 90 dias da ocorrência do desastre.
Para ações de socorro imediato, como assistência a vítimas, aquisição de cestas básicas e aluguel social para desabrigados, as prefeituras precisam apenas do reconhecimento da emergência. A transferência é feita pelo Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC).
Controle
A Controladoria Geral da União (CGU) diz que tem acompanhado a execução dos gastos referentes aos repasses federais para as cidades em emergência ou calamidade. Em nota, a CGU informa que faz relatórios de diagnóstico situacional e de fiscalização, monitora as verbas do CPDC e orienta estados e municípios, elaborando manuais e participando de fóruns.
Segundo a CGU, de 2008 a 2010 foram fiscalizados recursos na ordem de R$ 1,8 bilhão, quantia que foi repassada para subsidiar ações de reconstrução.
"Buscou-se avaliar a confiabilidade das informações relacionadas à localização e aos danos provocados por desastres naturais sofridos pelos municípios, e a regularidade da execução das obras, bem como se as mesmas atingiram os benefícios esperados", diz a CGU, em nota.
De acordo com o órgão, diversos problemas foram verificados. "As principais irregularidades identificadas foram falhas nos relatórios de avaliação de danos, conclusão de obras extrapolando o prazo de 180 dias ou ultrapassando o prazo estipulado para dispensa de licitação, falhas/impropriedades relativas à especificação das obras, como a inexecução de itens, superestimativa de quantitativos e obras em desacordo com as especificações técnicas, falhas/impropriedades relativas à medição, como o pagamento por serviços não executados, medição de quantidades maiores que as executadas, bem como o superfaturamento de alguns serviços."
NÚMERO DE DECRETOS RECONHECIDOS NO BRASIL, POR ANO:
2013   -   3.747
2012   -   2.776
2011   -   1.282
2010   -   2.765
2009   -   1.292
2008   -   1.502
2007   -   1.615
2006   -      991
2005   -   1.711
2004   -   1.760
2003   -   1.325
Moradores de Equador, RN, precisam enfrentar filas para conseguir água (Foto: Anderson Barbosa/G1)Moradores de Equador, RN, enfrentam filas para conseguir água (Foto: Anderson Barbosa/G1)

28 de jan. de 2014

Visita de Dilma foi comunicada ao governo português na quinta-feira

Informação refuta versão oficial do Planalto, de que a viagem a Lisboa foi decidida no sábado, dia em que a presidente deixou a Suíça

A presidente Dilma Rousseff discursa na 44ª edição anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, nos Alpes Suíços
A presidente Dilma Rousseff discursa na 44ª edição anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, nos Alpes Suíços (Denis Balibouse/Reuters)
A passagem da presidente Dilma Rousseff por Portugal estava confirmada e foi comunicada ao governo local na última quinta-feira, informa edição desta terça-feira do jornal O Estado de S. Paulo. O assunto, porém, era tratado como segredo de Estado pelo Palácio do Planalto. A informação de que o governo português tinha conhecimento da vista da presidente contradiz o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, que afirmou que a decisão de parar em Lisboa foi tomada “no dia da partida” da Suíça, no último sábado.
A estadia de Dilma na Suíça durou três dias, entre quinta-feira e sábado, para participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Segundo a agenda oficial, o próximo destino da comitiva seria Cuba. No entanto, a presidente e seu séquito desembarcaram em Lisboa para passar o sábado e a manhã de domingo.
Na noite de sábado, a presidente e membros da comitiva jantaram em um dos mais luxuosos restaurantes da cidade e se hospedaram nos hotéis Ritz e Tivoli – 45 quartos foram usados para acomodar a equipe.
O Palácio do Planalto afirmou que a escala de Dilma em Portugal se tratava de uma "parada técnica" não prevista. A versão foi dada primeiro pela ministra Helena Chagas (Comunicação Social), no fim de semana, e reiterada nesta segunda por Figueiredo, em Havana.
Pela versão oficial, o plano era sair da Suíça no sábado, parar nos Estados Unidos para abastecer as duas aeronaves oficiais e chegar a Cuba no domingo. Mas o mau tempo teria obrigado a comitiva a mudar de planos na véspera e desembarcar em Lisboa.
Desde quinta-feira, porém, o diretor do cerimonial do governo português, o embaixador Almeida Lima, estava escalado para recepcionar Dilma e sua comitiva no fim de semana. Joachim Koerper, chef do restaurante Eleven, onde Dilma jantou em Lisboa com ministros e assessores, recebeu pedidos de reserva na quinta-feira.
O chef postou em uma rede social uma foto ao lado de Dilma no restaurante - um dos poucos de Lisboa a ter uma estrela no Guia Michelin, uma das mais tradicionais publicações sobre viagens do mundo.
Mal-estar - A divulgação da parada em Lisboa aborreceu Dilma e criou mal-estar quando ela desembarcou em Havana. Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores foi destacado para falar à imprensa sobre o assunto. Primeiramente, repetiu a versão oficial: "Havia duas possibilidades: ou o Nordeste dos Estados Unidos, ou parando em Lisboa, onde era o ponto mais a oeste do continente. Viu-se que havia previsão de mau tempo com marolas polares no Nordeste dos Estados Unidos. Então, houve uma decisão da Aeronáutica de que o voo mais seguro seria com escala em Lisboa", afirmou o ministro.
Em seguida disse que cada um dos integrantes da comitiva presidencial que jantaram no Eleven pagou sua própria despesa. "Cada um pagou o seu e a presidenta, o dela, como ocorre em todas as viagens. Foi com cartão pessoal."
A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto se limitou a informar que, "por questões de segurança", "não tece comentários sobre detalhamentos das equipes, cabendo apenas ressaltar que elas são compostas a partir de critérios técnicos e adequadas às necessidades específicas previstas para cada viagem".
A ida de Dilma a Lisboa só passou a constar da agenda oficial da presidente às 13h50 de domingo, horário de Brasília, quase 24 horas depois de a presidente chegar à capital portuguesa. Naquela hora a presidente já tinha decolado em direção a Havana.
Oposição - Líderes da oposição classificaram o episódio como "mau exemplo" de Dilma. Criticaram o fato de a viagem não ter sido divulgada nem o preço pago pelas hospedagens no hotel onde a presidente ficou. Na tabela, o pernoite na suíte presidencial do Ritz custa 26.000 reais. 
(Com o Estadão conteúdo)

