19 de set. de 2012

EUA e França reforçam segurança ante ira dos muçulmanos

O filme independente anti-islâmico produzido nos EUA e charges publicadas em revista francesa acendem alerta vermelho na segurança dos dois países

AFP
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Estados Unidos e França reforçaram as medidas de segurança de seus interesses e representações no mundo ante o risco de que a violência desencadeada por um filme que ofende Maomé aumente ainda mais após a publicação, nesta quarta-feira, de charges do profeta em uma revista satírica francesa. Mais de 30 pessoas morreram em ataques e manifestações violentas provocadas pela divulgação de trechos do filme amador "Inocência dos Muçulmanos", incluindo 12 em um atentado suicida executado na terça-feira no Afeganistão por uma mulher. O reforço das medidas de segurança se concentra na sexta-feira, dia de oração nos países muçulmanos e que pode provocar um aumento da mobilização contra o Ocidente.
 
Após uma semana de violência antiamericana no mundo árabe, o governo dos Estados Unidos adotou medidas excepcionais para proteger suas embaixadas no mundo, anunciou a secretária de Estado Hillary Clinton. A chefe da diplomacia negou que Washington tenha recebido informações sobre os planos para o ataque ao consulado de Benghazi (Líbia) em 11 de setembro, que matou o embaixador do país.
 
A França também reforçou as medidas de segurança depois que a revista satírica Charlie Hebdo publicou na edição desta quarta-feira desenhos sobre a controvérsia gerada pelo filme "Inocência dos Muçulmanos", produção de baixo orçamento realizada nos Estados Unidos e que desatou a ira muçulmana. O chanceler francês Laurent Fabius anunciou o aumento da segurança nas embaixadas francesas. Em Paris, a polícia também reforçou a proteção ao edifício que abriga a redação da Charlie Hebdo. As charges da publicação apontam mais para os autores do filme e os islamitas do que para o Islã. Mas o profeta Maomé é representado nu em dois desenhos.
 
"Lenha na fogueira"
 
"Estamos em um país no qual a liberdade de expressão está garantida, a liberdade de caricaturar também", declarou o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault. No entanto, ele afirmou que se as pessoas se sentirem ofendidas e considerarem que o direito foi ultrapassado, podem apelar aos tribunais. No contexto atual, a publicação da Charlie Hebdo "joga lenha na fogueira", opinou Laurent Fabius.
 
Ao mesmo tempo, o governo francês negou a autorização para um protesto no sábado em Paris contra o filme anti-Islã. Na França, qualquer agressão aos muçulmanos é considerada sensível. O país tem a maior comunidade da Europa, com entre quatro e seis milhões de muçulmanos. Vários países do Oriente Médio, África do Norte, Ásia e Europa foram cenários na última semana de atos de violência dirigidos contra Estados Unidos após a divulgação de trechos do filme.
 
Na terça-feira, o presidente americano Barack Obama pediu ao mundo muçulmano que trabalhe com os Estados Unidos para garantir a segurança de seus representantes no mundo. "Embora este vídeo seja chocante - e nós o denunciamos evidentemente, o governo americano não tem nada a ver com ele - não é de nenhum modo uma desculpa para a violência", disse. O embaixador dos Estados Unidos na Líbia e três funcionários americanos morreram no ataque ao consulado de Benghazi. Após o início do movimento de protesto, Washington adotou no fim de semana passado medidas adicionais de segurança para suas embaixadas e consulados no Oriente Médio e África do Norte.
 
Em 2005, a publicação de charges de Maomé por um jornal dinamarquês provocou uma onda de protestos no mundo muçulmano.

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