12 de jul. de 2013

Baixa adesão popular marca greve geral

Protestos sindicais atraem menos gente que atos do mês passado. Movimento foi mais forte nas cidades em que os ônibus pararam
 Folhapress e Agência Estado
Os protestos organizados pelas centrais sindicais se espalharam por todos os estados ontem, mas nem de longe lembraram as manifestações que tomaram contas das ruas no mês passado. Além da pauta centrada nos direitos trabalhistas, as mobilizações não tiveram grande adesão popular. Os atos, que fizeram parte do Dia Nacional de Lutas e foram organizados por entidades como Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical, reuniram cerca de 80 mil pessoas em 18 capitais. No auge, os protestos pela redução da tarifa levaram mais de 1 milhão de pessoas num único dia em todo o país. Ao todo, houve atos em 150 cidades.
Brasil afora
Saiba como foram os protestos pelo país:
Paraná: Praças de pedágio foram invadidas e as cancelas, liberadas. Metalúrgicos das principais fábricas do estado, como Renault, Volvo e Volkswagen, paralisaram suas atividades e fecharam estradas. Em Curitiba, o transporte público operou parcialmente por três horas, no fim da tarde. Lojas, repartições públicas e empresas liberaram os funcionários mais cedo.
Bahia: Em Salvador, trabalhadores do transporte paralisaram as atividades por quatro horas. Bancos, escolas, universidades públicas, o comércio popular do centro e empresas do Polo Industrial de Camaçari não funcionaram.
São Paulo: Passeata na Avenida Paulista reuniu 7 mil pessoas. Em Santos, estivadores invadiram um navio e um terminal de contêineres. Em Campinas, um protesto terminou com quatro policiais feridos e três detidos. Em Embu das Artes, quatro ficaram feridos em uma interdição semelhante no Rodoanel de São Paulo.
Amazonas: Na Zona Franca de Manaus, os operários bloquearam vias de acesso às fábricas. Cerca de 60% do transporte parou pela manhã e o comércio fechou com medo de manifestações. Houve ainda um ato público envolvendo cinco comunidades indígenas.
Ceará: Terminais de ônibus em Fortaleza foram fechados pelo sindicato dos rodoviários por cerca de duas horas.
Maranhão: Estivadores pararam a movimentação de cargas, granéis sólidos e contêineres no porto do Itaqui, em São Luís.
Rio Grande do Norte: Em Natal, cerca de 6 mil manifestantes interditaram a BR-101.
Paraíba: Cerca de 28 mil usuários foram afetados pela interrupção dos trens em João Pessoa. Seis rodovias foram interditadas no estado.
Minas Gerais: Estações do metrô de Belo Horizonte foram fechadas. Houve bloqueios na MG-129, em Mariana, e na BR-116, em Governador Valadares. Em Varginha, um estudante de 21 anos ficou ferido ao tentar bloquear uma via.
Goiás: Um ato no centro de Goiânia reuniu 5 mil pessoas. Em Anápolis, a Reitoria da Universidade Estadual de Goiás foi ocupada por estudantes e servidores em greve.
Mato Grosso do Sul: Além da pauta nacional, o ato em Campo Grande pressionou pela demarcação de terras indígenas.
Rio Grande do Sul: Em Porto Alegre, cerca de 3 mil pessoas se reuniram em ato no centro. Ônibus foram impedidos de deixar as garagens.
Santa Catarina: Escolas estaduais tiveram aulas suspensas e houve bloqueios nas rodovias e em praças de pedágio.
Pernambuco: Trabalhadores bloquearam a principal via de acesso ao Complexo Portuário de Suape.
Alagoas: A BR-101, rodovia mais movimentada do estado, foi fechada. Bloqueio na BR-104 dificultou o acesso ao aeroporto.
Aos contrários dos protestos de junho, foram registradas manifestações tímidas contra Dilma Rousseff e sua política econômica e em defesa da presidente e da reforma política. Também foram vistas poucas bandeiras do PT.
Em geral, o movimento de ontem foi mais forte nas cidades em que funcionários do transporte público aderiram e onde as manifestações conseguiram bloquear rodovias. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, 66 estradas, de 18 estados (incluindo o Paraná), foram bloqueadas. Em Porto Alegre, Vitória e Belo Horizonte, onde ônibus e trens pararam de circular, o clima foi de feriado. Em Salvador e no Recife, a maior adesão foi pela manhã. Em Curitiba, os ônibus circularam parcialmente por três horas, entre 16 e 19 horas.
No Rio, cenas de violência dos atos de junho se repetiram, com confronto entre PMs e cerca de 250 pessoas, vestidas de preto, com mochilas e o rosto oculto por panos ou máscaras. O tumulto começou por volta das 18h30. Dez pessoas foram presas, dois menores apreendidos e um policial ficou ferido.
Estética
No protesto em São Paulo, o estilo vintage predominou na Avenida Paulista em relação à estética alternativa dos movimentos horizontais e autonomistas que tomaram a cidade no mês passado. Em vez das palavras de ordem acompanhadas por batuques, carros de som amplificavam vozes roucas de diretores de sindicatos e centrais. No lugar das mensagens individuais escritas em cartolinas, bandeiras feitas em gráficas e grandes balões de lona no ar. As vestes pretas, máscaras de gás e piercings dos manifestantes de junho foram substituídos por camisetas de categorias profissionais, bonés e coletes da CUT e Força Sindical.

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