27 de jan. de 2014

Ex-ministro da Defesa pede armas na rua na Ucrânia

De pé em um canto da praça da Independência, protegido por um segurança carrancudo, Anatoly Gritsenko aguarda a chegada da reportagem da Folha.
Mais cedo, durante a madrugada, manifestantes haviam cercado policiais não longe dali, em um dos tantos incidentes recentes em Kiev.
"Há protestos por todo o país. As pessoas estão tomando as administrações regionais para estabelecer uma outra pirâmide de poder."
Ex-ministro da Defesa e candidato à Presidência em 2010, Gritsenko é uma das principais vozes da oposição. Mas, excluído das negociações com o presidente Viktor Yanukovich, ele tornou-se também um dos radicais.
"Não podemos ir para casa, porque todos seriam presos ou encontrados mortos".
"As pessoas precisam trazer suas armas para a praça e proteger os outros. Se as autoridades são incapazes, então há uma obrigação civil de manter a paz nas ruas."
O ex-ministro é exemplo daqueles que já não acreditam nas chances do diálogo com Yanukovich.
"Nós exigimos o retorno das negociações com a União Europeia, a renúncia do governo e a anulação das leis de repressão a protestos", diz Gritsenko.
"Mesmo assim, eu não sei se isso seria aceito por todas as pessoas na praça. As autoridades foram longe demais."
Parentes e amigos participam do velório de Mikhail Zhiznevsky, morto durante protestos contra o governo na Ucrânia As manifestações na Ucrânia começaram em novembro, após o presidente Yanukovich desistir da aproximação com a União Europeia, fortalecendo os laços com a Rússia. A repressão intensificou a crise.
Ontem, dezenas de manifestantes invadiram prédio onde funciona o Ministério da Justiça, no centro de Kiev. As forças de segurança não opuseram resistência.
ORIENTAÇÃO
Alexey Furman/Efe
Parentes e amigos participam do velório de Mikhail Zhiznevsky, morto durante protestos contra o governo na Ucrânia
O incidente da madrugada é indício do descontrole que toma a cidade. Horas após a recusa de Yatseniuk, cerca de 2.000 manifestantes acuaram policiais em um centro de convenções onde eles se reuniam.
Depois de uma longa negociação entre manifestantes e o Ministério do Interior, os agentes foram libertados. Não houve feridos.
Apesar da instabilidade, o ex-ministro Gritsenko diz não temer pela própria segurança na praça da Independência. "As pessoas estão organizadas, dando provas de que são capazes de autogoverno. Aqui é o lugar mais seguro da cidade, já que não há chefes ou subordinados, nem Orçamento ou uma Promotoria."
Descontente com a oposição, hoje principalmente personificada por Yatseniuk e o ex-boxeador Vitali Klitschko, Gritsenko diz que ainda não está pensando em tentar, mais uma vez, ganhar os votos para a Presidência.
"Quando vierem as eleições, vou decidir. Se eu considerar isso agora, as pessoas não vão acreditar em mim."

26 de jan. de 2014

Força de trabalho encolhe no Nordeste

Além da maior taxa de desemprego do país, a região Nordeste abriga a maior proporção de pessoas que não trabalham nem procuram ocupação -e esse percentual está crescendo.
O descompasso entre o mercado de trabalho nordestino e o do resto do país ficou evidente com a nova pesquisa de emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que passou a coletar dados em todo o território nacional.
Enquanto a apuração anterior, limitada às maiores metrópoles, sugeria um cenário de pleno emprego, os novos números mostraram que no Nordeste 10% procuram uma vaga sem conseguir.
Além disso, na região, 43,9% das pessoas consideradas em idade de trabalhar -de 14 anos de idade ou mais- estão fora do mercado, por opção ou por desalento. No país, o percentual médio é de 38,5%.
Não parece difícil imaginar por que os números nordestinos são mais elevados que os das demais regiões: pobreza, setor empresarial menos estruturado e menor participação do trabalho feminino são explicações plausíveis.

Editoria de Arte/Folhapress
Mais complicado é explicar por que a força de trabalho está encolhendo no Nordeste, como mostram números calculados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado ao Palácio do Planalto).
Montado a partir de pesquisas populacionais do IBGE, o banco de dados do Ipea aponta que, em dez anos, a população economicamente ativa -quem trabalha e quem procura emprego- caiu de 55,7% para 51,8% da população em idade ativa (nesse cálculo, entram pessoas com dez anos de idade ou mais).
Nesse período, de 1992 a 2012, o percentual cresceu no Sudeste, no Centro-Oeste e no Norte, com leve queda no Sul. O Nordeste, que fez cair o percentual do país, teve crescimento econômico acima da média nacional.
"É um certo paradoxo", diz a pesquisadora Ana Luiza Neves, do Ipea. Um estudo do instituto mostra que, de 2009 para cá, a força de trabalho diminuiu em todas as regiões -e a queda nordestina foi a mais aguda.
Segundo os dados nacionais, boa parte dessa diminuição se deve a jovens que retardam o ingresso no mercado -na melhor das hipóteses, porque podem estudar mais; na pior, porque não acreditam nas suas chances de conseguir uma ocupação.
As pesquisas disponíveis ainda não permitem identificar com segurança se o encolhimento da força de trabalho está mais ligado a bons ou maus motivos, mas o Ipea adianta que, entre os brasileiros de 15 a 24 anos de idade, 40,6% das mulheres e 25,7% dos homens estão fora da escola.
BENEFÍCIOS SOCIAIS
Para o economista Miguel Pinho Bruno, estudioso do mercado de trabalho, a maior oferta de educação e benefícios sociais deu opções para jovens e adultos.
"Em vez de aceitar imediatamente um emprego de baixa remuneração, a pessoa pode ficar na escola ou recorrer a algum programa social."
Ele é cauteloso, porém, ao relacionar os programas de renda, como o Bolsa Família, à redução da força de trabalho no Nordeste, porque os dados sobre isso ainda são precários.
Ana Luiza Neves não acredita nessa hipótese: "A evidência empírica mostra que o impacto desses programas no mercado de trabalho é quase nulo".

25 de jan. de 2014

"Levei R$ 200 mil para o ministro Lupi"

A empresária Ana Cristina Aquino diz que pagou propina para o ex-ministro Carlos Lupi e que esquema para criação de sindicatos no Ministério do Trabalho permanece na gestão de Manoel Dias

