Esquema de pagamentos "por fora" pelos direitos de exploração da Copa do Brasil existiria desde 1990, segundo a Justiça dos EUA
Da redação, com AE
Marin e mais seis integrantes da Federação Internacional de Futebol
(Fifa) foram presos nesta quarta-feira (27), na Suíça, durante uma
operação de combate à corrupção dentro da entidade máxima do esporte.
Segundo a Folha, em reunião em abril do ano passado, Marin pediu ao
presidente da empresa de marketing esportivo Traffic, J. Hawilla, que a
propina que vinha sendo dividida com Teixeira passasse a ser paga
apenas a ele e a Del Nero. O esquema dentro da exploração comercial da
Copa do Brasil existiria desde 1990.
Segundo a Justiça dos EUA, em ocasiões anteriores, Hawilla teria
concordado em fazer a divisão da propina entre Marin e os chamados
"coconspiradores 11 e 12", descritos na investigação como "altos
executivos da CBF". Apenas Teixeira e Del Nero se encaixam no perfil.
Questionada, a CBF informou que não vai se pronunciar sobre a acusação.
O esquema de corrupção dentro da Fifa está sendo investigado nos
Estados Unidos por envolver transações em bancos americanos e por
supostamente ter contado com a participação de empresas sediadas nos
EUA.
Marin é colocado em uma 'prisão modelo' na Suíça e 'passa bem'
Uma cela individual com banheiro, numa prisão modelo da Suíça. O
Departamento de Polícia do país alpino revelou na manhã desta
quinta-feira que o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, "passa bem" e
que está recebendo todos os serviços que são garantidos a detentos,
inclusive assistência jurídica. Mas as autoridades decidiram dividir os
dirigentes presos nesta semana em diferentes locais para evitar que
possam "conversar ou trocar informações" sobre o caso.
Ao Estado, o porta-voz da Polícia de Zurique confirmou que o
brasileiro está em uma das prisões da região. Mas evitou dar a
localidade exata por "motivos de segurança". "O que podemos garantir é
que todos os direitos humanos do brasileiro estão sendo assegurados",
afirmou.
Ele garantiu que Marin "passa bem" e que não tem apresentado
qualquer tipo de problemas de saúde. Em uma cela individual com
banheiro, ele ainda foi afastado de qualquer outro cartola. "Não
queremos que haja uma troca de informações", insistiu.
O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, não solicitou assistência
do governo brasileiro ao ser detido nesta quarta-feira em Zurique.
Informações do Itamaraty indicam que, apesar de o cartola ter o direito
de pedir um acompanhamento do consulado e de diplomatas, nenhuma medida
foi tomada neste sentido.
Todos os brasileiros tem direito a receber tal ajuda,
principalmente em casos de extradição. Como princípio, o Brasil não
aceita entregar a uma Justiça estrangeira um nacional.
Marin foi preso na manhã desta quarta no hotel Baur au Lac, em
Zurique, e aguarda em uma prisão da região da cidade uma eventual
extradição aos EUA. Segundo fontes próximas à CBF, ele passou o dia em
busca de advogados na Suíça e nos EUA e deve resistir à extradição.
Ao sair do hotel, Marin estava abatido. Segundo pessoas que
acompanharam o caso, ele teria apenas tido. "Mas sou só eu? Onde estão
os outros?". No Brasil, a CBF já afastou o brasileiro e a Fifa o puniu
com uma suspensão temporária de todas as atividades no futebol.
Em Zurique, o processo de extradição pode levar até seis meses e a
defesa do brasileiro tentará convencer a Justiça local a permitir que
Marin aguarde a decisão em liberdade condicional por conta de sua idade.
O ex-presidente da CBF tem 83 anos. Segundo a investigação, ele cobrou
comissões e propinas milionárias em contratos da CBF.
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