Na gravação, Lula centra sua fala contra terceirização enquanto Rui Falcão anuncia que o partido vai expulsar militantes que forem condenados por "malfeitos"
AE
Seguindo o objetivo de dar mais evidência ao partido que ao
governo, o programa traz diversas vezes o símbolo do partido. O "PT" é o
sujeito da maior parte das frases, a maioria mostrando conquistas dos
governos Lula e Dilma - os nomes dos governantes não são mencionados. O
nome de Dilma não é citado sequer uma vez e o nome de Lula só aparece na
legenda quando ele dá o depoimento contra a lei que libera
terceirização para atividades-fim.
O programa inicia faixas e cartazes com bandeiras históricas da
legenda, como a luta contra fome e por mais justiça social e segue com
uma imagem ensolarada, ressaltando em texto que o País se tornou mais
desenvolvido, mais justo e com mais oportunidades e direitos durante a
gestão petista.
Pouco depois, o destaque vai para pautas de esquerda, contra a
redução da maioridade penal e a favor da igualdade de gêneros - um
recado claro contra os posicionamentos recentes do Congresso
considerados conservadores -, contra a terceirização e a favor de
direitos trabalhistas.
Lula aparece dizendo que direitos trabalhistas, como jornada diária
de oito horas, 13º salário e férias "não caíram do céu". "Tudo que os
trabalhadores têm hoje foi duramente conquistado ao longo de gerações,
por isso não podemos permitir que essa história ande para trás e é isso
que vai acontecer se for aprovado o projeto de lei 4.330, o projeto da
terceirização que passou pela Câmara dos Deputados", diz Lula. "Esse
projeto faz o Brasil retornar ao que era no começo do século passado,
voltar ao tempo em que o trabalhador era um cidadão de terceira classe,
sem direitos, sem garantias, sem dignidade. Nós não vamos permitir esse
retrocesso", completa, em tom enfático, ao defender que o PT continua
"ao lado do trabalhador"
No trecho seguinte, os apresentadores e a narração falam do ajuste
econômico promovido pelo governo - de novo, sem citar o nome de Dilma.
Manchetes de jornal de momentos de crise de hiperinflação e de anos da
ditadura são usadas para mostrar que, em crises anteriores, as classes
mais pobres tiveram que pagar com maior "sacrifício", enquanto hoje
salários não são arrochados e não há desemprego alto. O programa não
mostra gráficos de desemprego - que voltou a subir nos últimos meses -
nem faz menção às MPs 664 e 665. As medidas provisórias que restringem
acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários são duramente
criticadas por centrais sindicais e começam a ser apreciadas no
Congresso nesta terça-feira.
Nesse trecho, o programa fala da bandeira do partido de defender a
taxação de "grandes fortunas, grandes heranças e ganhos especulativos".
O programa reitera as conquistas sociais e econômicas dos últimos
12 anos, com menções ao Bolsa Família e à saída de dois terços da
população da miséria, além do Minha Casa Minha Vida e programas de
inclusão educacional no ensino superior, como Prouni. Obras de
infraestrutura, como portos, aeroportos e o pré-sal também são
apresentadas. Plataformas de petróleo aparecem, mas não há nenhuma
referência direta ou indireta à Petrobras, algo de um esquema de
corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
Corrupção
O programa reforça o discurso de que os governos petistas
implementaram o combate mais efetivo à corrupção. A palavra "corrupção"
aparece em um cenário escuro. "Antes, a corrupção não aparecia, mas todo
mundo sabia que ela estava lá. Hoje a corrupção é investigada e gente
importante vai pra cadeia", diz o narrador, quando luzes iluminam a
palavra. O programa diz também que o PT deu autonomia para Ministério
Público e Polícia Federal trabalharem.
Rui Falcão faz então sua participação na peça publicitária do PT. O
presidente diz que "qualquer petista que cometer malfeitos e
ilegalidades não continuará nos quadros do partido" e, como em discursos
anteriores, rechaça a iniciativa de "alguns setores da mídia" de
"criminalizar todo o partido por causa de erros graves de alguns
filiados".
No trecho final do programa, o partido defende o fim de doações
empresariais a partidos e campanhas e lembra que tomou a decisão
unilateral de não receber mais doações de empresas em seus diretórios. O
PT cita ainda o quinto congresso da legenda, marcado para junho, onde
serão discutidas bandeiras e ideias.
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