por Izabelle Torres
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A empresária mineira Ana Cristina Aquino, 40 anos, é uma conhecedora dos meandros da corrupção no Ministério do Trabalho e desde dezembro do ano passado vem contando ao Ministério Público Federal tudo o que sabe. As revelações feitas por ela tanto aos procuradores como à ISTOÉ mostram os detalhes da atuação de uma máfia que age na criação de sindicatos – setor que movimenta mais de R$ 2 bilhões por ano – e que, segundo a empresária, envolve diretamente o ex-ministro e presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e o atual ministro, Manoel Dias. “Levei R$ 200 mil para o ministro Lupi numa mochilinha da Louis Vuitton”, diz a empresária. De acordo com ela, o ministro Manoel Dias faz parte do mesmo esquema.
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E O ESQUEMA CONTINUA
Segundo a empresária Ana Cristina Aquino, Manoel Dias, atual ministro do Trabalho,
deu prosseguimento à criação de sindicato pleiteado por ela
Ana Cristina é dona de duas transportadoras, a AG Log e a AGX Log Transportes, e durante três anos fez parte da máfia que agora denuncia. A Polícia Federal em Minas Gerais já tem indícios de que suas empresas serviam como passagem para o dinheiro usado no pagamento das propinas para a criação de sindicatos. Em apenas 24 meses, entre 2010 e 2012, a empresária trocou as dificuldades de uma vida simples pelo luxo de ter avião particular, helicóptero, uma mansão em Betim (MG) e até cinco carros importados na garagem. Para ela, o esquema começou a ruir depois que ISTOÉ revelou, em outubro do ano passado, que seu enriquecimento era alvo de uma investigação da PF. “Os antigos parceiros me abandonaram. Estou sendo ameaçada, mas não vou pagar essa conta sozinha”, diz Ana Cristina.
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O advogado João Graça, assessor especial do ministro Manoel Dias e homem de confiança do ex-ministro Carlos Lupi, foi por dois anos sócio da AG Log e deixou a empresa depois de a investigação da PF ser instalada. Segundo Ana Cristina, era ele o elo entre as suas empresas e a máfia dos sindicatos no Ministério do Trabalho. Procurado por ISTOÉ, Graça disse que as acusações “fazem parte de uma briga de mercado” e que se manifestará apenas quando “conhecer todos os detalhes da denúncia.” A empresária afirma que Graça estava com ela quando foram entregues os R$ 200 mil ao então ministro Lupi. O Ministério Público tenta localizar as imagens da portaria do Ministério para confirmar a informação. “Usamos o elevador do ministro. O doutor João Graça manda naquele Ministério”, disse Ana Cristina. Em seguida, ela lembra que, depois de receber o dinheiro, Lupi chegou a perguntar, em tom de brincadeira, se estava sendo gravado. Na quinta-feira 23, Lupi disse à ISTOÉ que só vai se manifestar quando tiver acesso aos documentos que Ana Cristina diz ter entregue ao Ministério Público.
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O enredo de corrupção narrado pela empresária começa no segundo semestre de 2011, quando ela e seu grupo decidiram montar o Sindicato dos Cegonheiros de Pernambuco (Sincepe) para tentar abocanhar contratos milionários com montadoras que iriam se instalar no Nordeste. Em outubro daquele ano, Ana Cristina protocolou o documento no Ministério do Trabalho pedindo a expedição da carta sindical. Nessa época, o advogado Graça já havia se transformado em um parceiro de negócios da AG Log, por indicação do empresário Sérgio Gabardo, que, segundo Ana Cristina, era o verdadeiro dono da transportadora e o responsável por todo o aporte milionário de recursos para bancar as propinas. Segundo o relato da empresária, assim que o registro foi pedido, o encontro no gabinete do então ministro do Trabalho foi marcado pelo próprio Graça. De acordo com a empresária, Lupi afirmou que o dinheiro pago naquele dia era apenas a entrada e que a aprovação do registro sindical custaria R$ 3 milhões. Mais ainda: no dia seguinte, como disse Ana Cristina, Lupi mandou o amigo João Graça avisá-la que, se o sindicato desse certo e conseguisse arrecadação e bons contratos, ele também deveria participar do negócio sendo dono de uma parte da frota do grupo AG.
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Depois de receber R$ 200 mil e prometer aos representantes da AG Log que o Sincepe seria criado em um prazo recorde de 40 dias, Lupi foi varrido do cargo durante a faxina que a presidenta Dilma Rousseff  começava a fazer no seu governo. Ele foi demitido por envolvimento em denúncias de corrupção, que incluíam exatamente os processos irregulares de criação de sindicatos. Ana Cristina diz que o deputado Brizola Neto (PDT-RJ), que assumiu no lugar de Lupi, tentou colocar um freio na indústria dos sindicatos. Durante sua gestão, os trâmites para a oficialização do sindicato pleiteado por Ana travaram. Mas Brizola Neto acabou perdendo o apoio de seu próprio partido e foi afastado do Ministério 11 meses depois de assumir. Em seu lugar tomou posse o atual ministro Manoel Dias, indicado por Lupi e leal às práticas do PDT. A tramitação da expedição da carta sindical do Sincepe no Ministério do Trabalho, obtida por ISTOÉ, mostra que na gestão de Manoel Dias o processo voltou a correr. “Esse aí (o ministro Manoel Dias) ia liberar. Só não liberou por causa da reportagem de ISTOÉ”, disse a empresária. Segundo ela, depois de publicada a reportagem na revista, o advogado João Graça marcou um encontro no Hotel Mercury, em São Paulo, e afirmou: “Fique calma, esse ministro é nosso também”. Ana Cristina afirma que a conversa teria prosseguido em uma espécie de monólogo de João Graça, em uma tentativa de acalmá-la e evitar que ela denunciasse o esquema, como decidiu fazer. A estratégia do grupo era convencê-la a assumir a culpa e, em troca, viabilizar para ela e para a família o comando de um sindicato com amplos poderes e muito dinheiro. O Sindicato de Cegonheiros de Pernambuco arrecadaria um percentual do lucro bilionário do setor, além de acumular influência para interferir nos contratos com montadoras que se instalassem na região. No caso do Sincepe, a ideia era garantir que a Fiat fechasse um negócio bilionário com a AG Log.
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Agora, as denúncias de Ana Cristina deverão virar um inquérito formal no Ministério Público Federal. Aos procuradores, além de depoimento, a empresária diz ter entregue uma série de documentos. No meio da papelada estão extratos bancários, contratos sociais e páginas de uma agenda manuscrita, em que estariam relacionados os destinatários das propinas e os valores pagos.
“Esse ministro (Manoel Dias) é nosso também”
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Nas duas últimas semanas, a empresária Ana Cristina Aquino conversou com ISTOÉ por cerca de duas horas. Dona de um forte sotaque mineiro, ela autorizou que os encontros mantidos num restaurante em Brasília fossem gravados e divulgados como entrevista. Disse estar endividada e abandonada pelo grupo ao qual se associou em 2010 e que desde então opera nos meandros do Ministério do Trabalho. Por causa disso é que ela diz ter recorrido ao Ministério Público e avalia que tornar públicas suas acusações é a melhor maneira de se proteger. Leia a seguir trechos dessas conversas:
ISTOÉ – A sra. está tentando criar um sindicato?
Ana Cristina Aquino –
Desde 2011. Essa carta sindical iria sair na época do Carlos Lupi no Ministério do Trabalho. O advogado João Graça, que é do PDT, foi contratado pela nossa empresa justamente porque tinha ligações com o Lupi. Ele era a nossa garantia de que
o sindicato seria aprovado rapidamente.
ISTOÉ – O então ministro Carlos Lupi recebeu dinheiro para viabilizar esse sindicato?
Ana –
Recebeu, recebeu sim. Levei R$ 200 mil para ele. Carregando uma bolsa nas costas, fui direto para o gabinete dele. Segurando uma mochilinha da Louis Vuitton. Não tem aquelas compridinhas? Foi daquelas. Ele mandou desligar o telefone assim que eu entrei. Disse: “Não está gravando não, né?” Eles são espertos!
ISTOÉ – Como a sra. passou pela segurança na portaria do Ministério carregando tanto dinheiro  em uma mochila?
Ana –
João Graça passava por tudo que é lado!!! O doutor João mandava naquele Ministério.
ISTOÉ – Então a sra. entrou direto, sem passar pela segurança?
Ana –
Direto. Usamos o elevador do ministro.
ISTOÉ – Qual a origem do dinheiro que foi entregue ao ministro?
Ana –
O Sérgio Gabardo (empresário acusado por Ana Cristina de ser o verdadeiro dono da AG Log) me entregou o dinheiro e falou: “Esse aqui é para o ministro, para ajudar nas obras sociais dele”. A gente riu.
ISTOÉ – Isso foi quando?
Ana – I
sso foi dois dias depois de sair o pedido de registro, lá para 2011.
O próprio Lupi me disse, na minha cara, que colocava o sindicato para sair em 40 dias. Brincou que seria o código sindical mais rápido do Brasil.
ISTOÉ – O registro iria custar os R$ 200 mil entregues ao Lupi?
Ana –
Não iam ser só R$ 200 mil, não. Essa carta sindical custaria R$ 3 milhões. Ele encheu o olho porque se tratava de um sindicato cegonheiro e todo mundo já sabe que cegonha dá muito dinheiro mesmo. Eles fantasiam uma coisa na cabeça deles. É uma coisa em que todos acham que rola muita grana. Na época, o Lupi ainda falou para o João Graça, que me contou, que, se desse certo de a gente pegar qualquer serviço em Pernambuco, ele queria o direito a ter frotas na empresa. Ocultamente. Claro que não seria no nome dele. Um ministro não poderia ter frotas em uma cegonha de forma aberta.
ISTOÉ – Por que o sindicato não saiu na gestão do ministro Brizola Neto?
Ana –
Acho que foi uma passagem rápida dele por lá. Não saiu porque ele não passou muito tempo. E o João Graça não tinha ligação direta com o Brizola Neto como tem com o Lupi.
ISTOÉ – E como está a questão, atualmente, com o ministro Manoel Dias?
Ana –
Esse aí (o ministro Manoel Dias) era o que ia liberar esse código, agora! Era ele! Só não liberou por causa da reportagem de ISTOÉ. Quando saiu a reportagem, o João Graça foi encontrar comigo no hotel Mercury, em São Paulo. Chegou lá e disse para eu ficar calada porque o registro sindical sairia de qualquer jeito. Sentamos na primeira mesa do restaurante, ele olhou para mim e disse: “Fique calma, esse ministro é nosso também”. Ele disse que o Manoel Dias era só de fachada e quem dá as canetadas no Ministério ainda é o Lupi. Foram exatamente essas as palavras que ele usou lá no hotel.
ISTOÉ – Por que a sra. resolveu dar dinheiro para criar o sindicato?
Ana –
Se a gente não dá dinheiro a esse pessoal, não sai sindicato. Desconheço algum registro que tenha saído sem gastar com propina.
Fotos: MARCUS DESIMONI / NITRO, MARCUS DESIMONI/NITRO; Ueslei Marcelino/REUTERS,Sergio Lima/Folhapress

