31 de out. de 2010

Dilma é a primeira mulher presidente do Brasil

Dilma Rousseff (PT) é a primeira mulher presidente do Brasil.
Com 93,25% dos votos apurados, a candidata petista alcançou até o momento 55,43% dos votos válidos, tem 51,5 milhões de votos e matematicamente já não pode ser alcançada pelo tucano José Serra, que, com 44,69%, tem 41,4 milhões. Votos nulos somam 4,4%, e brancos, 2,3%.
A abstenção gira em torno de 21,1%.
O eleitorado brasileiro é de 135 milhões de pessoas. CANDIDATURA
Ex-ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, Dilma foi alçada já em 2008 à condição de candidata pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que começou então a dar as primeiras indicações de que gostaria de ver uma mulher ocupando o posto mais importante da República.
Em 31 de março deste ano, Dilma deixou a Casa Civil para entrar na pré-campanha.
Cresceu nas pesquisas e chegou a ter mais de 50% dos votos válidos em todas elas, mas começou a oscilar negativamente dias antes do primeiro turno, após a revelação dos escândalos de corrupção na Casa Civil e da entrada do tema do aborto na campanha.
Logo no primeiro debate do segundo turno, reagiu aos ataques que vinha sofrendo e contra-atacou Serra. A partir daquele momento, a diferença entre os dois candidatos nas pesquisas parou de cair.
Dilma se torna neste domingo o 40º presidente da República brasileira. NOME FORTE
Dilma tornou-se um nome forte para disputar o cargo ao assumir o posto de ministra-chefe da Casa Civil, em junho de 2005, após a queda de José Dirceu no escândalo do mensalão.
No comando da Casa Civil, Dilma travou uma intensa disputa com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, por causa da política econômica do governo. Enquanto ele defendia aperto fiscal, ela pregava aceleração nos gastos e queda nos juros.
Dilma acabou assistindo à queda de Palocci, em março de 2006, devido à quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
Com a reeleição de Lula e sem grandes rivais à altura no PT, Dilma tornou-se, depois do presidente, o grande nome do governo.
Apesar do poder acumulado e do protagonismo que passou a exercer ao lado de Lula, até outubro de 2007 Dilma negava que seria candidata.
MINAS E ENERGIA
Sua atuação à frente do Ministério de Minas e Energia rendera-lhe a simpatia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que enxergou na subordinada, de perfil discreto e trabalhador, a substituta ideal para o posto de Dirceu.
Ela foi indicada para o ministério logo após Lula se tornar presidente, em 2002. No comando da pasta, anunciou novas regras para o setor elétrico além de lançar o programa Luz para Todos --uma das bandeiras de sua candidatura.
O novo marco regulatório para o setor elétrico --lançado em 2004-- foi considerado a primeira iniciativa do governo Lula, na área de infra-estrutura, de romper com os padrões do governo FHC, marcado pelo "apagão" de 2001.
A principal característica do novo marco foi o aumento do poder do Estado em detrimento da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
ORIGEM
O pai de Dilma, Pedro Rousseff, veio para a América Latina na década de 30 do século passado. Viúvo, deixara um filho, Luben, na Bulgária. Passou por Salvador, Buenos Aires e acabou se instalando em São Paulo. Fez negócios na construção civil e com empreitadas para grandes empresas, como a Mannesmann.
Já estava havia cerca de dez anos no Brasil quando, numa viagem a Uberaba, conheceu a professora primária Dilma Jane Silva, nascida em Friburgo (RJ), mas radicada em solo mineiro. Casaram-se e tiveram três filhos. Igor nasceu em janeiro de 1947, Dilma, em dezembro do mesmo ano, e Zana, em 1951. A família escolheu Belo Horizonte para morar.
Levavam uma vida confortável. Passavam férias no Espírito Santo ou no Rio. Às vezes, viajavam de avião. Não era uma clássica família tradicional mineira. Os filhos não precisavam ter uma religião. Escolhiam uma fé se assim desejassem. O pai frequentava cassinos, gostava de fumar e beber socialmente.
Quando morreu, em 1962, Pedro deixou a família numa situação tranquila. Cerca de 15 bons imóveis garantem renda para a viúva Dilma Jane até hoje. Um dos apartamentos fica no centro de Belo Horizonte.

30 de out. de 2010

Debate na TV Globo reúne os dois candidatos à Presidência

Os dois candidatos à Presidência da República que disputam o segundo turno eleitoral no domingo (31), Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), participaram na noite desta sexta-feira (29) de debate promovido pela TV Globo nos estúdios da emissora no Rio de Janeiro.
Segundo a legislação eleitoral, 29 de outubro é o último dia para realização de debates antes do segundo turno, bem como para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, realização de comícios e uso de aparelhagem de som fixa entre 8h e 24h para promoção de candidatos.
O encontro durou cerca de uma hora e meia e teve mediação do jornalista William Bonner. Foi o último debate antes da eleição do próximo domingo (31).Os candidatos responderam a perguntas formuladas por eleitores indecisos, que estavam na plateia. O instituto de pesquisas Ibope foi responsável pela seleção dos participantes, oriundos de diferentes estados do país.A definição das perguntas seguiu a seguinte dinâmica: na véspera do debate, cada eleitor indeciso formulou cinco perguntas, individualmente e por escrito, sobre temas de interesse nacional definidos pela produção.Os temas foram: saúde, educação, meio ambiente, políticas sociais, previdência, investimento em infraestrutura, política econômica, agricultura, saneamento, política externa, corrupção, transportes, desemprego, segurança, habitação, funcionalismo público, impostos, legislação trabalhista e energia.De um total de 400 perguntas, foram selecionadas as 12 mais representativas de cada tema. As questões não serão específicas ou dirigidas a um dos dois candidatos.O debate foi dividido em três blocos em que os dois candidatos responderam as perguntas dos indecisos. Um sorteio definiu que Serra responderia a primeira questão. A segunda pergunta foi respondida por Dilma e assim sucessivamente, fazendo com que ambos respondessem o mesmo número de questões.Cada candidato teve 30 segundos para ler sua pergunta, com dois minutos para as respostas, mais dois para réplica e um para tréplica.
Ao fim do terceiro bloco, os candidatos tiveram dois minutos para fazer suas considerações finais.Após o debate, os candidatos concederam à imprensa entrevista coletiva de cinco minutos. A ordem das entrevistas foi determinada por sorteio. José Serra foi o primeiro a falar com a imprensa, seguido por Dilma Rousseff.
Veja como foi o debate.Primeiro blocoSerra e Dilma responderam a pergunta de eleitora indecisa de São Paulo sobre políticas para o funcionalismo público.A segunda questão, de um funcionário público de Porto Alegre, indeciso sobre em quem votar, foi sobre garantia de renda para o agricultor.A terceira questão foi sobre impunidade à corrupção, elaborada por um eleitor indeciso de Brasília.Uma eleitora indecisa de Fortaleza questionou os candidatos sobre segurança pública na quarta pergunta do primeiro bloco do debate.Segundo blocoPergunta de eleitora indecisa do Rio de Janeiro sobre investimentos na área de saneamento básico abriu o segundo bloco.Eleitora de Salvador, vendedora de literatura de cordel, questiona Dilma e Serra sobre investimentos na educação e em salários de professores.Na terceira pergunta do bloco, advogado de Fortaleza indaga sobre o que os candidatos podem fazer para desonerar a folha de pagamento, em uma questão sobre legislação trabalhista.Cabeleireira de Minas Gerais questiona candidatos sobre os problemas na área da saúde.
Terceiro blocoEleitor do Pará questiona candidatos sobre políticas de combate a queimadas e conservação ambiental, na primeira pergunta do terceiro e último bloco do debate.Contador de São Paulo pergunta sobre a duração de programas sociais. Os dois respondem usando o programa Bolsa Família como referência.Vendedor de carros de Curitiba questiona os dois candidatos sobre o tamanho da carga tributária em relação à qualidade dos serviços públicos prestados.Pequeno empresário de Recife pergunta sobre os planos do tucano e da petista para garantir a aposentadoria de quem está na informalidade.
Após o fim da rodada de perguntas dos eleitores, Dilma e Serra fazem suas considerações finais.Dilma é a primeira. A petista agradece pela oportunidade de apresentar suas propostas e a todos os que a apoiaram ao longo da campanha. Dilma pede voto aos eleitores que assistiram ao debate.
Em seguida, Serra faz suas considerações. O tucano agradece à audiência e aos eleitores indecisos que participaram do debate com suas perguntas. Serra faz uma relato de sua biografia e também pede voto ao eleitor.

