15 de set. de 2012

Tráfico atua dentro de área militar na Baixada Fluminense

Corpos de jovens mortos foram encontrados em centro de treinamento militar

Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Militares fazem a segurança do terreno do Exército que fica ao lado da favela da Chatuba
Militares fazem a segurança do terreno do Exército que fica ao lado da favela da Chatuba (Pablo Jacob/Agência O Globo)
A morte de nove pessoas desde o fim de semana - seis adolescentes, um cadete da PM, um pastor e o jovem José Aldeci Júnior, de 19 anos - evidenciam a falta de segurança na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Criminosos da favela da Chatuba são acusados de executar as vítimas - pelo menos sete delas torturadas barbaramente até a morte. E nem a presença do Exército os intimida. Ao contrário: o tráfico atua até dentro de uma área militar. As roupas dos seis adolescentes, cujos corpos foram jogados nus às margens da Rodovia Presidente Dutra, e o corpo de José Júnior foram encontrados no Centro de Treinamento do Exército no Parque do Gericinó, em Mesquita.
Nesta sexta-feira, o Comando Militar do Leste (CML) informou que abriu inquérito para apurar como os corpos foram deixados no local. O Comando Militar informou que o patrulhamento na região foi reforçado, mas não explicou como os militares não sabiam que traficantes usavam sua área para praticar crimes. E estas não foram as primeiras mortes no local: esta semana também, a polícia encontrou a ossada de um homem morto há cerca de um mês.
As mortes e ameaças aos moradores, acuados por traficantes para que não procurem ou denunciem o desaparecimento de seus filhos e maridos à polícia, levou o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, à região da Chatuba na tarde desta sexta-feira. O secretário foi avaliar a implantação de uma companhia destacada da PM no local.
"Não estávamos dirigidos a esse local agora, mas temos uma política de segurança onde não se pode aceitar que em questão de horas tenhamos oito ou dez homicídios. Esse é um esforço emergencial. A região tem um legado de abandono onde as facções se sentem senhores das áreas. A questão territorial imperou para que a facção cometesse esse ato cruel contra os jovens. Não vamos desistir de um projeto de segurança que está salvando vidas", afirmou Beltrame.

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