23 de jan. de 2014

O primeiro cometa do Brasil

Por Salvador Nogueira
Em destaque, na imagem, o tênue brilho do cometa brasileiro, batizado C/2014 A4 SONEAR
Em destaque, na imagem, o tênue brilho do cometa brasileiro, batizado C/2014 A4 SONEARUm trio de astrônomos amadores de Minas Gerais acaba de descobrir o primeiro cometa brasileiro, ou seja, cuja detecção foi feita em território nacional por observadores do próprio país.
A façanha foi realizada no último dia 12 e oficializada pela IAU (União Astronômica Internacional) quatro dias depois, após outros grupos de astrônomos espalhados pelo mundo confirmarem o achado. O cometa acabou nomeado C/2014 A4 SONEAR (sigla para Southern Observatory for Near Earth Asteroids Research), em homenagem ao observatório que o encontrou.
João Ribeiro (esq.) e Cristóvão Jacques (dir.), dois dos três descobridores do cometa SONEAR
João Ribeiro (esq.) e Cristóvão Jacques (dir.), dois dos três descobridores do cometa SONEAR
A equipe é composta por Cristóvão Jacques, Eduardo Pimentel e João Ribeiro. O equipamento, que envolve um telescópio de 450 mm de diâmetro — fabricado sob encomenda no Brasil — e infra-estrutura dedicada, está instalado na pequena cidade de Oliveira, a 165 km de Belo Horizonte.
“O João [Ribeiro] financiou a construção do observatório, e eu financiei os equipamentos”, conta Cristóvão Jacques ao Mensageiro Sideral. “A grana é do bolso nosso, 100%.”
HEROÍSMO ASTRONÔMICO
O foco principal do SONEAR é descobrir os chamados NEOs, sigla para Near-Earth Objects, ou Objetos Próximos à Terra. Entram nessa categoria asteroides e cometas que se aproximem perigosamente da órbita terrestre, ameaçando uma colisão no futuro.
Trata-se de uma pesquisa importantíssima, que consiste em “patrulhar” regiões do céu tirando fotos separadas por alguns minutos. A ideia é que, na sequência de imagens, se houver algum objeto em órbita do Sol, ele será percebido por uma mudança de posição com relação às estrelas distantes. Foi assim que o C/2014 A4 SONEAR foi descoberto. Mas Jacques, Ribeiro e Pimentel não souberam de cara que se tratava de um cometa.
Sequência de imagens que revelou o cometa C/2014 A4 SONEAR
Sequência de imagens que revelou o cometa C/2014 A4 SONEAR
Ao comunicar o achado ao Minor Planet Center (Centro de Planetas Menores) da IAU, o trio forneceu as coordenadas celestes para que outros astrônomos pudessem verificar a existência do objeto. “O primeiro a confirmar foi o observador italiano Ernesto Guido, usando remotamente um telescópio na Austrália de 500 mm de abertura. Ele me enviou um e-mail dizendo que suspeitava que o objeto tivesse características de cometa, ou seja, um pouco nebuloso e alongado”, conta Jacques.
O italiano voltou a observar o objeto, desta vez com um telescópio de 2 metros, e confirmou que era mesmo um cometa. Ponto para os brasileiros!
Observações adicionais feitas por astrônomos na Argentina, no Chile, na Nova Zelândia e na Austrália também confirmaram o novo objeto e enviaram informações ao MPC, que permitiram calcular uma órbita provisória do C/2014 A4 SONEAR. Ele passará a aproximadamente 420 milhões de quilômetros da Terra em setembro de 2015. Tão longe assim, ele não tem a menor chance de se visível a olho nu. Mas a boa notícia é que está descartado qualquer risco de colisão.
Afinal de contas, a missão principal do SONEAR é identificar objetos perigosos. Uma atitude, aliás, digna de Dom Quixote. “Em julho de 2013, o programa de buscas localizado na Austrália foi encerrado devido a falta de verbas, ficando o SONEAR como o único programa de buscas de NEOs atualmente em atividade no hemisfério Sul”, revela Jacques.
Mapa da varredura de projetos de busca de asteroides; em verde (código Y00), o SONEAR
Mapa de varredura da busca por asteroides; em verde (código Y00), o SONEAR, único do hemisfério Sul
LONGA ESTRADA
O time brasileiro já está engajado há bastante tempo. As primeiras observações com esse objetivo — ainda antes da formação do SONEAR — foram feitas em 1999, e 13 asteroides novos foram descobertos no cinturão entre Marte e Júpiter. Em 2000, a equipe desenvolveu um projeto de observação de NEOs que foi selecionado entre 40 competidores para receber financiamento da ONG Planetary Society. Em 2004, o grupo montou um observatório totalmente operado pela internet em Belo Horizonte e executou um programa de busca por supernovas. Além do trio do SONEAR, o esforço contava com a ajuda de outros dois astrônomos amadores: Carlos Colesanti e Tasso Napoleão. Foram descobertas 15 supernovas e 3 estrelas variáveis no esforço.
Em 2009, nasceu o plano de construir o SONEAR. Coube ao óptico Sandro Coletti, de Curitiba, produzir, sob encomenda, o espelho de 450 mm que equipa o telescópio refletor do observatório. Em 2012, surgiu a oportunidade de montar a infra-estrutura em Oliveira, e a construção só foi concluída em junho de 2013. Em setembro o telescópio de 450 mm estava pronto — para testes. “Foram várias noites para acertar e calibrar o instrumento”, conta Jacques.
Para processar as imagens, os astrônomos amadores brasileiros contam com um software chamado Skysift, desenvolvido pelo colega Paulo Renato Holvorcem — um veterano da caça a asteroides, com cerca de 200 descobertas de objetos do tipo entre 1998 e 2003. Holvorcem também chegou a participar da descoberta de três cometas, mas sempre em parceria com observadores estrangeiros. Em compensação, o cometa Liais, descoberto em 1860, foi primeiro visto do Brasil, mas por um astrônomo francês, Emmanuel Liais. O achado foi feito em Olinda, Pernambuco, o que fez muitos o chamarem de cometa Olinda.
O software analisa as imagens, detecta objetos móveis e os separa em uma lista de conhecidos e desconhecidos. “Nesta lista de desconhecidos, vamos checar mais imagens para ver se são objetos verdadeiros ou ruído eletrônico”, afirma Jacques.
O sucesso na detecção dos cometas encanta até os astrônomos profissionais. “A descoberta é significativa, particularmente para um telescópio de pequeno porte como esse”, afirma Fernando Roig, pesquisador do Observatório Nacional que trabalha no projeto IMPACTON, que tem por objetivo rastrear — mas não descobrir — NEOs. “Cabe destacar que a maioria dos cometas atualmente não são descobertos pelos amadores, mas por telescópios profissionais dedicados a varreduras de pequenos corpos, particularmente nos Estados Unidos.”
Daí o Mensageiro Sideral classificar como heroica e quixotesca a iniciativa dos amadores brasileiros. Usando exclusivamente fundos privados, a equipe do SONEAR está dando uma relevante contribuição para proteger nosso planeta de bólidos espaciais potencialmente perigosos. É fundamental que mapeemos as órbitas desses objetos, a fim de afastar qualquer temor imediato de colisão. E, caso a pesquisa gere más notícias, pelo menos as agências espaciais de todo o mundo terão tempo para esboçar um plano capaz de evitar a catástrofe. Como dizia o escritor Arthur C. Clarke, “os dinossauros morreram porque não tinham um programa espacial”. Os terráqueos agradecem.

