Faixas e cartazes dão lugar a computador portátil, projetores e geradores nas manifestações
Rio
- No lugar de cartazes e faixas, notebooks, projetores e geradores. Em
vez de gritos de ordem, a arte em imagem e texto. Essa foi a forma
encontrada pelo ‘Coletivo Projetação’, grupo criado em julho por amigos
para mostrar quais as pautas dos protestos que tomam conta das ruas do
Rio. As telas são variadas: a fachada da Câmara Municipal, da 9ª DP
(Catete) e até banheiros químicos. São espaços onde a ideia é ‘criar uma
forma de ação política e chamar as pessoas para debater’, como explica
Isabel Levy, uma das participantes do projeto.
O tema e a forma das projeções são
variados. Para falar do sumiço do pedreiro Amarildo de Souza, na
Rocinha, e dos 10 mortos numa operação do Batalhão de Operações
Especiais (Bope) na Maré, foi apresentada uma poesia. Numa brincadeira
com as palavras, projetaram ‘Amar é, A Maré, Amarildo’ num prédio no
Leblon.
Em manifestação na porta da casa do prefeito Eduardo Paes, na Estrada da Gávea Pequena, imagem criticava o recorde de remoções alcançado na sua administração, como O DIA mostrou em maio. “Criamos o conteúdo com cuidado, após pesquisar em diversos locais. Também somos uma forma de mídia, para mostrar dados e fatos que são negligenciados”, afirmou Isabel Levy.
“A projeção é um recurso para quebrar essa ideia de que não existem pautas definidas nas manifestações”, indica Marcela Leite, outra integrante. O advogado João Tristão, 74, não conhecia o trabalho do grupo e elogiou a iniciativa. “Estou muito impressionado, é uma ótima forma de ação. Falta só explicar as pautas para o grande público”, concluiu.
“Nossa forma de arte não existiria se não fosse o momento político que a cidade está passando”, afirmou Beatriz Gregório, enquanto ajudava na preparação da ação. “Projetar imagens não é só luz numa tela. É o que projetamos para o futuro da política da cidade”, explicou Marcela.
Projeto organiza aulas de professora e juiz no Leblon
Com a ajuda de redes sociais na internet, como o Facebook, o grupo possui 20 integrantes e conta com vários colaboradores. Além da presença em protestos, eles têm organizado atividades para além da projeção de imagens.
Na última semana, usou seu equipamento para promover uma aula-debate sobre democracia com a professora Juliana Cesário Alvim, da Uerj, realizada num acampamento montado na Praia do Leblon, em frente à rua onde mora o governador Sérgio Cabral.
Na ocasião, o juiz João Batista Damasceno se propôs a dar uma aula sobre como os manifestantes podem se defender de possíveis abusos policiais.
“Nós nunca tivemos problemas com a PM. Certa vez, um policial nos pediu que mudássemos o local da nossa projeção, no Leblon, mas porque, de onde ele estava, não conseguia ver as imagens”, conta Isabel, contou Marcela Leite.
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