Domingos, tio do brasileiro e das duas irmãs do jovem que também moram em Sydney, acredita que a polícia exagerou na violência ao abordar o jovem. "O Roberto foi torturado. E foi torturado até a morte", disse, da Austrália, em entrevista ao Fantástico.
O programa teve acesso aos relatórios liberados pelo tribunal, entre os quais há a informação de que Roberto recebeu pelo menos 10 choques. Nessa fase do processo, a juíza analisa provas e ouve testemunhas e policiais, como o oficial Eric Kim, que deu choque no estudante quando ele já estava algemado no chão. Segundo Kim, o disparo foi dado porque o brasileiro "estava conseguindo reagir e tirar todos os policias de cima dele".
No dia de sua morte, Roberto Curti comemorava o dia de São Patrício na cidade e, após jogar futebol, usou uma droga que provoca alucinação. Domingos conta que um amigo do brasileiro "dividiu um papelote de LSD com ele". Depois disso, Curti se envolveu em uma briga e, após fugir, entrou em uma loja de conveniência. Domingos ainda afirma que um homem da limpeza pública telefonou para o polícia dizendo que a loja estava sendo assaltada. Mas, de acordo com depoimento do funcionário do local, não houve roubo. "Foi o próprio atendente que deu as bolachas para ele", diz Domingos. "Ele pediu e o atendente deu".
Mas um erro de informação levou a polícia a acreditar que Roberto
estava armado e que havia roubado a loja. Em um vídeo registrado por uma
câmera de segurança, cinco policiais aparecem correndo atrás do
brasileiro, que é jogado contra a parede. Depois de fugir novamente, ele
é atingido pelo teaser, arma que dá uma desgarga elétrica no corpo.
Roberto cai no chão e é algemado. Um policial afirma que atirará
novamente caso ele tente reagir à prisão. Algemado, ele tenta levantar e
recebe outro disparo.
Segundo Domingos, existe um outro vídeo da ação policial, divulgado
apenas no tribunal. Nele, o brasileiro, já algemado, continua recebendo
descargas elétricas e spray de pimenta no rosto. "E, finalmente, você
ouve no fundo do áudio uma risada dos policiais", afirma o tio de
Roberto. Para o médico Sergio Timerman, também entrevistado pelo
Fantástico, a partir do segundo disparo a corrente elétrica da arma pode
afetar o coração.A polícia da Austrália só vai se pronunciar após o fim do inquérito. Até o momento, a causa da morte ainda é desconhecida e será discutida nos próximos dias. A Justiça, então, deve decidir em seguida se os policiais envolvidos no caso devem ou não ir a julgamento pela morte de Roberto. O jovem de 21 anos foi enterrado em 15 de abril no Cemitério do Araçá, em São Paulo.
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