22 de jan. de 2014

Ações de combate à seca são articuladas no Ceará

Chance de mais um ano com chuvas abaixo da média antecipou medidas para reduzir impactos da estiagem
A possibilidade de mais um ano com chuvas abaixo da média preocupa a todo o Estado, especialmente aos municípios que dependem da safra para o fomento de sua economia. Com isso, o secretário do desenvolvimento agrário, Nelson Martins, apresentou, ontem, ações de combate à seca já em andamento, como a implantação de cisternas, poços, carros pipas e programas de abastecimento de água.

Entre as medidas já em vigor, foi destacada pelo secretário de Desenvolvimento Agrário a existência de 1.100 carros-pipas atendendo às comunidades

Entre as medidas de grande importância, o secretário, também presidente do Comitê Integrado de Combate à Seca no Ceará, destaca o Programa Garantia Safra, que protege os agricultores familiares para uma possível perda de safra. “Temos 335 mil vagas no Ceará. Em caso de perda de safra, ele recebe, no mínimo, 850 reais. Há um compromisso público que, em caso de haver perda de safra de no mínimo 50%, os agricultores continuarão recebendo o benefício, isso significa entrar na economia do Ceará por volta 600 milhões de reais”, explicou.

No conjunto de ações já implementadas pelo Comitê junto a demais órgãos, o secretário destacou a existência de 1.100 carros-pipas atendendo às comunidades com dificuldades no abastecimento de água, e a perfuração de poços. “Foram mais de 600 perfurados em 2012 e 2013 pela Secretaria de Recursos Hídricos, mais de 100 pela Cagece, e 395 estão sendo perfurados pela SDA”,ressaltou.

Nelson Martins afirmou, também, já haver 170 mil cisternas construídas e funcionando no Estado, e estão sendo feitas, já com recurso garantido, mais 80 mil.

Abastecimento
Sobre a implantação de sistemas de abastecimento d’água, o secretário disse haver duas grandes ações: o projeto São José III, com recursos da ordem de R$ 700 milhões e o programa Água para Todos, uma parceria com o Ministério da Integração. “Nós já temos, hoje, por volta de 468 sistemas, em execução ou em licitação para a execução, e vamos encaminhar para a execução mais 320 sistemas de abastecimento”, afirmou.

Nelson Martins destacou, ainda, já terem sido entregues 181 máquinas retroescavadeiras aos municípios cearenses para aprofundamento dos açudes. Além disto, ele garante que cada cidade terá motoniveladora, caminhão caçamba, pá carregadeira e carros pipas. “É uma estrutura boa para que o município possa conviver com essa questão”.

Segundo ele, o rebanho também é uma preocupação, e por isso já existe uma garantia de receber da Companhia Nacional de Abastecimento no Ceará (Conab/CE) 30 mil toneladas de milho. “Todas essas ações em andamento serão ampliadas dependendo da necessidade”. (RB)

29 municípios registram precipitação no Estado
Russas. No dia em que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) apresentou o prognóstico da quadra chuvosa até abril, choveu em 29 municípios do Ceará. A maior precipitação foi em Crateús, 30 mm. Também houve pancadas de chuvas isoladas no Centro e Sul do Estado.

Choveu ainda nos municípios de Tauá (13.6 mm) e Acopiara (14 mm). As chuvas ocorreram na madrugada de segunda-feira (20), e registrada ontem de manhã. Em Tauá, assim como nos demais municípios, o tempo permaneceu nublado durante todo o dia. Em Crateús, o dia amanheceu nublado ontem (21). Na zona rural daquele município, também houve precipitações.

Ocorrências
Além dos Inhamuns, choveu no Sertão Central e na região do Cariri. No Crato, a precipitação foi de 16 mm e em Missão Velha, 10 mm. Também choveu em Quiterianópolis (14mm), Ipueiras (14 mm) e Arneiroz (13 mm). No Vale do Jaguaribe, os primeiros dias da semana permaneceram nublados em diversos municípios, como Russas e Limoeiro do Norte, mas não houve registro de chuvas. Segundo a meteorologista Dayse Moraes, o quadro é explicado pela atuação de um sistema meteorológico secundário, o Cavado de Altos Níveis, que se caracteriza pela baixa intensidade e pouca duração.

