Procuradores investigam esquema envolvendo
cobrança de pedágio por coordenador de associação, que também é
funcionário do Ministério da Educação
Josie Jeronimo
DENÚNCIA
A Abraco estaria cobrando irregularmente uma comissão de 20% das emissoras
Quinze rádios comunitárias que nos últimos três anos receberam R$
21,3 milhões por meio de convênios firmados com a União estão na alça de
mira do Ministério Público. De acordo com as investigações, elas fariam
parte de um esquema montado para desviar recursos públicos através da
Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraco). O
coordenador-executivo da associação, José Luiz Sóter, que também
coordena o programa de rádio web, do Ministério da Educação, e é
dirigente do PT em Brasília, seria o principal operador do esquema.
Segundo o Ministério Público, Sóter usaria sua condição de funcionário
do MEC para facilitar a assinatura dos convênios e em troca as rádios
favorecidas teriam que pagar um pedágio para a Abraco no valor
equivalente a 20% do contrato.
AGENCIADOR
Coordenador da Abraco, José Luiz Sóter está na mira dos procuradores
Em um dos convênios celebrados no ano passado, por exemplo, a Abraco
recebeu da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) R$ 168 mil. Pelo
contrato, o dinheiro deveria custear despesas de operação de dez
emissoras espalhadas pelo País, mas o Ministério Público descobriu que a
Abraco, comandada por líderes petistas de diversos Estados, ficou com
20% da verba. A denúncia foi feita ao MP por uma rádio comunitária de
Planaltina, a Utopia FM, no Distrito Federal, que deveria receber parte
do dinheiro, mas acabou excluída do rateio depois de se recusar a fazer o
repasse de 20% para a Abraco. Sóter nega o lobby pelos recursos
públicos e diz que o problema no convênio com a EBC já foi resolvido. As
investigações ainda em curso indicam que a maioria das rádios
favorecidas pelo esquema de Sóter é dirigida por pessoas ligadas ao PT.
Ex-candidato a vereador pelo PT de Belém, o coordenador de relações
institucionais da Abraco, Roberto Rômulo de Melo Gadelha, também usou o
CNPJ da instituição para conseguir verba pública. Gadelha obteve R$ 30
mil de patrocínio do gabinete do deputado Miriquinha Batista (PT-PA). Os
recursos vieram da verba indenizatória da Câmara. A assessoria do
parlamentar justifica que a associação ajudou em um projeto de lei que
solicita a ampliação do raio do sinal das rádios comunitárias. O
Ministério Público promete investigar esse e outros contratos com lupa. O
caso está nas mãos do procurador do Distrito Federal, Paulo Roberto
Galvão de Carvalho. O processo administrativo foi convertido em
inquérito civil em novembro de 2011.
Fotos: SEBASTIAO MOREIRA/AE
Um comentário:
Há uma série de mentiras na reportagem da revista ISTO É, uma coisa porém é verdadeira: a Agência Abraço cobrou 20% de pedágio às RadComs participantes do Convênio com a EBC. A Rádio Utopia não aceitou tal situação. Em virtude disso foi perseguida pelo senhor Sóter. As demais rádios lavaram as mãos. A Rádio Utopia ganhou na Justiça Comum uma indenização por danos morais no valor de R$ 6 mil reais. Não há mais como a Agência Abraço recorrer da sentença.
Quem quiser ir direto à sentença é só digitar:
http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?MGWLPN=SERVIDOR1&NXTPGM=tjhtml34&ORIGEM=INTER&CIRCUN=8&SEQAND=65&CDNUPROC=20110810023957
Quem quiser acompanhar todo o processo é só digitar:
http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?NXTPGM=tjhtml105&SELECAO=1&ORIGEM=INTER&CIRCUN=8&CDNUPROC=20110810023957
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