29 de out. de 2010

Serra e Dilma prometem debate menos agressivo


Os candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) prometem baixar a temperatura da disputa hoje no debate da TV Globo, palco do último confronto da corrida presidencial, informa reportagem de Ana Flor e Catia Seabra, publicada na Folha desta sexta-feira .
Por motivos diferentes --ela porque joga pelo empate; ele porque pretende conquistar indecisos--, os dois deverão trocar o tom mais contundente pela linha propositiva.

A participação de Dilma deve marcar uma estratégia diferente da seguida pela petista nos outros debates do segundo turno.
A candidata deve atacar nada ou muito pouco, mostrar simpatia e se manter na linha propositiva.
Apostando suas fichas no debate da Globo, Serra tem se preparado com afinco.
Até a noite de hoje, serão três reuniões preparatórias, a primeira delas ocorrida na madrugada de quarta-feira.

Tiririca terá que fazer prova em audiência


São Paulo - Tirirca terá que provar à Justiça Eleitoral que sabe ler durante audiência, que será marcada ainda este ano. A prova consistirá em três etapas. Na primeira, ele deverá escrever qualquer coisa para obtenção de material gráfico para a realização de novas perícias. Em seguida, Tirica deverá realizar um ditado. Por fim, o humorista terá que ler um texto de baixa complexidade.O artista, no entanto, não precisará participar da audiência, já que nenhum cidadão é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Este é o princípio da constituição utilizado para questionar a Lei Seca, por exemplo.Caso a sentença saia após o dia 17 de dezembro, data de diplomação dos deputados eleitos, Tirirca só poderá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao foro privilegiado.

27 de out. de 2010

Morre aos 60 anos o ex-presidente argentino Néstor Kirchner

O ex-presidente argentino Néstor Kirchner morreu por volta das 10h locais (11h no horário de verão) desta quarta-feira (27), vítima de um ataque cardíaco.
"Foi uma morte súbita", disse Luis Buonomo, médico de Kirchner, em entrevista.
Kirchner morreu depois de ter sido internado emergencialmente por problemas cardíacos no hospital José Formenti, na cidade de El Calafate, na província de Santa Cruz, berço político do casal Kirchner.Ele e a esposa, sua sucessora e atual presidente Cristina Fernández de Kirchner, descansavam na residência da família na cidade. Ela -que se recuperava de uma gripe- estava ao lado dele quando ele passou mal.
O casal estava na cidade desde o final de semana passado, segundo o "La Nación".
Esta quarta-feira é feriado nacional na Argentina, por conta da realização do censo.
Argentinos convocaram pelas redes sociais um ato em homenagem a Kirchner que deve acontecer na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, às 20h (21h de Brasília).
Saúde problemática-Os problemas de saúde do ex-presidente e deputado não eram novos.Em 2004, ele teve um crise gástrica derivada de uma síndrome do cólon irritável.
Em fevereiro, foi submetido a uma cirurgia emergencial de alta complexidade para desobstruir a artéria carótida direita.
Em meados de setembro, Kirchner havia sido submetido a uma angioplastia coronária, um procedimento para a dilatação de uma obstrução ou estreitamento das artérias do coração, depois de ter sido internado com dores no peito.
De acordo com nota divulgada pelo governo à época, o procedimento foi um “sucesso” e também incluiu a colocação de um “stent”, uma prótese metálica que, posicionada no interior de artérias coronarianas obstruídas, normaliza o fluxo sanguíneo local.
Corpo pode ir a Buenos Aires-O chefe de gabinete do governo da Argentina, Aníbal Fernández, e outros funcionários partiram para El Cafalate por conta da morte súbita de Kirchner.
Dezenas de pessoas se reuniram em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, à espera de notícias sobre a morte do marido da presidente Cristina.A imprensa local informou que o corpo de Kirchner pode ser levado a Buenos Aires para ser velado, mas isso ainda não foi confirmado. A família estaria estudante fazer uma cerimônia íntima antes disso.
Ele e a esposa, sua sucessora e atual presidente Cristina Fernández de Kirchner, descansavam na residência da família na cidade. Ela -que se recuperava de uma gripe- estava ao lado dele quando ele passou mal.
O casal estava na cidade desde o final de semana passado, segundo o "La Nación".
Esta quarta-feira é feriado nacional na Argentina, por conta da realização do censo.
Argentinos convocaram pelas redes sociais um ato em homenagem a Kirchner que deve acontecer na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, às 20h (21h de Brasília).
Saúde problemática-Os problemas de saúde do ex-presidente e deputado não eram novos.
Mapa localiza El Calafate, cidade em que Néstor Kirchner morreu.
Em 2004, ele teve um crise gástrica derivada de uma síndrome do cólon irritável.
Em fevereiro, foi submetido a uma cirurgia emergencial de alta complexidade para desobstruir a artéria carótida direita.
Em meados de setembro, Kirchner havia sido submetido a uma angioplastia coronária, um procedimento para a dilatação de uma obstrução ou estreitamento das artérias do coração, depois de ter sido internado com dores no peito.
De acordo com nota divulgada pelo governo à época, o procedimento foi um “sucesso” e também incluiu a colocação de um “stent”, uma prótese metálica que, posicionada no interior de artérias coronarianas obstruídas, normaliza o fluxo sanguíneo local.
Possível candidatoDeputado, líder do governante Partido Justicialista e secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) , Kirchner tinha 60 anos e governou a Argentina entre 2003 e 2007.Sua presidência foi marcada pela consolidação da recuperação econômica do país, depois de uma forte crise econômica e política nos anos anteriores. Ele também ajudou a reunificar o Partido Justicialista (peronista), que enfrentava uma crise interna.
Seus adversários o acusavam de autoritarismo, e o mercado financeiro via com desconfiança as políticas econômicas de Kirchner, que também eram seguidas pela administração de sua mulher.
Néstor Kirchner conseguiu eleger Cristina como sua sucessora, para um mandato que se encerra em 2011.O governo de Cristina enfrentou sua pior crise em 2008, quando o setor agrário fez seguidas greves por conta da taxação sobre a exportação de soja.
Na ocasião, Néstor Kirchner acusou os fazendeiros de complô e pediu que seus partidários boicotassem as companhias que participaram dos protestos.
Néstor Kirchner era o principal aliado e conselheiro de Cristina, e, apesar do desgaste sofrido pelo governo dela nos últimos anos e de seus recentes problemas de saúde, esperava-se que ele fosse se candidatar novamente à presidência nas eleições do próximo ano. Agora, fala-se que Cristina poderia ficar encorajada a tentar a reeleição.
Kirchner costurou alianças para tentar voltar ao poder, mas também estreitou laços com líderes esquerdistas latino-americanos, como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