21 de jan. de 2014

FMI reduz de novo previsão de crescimento do Brasil

Fundo projeta elevação de 2,3% do PIB nacional em 2014

AE
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a reduzir as previsões de crescimento econômico do Brasil. Para este ano, a projeção é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do País cresça 2,3%, abaixo dos 2,5% previstos em outubro e mesmo nível da expansão estimada para 2013. Em 2015, o FMI projeta avanço de 2,8%, também menor que os 3,2% divulgados no relatório anterior.

O Brasil deve ter este um dos menores crescimentos entre os países emergentes com previsões divulgadas no relatório de hoje. O México, por exemplo, deve se expandir 3% este ano e 3,5% no próximo. A África do Sul deve crescer 2,8% e 3,3% nos mesmos períodos. Entre os grandes mercados emergentes, só a Rússia deve ter desempenho pior que o Brasil, crescendo 2% este ano e 2,5% no próximo. O país, aliás, foi o que teve o maior corte na projeção para este ano, que era de expansão de 3% no relatório de outubro.

O Brasil deve crescer abaixo da média dos mercados emergentes e da economia mundial. Os emergentes devem se expandir 5,1% este ano, mesma previsão do relatório de outubro. Em 2015, o crescimento deve ficar em 5,4%, pouco acima dos 5,3% previstos anteriormente. Já a economia global deve avançar 3,7% e 3,9% este ano e no próximo.

O Fundo divulgou hoje um relatório em Washington atualizando as estimativas feitas durante sua reunião anual na capital americana em outubro, quando apresentou o documento "Perspectiva Econômica Global". As projeções anuais para a economia brasileira vêm sendo rebaixadas a cada novo relatório do FMI desde meados de 2012, por conta de fatores como os gargalos na infraestrutura.

No documento de hoje, o Fundo alerta que países emergentes com contas externas mais fragilizadas e fraquezas internas, como é o caso do Brasil, estão "particularmente expostos" ao risco de fugas de capital em meio à mudança da política monetária dos Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que começaram este mês. A recomendação do Fundo é de que os governos deixem as moedas desvalorizarem e fiquem atentos para gerenciar uma piora da fuga de recursos.

Crescente volatilidade no mercado financeiro e nos fluxos internacionais de capital está entre os principais riscos que os mercados emergentes terão que enfrentar este ano, destaca o relatório do FMI. "A combinação de mudanças nas carteiras dos agentes e fraquezas domésticas pode resultar em fugas mais acentuadas de capital e ajustes nas taxas de câmbio", alerta o documento.

20 de jan. de 2014

Ele não está sozinho

Antes mesmo do lançamento oficial, os óculos inteligentes do Google já enfrentam uma concorrência feroz que aposta na popularização da tecnologia de vestir

Lucas Bessel
O mundo da tecnologia aguarda com ansiedade o início das vendas do Google Glass, os óculos inteligentes criados pela gigante de tecnologia americana. De um lado estão os que acreditam que os “gadgets vestíveis” serão a principal tendência de comunicação e entretenimento de 2014. Do outro, os que acham que o conceito só vai se tornar realmente viável a partir da próxima década – e que apostam, sem meias palavras, no imediato fracasso da empreitada do Google. Seja como for, o Glass chegará ao mercado nos próximos meses (data exata e preço ainda são mantidos em segredo) para enfrentar uma concorrência feroz, que ganhou corpo durante a Consumer Electronics Show (CES), a maior feira de tecnologia dos Estados Unidos, em Las Vegas, na última semana.
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NA TELINHA
O Google Glass nem precisa de lentes para funcionar: as informações
são projetadas em um pequeno visor sobre o olho
De maneira geral, os smart glasses funcionam projetando em uma pequena tela ou na própria lente as funções que você encontraria na maioria dos telefones celulares inteligentes. Por meio de comandos de voz, movimento ou toque, o usuário pode ler e-mails e mensagens de texto, tirar fotos, gravar e transmitir vídeos ou fazer ligações. Mais do que isso: muitos desses óculos permitirão explorar de forma quase ilimitada os recursos da realidade aumentada. Imagine-se, por exemplo, caminhando por uma rua em busca de uma loja de artigos esportivos. Com um simples comando, o Google Glass – ou seu concorrente – poderá encontrar o estabelecimento e projetar em seu campo de visão um caminho estabelecido por GPS. Da mesma forma, ao cruzar essas informações com um banco de dados, ele poderá indicar onde estão os melhores preços para o produto que você procura.
“Ainda é uma coisa meio de ciborgue”, admite Francesco Giartosio, presidente da italiana GlassUp, cujos óculos de mesmo nome devem ser lançados comercialmente até julho deste ano. O protótipo 100% funcional – com realidade aumentada, GPS, câmera e sistema de voz – que a empresa mostrou na CES ainda está longe do desenho elegante que a companhia pretende entregar ao consumidor. Esse, aliás, é um dos grandes desafios para os fabricantes: tornar os smart glasses visualmente agradáveis. Por enquanto, todos, sem exceção, causam estranheza quando colocados no rosto.
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REALIDADE AUMENTADA
Óculos poderão reconhecer seus amigos na rua e
projetar informações obtidas nas redes sociais
Enquanto produtos como o GlassUp atacam diretamente o Google Glass, outros fabricantes decidiram explorar nichos (confira quadro). O Jet são óculos desenvolvidos especialmente para esportistas. Segundo produto da fabricante americana Recon Systems, especializada em levar tecnologias militares ao cidadão comum, ele fornece aos ciclistas informações como elevação, distância percorrida e velocidade. Ainda permite, é claro, compartilhar fotos e vídeos nas redes sociais. As entregas mundiais começam em março deste ano. O mercado esportivo também é o foco da start-up libanesa Butterfleye, que criou o Instabeat, um tipo de monóculo que pode ser acoplado a óculos de natação para informar ao atleta a frequência cardíaca durante o exercício. Outras empresas acreditam que, antes de chegarem com força ao consumidor geral, os smart glasses ganharão terreno entre os usuários corporativos, especialmente na indústria. É o caso da XoEye, cujos óculos transmitem vídeo de alta qualidade via wi-fi e ainda servem como sistema de comunicação. Assim, um técnico poderia receber orientações vindas de milhares de quilômetros de distância enquanto conserta tubos de gás, por exemplo.
Embora o grande teste mercadológico comece agora, alguns smart glasses já rodam por aí. O blogueiro e autor americano Robert Scoble, especializado em tecnologia, foi um dos primeiros no mundo a comprar, por nada módicos US$ 1.500, o Google Glass, depois de ser especialmente indicado pela empresa. “Adoro o meu Glass, mas estou um pouco frustrado com a velocidade com que o Google tem liberado aplicações e recursos”, avaliou. É em cima dessa demora que os concorrentes esperam conseguir alguma chance de vitória.
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Fotos: Divulgação

