Dirigentes temem a repetição dos protestos ocorridos durante a Copa das Confederações, em 2013
AE
Os cartolas chegarão a São Paulo dias antes do Mundial para o
Congresso Anual da Fifa. Depois, deixarão o Brasil e voltarão
eventualmente apenas para a final. Durante a Copa das Confederações, o
presidente da Fifa, Joseph Blatter, deixou o Brasil justificando que
precisava também acompanhar o Mundial Sub-20 na Turquia. Mas a saída foi
vista como uma atitude do cartola de desagrado com a maneira como o
governo estava lidando com a crise.
Desta vez Blatter permanecerá no Brasil, assim como o
secretário-geral Jérôme Valcke. Mas cartolas centro-americanos e da
América do Norte confirmaram que devem voltar a seus países logo depois
do Congresso da Fifa e da abertura da Copa. Dirigentes de outras partes
do mundo devem tomar a mesma atitude. "Os protestos são uma grande
ameaça", disse um dos mais altos funcionários responsáveis pela
segurança na Fifa. "Estamos muito preocupados".
Durante a Copa das Confederações, carros da Fifa tiveram suas
identidades retiradas para não serem identificados pelos manifestantes.
No hotel que servia de quartel-general da entidade no Rio de Janeiro, as
bandeiras da Fifa foram também retiradas.
Para 2014, a Fifa, governo, patrocinadores e parceiros comerciais
da Copa do Mundo já preparam um plano de contingência caso os protestos
ganhem proporções alarmantes durante o Mundial. A meta é conseguir que
nenhuma partida seja afetada, além de garantir uma proteção extra para a
"Família Fifa" e patrocinadores.
O plano está sendo elaborado em Zurique e Brasília, depois que os
serviços de inteligência no Brasil informaram ao governo e aos
organizadores do evento que protestos para os meses de julho e julho já
começam a ser planejados entre ativistas, ONGs e estudantes.
A Fifa já trabalha com o cenário de que os protestos vão ocorrer,
mas quer minimizar ao máximo o impacto no evento. Outra preocupação é
com a presença de torcedores estrangeiros, o que praticamente não
existiu na Copa das Confederações. O cenário de pesadelo seria um
eventual incidente de violência com um estrangeiro, o que poderia causar
um profundo mal-estar na competição.
A estratégia também envolve uma campanha midiática. A ordem na Fifa
é afastar a entidade dos problemas domésticos brasileiros e insistir
que os protestos não são contra o futebol nem contra o organismo. O
presidente Joseph Blatter deu uma indicação de qual será o discurso da
Fifa nos próximos cinco meses ao conceder uma entrevista a um jornal
suíço há uma semana.
"Nós sabemos que teremos novas manifestações e protestos. Os
últimos, na Copa das Confederações, nasceram nas redes sociais. Não
tinham objetivo, reivindicações reais. Durante a Copa serão mais
concretos, mais estruturados. Mas o futebol será protegido. Não acredito
que os brasileiros atacarão o futebol diretamente. No país deles, o
futebol é uma religião", disse o dirigente.
Do lado do governo, existe ainda uma outra preocupação: a segurança
de dezenas de chefes de Estado, políticos, líderes mundiais e
personalidades que irão ao Brasil para a abertura ou encerramento da
Copa.
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