26 de out. de 2010

"CARTA AOS MILITARES"

No último dia 24 de outubro de 2010, durante passeata realizada em Copacabana, no Rio de Janeiro, nominada “Caminhada Pela Liberdade”, o Governador José Serra em conversa com o Deputado Federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) confirmou a veracidade da carta abaixo, bem como os compromissos que nela estão expostos.

www.bolsonaro.com.br

Morre em SP o senador Romeu Tuma

26/10/2010 | 13:32

Foto
SE. ROMEU TUMA

Acaba de falecer em São Paulo o senador Romeu Tuma (PTB-SP), 78, que se encontrava internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Ele foi submetido a cirurgia, no dia 2 deste mês, para colocação de um dispositivo de assistência ventricular chamado Berlin Heart – a rigor, um coração artificial. Tuma foi internado para uma bateria de exames em setembro, e acabou mantido no hospital por apresentar de problemas cardiovasculares. O senador já havia sido submetido a quatro pontes de safena.

25 de out. de 2010

As novas trincheiras

Preocupado com o surgimento da chamada guerra cibernética, na qual agressores usam computadores para infligir severíssimos danos aos inimigos, o Exército brasileiro faz acordo com empresa de segurança virtual e começa a treinar seus primeiros "ciberdefensores"

Carolina Vicentin

Nada de barricadas, minas, explosões ou lançamentos de mísseis. A estrela das batalhas do século 21 será invisível, capaz de desestabilizar inimigos a milhares de quilômetros de distância. E, na trincheira, um exército de homens e mulheres altamente capacitados para invadir sistemas e provocar o caos em países inteiros com apenas um clique. Nos próximos anos, o mundo deve se preparar para a nova arma, a chamada guerra cibernética, ainda sem qualquer controle por leis internacionais.

A guerra, hoje e desde sempre, é vencida por quem consegue fazer com que o inimigo sofra com a escassez: de recursos bélicos e de soldados, obviamente, mas também de estratégias de comunicação, de comida, de infraestrutura e por aí vai. Por exemplo, na Guerra do Golfo, no início dos anos 1990, os iraquianos explodiram poços de petróleo do Kuweit, pois eram a principal fonte de riqueza do país. Para combater o então presidente Saddam Hussein, kuweitianos e nações aliadas gastaram US$ 61 bilhões. Mais de 200 mil pessoas morreram, dos dois lados da disputa.

Agora, imagine como seria se o ataque fosse feito diretamente ao sistema nervoso central de cada nação. O que aconteceria se, em vez de bombas, vírus entrassem em cena? Esses dispositivos poderiam, por exemplo, atacar sistemas de usinas hidrelétricas, de abastecimento de água ou de uma plataforma de petróleo. “A guerra cibernética é a mais limpa e barata que existe. Eu sou civil, mas consigo imaginar qual o custo de lançar um míssil”, afirma Eduardo D’Antona, diretor corporativo e de tecnologia da informação da Panda Security. A empresa assinou, em setembro, um acordo com o Exército brasileiro para treinar militares para a ciberguerra.

Nos próximos dois anos, técnicos da Panda vão capacitar oficiais no uso de tecnologias forenses. “Vamos preparar a nata do Exército para entender ataques virtuais e identificar a autoria”, explica Eduardo. Até agora, 350 militares receberam o treinamento, e a ideia é atingir, pelo menos, 600. A instituição também adquiriu 37,5 mil licenças de antivírus para manter os sistemas a salvo. “O país ou a empresa que não atribuir importância à questão da segurança cibernética sofrerá enormes danos no futuro. Os efeitos serão tão danosos quanto uma invasão territorial”, diz o general Santos Guerra, comandante de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército.

E isso está longe de ser exagero tupiniquim. Nos últimos meses, governos de diversos países anunciaram sua preocupação com as ameaças virtuais. Iain Lobban, diretor do Government Communications Headquarters (o serviço britânico de espionagem), afirmou na semana passada que os sistemas ingleses sofrem mil tentativas mensais de ataque. “Hoje, é muito mais fácil se deparar com um software espião em uma máquina do que ver um satélite fotografando a movimentação de um quartel”, observa Eduardo D’Antona.

O primeiro

O alerta das nações ficou mais intenso depois que o Stuxnet, o vírus mais sofisticado de todos os tempos, se infiltrou em usinas nucleares do Irã. As linhas de código desse programa atacante conseguiriam inclusive mudar o sistema das máquinas invadidas, não simplesmente fazê-las parar de funcionar. O vírus poderia “mandar” o computador invadido fazer virtualmente qualquer coisa e sabotar a instituição à qual pertence. Em setembro, o governo de Mahmud Ahmadinejad reconheceu publicamente que o códigos maliciosos haviam infectado 30 mil computadores do país. “Esse tipo de vírus afeta o sistema que controla as máquinas. Ele poderia, até mesmo, parar uma turbina”, diz André Carraretto, gerente de engenharia de sistemas da Symantec. Ainda não se sabe de onde veio o vírus, mas especialistas em segurança acreditam que ele foi programado por pessoas altamente qualificadas e com um objetivo político.

Essa é, inclusive, a grande preocupação dos analistas dos setor: a dificuldade de saber quem está por trás dos ataques virtuais. “Hoje, tudo que é divulgado sobre o Stuxnet é pura especulação”, afirma Anchises De Paula, analista de inteligência e segurança da empresa iDefense. Muitas notícias associaram a criação do código a uma ação do governo israelense, mas nada foi comprovado, até porque o criador do vírus fez questão de camuflar a origem. “O Stuxnet ataca sistemas fabris presentes em outras indústrias. Eu poderia muito bem supor que isso foi uma ideia louca de um hacker argentino tentando derrubar a hidrelétrica de Itaipu”, pondera Anchises.

Os especialistas em segurança acreditam que a infecção pelo Stuxnet ocorreu por meio de um pen drive. “Na maioria das grandes indústrias, os sistemas são internos, não é possível acessá-los pela internet”, explica o analista de inteligência da iDefense. Como o pen drive teria chegado nas usinas do Irã também vira especulação — pode haver algum espião infiltrado no local ou até algo mais bobo, como a possibilidade de o dispositivo infectado ter sido um brinde para algum funcionário da empresa.

