17 de jan. de 2014

Castanhão atinge nível mais baixo da história

Açude é utilizado para abastecimento da Capital. Reservatórios do Dnocs estão com 31% da capacidade
As chuvas registradas neste mês em grande parte dos municípios cearenses, embora promissoras, não foram suficientes para aliviar a situação de escassez nos açudes do Estado. Os 63 reservatórios monitorados pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), os maiores do Ceará, estão com apenas 31% de sua capacidade de armazenamento, 17 deles em volume morto, atingindo uma parcela inativa para fins de captação de água. O Castanhão, mais importante açude público para múltiplos usos do Brasil, apresenta o menor nível desde que foi inaugurado, em 2003.

No Castanhão, o maior açude do Ceará, o volume de água armazenado chegou a 39% da capacidade total, fato que não acontecia desde que foi criado, há cerca de dez anos. A última cheia aconteceu em 2004 FOTO: BRUNO GOMES
Segundo o chefe do Serviço de Monitoramento dos Reservatórios do Dnocs, André Mavignier, os açudes do Ceará acumulam, hoje, 5 bilhões de m³ de volume de água armazenado. Apesar de ser a melhor proporção entre os estados do Nordeste com reservatórios do órgão, o número não é animador, tendo em vista que quase todos os municípios dependem dos açudes para subsistência. "Esses dois anos ruins que tivemos em termos de chuva sacrificaram muito a recarga dos reservatórios. A situação é preocupante e afeta, pelo menos, 50 municípios em todo o Estado", afirma.

Os açudes Várzea do Boi e Trici, ambos localizados na Bacia do Alto Jaguaribe, estão entre os que possuem as menores reservas. O primeiro, cuja capacidade é de 51,9 milhões de m³ de água, e o segundo, com espaço para 16,5 milhões de m³, contêm apenas 1% das respectivas quantidades.

Ambos estão na lista dos açudes com volume morto, ou seja, que não possuem mais nenhuma finalidade de abastecimento e já apresentam consideráveis níveis de impureza.

Castanhão
No Castanhão, o maior do Ceará e mais importante açude de múltiplos usos do Brasil, o volume de água armazenado chegou a 39% da capacidade total, fato que não acontecia desde que foi criado, há cerca de dez anos. O reservatório tem como finalidade o abastecimento urbano, a irrigação, a regularização da vazão do Rio Jaguaribe, a piscicultura e outros usos. De acordo com o Dnocs, a última cheia aconteceu em 2004. "Esses 39% ainda representam muita água, são 2,6 bilhões de m³. Mas, ainda assim, é uma situação crítica, porque o Castanhão abastece muitas cidades, inclusive Fortaleza", destaca Mavignier.

Dentre os açudes monitorados pelo órgão, apenas quatro estão acima dos 50% de reserva. O Orós está com 970 milhões de m³ de água, 50% de sua capacidade. O Banabuiú se encontra com 54% e o Trussu, com 60%. Já o açude Quixeramobim, na Bacia do Banabuiú se mantem com 65% de sua capacidade, conservando 34,8 milhões de m³ do recurso hídrico.

Diante do quadro alarmante, o Dnocs espera, com grande expectativa, a previsão climática da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) para este ano. O anúncio oficial da estação chuvosa deve acontecer na próxima terça-feira (21). Segundo André Mavignier, caso o prognóstico não seja positivo, alguns municípios cearenses correm riscos de sofrer graves problemas de abastecimento.

"Se ocorrerem eventos climáticos negativos, vamos ter uma crise, não em Fortaleza, mas no Interior. Alguns municípios vão continuar dependendo de poços e cisternas", diz.

Ações
Dos 144 açudes monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), 112 estão com menos de 30% de sua capacidade. Destes, 13 apresentam menos de 1% de reserva. Segundo Ricardo Adeodato, diretor de operação do órgão, embora nenhuma grande cidade cearense esteja ameaçada de ausência de água, a companhia está se preparando para todos os cenários climáticos possíveis neste ano.

O diretor afirma que a Cogerh está realizando simulações com situações de recarga zero, recarga semelhante a dos anos de 2012 e 2013, e a recarga média dos últimos 10 anos. "A partir disso, veremos quais cidades terão problemas e já indicaremos ações emergenciais de médio e longo prazo", ressalta.

VANESSA MADEIRA
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FIQUE POR DENTRO

Funceme divulga previsões na próxima semana
A pré-estação chuvosa já vem registrando precipitações neste início de ano em alguns municípios, mas a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) só deve divulgar as previsões climáticas para o ano de 2014 na próxima terça-feira (21).

O anúncio será feito às 18h, em evento no Hotel Luzeiros, na Beira-Mar. O prognóstico indicará se o Estado terá uma quantidade de chuvas acima ou abaixo da média histórica. Nos últimos dois anos, o Estado obteve previsões desfavoráveis.

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