19 de jan. de 2014

Após sete anos, iPhone alcança 420 milhões de unidades vendidas

Atualmente, o iPhone corresponde a 53% do faturamento da Apple

Há sete anos, em janeiro de 2007, Steve Jobs apresentava ao mundo o novo lançamento da Apple que iria ser responsável por uma revolução no mercado de smartphones. A tecnologia que até então engatinhava foi impulsionada e ganhou a cara que dominaria o seu futuro a partir dali. Uma das provas do sucesso foi divulgada pela empresa de pesquisa Statista: até setembro de 2013, a Apple já havia vendido mais de 420 milhões de iPhones.
O iPhone 5S vem na cor dourada, tem design mais "elegante" e é o primeiro a oferecer leitor de impressões digitais para desbloqueio da tela inicial FOTO: Divulgação
Atualmente, o iPhone corresponde a 53% do faturamento da companhia e faz com que a Apple responda por mais da metade do faturamento global do mercado de smartphones, de acordo com informações da Statista. 
Na época de seu lançamento, Steve Jobs disse que o iPhone era a combinação de três produtos: um celular revolucionário, um iPod com controles touch e um dispositivo capaz de se conectar à internet com email nativo, navegador, busca e mapas. Ao longo de sua trajetória o aparelho ganhou outras inúmeras funções e não cabe mais nessa descrição. Embora não tenha sido o precursor nas tecnologias que reuniu, foi o primeiro a apresentá-las ao consumidor de forma criativa e atraente.
Aparelho introduziu conceito de loja de apps
O iPhone introduziu no mercado o conceito de loja de aplicativos e abriu espaço para o trabalho de milhares de programadores e startups. Até o final de 2013, a Apple já havia pago US$ 15 bilhões a desenvolvedores pelos aplicativos vendidos na App Store. Presente em 155 países, a loja de aplicativos da Apple tem 1 milhão de apps para download.
Após o primeiro modelo, em 2008, a companhia anunciou o iPhone 3G, que além da compatibilidade com a rede mais rápida também vinha com GPS. Um ano depois, veio o 3GS, duas vezes mais rápido que o anterior, com câmera melhor e bateria de maior duração.
Em 2010, foi a vez do iPhone 4 chegar ao mercado trazendo o FaceTime, a tela de retina e o aparelho na cor branca. Tradicionalmente um ano depois, a companhia anunciou a versão 4S que apresentou ao mundo a Siri, uma "assistente inteligente" que permite que você "converse" com o telefone para acessar aplicativos e informações.
Um dia após o anúncio do iPhone 4S, o fundador da Apple, Steve Jobs, morreu. O próximo modelo, no entanto, teria sido supervisionado em cada detalhe por Jobs até o design final, segundo a empresa. Em 2012, veio então o que seria o último iPhone planejado pelo seu criador, o 5. A inovação desta vez estava nas melhorias de velocidade, bateria e display, além da tela maior e do peso mais leve.
Empresa lança dispositivo mais barato
Ao seu estilo, sempre controlando todas as "pontas" do produto design, produção e aplicativos a Apple entregou em 2013 duas versões do seu smartphone: o 5C e o 5S. O primeiro é mais barato (em comparação ao 5S), vem em cinco cores, é feito de plástico e traz todas as possibilidades técnicas que os aparelhos anteriores já ofereciam. O segundo vem também na cor dourada, tem design mais "elegante" e é o primeiro a oferecer um leitor de impressões digitais para desbloqueio da tela inicial.
Após a curta jornada de evolução, o iPhone gera hoje um faturamento de US$ 91,3 bilhões e deve continuar a revolucionar o mercado e o consumo tanto entre os apenas usuários quanto, principalmente, entre os fãs da "maçã".

18 de jan. de 2014

Marta Suplicy é condenada e tem direitos políticos cassados por 3 anos

Ministra cometeu improbidade administrativa à frente da Prefeitura de SP.
Justiça entendeu que ela contratou ONG sem a devida licitação.

Do G1 São Paulo
Marta Suplicy, em evento do Ministério da
Cultura (Foto: Débora Carvalho/G1)
Marta Suplicy, durante divulgação do Vale Cultura em São José dos Campos falou sobre polêmica das biografias (Foto: Débora Carvalho/G1) A ex-prefeita de São Paulo e atual ministra da Cultura, Marta Suplicy, foi condenada por improbidade administrativa pela Justiça de São Paulo por atos à frente do Executivo municipal no período de 2001 a 2005. A decisão, publicada no último dia 9, é do juiz Alexandre Jorge Carneiro da Cunha Filho, da 1ª Vara da Fazenda Pública da capital paulista.
Além da suspensão dos seus direitos políticos por três anos, Marta Suplicy foi condenada ainda a pagar multa no valor de cinco vezes o que ela recebia de remuneração no período em que foi prefeita.
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público, Marta Suplicy contratou sem licitação, em 2002, a organização não-governamental GTPOS (Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual) para desenvolver ações sobre planejamento familiar, métodos contraceptivos e sexualidade para os moradores das subprefeituras de Cidade Ademar e Cidade Tiradentes, ambas na Zona Leste de São Paulo.
A secretária municipal da Educação na gestão de Marta Suplicy, Maria Aparecida Perez, também teve seus direitos políticos cassados por três anos e ainda terá de pagar multa equivalente a cinco vezes o salário dela na época.
A ONG também foi condenada a pagar multa no valor de 10% do contrato original firmado com a administração, de R$ 372.119,19 na época, o qual deve ser atualizado segundo os índices oficiais acrescido de juros moratórios contados da última citação realizada nos autos do processo. E foi proibida de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritária, pelo prazo de três anos.
Em sua decisão, o juiz afirma que os documentos apresentados comprovam que a “contratação ilícita levou ao favorecimento da entidade, que, em sua origem, teve relações estreitas com a chefe do Executivo local”. Marta Suplicy foi sócia-fundadora da ONG.
“Nestes termos, verifica-se que o gestor desviou-se de seu dever de imparcialidade, praticando conduta voluntária e consciente, favorável à entidade com que há pouco mantinha estreita relação funcional, não se resguardando quanto à licitude objetiva do processo de escolha do prestador de serviço, para o que era imprescindível, no mínimo, a consulta de preços dirigida a demais agentes aptos à atividade contratada”, completa a decisão judicial, da qual cabe recurso.
O G1 não conseguiu localizar os advogados de defesa de Marta Suplicy para comentar o assunto.

17 de jan. de 2014

Castanhão atinge nível mais baixo da história

Açude é utilizado para abastecimento da Capital. Reservatórios do Dnocs estão com 31% da capacidade
As chuvas registradas neste mês em grande parte dos municípios cearenses, embora promissoras, não foram suficientes para aliviar a situação de escassez nos açudes do Estado. Os 63 reservatórios monitorados pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), os maiores do Ceará, estão com apenas 31% de sua capacidade de armazenamento, 17 deles em volume morto, atingindo uma parcela inativa para fins de captação de água. O Castanhão, mais importante açude público para múltiplos usos do Brasil, apresenta o menor nível desde que foi inaugurado, em 2003.

No Castanhão, o maior açude do Ceará, o volume de água armazenado chegou a 39% da capacidade total, fato que não acontecia desde que foi criado, há cerca de dez anos. A última cheia aconteceu em 2004 FOTO: BRUNO GOMES
Segundo o chefe do Serviço de Monitoramento dos Reservatórios do Dnocs, André Mavignier, os açudes do Ceará acumulam, hoje, 5 bilhões de m³ de volume de água armazenado. Apesar de ser a melhor proporção entre os estados do Nordeste com reservatórios do órgão, o número não é animador, tendo em vista que quase todos os municípios dependem dos açudes para subsistência. "Esses dois anos ruins que tivemos em termos de chuva sacrificaram muito a recarga dos reservatórios. A situação é preocupante e afeta, pelo menos, 50 municípios em todo o Estado", afirma.