Máscaras

Outro grande problema de ataques cibernéticos tem a ver com a quantidade de efeitos colaterais que podem ser gerados. No caso do Stuxnet, mais de 50 mil computadores foram infectados. “Quem programou o vírus queria derrubar apenas um sistema, mas acabou provocando danos para uma série de pessoas”, comenta Anchises de Paula. “Qualquer tipo de ação na internet sai do controle muito rápido”, reforça o especialista. Além disso, as diversas formas de camuflar a origem da ameaça complicam as investigações. O mundo tem milhares de computadores zumbis (máquinas usadas pelos hackers para enviar vírus) e elas podem estar em qualquer lugar, no seu trabalho, na sua casa, na casa da sua avó.

A insegurança e o risco iminente de invasões virtuais fizeram com que muitos países desenvolvessem estratégias de emergência para futuros conflitos. Os Estados Unidos, por exemplo, nomearam Keith Alexander, então diretor da Agência de Segurança Nacional, para cuidar exclusivamente de um cibercomando. “Na Inglaterra, o governo liberou mais de 1 bilhão de libras em investimentos nessa área e nos setores de infraestrutura de energia elétrica, água e esgoto”, conta o analista da iDefese.

Essa movimentação indica que, mesmo parecendo mais inofensiva, a ciberguerra é tão cruel quanto o conflito tradicional. “Destruir um computador pode não matar ninguém, mas é muito romantismo acreditar que as coisas serão mais leves por causa disso”, reconhece o diretor corporativo da Panda Security, Eduardo D’Antona. Para Anchises de Paula, a ciberguerra será apenas mais uma ferramenta da guerra comum. “Na década de 1980, as nações discutiam se haveria guerra no espaço, assim como já ocorria na terra, no mar e no ar. Penso que a internet vai se tornar mais um domínio para os conflitos, assim aconteceu com o espaço”, opina.

24 de out. de 2010

Mentira como método-PT ELEIÇÕES

O PT estabeleceu um método de atuação política nos últimos anos que, por ter dado certo do ponto de vista de resultados, passou a ser um parâmetro a balizar os seus concorrentes, o que lhe dá vantagens claras.
O partido, apesar de todas as encrencas em que se meteu, é a legenda preferida de 25% dos eleitores, e o PMDB vem em segundo com menos de 10%.
É claro que a presença de Lula no governo dá ao partido essa preferência, que pode desaparecer com o fim do mandato do presidente mais popular da História recente do país. Mas é essa popularidade que dá também ao governo a possibilidade de nivelar por baixo a atividade política, utilizando a mentira como arma eleitoral.
Um exemplo típico é o debate sobre privatizações, que havia dado certo na eleição de 2006 e hoje continua dando resultados, embora mais modestos, já que o PSDB perdeu o medo de assumir as vantagens da privatização para o desenvolvimento do país, embora ainda timidamente.
Logo depois da eleição de 2006, o marqueteiro João Santana, o mesmo que comanda a campanha de Dilma hoje, deu uma entrevista a Fernando Rodrigues, da “Folha”, revelando que a discussão sobre as privatizações fora utilizada como uma maneira de reavivar “emoções políticas” no imaginário do brasileiro comum.
O erro de Alckmin, ensinava Santana na entrevista, foi “não ter defendido as privatizações como maneira de alcançar o desenvolvimento”.
Santana admitia na entrevista que a impressão generalizada de que “algo obscuro” aconteceu nas privatizações, explorada na campanha de Lula, deveu-se a um “erro de comunicação do governo FH, que poderia ter vendido o benefício das privatizações de maneira mais clara. No caso da telefonia, teve um sucesso fabuloso.
As pessoas estão aí usando os telefones”.
Perguntado se não seria uma estratégia desonesta explorar esses sentimentos populares que não exprimem necessariamente a verdade dos fatos, João Santana foi claro: “Trabalho com o imaginário da população. Numa campanha, trabalhamos com produções simbólicas.” O tema, como se vê, não era uma bandeira ideológica que Lula defendesse ardorosamente, assim como continua não sendo hoje, mesmo porque o governo Lula privatizou bancos e linhas de transmissão de energia, e até exploração de madeira na Floresta Amazônica, projeto, aliás, aprovado com o apoio de várias ONGs e do PSDB.
Na campanha atual, a candidata do PT continua demonizando as privatizações com frases que não combinam com a realidade de seu governo.
No recente encontro com intelectuais no Rio, ela disse em tom exaltado, provocando aplausos generalizados: “Fazer concessões no pré-sal é privatizar, é dar a empresas privadas um bilhete premiado.” Se, entre intelectuais, Dilma pode dizer semelhante absurdo e ainda ser aplaudida, o que dizer entre os eleitores mais desinformados sobre o assunto? Será que aquela plateia não sabia que o governo Lula já licitou, utilizando o sistema de concessão, vários blocos do pré-sal sem que houvesse necessidade de fazê-lo se realmente considera que estava privatizando o pré-sal? A acusação de que o candidato tucano, José Serra, privatizou a Companhia Siderúrgica Nacional, além de equivocada no tempo — o que valeu ao tucano um direito de resposta — está errada no conteúdo.
A privatização se deu no governo do hoje senador eleito Itamar Franco, que era contrário à ideia. Quem liderou a pressão para a venda foi a Força Sindical, central que hoje está integrada ao governo Lula.
Com relação à privatização da Vale, a história real é ainda mais estarrecedora.
O governo teve uma ocasião perfeita para reverter a privatização da Vale, se quisesse.
Foi em 2007, quando o deputado Ivan Valente, do PSOL, apresentou um projeto nesse sentido que foi analisado na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara.
O relator do projeto foi o deputado José Guimarães, do PT, aquele mesmo cujo assessor fora apanhado com dólares na cueca num aeropor to na época do mensalão.
Pois o relator petista votou pela rejeição ao projeto de lei, alegando em primeiro lugar que “não há como negar que a mudança das características societárias da Companhia Vale do Rio Doce foi passo fundamental para estabelecer uma estrutura de governança afinada com as exigências do mercado internacional, que possibilitou extraordinária expansão dos negócios e o acesso a meios gerenciais e mecanismos de financiamento que em muito contribuíram para este desempenho e o alcance dessa condição concorrencial privilegiada de hoje”.
Segundo o petista, “a privatização levou a Vale a efetuar investimentos numa escala nunca antes atingida pela empresa, (...) o que, naturalmente, se refletiu em elevação da competitividade da empresa no cenário internacional”. José Guimarães assinalou que com a privatização a Vale fez seu lucro anual subir de cerca de 500 milhões de dólares em 1996 para aproximadamente 12 bilhões de dólares em 2006.
E o número de empregos gerados pela companhia também aumentou desde a privatização — em 1996 eram 13 mil e em 2006 já superavam mais de 41 mil. Também a arrecadação tributária da empresa cresceu substancialmente: em 2005, a empresa pagou dois bilhões de reais de impostos no Brasil, cerca de 800 milhões de dólares ao câmbio da época, valor superior em dólares ao próprio lucro da empresa antes da privatização.
Se o candidato tucano, José Serra, simplesmente lesse o relatório do deputado petista em um debate, ou na propaganda eleitoral, estariam respondidas todas as acusações da campanha adversária.Merval Pereira

