8 de nov. de 2012

Soldados cearenses partem para missão de paz no Haiti

O grupo de 56 homens passará seis meses naquele país atuando na segurança e assistência humanitária
A emoção dos familiares marcou a despedida dos 56 soldados cearenses que partiram, ontem, para a missão de paz de seis meses no Haiti. Embarque aconteceu na Base Aérea de Fortaleza, ontem, e o grupamento deverá chegar ao Haiti hoje, ao meio-dia, porque o avião passou em São Luís, no Maranhão, à tarde, para receber mais 29 militares. Os soldados passaram a noite em Manaus, no Amazonas, antes de partir para aquele país.

De acordo com o subcomandante do batalhão que irá servir no Haiti, Cláudio Skora Rosty, esses soldados irão atuar para manter o local seguro, por meio de patrulhas, na assistência humanitária e nas respostas aos desastres naturais, como o recente furacão Sandy.


Como o avião também passou em São Luís (MA) na tarde de ontem, os soldados devem chegar ao Haiti hoje, ao meio-dia. O embarque na Base Aérea foi marcado por muita emoção dos militares e de seus familiares Foto: Viviane Pinheiro

"Além da experiência e do benefício para o currículo, com a atuação em uma missão internacional, esses militares irão receber uma bonificação de US$ 1 mil mais o salário que já recebiam em Fortaleza. Considerando que eles não irão gastar durante os seis meses, ao fim do período, terão feito uma boa economia", explica Rosty.

O subcomandante também destaca que, como essa é uma missão de paz, foram poucos os militares que morreram em serviço. "Os que faleceram foi por acidentes e no último terremoto que assolou aquela região, em 2010", diz.

Para comprar um terreno e construir a casa própria em Fortaleza, o sargento Trindade resolveu deixar a família, por seis meses, e partir outra vez para uma missão internacional. Antes, em 1995, o pernambucano integrou o grupo que foi até Angola para estabelecer a paz. Na época, o único filho, Alisson, tinha apenas 14 dias. "Foi horrível. A sorte é que eu tinha o apoio da minha família. Mas senti muita falta dele", descreve a esposa do militar, a costureira Cristina Pereira.

Nessa época, o militar lembra que uma das principais dificuldades era com a comunicação e as doenças. "A gente só se falava por telefone e não tinha direito nem a cinco minutos. Dessa vez, além da internet, ainda temos acesso a um telefone sem limite para o residencial. Nessa missão em Angola, perdi três companheiros que pegaram malária".

No país africano, o sargento encontrou muitos desafios. "Presenciei homens que prostituíam as esposas em troca de um prato de comida. Aprendi o que é, de verdade, a necessidade. Infelizmente, a maioria das pessoas aqui no Brasil ainda desperdiça muito alimento", relata.

O filho Alisson, hoje com 17 anos, cursa Administração na Universidade Estadual do Ceará (Uece), mas também pretende ingressar no Exército. "Terminei o ensino médio no Colégio Militar e quero seguir o exemplo do meu pai", conta.

O cabo Nikolas André Almeida, de 22 anos, é o orgulho do pai, o sargento da Polícia Militar Pedro José Bispo. "Eu queria estar nesta missão. Para mim, é um mérito e uma alegria ver meu filho mais velho participando, porque são poucos os que são escolhidos para essa tarefa", afirma o policial, que também integrou o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

Planos

Essa é a terceira missão que o militar participa fora do Estado. "Integrei os grupos que atuaram durante as greves dos Policiais Militares no Piauí e no Maranhão e aqui em Fortaleza. Quero dar o meu melhor também nessa missão", afirma Nikolas André.

Já a dona de casa Geralda Rodrigues Duarte, de 72 anos, tentava segurar as lágrimas de saudade do filho Gabriel da Costa Duarte, de 23. "Nossa família é muito unida e nunca ficamos longe por mais de 15 dias", ressalta. Quando voltar da missão, Gabriel pretende cursar Educação Física e tentar um concurso público. "Quero entrar na Polícia Militar, porque é mais garantido. E com o curso superior completo, ainda posso tentar outros concursos, como o da Polícia Federal e da Civil", planeja.

O seu irmão, o soldado Alex da Costa, de 19 anos, confessa que não pretende ir para nenhuma missão internacional. "Ia sentir saudade da minha família. Sou muito apegado", confessa.

FIQUE POR DENTRO
Objetivo é pacificar e estabilizar o local
Desde 2004, a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti atua na reconstrução do país, que sofria com conflitos armados. Os objetivos da missão são, principalmente, estabilizar o local, pacificar e desarmar grupos guerrilheiros e rebeldes, promover eleições livres e informadas e formar o desenvolvimento institucional e econômico do Haiti.

KELLY GARCIAREPÓRTER

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