20 de jan. de 2014

Ele não está sozinho

Antes mesmo do lançamento oficial, os óculos inteligentes do Google já enfrentam uma concorrência feroz que aposta na popularização da tecnologia de vestir

Lucas Bessel
O mundo da tecnologia aguarda com ansiedade o início das vendas do Google Glass, os óculos inteligentes criados pela gigante de tecnologia americana. De um lado estão os que acreditam que os “gadgets vestíveis” serão a principal tendência de comunicação e entretenimento de 2014. Do outro, os que acham que o conceito só vai se tornar realmente viável a partir da próxima década – e que apostam, sem meias palavras, no imediato fracasso da empreitada do Google. Seja como for, o Glass chegará ao mercado nos próximos meses (data exata e preço ainda são mantidos em segredo) para enfrentar uma concorrência feroz, que ganhou corpo durante a Consumer Electronics Show (CES), a maior feira de tecnologia dos Estados Unidos, em Las Vegas, na última semana.
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NA TELINHA
O Google Glass nem precisa de lentes para funcionar: as informações
são projetadas em um pequeno visor sobre o olho
De maneira geral, os smart glasses funcionam projetando em uma pequena tela ou na própria lente as funções que você encontraria na maioria dos telefones celulares inteligentes. Por meio de comandos de voz, movimento ou toque, o usuário pode ler e-mails e mensagens de texto, tirar fotos, gravar e transmitir vídeos ou fazer ligações. Mais do que isso: muitos desses óculos permitirão explorar de forma quase ilimitada os recursos da realidade aumentada. Imagine-se, por exemplo, caminhando por uma rua em busca de uma loja de artigos esportivos. Com um simples comando, o Google Glass – ou seu concorrente – poderá encontrar o estabelecimento e projetar em seu campo de visão um caminho estabelecido por GPS. Da mesma forma, ao cruzar essas informações com um banco de dados, ele poderá indicar onde estão os melhores preços para o produto que você procura.
“Ainda é uma coisa meio de ciborgue”, admite Francesco Giartosio, presidente da italiana GlassUp, cujos óculos de mesmo nome devem ser lançados comercialmente até julho deste ano. O protótipo 100% funcional – com realidade aumentada, GPS, câmera e sistema de voz – que a empresa mostrou na CES ainda está longe do desenho elegante que a companhia pretende entregar ao consumidor. Esse, aliás, é um dos grandes desafios para os fabricantes: tornar os smart glasses visualmente agradáveis. Por enquanto, todos, sem exceção, causam estranheza quando colocados no rosto.
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REALIDADE AUMENTADA
Óculos poderão reconhecer seus amigos na rua e
projetar informações obtidas nas redes sociais
Enquanto produtos como o GlassUp atacam diretamente o Google Glass, outros fabricantes decidiram explorar nichos (confira quadro). O Jet são óculos desenvolvidos especialmente para esportistas. Segundo produto da fabricante americana Recon Systems, especializada em levar tecnologias militares ao cidadão comum, ele fornece aos ciclistas informações como elevação, distância percorrida e velocidade. Ainda permite, é claro, compartilhar fotos e vídeos nas redes sociais. As entregas mundiais começam em março deste ano. O mercado esportivo também é o foco da start-up libanesa Butterfleye, que criou o Instabeat, um tipo de monóculo que pode ser acoplado a óculos de natação para informar ao atleta a frequência cardíaca durante o exercício. Outras empresas acreditam que, antes de chegarem com força ao consumidor geral, os smart glasses ganharão terreno entre os usuários corporativos, especialmente na indústria. É o caso da XoEye, cujos óculos transmitem vídeo de alta qualidade via wi-fi e ainda servem como sistema de comunicação. Assim, um técnico poderia receber orientações vindas de milhares de quilômetros de distância enquanto conserta tubos de gás, por exemplo.
Embora o grande teste mercadológico comece agora, alguns smart glasses já rodam por aí. O blogueiro e autor americano Robert Scoble, especializado em tecnologia, foi um dos primeiros no mundo a comprar, por nada módicos US$ 1.500, o Google Glass, depois de ser especialmente indicado pela empresa. “Adoro o meu Glass, mas estou um pouco frustrado com a velocidade com que o Google tem liberado aplicações e recursos”, avaliou. É em cima dessa demora que os concorrentes esperam conseguir alguma chance de vitória.
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Fotos: Divulgação

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