23 de out. de 2010

Negócios, entre nós -Durante 2010, o governo saciou a necessidade das Forças Armadas

Durante 2010, o governo saciou a necessidade das Forças Armadas, principalmente da Aeronáutica, parecendo negociar com grandes empresas produtoras de aviões, os caças que nos fazem falta. Um investimento de alto custo, a que se propuseram como fornecedores a Suécia e a França, dentre outras nações.
A perspectiva do grande negócio rendeu manifestações de simpatia dos respectivos governos ao nosso, enquanto a imprensa, atenta ao interesse de suas pátrias, apoiava. Em meados de outubro, o ministro da Defesa entornou o caldo, ao afirmar que a aquisição de aeronaves e decisão sobre reequipamento das Forças Armadas ficaram para o futuro presidente. O que parecia urgente e inadiável, obrigando a viagens internacionais de nossas autoridades, a discursos e entrevistas à imprensa, deu em nada. O problema pode esperar soluções, não antes sem badalações entre compradores e vendedores.
Nelson Jobim foi claro e peremptório: "vai ficar para quem assumir a presidência da República". "Não seria lógico decidir sobre coisas que só poderiam ser cumpridas pelo próximo presidente da República".
Assim, fica o dito pelo não dito, depois de exaustivas negociações.
Não é só. O ministro explicou que os uniformes do Exército são adquiridos na China, porque é possível fazê-lo a preços mais baixos.
No entanto, o Brasil tem um quadro funcional-administrativo imenso e um congresso com centenas de membros, que poderiam ter estudado tudo em tempo hábil.
Sequer a concessão de auxílio-educação para dependentes dos dezoito soldados brasileiros que morreram na missão de paz no Haiti foi feita. Para o ministro, depende do Congresso aprovar projeto de lei, que abre crédito especial para a finalidade. É um triste final de mandato no Executivo, no que tange a necessidades e revindicações das Forças Armadas e seus homens.
Diante dos adiamentos mencionados, o bravo ministro da Defesa foi enfático: "Antes disso, não há como fazer. A administração pública está sob a égide da lei e não pode agir pelo voluntarismo dos ministros ou do presidente da República".
Mais veloz nas decisões, sem se preocupar com o Legislativo ou o Judiciário, o inefável Hugo Chávez foi a Moscou para encontro com o colega Medvedev. Fechou importantes acordos no setor petroleiro e para construção da primeira usina nuclear da Venezuela.
Incentivado pelo grande negócio, Chávez afirmou: "A União Soviética deixou um legado, vocês são os filhos da União Soviética. A "grande Revolução Russa" construiu um caminho que "agora a Rússia generosa, põe à disposição não só da Venezuela, mas dos povos do terceiro mundo, dos povos do mundo, da África, da América Latina, do Caribe".
Apelou ainda para que "a Rússia siga neste empenho de contribuir para desenvolvimento dos povos do mundo, como uma grande nação que é". Agora é meditar sobre os fatos e palavras. Venezuela compra usina nuclear, Brasil, uniformes.

20 de out. de 2010

19 de out. de 2010

Como construir sua fortuna

Toda mudança de governo, como a que ocorrerá em janeiro, traz uma incerteza – seja por mudanças no comando da economia ou por novas pressões políticas. O mundo também vive um momento instável, com a persistência da crise que abalou as economias desenvolvidas. E, embora o Brasil apresente taxas de crescimento robustas, as contas públicas preocupam, pelo crescimento da dívida interna. Mesmo assim os próximos anos trarão oportunidades de enriquecimento para os brasileiros em idade de trabalhar e guardar dinheiro. O cenário permite, por exemplo, que um casal com patrimônio normal para as grandes cidades acumule R$ 1 milhão no período dos dois próximos mandatos presidenciais.
Para conferir se isso seria possível, pedimos recomendações de investimentos a profissionais do mercado financeiro com diferentes perfis. Eles mostraram como um poupador ou um casal de poupadores que tenham hoje R$ 150 mil e consigam aplicar perto de R$ 40 mil por ano poderão chegar a R$ 1 milhão antes do fim da década. Se o novo presidente, seja quem for, se reeleger em 2014, nosso casal de poupadores se tornará milionário ao mesmo tempo que o reeleito deixar o Palácio do Planalto, em 2018. As sugestões dos especialistas a ÉPOCA têm pelo menos 35% de investimentos arriscados (não recomendáveis para qualquer tipo de poupador) e tentam tirar proveito das condições brasileiras, esquisitíssimas do ponto de vista econômico: vivemos num país com inflação muito alta para os padrões internacionais, mas estável; estável e com baixo risco, mas que mesmo assim paga juros altíssimos; com juros altíssimos, mas empresas crescendo, desemprego em queda e uma Bolsa que promete muito. “Saímos da crise muito rapidamente e entraremos em 2011 em um equilíbrio, sem superaquecimento nem ameaça de a inflação estourar a meta. A economia brasileira reage muito bem a estímulos”, diz o economista José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central e sócio-diretor da MCM.
Neste país estranho, chegamos àquele momento do ano em que se acendem as luzes amarelas da preocupação com dinheiro: é época de receber a restituição do Imposto de Renda, de pensar no que fazer com o 13o salário ou com o ganho adicional dos negócios fechados no Natal. Ao mesmo tempo, há a pressão para gastar mais com presentes e viagens. Para temperar tudo, surge a vontade de fazer tudo diferente e evitar os antigos erros financeiros ao entrar no Ano-Novo. Pois, no caminho para o enriquecimento, o melhor é começar evitando os erros mais comuns. São eles:
Gasto e endividamento desenfreado. O poupador vem sendo assediado por ofertas de crédito que comprometem a renda e os planos futuros. Use o crédito com parcimônia e sem se colocar em risco financeiro.
Indisciplina para poupar. Mesmo entre os que não sofrem com o endividamento crônico, é comum a falta de paciência ou organização para investir. Deixar dinheiro parado na conta-corrente, fazer aplicações esporadicamente, apenas quando sobra dinheiro no fim do mês ou quando a memória ajuda, não é um bom caminho para acumular patrimônio. Aplique regularmente.
Excesso de conservadorismo. Mesmo entre os que não sofrem com endividamento nem com falta de disciplina para poupar, há aqueles que enriquecem mais devagar do que poderiam. Eles concentram investimentos na poupança, em fundos pouco rentáveis ou em um único ativo, como um negócio próprio (que pode não dar certo) ou imóveis (ótima opção nos últimos anos, mas que ainda assim oferece riscos). Procure alternativas de investimento, diversifique e assuma os riscos aceitáveis para seu estilo de vida.


