Confraternização com o Papa no Palácio Guanabara tem rol de vetos que funciona como um termômetro das alianças em momento de desgate político na cidade
Rio - ‘Não me convidaram pra essa festa
pobre...”, que de ‘pobre’ do verso da música de Cazuza não tem
absolutamente nada. Mas é um termômetro de como estão as alianças
partidárias no momento de desgate político no Rio. A recepção, amanhã,
no Palácio Guanabara, para 650 ilustres convidados que darão boas-vindas
ao Papa Francisco, tem um rol oficioso de vetos. Ninguém o admite. Mas
também não explica qual foi o critério de escolha das autoridades.
“Achei que todos os parlamentares
tinham sido convidados. Mas me falaram, quando eu fui chamado, que eram
apenas os da Mesa Diretora. Como eu sou, estava na lista. De qualquer
forma, não irei comparecer porque tenho compromissos já agendados. Vou
aos eventos abertos ao público, como a missa em Guaratiba”, afirmou o
deputado Gilberto Palmares (PT).
Sem ser da Mesa Diretora, mas do mesmo partido do
governador Sérgio Cabral (PMDB), o deputado estadual Pedro Fernandes
está no grupo dos seletos escolhidos para a festa. Segundo sua
assessoria de imprensa, o convite partiu de Cabral. Ele, no entanto, não
irá. Mas não explicou o motivo. Já o Palácio informou que não foi
responsável pelos nomes e que houve uma divisão entres os poderes
Executivo, Municipal e Federal para fazer a lista dos ‘vips’.
Fato é que a confraternização papal pode ter clima de evento entre amigos. Entre os ‘barrados’ na festa estão os deputados estaduais Marcelo Freixo (Psol), Clarissa Garotinho (PR), Comte Bittencourt (PPS) e os federais Alessandro Molon (PT), Romário (PSB) e Rodrigo Maia (DEM).
“Sou líder partidária e não me chamaram para os eventos institucionais. Ontem, à tarde (quinta-feira), o padre Lincoln, da Arquidiocese, me encaminhou um convite para a missa de Dom Orani. Tenho uma excelente relação com a igreja católica, embora seja evangélica”, disse Clarissa.
O deputado estadual Luiz Paulo (PSB), que também não é da Mesa, disse que participa de um grupo na Alerj chamado ‘Católicos na Política’, o que provavelmente o credenciou para o evento no Guanabara. “Fui convidado e meu desejo é ir. Os parlamentares que participam desse movimento também foram. Estamos há algum tempo debatendo questões fundamentais nos campos religioso e político. É um trabalho importante”, afirmou Luiz Paulo.
Deputado não vai ao Palácio
A recepção vai custar R$ 1,3 mil por “cabeça” e vai ocorrer no Jardim de Inverno do Palácio Guanabara. Se há aqueles que não foram convidados, há os que foram, mas não vão. É o caso do deputado federal Jean Wyllys (Psol), que tem uma reunião com o parlamentar português Rui Tavares. No entanto, mesmo se tivesse agenda livre, não iria apenas à recepção, porque, segundo ele, seria ‘oportunismo”.
“Respeito muito a comunidade católica, minha mãe, inclusive, é da Congregação Mariana. Mas não iria para a festa. Meu interesse com o Papa é discutir questões importantes como a contracepção, o uso da camisinha no enfrentamento de DST e Aids. Se o encontro for para esse diálogo, tenho todo interesse”.
Saias justas evitadas por ausências
No cenário político, pelo menos duas saias justas vão ser evitadas na festa. O senador Lindbergh Farias (PT), que foi convidado, alegou compromissos familiares para não ir à recepção. O petista, assim como o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), é pré-candidato à disputa de sucessão de Sérgio Cabral.
Outro também que está na lista, mas não vai comparecer, é o deputado federal Anthony Garotinho (PR). Segundo o parlamentar, o motivo não é o possível constrangimento com Cabral e Pezão, mas porque ele vai passar por exames clínicos. “O Papa está trazendo grande esperança pela maneira como trata os assuntos na igreja. Teria motivos de sobra para ir lá”, disse.
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