18 de out. de 2010

Japão lamenta reação 'histérica' da China em litígio territorial

TÓQUIO, 18 Out 2010 (AFP) -O governo do Japão criticou nesta segunda-feira as manifestações antijaponesas organizadas no fim de semana na China, dizendo ser "histérica" a reação de Pequim à disputa territorial entre os dois países sobre o arquipélago Diaoyu/Senkako, no mar da China Oriental.
"O governo lamenta as manifestações contra o Japão, realizadas nos dias 16 e 17 na China, e pede energicamente que as empresas japonesas sejam protegidas", declarou o primeiro-ministro japonês Naoto Kan no Parlamento.
O ministro das Relações Exteriores japonês, Seiji Maehara, chamou de "histérica" nesta segunda-feira a atitude da China no litígio territorial no mar da China Oriental, referindo-se à decisão chinesa de suspender suas exportações de metais de terras-raras para o Japão.
Maehara, conhecido pela postura implacável em negociações com a China, foi interrogado no Parlamento em relação a uma série de medidas de represália adotadas pelas autoridades chinesas desde que o Japão deteve, no começo de setembro, o capitão de um pesqueiro chinês perto das ilhas Diaoyu/Senkako.
A China cancelou conversações de alto nível e encontros bilaterais. Fontes da indústria também indicaram a suspensão das exportações de metais de terras-raras para o Japão, essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia.
"Acho que as medidas de represália tomadas pela China são extremamente histéricas", comentou Maehara, depois das manifestações contra o Japão.
"Em relação à questão das terras-raras, o ministério do Comércio chinês afirma que não adotou semelhante medida, mas neste momento nós não podemos dizer que as remessas voltaram ao normal", destacou.
Os dois países reivindicam este conjunto de pequenas ilhas desabitadas, conhecidas como Diaoyu na China e como Senkaku no Japão, no mar da China Oriental. Taiwan também reivindica soberania sobre o arquipélago.
As ilhas Diaoyu/Senkako estão localizadas em uma área muito rica em peixes, cujo fundo marítimo pode abrigar reservas de hidrocarbonetos.
Depois de um período de calma, a tensão entre os dois vizinhos voltou a aumentar neste final de semana.
Pequim e Tóquio tentavam organizar uma reunião de cúpula até o fim do mês para aliviar os ânimos, mas os protestos de rua deste fim de semana nos dois países mostraram como a disputa inflamou sentimentos nacionalistas na população.
Milhares de chineses, a maioria, jovens, foram às ruas de pelo menos quatro cidades para demonstrar apoio a seu país nesta acirrada disputa diplomática com o Japão.
Em uma manifestação aparentemente convocada pela internet e por mensagens de texto de celular, chineses pediram o boicote a produtos japoneses e atacaram empresas japonesas, como uma loja da Panasonic e outra da Isetan, e carros fabricados no país vizinho.
As autoridades chinesas tentaram conter os protestos, os piores desde 2005, mas não repreenderam a iniciativa dos manifestantes.
"É compreensível que algumas pessoas expressem sua revolta contra as recentes palavras e atos errôneos da parte japonesa", disse no sábado Ma Zhaoxu, porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês.
Os japoneses, por sua vez, protestaram em Tóquio no sábado.

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