ADAPTAÇÃO
O executivo Márcio Riguetti no trabalho, em São Bernardo do Campo. Ele reduziu o investimento em Bolsa após o nascimento dos filhos. Diz que vai voltar a aplicar
Superados os erros mais comuns, é hora de ganhar dinheiro – ou melhor, de fazer seu dinheiro ganhar mais dinheiro. Isso pode ser feito de muitas formas, com investimentos em renda fixa, renda variável e que combinem as duas coisas, dependendo do objetivo de quem poupa. Simplesmente ter R$ 1 milhão não é uma boa meta financeira. Os especialistas sugerem que o poupador adote objetivos concretos: comprar um casa, pagar a faculdade dos filhos, aposentar-se com determinada idade e certa quantia guardada.
“Em vez de se concentrar em números mágicos, o investidor precisa pensar se aquela quantia vai atender ao que ele quer no futuro”, diz Rogério Bastos, da consultoria de finanças pessoais FinPlan. A trajetória para os objetivos pessoais até pode passar por ter R$ 1 milhão após certo tempo de investimento. Mas cada um precisa reavaliar periodicamente os passos até lá. Foi o que fez o executivo paulistano Márcio Riguetti, de 34 anos. Até meados da década passada, ele mantinha um terço de seus recursos em ações. Era uma estratégia arriscada para enriquecer mais rapidamente, bem razoável enquanto ele e a mulher não tinham filhos. Hoje, o casal tem dois, de 3 e 7 anos. “Depois que eles nasceram e eu senti cheiro de pólvora da crise chegando, tirei o dinheiro da Bolsa e comprei um imóvel”, diz Riguetti. “Preciso garantir o conforto dos meus filhos. Hoje, tenho 10% de investimentos em um fundo multimercado e pretendo voltar para a Bolsa aos poucos.”
Esse tipo de flexibilidade será fundamental para que o poupador aproveite a década. Ela ainda deverá ser inteiramente marcada por juros altos, empurrados para cima pelos gastos excessivos do governo. “Esse é o pior aspecto da economia brasileira”, diz Senna, autor do recém-lançado Política monetária – Ideias, experiências e evolução. Mas o juro pode cair mais rapidamente do que o esperado, o que beneficiaria aplicações prefixadas e exigiria mais investimento em ações para quem quisesse se manter no rumo do R$ 1 milhão. No caso da Bolsa, é mais difícil fazer previsões. Sabemos que ela não está num momento eufórico – o que é ótimo. “O mercado inteiro ficou mais acessível. Há dez anos, a Bolsa era elitista”, afirma Aquiles Mosca, estrategista da gestora de recursos do Santander. Agora, a Bolsa não está cara. Pense a respeito.

18 de out. de 2010

Japão lamenta reação 'histérica' da China em litígio territorial

TÓQUIO, 18 Out 2010 (AFP) -O governo do Japão criticou nesta segunda-feira as manifestações antijaponesas organizadas no fim de semana na China, dizendo ser "histérica" a reação de Pequim à disputa territorial entre os dois países sobre o arquipélago Diaoyu/Senkako, no mar da China Oriental.
"O governo lamenta as manifestações contra o Japão, realizadas nos dias 16 e 17 na China, e pede energicamente que as empresas japonesas sejam protegidas", declarou o primeiro-ministro japonês Naoto Kan no Parlamento.
O ministro das Relações Exteriores japonês, Seiji Maehara, chamou de "histérica" nesta segunda-feira a atitude da China no litígio territorial no mar da China Oriental, referindo-se à decisão chinesa de suspender suas exportações de metais de terras-raras para o Japão.
Maehara, conhecido pela postura implacável em negociações com a China, foi interrogado no Parlamento em relação a uma série de medidas de represália adotadas pelas autoridades chinesas desde que o Japão deteve, no começo de setembro, o capitão de um pesqueiro chinês perto das ilhas Diaoyu/Senkako.
A China cancelou conversações de alto nível e encontros bilaterais. Fontes da indústria também indicaram a suspensão das exportações de metais de terras-raras para o Japão, essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia.
"Acho que as medidas de represália tomadas pela China são extremamente histéricas", comentou Maehara, depois das manifestações contra o Japão.
"Em relação à questão das terras-raras, o ministério do Comércio chinês afirma que não adotou semelhante medida, mas neste momento nós não podemos dizer que as remessas voltaram ao normal", destacou.
Os dois países reivindicam este conjunto de pequenas ilhas desabitadas, conhecidas como Diaoyu na China e como Senkaku no Japão, no mar da China Oriental. Taiwan também reivindica soberania sobre o arquipélago.
As ilhas Diaoyu/Senkako estão localizadas em uma área muito rica em peixes, cujo fundo marítimo pode abrigar reservas de hidrocarbonetos.
Depois de um período de calma, a tensão entre os dois vizinhos voltou a aumentar neste final de semana.
Pequim e Tóquio tentavam organizar uma reunião de cúpula até o fim do mês para aliviar os ânimos, mas os protestos de rua deste fim de semana nos dois países mostraram como a disputa inflamou sentimentos nacionalistas na população.
Milhares de chineses, a maioria, jovens, foram às ruas de pelo menos quatro cidades para demonstrar apoio a seu país nesta acirrada disputa diplomática com o Japão.
Em uma manifestação aparentemente convocada pela internet e por mensagens de texto de celular, chineses pediram o boicote a produtos japoneses e atacaram empresas japonesas, como uma loja da Panasonic e outra da Isetan, e carros fabricados no país vizinho.
As autoridades chinesas tentaram conter os protestos, os piores desde 2005, mas não repreenderam a iniciativa dos manifestantes.
"É compreensível que algumas pessoas expressem sua revolta contra as recentes palavras e atos errôneos da parte japonesa", disse no sábado Ma Zhaoxu, porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês.
Os japoneses, por sua vez, protestaram em Tóquio no sábado.

14 de out. de 2010

São Januário será a casa do futebol nos Jogos Mundiais Militares de 2011

Presidente do Vasco fecha parceria com a organização do evento

O futebol já tem sua casa garantida nos Jogos Mundiais Militares, no Rio de Janeiro, em 2011. O comitê organizador do evento fechou uma parceria com o Vasco da Gama para usar o estádio de São Januário no período de 16 a 24 de julho do ano que vem. O acordo foi firmado nesta quinta-feira entre o general Jamil Megid Junior, coordenador geral dos Jogos, e o presidente do clube carioca, Roberto Dinamite.

Rio 2011 Vasco da Gama Roberto Dinamite

O general Jamil Megid Junior e o presidente do Vasco, Roberto Dinamite (Foto: Divulgação)

- É uma honra para os Jogos Mundiais Militares começar já de cara para o gol, assinando uma parceria com um dos maiores ídolos do futebol que hoje preside um dos maiores clubes brasileiros.  Os Jogos serão abertos ao público civil e militar, e esperamos contar com o apoio da torcida do Vasco da Gama e dos outros clubes - afirmou o general.

Dinamite retribuiu os elogios:

- São Januário é pioneiro em abrir as suas portas, e este momento toca a todos nós pela grandeza desses Jogos. Acredito no esporte, na disciplina e no respeito, e vocês (militares) são a maior referência nisso - afirmou o presidente vascaíno.

Será formada uma equipe conjunta entre o Vasco e a organização dos Jogos para montar o planejamento do futebol no evento. A ideia é desenvolver programas e ações de marketing que beneficiem o clube e os Jogos.

