5 de nov. de 2012

Caso Ubiratan: defesa de Cepollina nega pedir adiamento do júri

Coronel que comandou operação com 111 mortes no Carandiru foi morto em casa, com um tiro no abdome, no dia 9 de setembro de 2006; ex-namorada foi a última a vê-lo com vida

Do Portal Terra
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Liliana Prinzivalli, mãe e advogada de Carla Cepollina, 46 anos, no julgamento pela morte do ex-namorado, o coronel da PM paulista Ubiratan Guimarães, chegou por volta das 12h20 ao Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Apesar de defesa e acusação terem negociado um acordo para que o júri fosse adiado para fevereiro, Liliana afirmou que não pretende fazer um novo pedido de adiamento, já que o primeiro foi negado pelo Tribunal de Justiça. Segundo a mãe de Cepollina mesmo que alguma testemunha se ausente na audiência desta segunda-feira, a defesa da ex-namorada do comandante do Massacre do Carandiru espera que o julgamento comece hoje.
 
Ubiratan foi morto em casa, com um tiro no abdome, no dia 9 de setembro de 2006. O tiro foi disparado por uma arma de sua propriedade e Carla teria sido a última pessoa a estar na companhia do coronel e ex-deputado estadual por São Paulo. O julgamento tem início marcado para as 13h, no Plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda. A previsão é que dure entre quatro e cinco dias.
 
Ubiratan Guimarães foi o coronel responsável pela operação da Polícia Militar que resultou na morte de 111 presos no que se convencionou chamar de Massacre do Carandiru, em 1992. Ele foi julgado e recebeu uma pena de 632 anos pelas mortes. Porém, em um segundo julgamento, foi absolvido pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, que decidiu que Guimarães atuou no "estrito cumprimento do dever legal" naquela ocasião e que assim não poderia ser responsabilizado pelas mortes.
 
Na defesa de Carla estará, além de sua mãe, o advogado Eugênio Malavasi. A acusação será feita pelo promotor João Carlos Calsavara e pelo advogado da família da vítima, o ex-deputado federal Vicente Cascione.
 
O processo contra Cepollina chegou a ser arquivado - por insuficiência de provas -, mas a Justiça de São Paulo determinou, em junho deste ano, que a advogada seja levada a júri popular. Em todo esse período, Carla sempre negou ter matado o coronel.
 
Na decisão que resultou no arquivamento, o juiz Anderson Filho cita o artigo 414 do Código de Processo Penal. "Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente impronunciará o acusado". Porém, na ocasião, o juiz salientou que "poderá, em qualquer, tempo ser instaurado processo contra a ré, se houver novas provas".
 
Liliana Prinzivalli diz que a filha daria tudo para saber o que aconteceu no dia do crime. "Até hoje a Carla está abaladíssima. Nunca se conformou com essa história e daria tudo para saber como foi", diz. De acordo com Liliana, a filha teve uma relação de dois anos com Ubiratan e o amava.
 
Para o promotor Calsavara, o crime se deu por ciúmes. Segundo ele, apesar de Carla ser namorada oficial do coronel, Ubiratan teria envolvimento com a delegada federal Renata Madi, que à época do crime morava no Pará, mas vinha constantemente a São Paulo. "Renata é o pivô do crime. Se não houvesse Renata, não teria coronel morto", disse o promotor. O crime teria se dado depois de uma discussão gerada por um torpedo enviado por Renata a Ubiratan e que foi lido por Carla.
 
Única acusada pelo crime, Carla responderá por homicídio qualificado por motivo torpe, fútil e por ter cometido o crime com a impossibilidade de defesa da vítima.

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