3 de nov. de 2012

China se torna o principal exportador para o Brasil

A maior compradora de produtos brasileiros há três anos agora se tornará a principal fornecedora para o país em 2012, desbancando os Estados Unidos

Economia, comércio Brasil e China
Nesta quinta, o governo divulgou o saldo da balança comercial foi de apenas 1,7 bilhão de dólares, o menor superávit para outubro desde 2009. (Yasuyoshi Chiba/AFP)
Maior compradora de produtos brasileiros há três anos, a China se tornará pela primeira vez na história a principal fornecedora para o Brasil em 2012, desbancando os Estados Unidos. O fenômeno ocorre em um ambiente de deterioração do comércio exterior global, com duros impactos para o país. O governo divulgou nesta quinta-feira que, em outubro, o saldo da balança comercial foi de apenas 1,7 bilhão de dólares, o menor superávit para o mês desde 2009.
O saldo positivo ajudou pouco no resultado acumulado do ano. Até agora, o volume de 17,4 bilhões de dólares é 31% menor do que o do mesmo período do ano passado. Sem enfrentar crises, 2011 foi um ano de saldo recorde de 29,8 bilhões de dólares.
A consolidação chinesa como principal parceira comercial do Brasil começou a ficar clara no início do ano, com o aumento consistente de suas vendas para o país. Para a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Prazeres, faltando dois meses para o fim do ano, agora já se pode afirmar com mais segurança que a liderança caberá à China.
De janeiro a outubro, o Brasil comprou 28,7 bilhões de dólares do gigante asiático contra 26,8 bilhões de dólares dos Estados Unidos. "Houve redução das importações dos Estados Unidos combinada com aumento das importações da China", explicou Tatiana.
Entre os produtos que o Brasil deixou de comprar dos americanos estão hulha - tipo de carvão usado em fornos industriais - e algodão. Já da China, houve aumento de importações de itens como bens de capital e componentes de produtos.
Exportações — Do lado das vendas nacionais, vale destacar uma forte queda de 25% verificada no mês passado tanto para a China quanto para a Argentina. A secretária explicou que, no caso da China, o resultado foi influenciado pela retração das exportações de minério de ferro com a queda de 41% do preço em outubro em comparação a igual período de 2011.
Sobre a Argentina, a avaliação é que a crise externa somada a problemas econômicos do país tenham diminuído a demanda por produtos brasileiros, sobretudo veículos. "Seguimos monitorando o comércio bilateral com a Argentina com atenção", disse Tatiana. Os países se reúnem na semana que vem para tratar do tema.
Cálculo — O resultado geral da balança comercial de outubro foi marcado por uma queda de 7,6% no volume de compras, mas, principalmente, da retração de 10,6% das vendas. As importações somaram 20,1 bilhões de dólares contra 21,7 bilhões de dólares das exportações.
A maior influência negativa sobre o desempenho das vendas brasileiras no período foi do petróleo, que desabou 58,8% no mês passado, para 794 milhões de dólares.
"Consultamos a Petrobrás e o que nos disseram é que a queda nas exportações é resultado da produção nacional menor e de um crescimento dos volumes de processamento de óleo nacional nas refinarias do Brasil", disse Tatiana. De janeiro a outubro, as vendas de petróleo registraram recuo de 7,3% em relação aos primeiros dez meses de 2011. A redução é consequência mesmo da diminuição (-9,3%) das vendas, já que o preço subiu 3,2% no período.
(com Estadão Conteúdo)

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