Reportagem de VEJA desta
semana mostra ligação de Antônio Andrade e matadouro na cidade mineira
de Vazante, a 350 quilômetros de Brasília
SEM FISCALIZAÇÃO - O abate dos animais é feito com desrespeito total às mínimas exigências sanitárias
(Sergio Dutti)
O odor de sangue apodrecido misturado com dejetos provoca náuseas. A
cena é medieval. A foto que ilustra esta reportagem capta o final de
mais um dia de trabalho no Matadouro do Rogério, em Vazante, cidade
mineira que fica a apenas 350 quilômetros de Brasília. O funcionário
manipula o que sobrou do gado abatido na madrugada. Nada é desperdiçado.
A membrana que envolve as vísceras será usada para fabricar sabão. As
cabeças dos animais serão moídas e transformadas em ração. Os dejetos
vão alimentar os cachorros e as galinhas que convivem no mesmo espaço --
um galpão pestilento. No momento da fotografia, a carne já havia
seguido para as prateleiras dos supermercados e açougues da região. É
repugnante imaginar que um terço da produção bovina consumida pelos
brasileiros é oriunda de lugares assim. É mais repugnante ainda saber
que isso acontece em tão larga escala por incompetência, inoperância e
negligência dos órgãos de fiscalização. O Matadouro do Rogério seria
apenas mais um entre milhares de estabelecimentos iguais que funcionam
país afora se não fosse um detalhe: ele tem entre seus clientes ninguém
menos que o novo ministro da Agricultura.
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