Advogados famosos de São Paulo são envolvidos em Operação da Polícia Federal que desmontou quadrilha acusada de vender informações sigilosas
Flávio CostaNOS AUTOS
Consta que o escritório da advogada Priscila Corrêa da Fonseca,
a "Rainha do Divórcio" usava dados secretos
Priscila, que chega a cobrar R$ 70 mil reais por uma consulta, não aparece como investigada na lista obtida por ISTOÉ. Mas nos autos da operação, atualmente na 2º Vara Criminal Federal de São Paulo, consta a informação de que o escritório dela “se vale dos serviços das ‘detetives’ Eliane Francisca Pereira e Sueli Ramos de Lira para obter dados sigilosos de pessoas físicas e jurídicas, inclusive, de pessoas que figuram em processos judiciais nos quais atua”. Eliane levantou dados do Imposto de Renda de uma mulher, em processo de divórcio, como revela um e-mail anexado aos autos: “Capricha aí. Esse serviço é conjugal, o objetivo é provar que ela tem como se sustentar financeiramente”. Professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Priscila não está no Brasil. Em nota, sua assessoria afirma que “é preciso deixar claro que a operação não investiga as atividades desta banca de advocacia”.
No escritório do criminalista José Roberto Leal de Araújo a Polícia Federal foi atrás de documentos referentes a um suposto caso de extorsão. Em outubro de 2010, o então prefeito de Indaiatuba (SP), Reinaldo Nogueira, suspeito de desvio de verbas, afirma que um emissário da banca de Araújo tentou extorqui-lo em R$ 2 milhões. Dizendo-se surpreso com a ação da PF, o advogado se explicou: “Nós protocolamos um pedido de apuração dos fatos na Justiça Federal para mostrar que o prefeito não falava a verdade, mas esse inquérito não andou”, afirmou à ISTOÉ.
O grupo atuava em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Pernambuco, no Pará, em Goiás e no Distrito Federal. O método de atuação dos criminosos seguia o seguinte roteiro: funcionários públicos, gerentes de bancos e empresas telefônicas recebiam valores exíguos para fornecer extratos bancários, relatórios fiscais e contas telefônicas das vítimas. Os intermediários passavam esses dados a clientes interessados, como escritórios de advocacia, empresas e pessoas por valores que variavam de R$ 300 e R$ 7 mil. A PF indica o vice-prefeito eleito de Nazaré Paulista, Itamar Ferreira Damião, 54 anos, como o elo entre os criminosos que quebravam sigilos e a quadrilha de doleiros que fazia remessas ilegais para o Exterior. Damião é apontado pela PF como o líder dos arapongas. Ele transitava com desenvoltura nos meios advocatícios e policiais e conseguia facilmente os dados pedidos pelos clientes. “A Operação mostrou uma espantosa banalização do direito da privacidade no Brasil”, alertou o delegado da PF Valdemar Latence Neto.
Foto: TONNY CAMPOS/FUTURA PRESS e Regis Filho/Valor; Gabo Morales/Folhapress e Leemage/AFP
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