O governo vai tentar manter o veto que acabava com a multa adicional de 10% sobre o saldo do FGTS
Brasília
O Palácio do Planalto deflagrará operação no Congresso na próxima
semana para impedir a derrubada de vetos da presidente Dilma Rousseff
que vão causar impactos bilionários nas contas da União.
Há
a promessa da derrubada do veto ao projeto que redefine os critérios
para a distribuição de recursos federais para estados e municípios.
Dilma vetou trecho que retira os impactos das desonerações concedidas
pelo governo FOTO: AG BRASIL
Com a disposição de líderes
governistas derrubarem os chamados "vetos bombas", alguns incluídos na
pauta pelos próprios aliados, emissários de Dilma admitem flexibilizar
parte das propostas.
Apesar de considerar como elevado o risco de
derrota, o governo vai tentar convencer, por exemplo, sua base a manter
o veto ao projeto que acabava com a multa adicional de 10% sobre o
saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) nas demissões sem
justa causa e que consumirá R$ 3 bilhões.
A equipe presidencial
tenta negociar a manutenção do veto em troca da aprovação de projeto que
ponha fim à multa gradualmente, nos próximos quatro anos. A proposta já
foi discutida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com
a equipe econômica como alternativa para evitar derrota completa do
governo no tema, uma vez que os recursos da multa são destinados ao
programa Minha Casa, Minha Vida.
O veto ao fim da multa adicional
do FGTS entrou na lista de itens previstos para a próxima terça-feira
dentro da nova sistemática acertada entre Congresso e o governo.
A
nova regra define que os vetos têm de ser apreciados pelo plenário do
Legislativo 30 dias após leitura. Caso contrário, passa a trancar a
pauta de votação. O governo vai tentar ainda um adiamento da votação dos
vetos na busca de negociar a manutenção dos vetos mais importantes. O
assunto será tratado pela presidente com o senador Renan na segunda.
Ameaça
Renan
está disposto a colocar todos os vetos encaminhados ao Congresso desde o
dia 1º de julho, inclusive de temas que desagradam o Planalto. "Por
enquanto, todos estão postos. A cédula está publicada, o modelo de
cédula está pronto", disse. Também há a promessa da derrubada do veto ao
projeto que redefine os critérios para a distribuição de recursos
federais para Estados e municípios. Dilma vetou trecho que retira os
impactos das desonerações concedidas pelo governo federal.
Outro
veto que preocupa o governo é o que impede a licença hereditária para
taxistas, que passariam a ter direito de transferir a concessão do
serviço a parentes em caso de morte. Dilma vetou a proposta pela segunda
vez e irritou os congressistas.
A análise dos vetos preocupa o
Planalto especialmente porque a votação é secreta em cédulas de papel e,
com isso, os governistas perdem poder de pressão sobre aliados. Na
sessão de terça, o Congresso vai analisar 137 dispositivos de 11
projetos.
Risco
Caso se repita o apoio
dos parlamentares durante a votação dos projetos, os vetos do FGTS e do
FPE poderão ser derrubados. O fim da multa do FGTS teve o voto favorável
de 62 senadores de 315 deputados. Se os mesmos parlamentares votarem
contra o veto, ele será derrubado.
O líder do PSD, deputado
Eduardo Sciarra (PR), confia que o placar do Plenário vai permitir a
derrubada do veto do fim da multa extra do FGTS. "Há uma disposição
grande na derrubada do veto do fim da multa adicional, a votação na
Câmara foi muito expressiva e entendemos que essa vontade deve ser
novamente manifestada na votação de terça-feira", disse.
Já o
vice-líder do PT deputado Bohn Gass (RS) disse que ainda é muito cedo
para falar em derrota. Ele ressaltou que a multa, embora não seja mais
usada para recompor perdas do FGTS, é aplicada em programas
habitacionais que serão comprometidos. "Quem vai perder (com a queda do
veto) é o povo, o processo de construção de habitação popular que também
privilegia o comércio e a indústria".
Histórico
Em
março deste ano, o Congresso derrubou os vetos ao projeto que
redistribuiu os royalties do petróleo entre todos os estados e
municípios. Apesar de a nova lei estar com a aplicação suspensa por
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), foi a disputa pelos royalties
que reabriu a discussão sobre a votação dos vetos pelo Congresso. À
época, estavam acumulados nas gavetas do Congresso, pendentes de
análise, mais de três mil vetos.
18 de ago. de 2013
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