O filme independente anti-islâmico produzido nos EUA e charges publicadas em revista francesa acendem alerta vermelho na segurança dos dois países
AFP
Estados Unidos e França reforçaram as medidas de segurança de seus
interesses e representações no mundo ante o risco de que a violência
desencadeada por um filme que ofende Maomé aumente ainda mais após a
publicação, nesta quarta-feira, de charges do profeta em uma revista
satírica francesa. Mais de 30 pessoas morreram em ataques e
manifestações violentas provocadas pela divulgação de trechos do filme
amador "Inocência dos Muçulmanos", incluindo 12 em um atentado suicida
executado na terça-feira no Afeganistão por uma mulher. O reforço das
medidas de segurança se concentra na sexta-feira, dia de oração nos
países muçulmanos e que pode provocar um aumento da mobilização contra o
Ocidente.
Após uma semana de violência antiamericana no mundo árabe, o
governo dos Estados Unidos adotou medidas excepcionais para proteger
suas embaixadas no mundo, anunciou a secretária de Estado Hillary
Clinton. A chefe da diplomacia negou que Washington tenha recebido
informações sobre os planos para o ataque ao consulado de Benghazi
(Líbia) em 11 de setembro, que matou o embaixador do país.
A França também reforçou as medidas de segurança depois que a
revista satírica Charlie Hebdo publicou na edição desta quarta-feira
desenhos sobre a controvérsia gerada pelo filme "Inocência dos
Muçulmanos", produção de baixo orçamento realizada nos Estados Unidos e
que desatou a ira muçulmana. O chanceler francês Laurent Fabius anunciou
o aumento da segurança nas embaixadas francesas. Em Paris, a polícia
também reforçou a proteção ao edifício que abriga a redação da Charlie
Hebdo. As charges da publicação apontam mais para os autores do filme e
os islamitas do que para o Islã. Mas o profeta Maomé é representado nu
em dois desenhos.
"Lenha na fogueira"
"Estamos em um país no qual a liberdade de expressão está
garantida, a liberdade de caricaturar também", declarou o
primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault. No entanto, ele afirmou
que se as pessoas se sentirem ofendidas e considerarem que o direito foi
ultrapassado, podem apelar aos tribunais. No contexto atual, a
publicação da Charlie Hebdo "joga lenha na fogueira", opinou Laurent
Fabius.
Ao mesmo tempo, o governo francês negou a autorização para um
protesto no sábado em Paris contra o filme anti-Islã. Na França,
qualquer agressão aos muçulmanos é considerada sensível. O país tem a
maior comunidade da Europa, com entre quatro e seis milhões de
muçulmanos. Vários países do Oriente Médio, África do Norte, Ásia e
Europa foram cenários na última semana de atos de violência dirigidos
contra Estados Unidos após a divulgação de trechos do filme.
Na terça-feira, o presidente americano Barack Obama pediu ao mundo
muçulmano que trabalhe com os Estados Unidos para garantir a segurança
de seus representantes no mundo. "Embora este vídeo seja chocante - e
nós o denunciamos evidentemente, o governo americano não tem nada a ver
com ele - não é de nenhum modo uma desculpa para a violência", disse. O
embaixador dos Estados Unidos na Líbia e três funcionários americanos
morreram no ataque ao consulado de Benghazi. Após o início do movimento
de protesto, Washington adotou no fim de semana passado medidas
adicionais de segurança para suas embaixadas e consulados no Oriente
Médio e África do Norte.
Em 2005, a publicação de charges de Maomé por um jornal dinamarquês provocou uma onda de protestos no mundo muçulmano.
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