Durante 2010, o governo saciou a necessidade das Forças Armadas, principalmente da Aeronáutica, parecendo negociar com grandes empresas produtoras de aviões, os caças que nos fazem falta. Um investimento de alto custo, a que se propuseram como fornecedores a Suécia e a França, dentre outras nações.
A perspectiva do grande negócio rendeu manifestações de simpatia dos respectivos governos ao nosso, enquanto a imprensa, atenta ao interesse de suas pátrias, apoiava. Em meados de outubro, o ministro da Defesa entornou o caldo, ao afirmar que a aquisição de aeronaves e decisão sobre reequipamento das Forças Armadas ficaram para o futuro presidente. O que parecia urgente e inadiável, obrigando a viagens internacionais de nossas autoridades, a discursos e entrevistas à imprensa, deu em nada. O problema pode esperar soluções, não antes sem badalações entre compradores e vendedores.
Nelson Jobim foi claro e peremptório: "vai ficar para quem assumir a presidência da República". "Não seria lógico decidir sobre coisas que só poderiam ser cumpridas pelo próximo presidente da República".
Assim, fica o dito pelo não dito, depois de exaustivas negociações.
Não é só. O ministro explicou que os uniformes do Exército são adquiridos na China, porque é possível fazê-lo a preços mais baixos.
No entanto, o Brasil tem um quadro funcional-administrativo imenso e um congresso com centenas de membros, que poderiam ter estudado tudo em tempo hábil.
Sequer a concessão de auxílio-educação para dependentes dos dezoito soldados brasileiros que morreram na missão de paz no Haiti foi feita. Para o ministro, depende do Congresso aprovar projeto de lei, que abre crédito especial para a finalidade. É um triste final de mandato no Executivo, no que tange a necessidades e revindicações das Forças Armadas e seus homens.
Diante dos adiamentos mencionados, o bravo ministro da Defesa foi enfático: "Antes disso, não há como fazer. A administração pública está sob a égide da lei e não pode agir pelo voluntarismo dos ministros ou do presidente da República".
Mais veloz nas decisões, sem se preocupar com o Legislativo ou o Judiciário, o inefável Hugo Chávez foi a Moscou para encontro com o colega Medvedev. Fechou importantes acordos no setor petroleiro e para construção da primeira usina nuclear da Venezuela.
Incentivado pelo grande negócio, Chávez afirmou: "A União Soviética deixou um legado, vocês são os filhos da União Soviética. A "grande Revolução Russa" construiu um caminho que "agora a Rússia generosa, põe à disposição não só da Venezuela, mas dos povos do terceiro mundo, dos povos do mundo, da África, da América Latina, do Caribe".
Apelou ainda para que "a Rússia siga neste empenho de contribuir para desenvolvimento dos povos do mundo, como uma grande nação que é". Agora é meditar sobre os fatos e palavras. Venezuela compra usina nuclear, Brasil, uniformes.
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