Termina greve em bancos privados de SP, Brasília, BH e Porto Alegre

Após 15 dias de greve, os funcionários de bancos privados de São Paulo, Osasco e região encerraram nesta quarta-feira a greve da categoria. A decisão ocorreu durante assembleia realizada na noite de hoje.
Poucos sindicatos, a maioria de trabalhadores do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, rejeitaram a proposta e mantêm a paralisação amanhã.
A greve continua, por exemplo, em todos os bancos do Maranhão, nas agências da Caixa do Rio de Janeiro e de Jundiaí (SP) e nas da Caixa e do BB de Porto Alegre.No entanto, com a aprovação do fim da greve na maior parte do país, esses sindicados perdem força para negociar aumento maior. O movimento também teve fim em Brasília (nos bancos privados, Caixa e BB), Belo Horizonte (bancos privados, Caixa e BB) e em Porto Alegre (apenas nos bancos privados, enquanto que os funcionários do BB e da Caixa rejeitaram a proposta).
Os trabalhadores se reuniram em cerca de 140 assembleias em todo o país para votar a nova proposta dos bancos, que elevou a oferta de reajuste salarial. Os bancários pediram inicialmente reajuste de 11%.
Na segunda-feira, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) apresentou uma nova proposta às entidades sindicais, que inclui um reajuste de 7,5% --o que representa aumento de 3,1% acima da inflação-- para quem ganha até R$ 5.250.
Para salários superiores a esse patamar, a proposta prevê um fixo de R$ 393,75 ou reajuste de 4,29%, equivalente à inflação do período --o que for maior. Anteriormente, eram 6,5% de reajuste para quem ganha até R$ 4.100 e um valor fixo de R$ 266,50 para os demais.
Os novos pisos salariais vão de R$ 748,59 para R$ 870,84 na portaria e de R$ 1.074,46 para R$ 1.250,00 para escritório e caixa. A proposta também melhora a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) para 90% do salário mais R$ 1.100,80, limitado ao teto de R$ 7.181. O comando nacional da greve orientou a categoria a aceitar a proposta.

10 de out. de 2010

Escravos de Jó

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicações da Presidência, Franklin Martins, foi à Europa conhecer o que há por lá sobre controle de veículos de comunicação. De Londres, avisa que nos próximos três meses, até o fim do ano, o governo vai concluir uma proposta para regulamentação dos meios eletrônicos.
Isso quer dizer que deixa tudo pronto para Dilma Rousseff, se eleita, tocar o assunto, dado que a candidata se apresenta ao eleitorado como uma continuação sem modificações do governo Luiz Inácio da Silva.
O ministro Franklin Martins avisa mais, que na concepção dos atuais - e, por suposto, daquela que se candidata à continuidade - ocupantes do Palácio do Planalto, não há que se impor qualquer restrição à imprensa no Brasil, pois está bem assim, livre. "O que não significa que seja boa", acrescenta.
De onde se depreende que Franklin considera que, mediante uma regulamentação bem feita, poderá até chegar a ser. Faltou apenas uma definição do que o ministro entende por "imprensa boa".
E aí é que mora o xis da questão. Se não foi apenas um jogo de palavras para sair pela tangente, a declaração dá margem à interpretação de que o qualificativo está diretamente ligado à defesa da necessidade de regulação.
Portanto, é de se acreditar que junto com a proposta de renovação das normas para o sistema de radiodifusão, internet e celulares sejam apresentadas sugestões para "melhorar" a imprensa adequando-a aos padrões tidos como aceitáveis pelos proponentes.
Mera suposição? Não, conclusão lógica com base em dois fatos: a conferência sobre comunicações realizada no ano passado sob patrocínio governamental que propôs o controle dos meios de comunicação por parte do Estado; o programa de governo apresentado pelo PT à Justiça Eleitoral encampando as propostas da conferência.
O item sobre o controle da mídia não foi retirado da versão modificada do programa e registrada no TSE.
Depois o PT divulgou que mais uma vez reformularia o programa para incluir propostas dos partidos aliados; recuou e, com a realização do segundo turno, voltou a anunciar para os próximos dias a divulgação de uma nova versão: os 13 compromissos de Dilma.
Como a candidata já se pronunciou contra o controle e o principal parceiro, o PMDB, também, é de se imaginar que a questão não esteja entre os 13 pontos.
Então não há compromisso com a proposta que o governo Lula apresentará ao fim do mandato? Ou há, mas não convém incluir no programa de governo por uma questão eleitoral?
Esse tira, põe, deixa ficar, ao molde da cantiga infantil, não soa salutar e pode acabar minando a credibilidade do programa de governo de Dilma Rousseff.
Por ausência de firmeza, clareza e, sobretudo, de comprometimento a respeito do que pensa mesmo a candidata. Seja sobre descriminalização do aborto ou controle estatal do conteúdo do que divulgam os meios de comunicação.
Na prática. O levantamento é do jornal Folha de S. Paulo: dos 208 candidatos vetados pela aplicação da Lei da Ficha Limpa no Tribunal Superior Eleitoral, mas ainda "pendurados" na indecisão do Supremo Tribunal Federal, 157 (75%) não conseguiram se eleger.
Em favor do eleitorado note-se ainda que a lei foi aprovada há pouco tempo e sua aplicação está em suspenso. Além disso, falta traquejo às pessoas que não estavam acostumadas a examinar vidas pregressas. Mesmo assim foi alto o índice do veto na urna.
Magoou. Geddel Vieira Lima no Twitter: "Hoje (sexta-feira) recebemos Michel Temer em Salvador para ratificar nossa posição de apoio ao seu nome."
Considerando que o PMDB não precisa "ratificar" apoio ao presidente do partido, o PMDB da Bahia - deixado ao sol e à chuva na eleição estadual pelo governo federal e, consequentemente pela campanha presidencial do PT - arrumou um jeito indisciplinado de manifestar disciplina: vai só de vice.

