O grupo de 56 homens passará seis meses naquele país atuando na segurança e assistência humanitária
A
emoção dos familiares marcou a despedida dos 56 soldados cearenses que
partiram, ontem, para a missão de paz de seis meses no Haiti. Embarque
aconteceu na Base Aérea de Fortaleza, ontem, e o grupamento deverá
chegar ao Haiti hoje, ao meio-dia, porque o avião passou em São Luís, no
Maranhão, à tarde, para receber mais 29 militares. Os soldados passaram
a noite em Manaus, no Amazonas, antes de partir para aquele país.
De
acordo com o subcomandante do batalhão que irá servir no Haiti, Cláudio
Skora Rosty, esses soldados irão atuar para manter o local seguro, por
meio de patrulhas, na assistência humanitária e nas respostas aos
desastres naturais, como o recente furacão Sandy.
Como
o avião também passou em São Luís (MA) na tarde de ontem, os soldados
devem chegar ao Haiti hoje, ao meio-dia. O embarque na Base Aérea foi
marcado por muita emoção dos militares e de seus familiares Foto:
Viviane Pinheiro
"Além da experiência e do benefício para o
currículo, com a atuação em uma missão internacional, esses militares
irão receber uma bonificação de US$ 1 mil mais o salário que já recebiam
em Fortaleza. Considerando que eles não irão gastar durante os seis
meses, ao fim do período, terão feito uma boa economia", explica Rosty.
O
subcomandante também destaca que, como essa é uma missão de paz, foram
poucos os militares que morreram em serviço. "Os que faleceram foi por
acidentes e no último terremoto que assolou aquela região, em 2010",
diz.
Para comprar um terreno e construir a casa própria em
Fortaleza, o sargento Trindade resolveu deixar a família, por seis
meses, e partir outra vez para uma missão internacional. Antes, em 1995,
o pernambucano integrou o grupo que foi até Angola para estabelecer a
paz. Na época, o único filho, Alisson, tinha apenas 14 dias. "Foi
horrível. A sorte é que eu tinha o apoio da minha família. Mas senti
muita falta dele", descreve a esposa do militar, a costureira Cristina
Pereira.
Nessa época, o militar lembra que uma das principais
dificuldades era com a comunicação e as doenças. "A gente só se falava
por telefone e não tinha direito nem a cinco minutos. Dessa vez, além da
internet, ainda temos acesso a um telefone sem limite para o
residencial. Nessa missão em Angola, perdi três companheiros que pegaram
malária".
No país africano, o sargento encontrou muitos
desafios. "Presenciei homens que prostituíam as esposas em troca de um
prato de comida. Aprendi o que é, de verdade, a necessidade.
Infelizmente, a maioria das pessoas aqui no Brasil ainda desperdiça
muito alimento", relata.
O filho Alisson, hoje com 17 anos, cursa
Administração na Universidade Estadual do Ceará (Uece), mas também
pretende ingressar no Exército. "Terminei o ensino médio no Colégio
Militar e quero seguir o exemplo do meu pai", conta.
O cabo
Nikolas André Almeida, de 22 anos, é o orgulho do pai, o sargento da
Polícia Militar Pedro José Bispo. "Eu queria estar nesta missão. Para
mim, é um mérito e uma alegria ver meu filho mais velho participando,
porque são poucos os que são escolhidos para essa tarefa", afirma o
policial, que também integrou o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).
Planos
Essa
é a terceira missão que o militar participa fora do Estado. "Integrei
os grupos que atuaram durante as greves dos Policiais Militares no Piauí
e no Maranhão e aqui em Fortaleza. Quero dar o meu melhor também nessa
missão", afirma Nikolas André.
Já a dona de casa Geralda
Rodrigues Duarte, de 72 anos, tentava segurar as lágrimas de saudade do
filho Gabriel da Costa Duarte, de 23. "Nossa família é muito unida e
nunca ficamos longe por mais de 15 dias", ressalta. Quando voltar da
missão, Gabriel pretende cursar Educação Física e tentar um concurso
público. "Quero entrar na Polícia Militar, porque é mais garantido. E
com o curso superior completo, ainda posso tentar outros concursos, como
o da Polícia Federal e da Civil", planeja.
O seu irmão, o
soldado Alex da Costa, de 19 anos, confessa que não pretende ir para
nenhuma missão internacional. "Ia sentir saudade da minha família. Sou
muito apegado", confessa.
FIQUE POR DENTRO
Objetivo é pacificar e estabilizar o local
Desde
2004, a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti atua na
reconstrução do país, que sofria com conflitos armados. Os objetivos da
missão são, principalmente, estabilizar o local, pacificar e desarmar
grupos guerrilheiros e rebeldes, promover eleições livres e informadas e
formar o desenvolvimento institucional e econômico do Haiti.
KELLY GARCIAREPÓRTER
8 de nov. de 2012
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