20 de mar. de 2013

Bombeiros retomam busca por desaparecidos em Petrópolis

Cidade já registra 27 mortes em decorrência da chuva. Desabrigados são 1.463. Região Serrana recebe menos verba para desastres que a capital

Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil procuram vítimas em Petrópolis, cidade na região serrana do Rio de Janeiro atingida pelas fortes chuvas dos últimos dias
Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil procuram vítimas em Petrópolis, cidade na região serrana do Rio de Janeiro atingida pelas fortes chuvas dos últimos dias - Luiz Roberto Lima/Futura Press
As equipes do Corpo de Bombeiros retomaram, na manhã desta quarta-feira, as buscas por desaparecidos em meio aos escombros na cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Pelo menos dez pessoas ainda não foram localizadas, de acordo com equipes da Defesa Civil, e acredita-se que estejam sob os destroços em uma das 21 áreas desmoronadas. O total de mortes provocadas pela chuva desde a noite de domingo chegou a 27 na tarde de terça-feira.
Em meio a medidas emergenciais, busca de corpos e anúncios de liberação de verba, a população de Petrópolis assiste, mais uma vez, ao triste espetáculo da cidade que se desmancha: mais encostas rolaram, mais casas estão sendo interditadas e até o momento não houve entrega – ou construção – de uma casa sequer, entre os 112 apartamentos prometidos pelos governos federal e estadual. Desde a chuva de janeiro de 2011, 876 famílias recebem aluguel social – mas dentro de pouco tempo não haverá sequer o que alugar, dado o ritmo do trabalho de reconstrução.
A nova leva de desabrigados tem, oficialmente, 1.463 pessoas, ou 366 novas famílias. Foi esse o contingente recebido nos 27 pontos de apoio disponibilizados pela prefeitura. Somadas às que já estavam dependentes do aluguel social, o número de grupos familiares sem ter moradia definitiva chega a 1.242. Esperar uma solução do estado não é prudente, como mostra o exemplo de um grupo de 50 integrantes de uma comunidade quilombola de nome Tapera - reconhecida pela Fundação Palmares em maio de 2011 - que teve as casas destruídas pela chuva em 2011. Desde a tragédia de dois anos atrás, eles estão em um antigo estábulo, recebendo aluguel social e gastando para alugar o espaço.
Apesar de ser a terceira cidade do Rio mais afetada pelas chuvas de 2011 - quando a Região Serrana foi palco da pior tragédia natural da história do país -, Petrópolis recebeu apenas 41.200 reais do governo federal para obras relacionadas a desastres naturais. A verba veio da soma das liberações dos quatro principais programas do Ministério da Integração Nacional em 2012 - de um orçamento total de 5,7 bilhões de reais.
A ONG Contas Abertas analisou os repasses feitos pelo governo federal por meio dos programas "Gestão de Risco e Resposta a Desastres", "Resposta aos Desastres e Reconstrução", "Prevenção e Preparação para Desastres" e "Drenagem Urbana e Controle de Erosão Marítima e Fluvial". Petrópolis recebeu 31.800 reais pelo "Gestão de Risco" e somente 9.400 reais pelo "Resposta aos Desastres".
Na prática, conforme a ONG, só 2,1 bilhões de reais (36,8%) dos 5,7 bilhões de reais previstos para todo o país foram distribuídos. Esse dinheiro não foi apenas para prefeituras, mas também para entidades públicas ou privadas. Excluído o Distrito Federal, que movimentou 378 milhões de reais por ser sede da Caixa (banco que distribui verbas a todo o país), o estado do Rio foi o que recebeu mais recursos: 242,9 milhões de reais. Desse total, 206,2 milhões (84,9%) foram destinados à capital. Nova Friburgo, município mais afetado pelas chuvas de 2011, recebeu 2,9 milhões de reais.
No desastre ocorrido na região serrana do Rio em Janeiro de 2011 morreram 918 pessoas (429 em Nova Friburgo, 392 em Teresópolis, 71 em Petrópolis e as demais em outros municípios). Petrópolis registrou 6.956 desalojados e 187 desabrigados. Teresópolis, que não recebeu nenhum valor do Ministério em 2012, teve 9.110 desalojados e 6.727 desabrigados.
(Com Estadão Conteúdo)

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