Os açudes Várzea do Boi e Trici, ambos localizados na Bacia do Alto Jaguaribe, estão entre os que possuem as menores reservas. O primeiro, cuja capacidade é de 51,9 milhões de m³ de água, e o segundo, com espaço para 16,5 milhões de m³, contêm apenas 1% das respectivas quantidades.

Ambos estão na lista dos açudes com volume morto, ou seja, que não possuem mais nenhuma finalidade de abastecimento e já apresentam consideráveis níveis de impureza.

Castanhão
No Castanhão, o maior do Ceará e mais importante açude de múltiplos usos do Brasil, o volume de água armazenado chegou a 39% da capacidade total, fato que não acontecia desde que foi criado, há cerca de dez anos. O reservatório tem como finalidade o abastecimento urbano, a irrigação, a regularização da vazão do Rio Jaguaribe, a piscicultura e outros usos. De acordo com o Dnocs, a última cheia aconteceu em 2004. "Esses 39% ainda representam muita água, são 2,6 bilhões de m³. Mas, ainda assim, é uma situação crítica, porque o Castanhão abastece muitas cidades, inclusive Fortaleza", destaca Mavignier.

Dentre os açudes monitorados pelo órgão, apenas quatro estão acima dos 50% de reserva. O Orós está com 970 milhões de m³ de água, 50% de sua capacidade. O Banabuiú se encontra com 54% e o Trussu, com 60%. Já o açude Quixeramobim, na Bacia do Banabuiú se mantem com 65% de sua capacidade, conservando 34,8 milhões de m³ do recurso hídrico.

Diante do quadro alarmante, o Dnocs espera, com grande expectativa, a previsão climática da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) para este ano. O anúncio oficial da estação chuvosa deve acontecer na próxima terça-feira (21). Segundo André Mavignier, caso o prognóstico não seja positivo, alguns municípios cearenses correm riscos de sofrer graves problemas de abastecimento.

"Se ocorrerem eventos climáticos negativos, vamos ter uma crise, não em Fortaleza, mas no Interior. Alguns municípios vão continuar dependendo de poços e cisternas", diz.

Ações
Dos 144 açudes monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), 112 estão com menos de 30% de sua capacidade. Destes, 13 apresentam menos de 1% de reserva. Segundo Ricardo Adeodato, diretor de operação do órgão, embora nenhuma grande cidade cearense esteja ameaçada de ausência de água, a companhia está se preparando para todos os cenários climáticos possíveis neste ano.

O diretor afirma que a Cogerh está realizando simulações com situações de recarga zero, recarga semelhante a dos anos de 2012 e 2013, e a recarga média dos últimos 10 anos. "A partir disso, veremos quais cidades terão problemas e já indicaremos ações emergenciais de médio e longo prazo", ressalta.

VANESSA MADEIRA
REPÓRTER

FIQUE POR DENTRO

Funceme divulga previsões na próxima semana
A pré-estação chuvosa já vem registrando precipitações neste início de ano em alguns municípios, mas a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) só deve divulgar as previsões climáticas para o ano de 2014 na próxima terça-feira (21).

O anúncio será feito às 18h, em evento no Hotel Luzeiros, na Beira-Mar. O prognóstico indicará se o Estado terá uma quantidade de chuvas acima ou abaixo da média histórica. Nos últimos dois anos, o Estado obteve previsões desfavoráveis.

15 de jan. de 2014

Com medo, cartolas da Fifa preferem ver a Copa fora do Brasil

Dirigentes temem a repetição dos protestos ocorridos durante a Copa das Confederações, em 2013

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A "Família Fifa" não vai permanecer no Brasil durante a Copa do Mundo. A reportagem apurou com exclusividade que dezenas de cartolas da entidade, presidentes de federações e dirigentes já decidiram que não vão ficar durante todo o mês do Mundial no País por questões de segurança. Eles temem a repetição dos protestos ocorridos durante a Copa das Confederações em 2013 e estão sendo aconselhados pela Fifa a ficar pouco tempo em território brasileiro.
Os cartolas chegarão a São Paulo dias antes do Mundial para o Congresso Anual da Fifa. Depois, deixarão o Brasil e voltarão eventualmente apenas para a final. Durante a Copa das Confederações, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, deixou o Brasil justificando que precisava também acompanhar o Mundial Sub-20 na Turquia. Mas a saída foi vista como uma atitude do cartola de desagrado com a maneira como o governo estava lidando com a crise.
 
Desta vez Blatter permanecerá no Brasil, assim como o secretário-geral Jérôme Valcke. Mas cartolas centro-americanos e da América do Norte confirmaram que devem voltar a seus países logo depois do Congresso da Fifa e da abertura da Copa. Dirigentes de outras partes do mundo devem tomar a mesma atitude. "Os protestos são uma grande ameaça", disse um dos mais altos funcionários responsáveis pela segurança na Fifa. "Estamos muito preocupados".
 
Durante a Copa das Confederações, carros da Fifa tiveram suas identidades retiradas para não serem identificados pelos manifestantes. No hotel que servia de quartel-general da entidade no Rio de Janeiro, as bandeiras da Fifa foram também retiradas.
 
Para 2014, a Fifa, governo, patrocinadores e parceiros comerciais da Copa do Mundo já preparam um plano de contingência caso os protestos ganhem proporções alarmantes durante o Mundial. A meta é conseguir que nenhuma partida seja afetada, além de garantir uma proteção extra para a "Família Fifa" e patrocinadores.
 
O plano está sendo elaborado em Zurique e Brasília, depois que os serviços de inteligência no Brasil informaram ao governo e aos organizadores do evento que protestos para os meses de julho e julho já começam a ser planejados entre ativistas, ONGs e estudantes.
 
A Fifa já trabalha com o cenário de que os protestos vão ocorrer, mas quer minimizar ao máximo o impacto no evento. Outra preocupação é com a presença de torcedores estrangeiros, o que praticamente não existiu na Copa das Confederações. O cenário de pesadelo seria um eventual incidente de violência com um estrangeiro, o que poderia causar um profundo mal-estar na competição.
 
A estratégia também envolve uma campanha midiática. A ordem na Fifa é afastar a entidade dos problemas domésticos brasileiros e insistir que os protestos não são contra o futebol nem contra o organismo. O presidente Joseph Blatter deu uma indicação de qual será o discurso da Fifa nos próximos cinco meses ao conceder uma entrevista a um jornal suíço há uma semana.
 
"Nós sabemos que teremos novas manifestações e protestos. Os últimos, na Copa das Confederações, nasceram nas redes sociais. Não tinham objetivo, reivindicações reais. Durante a Copa serão mais concretos, mais estruturados. Mas o futebol será protegido. Não acredito que os brasileiros atacarão o futebol diretamente. No país deles, o futebol é uma religião", disse o dirigente.
 
Do lado do governo, existe ainda uma outra preocupação: a segurança de dezenas de chefes de Estado, políticos, líderes mundiais e personalidades que irão ao Brasil para a abertura ou encerramento da Copa.