5 de out. de 2010

Cresce o número de milionários na Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados eleita neste ano e que tomará posse em 2011 terá 194 milionários, mais de um terço da Casa, composta por 513 parlamentares. É o que aponta levantamento feito pelo G1 com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número de políticos que declara ter patrimônio superior a R$ 1 milhão cresce a cada legislatura. Eram 165 na eleição passada; 116 em 2002.
O eleito mais rico é o usineiro João Lyra (PTB-AL). Ele declara ter R$ 240 milhões, o equivalente a 1/5 do patrimônio de todos os eleitos da nova Casa (R$ 1,2 bilhão). Constam da declaração empreendimentos comerciais, terrenos e a Usina Laginha (avaliada em R$ 196 milhões). Segundo a assessoria de imprensa de Lyra, ele está em viagem e não foi encontrado para falar.
Entre os 25 mais ricos há apenas uma mulher. Dona Íris (PMDB-GO), que em 2002 não havia declarado nem um bem sequer, hoje é a sexta pessoa mais rica: R$ 14 milhões. Entre os bens há 11.994 cabeças de gado, totalizando R$ 8,4 milhões. Ao G1 a deputada diz que neste ano fez uma declaração conjunta com o marido, o também político Íris Rezede, que está no segundo turno na disputa ao governo de Goiás.
Para ela, no entanto, o alto patrimônio não revela "nada". "Isso não tem nada a ver com o caráter, com a postura, a atitude do político", afirma. "Estou na política há 40 anos, já tinha uma vida confortável antes de entrar nela. Além disso, lutei contra a ditadura, me mobilizei pelas Diretas Já e faço um trabalho na área social desde que fui primeira-dama de Goiânia ainda novinha, com 20 anos."
"Há muita gente com posses que quer ajudar as pessoas. E tem muita gente com menos dinheiro que não tem o mesmo comprometimento", diz Íris.
Para a cientista política Vera Chaia, coordenadora do programa de pós-graduação em ciências sociais da PUC-SP, a “elitização da Casa” é decorrente de “campanhas cada vez mais caras”. “Não é qualquer um que vai conseguir se eleger. É preciso ter uma base de sustentação, dinheiro para participar da disputa”, diz.
O patrimônio médio dos deputados é de R$ 2,4 milhões. Apesar disso, há entre os eleitos aqueles que digam não ter nenhum bem em seu nome. São 18 nessa situação.
Tiririca (PR-SP) é um deles. O deputado mais bem votado do país foi, inclusive, denunciado pelo Ministério Público de São Paulo sob acusação de falsidade ideológica, suspeito de ter transferido os bens para terceiros. Tiririca nega e garante não ter bem nenhum.
BancadasEntre os partidos, o PMDB é o que mais tem deputados com R$ 1 milhão ou mais (36). O DEM, até então campeão, aparece em segundo, com 28. O PSDB conta com 25 parlamentares. O PT, apesar de conquistar a maior bancada da Casa, só figura no sexto lugar, com 11 dos 88.Já São Paulo manterá o status de estado com mais milionários: 31. Minas Gerais aparece logo atrás, com 25. O Paraná terá 18 e a Bahia, 17. A exemplo de 2006, só o Amapá não contará com nenhum deputado com patrimônio superior a R$ 1 milhão.
PerfilA Câmara terá mais homens, na faixa dos 51 anos, casados e com superior completo. Neste ano, mais da metade dos eleitos declara a política como profissão – um dado crescente. Em 2010, são 268 “deputados”, 11 “vereadores” e três “senadores”.
“A tendência é essa mesmo”, diz Vera Chaia. “Há uma classe dos políticos profissionais. Muitos não entram com a vontade de mudar. É apenas um legado de família.”
Em relação ao número de mulheres (há uma a menos desta vez), a deputada Íris Rezende credita a culpa, em parte, aos partidos políticos. E diz que falta ousadia para algumas mulheres. "Não é por decreto que vai se ampliar o número de mulheres na política. Mas acredito que uma reforma política poderá colocar essa discussão. Faz tempo que ouço aquela história de 'política é para homem'."
Na comparação com a legislatura passada, há uma pequena queda na instrução dos eleitos. São 12 políticos a menos com uma universidade concluída (401 no total) e oito a mais com apenas o ensino fundamental (completo ou incompleto).
Em relação às profissões, ocupam lugar de destaque os empresários. São 36 (três a mais que em 2006). Em compensação, há menos advogados, médicos e engenheiros.
Os deputados do PT serão maioria na Casa: 88. Já o PMDB será representado por 79 parlamentares. PSDB e DEM, na oposição, aparecem com 53 e 43, respectivamente.

3 de out. de 2010

Que, bem ou mal, falem as urnas

Nesta manhã, ao se abrirem as seções eleitorais para mais uma festa da democracia, estará se encerrando mais um episódio memorável da série do "nunca antes na história deste país": dois mandatos presidenciais sucessivos obstinada e precipuamente focados no projeto político de manter no poder Lula e associados. Com grande habilidade e total desembaraço na manipulação do varejo político, com um carisma capaz de seduzir até os que se julgam mais esclarecidos e ainda com o respaldo de um trabalho bem-feito na aceleração do desenvolvimento econômico e na incorporação de milhões de brasileiros ao mercado de consumo, Lula jamais perdeu de vista o projeto de poder a serviço do qual colocou tudo e todos, inclusive e principalmente as ações de governo. Menos mal que a perseguição desse objetivo transite, pelo menos por enquanto, pela via eleitoral, embora não necessariamente por convicção democrática, mas pela verificação de que, até onde a vista alcança, não existem condições objetivas mínimas para nova aventura escancaradamente autocrática no Brasil.
Quando se têm olhos para enxergar, os fatos demonstram claramente que Lula e o PT não têm projeto de governo, apenas de poder. Foi a opção que assumiram quando se cansaram de ser derrotados nas urnas. Passaram então a fazer tudo, o que quer que seja, passando por cima, se necessário, dos valores éticos que até então defendiam, e até mesmo sobre as instituições da República, para garantir vitórias nas urnas. Primeiro, houve a guinada radical nas principais proposições programáticas do PT com a Carta aos brasileiros, em 2002. Depois, a manipulação da opinião pública, especialmente dos segmentos menos instruídos e por essa razão mais vulneráveis à demagogia, com a massificação de inverdades como a de que o governo Fernando Henrique legou ao País uma "herança maldita". A partir daí, aprendida a lição, Lula e seu partido passaram a defender e praticar, sem constrangimentos, exatamente o contrário do que originalmente pregavam. Se antes, na oposição, o Plano Real tinha que ser combatido, agora, para manter o poder, é bom continuar aplicando seus princípios (sem admitir isso publicamente, é claro); se antes, na oposição, as oligarquias políticas do Norte e Nordeste eram duramente condenadas, agora, para manter o poder, é melhor a elas se associar; se antes, na oposição, qualquer deslize dos administradores públicos era implacavelmente denunciado, agora, para manter o poder, melhor fingir que isso não é nada, coisa pouca, meros desvios.
É impressionante, aliás, a mudança de atitude do inspirador e principal operador desse projeto de poder. Lula, que antes de chegar ao Palácio do Planalto tinha ataques de virtuosa indignação diante de atos de corrupção no governo, uma vez no poder varreu para debaixo do tapete os "erros" cometidos por seus aliados e colaboradores, frequentemente sob suas barbas, quando não lhes passou a mão na cabeça. Não há registro no noticiário, durante toda a era Lula, de uma vez sequer que o presidente tenha vindo a público para condenar explicitamente a corrupção no seu governo ou em sua base partidária - e não foi por falta de escândalos. O máximo a que se permitiu foi a tentativa de desqualificar acusados com o debochado apodo de "aloprados". Toda sua teatral indignação, todo o ímpeto de sua revolta, Lula reservou para atacar quem, por dever de ofício, tem denunciado a falência ética de seu governo: a imprensa.
De qualquer modo, o projeto de poder de Lula chega hoje a um ponto decisivo. O chefe do PT colherá os frutos do que plantou, por um lado, com seus acertos e, por outro, com a extraordinária esperteza que revelou para se manter imune aos efeitos negativos de qualquer tipo de desacerto, especialmente aqueles provocados pela concupiscência da companheirada. Blindado pela imagem do trabalhador de origem humilde que não se intimidou diante da perfídia das elites e logrou o feito histórico de "colocar o povo no poder", descansa agora o presidente na expectativa de sua maior recompensa. O que virá as urnas o dirão. Há que respeitá-las. Mesmo que o maior efeito dessa festa democrática venha a ser uma enorme ressaca para a consciência cívica do Brasil.