Presidente do Supremo recebeu, em clima tenso, dirigentes de associações de juízes e afirmou que os novos tribunais deveriam ser instalados em resorts
Joaquim Barbosa: crítica à criação de mais quatro tribunais no país
(Fellipe Sampaio/SCO/STF)
Em choque com as entidades de classe desde que afirmou existir um conluio entre magistrados e advogados e que os juízes brasileiros têm mentalidade pró impunidade, Barbosa pediu ao vice-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Ivanir César Ireno, que baixasse o tom de voz. "Sorrateira, não", havia reclamado Ireno segundos antes, numa reação aos comentários de Barbosa. "O senhor abaixe a voz porque o senhor está na presidência do Supremo Tribunal Federal", afirmou Barbosa. "Só me dirija a palavra quando eu lhe pedir", completou, exaltado.
No encontro, o presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deixou transparente a sua oposição à emenda que cria os quatro TRFs. Segundo ele, a novidade custará ao país 8 bilhões de reais. Apesar disso, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não teria sido ouvido sobre a novidade. Ireno disse que a Ajufe acompanhou o processo por anos. "Não confunda a legitimidade que o senhor tem enquanto representante sindical com a legitimidade dos órgãos do estado. Eu estou dizendo é que órgãos importantes do estado não se pronunciaram sobre o projeto que vai custar à nação, por baixo, 8 bilhões de reais", disse Barbosa.
Para o presidente do STF, a criação dos tribunais será boa para a advocacia e para os juízes porque milhares de empregos serão criados. "Dá emprego. Dá quinto. Mas isso não é o interesse da nação", afirmou Barbosa. "Esses tribunais vão ser criados em resorts, em alguma grande praia", acrescentou. Um dos juízes presentes ao encontro observou que em Minas Gerais não existe praia. Barbosa respondeu: "Serão criados o mais próximo da praia possível". Os novos TRFs serão instalados em Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA) e Manaus (AM).
Num outro momento tenso da audiência, Barbosa disse que, se quiserem colaborar, os dirigentes de entidades representativas de juízes devem encaminhar as sugestões para a sua assessoria e não ir antes à imprensa. No encontro, eles entregaram um documento no qual defendem algumas posições, como a necessidade de mais rapidez na solução de crimes cometidos contra autoridades. O presidente do Supremo também reagiu quando os magistrados disseram que era necessário fortalecer o estado de direito e a instituição democrática e prestigiar o STF. "O STF se prestigia por si próprio."
(Com Estadão Conteúdo)
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