Um dos dois remanescentes do núcleo original do governo, o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, é conhecido pela discrição. Pouco aparece.
O mineiro de Santos Dumont é, porém, um dos ministros mais próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e essa amizade lhe permitiu assumir tarefas que vão muito além do cargo. Na pauta de ações do ministro estão missões confidenciais delegadas pessoalmente por Lula.
Uma delas foi atuar nos bastidores como bombeiro na briga entre o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e líderes do PMDB. Impacientes com a suposta má vontade do ministro em endossar as indicações políticas, os peemedebistas queriam derrubar Temporão.
Ao falar em nome de Lula, Dulci conseguiu contornar as divergências, o que naquele momento parecia impossível. "Dulci é tão reservado que é capaz de não contar um segredo nem para ele próprio", define Lula, que o conheceu há 30 anos em Divinópolis (MG).
A mais nova missão de Dulci é transformar em realidade e dar a redação final à Consolidação das Leis Sociais, um dos cacifes do presidente e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na eleição de 2010.
Pelo projeto de lei, o governo pretende institucionalizar, ou seja, transformar em política de Estado os programas sociais, principalmente o Bolsa Família, criados por decreto ou portaria.
O governo quer evitar que, em caso de vitória de um adversário em 2010, seus programas sejam suspensos. Do ponto de vista eleitoral, seria um trunfo para o discurso do PT na campanha para a sucessão.
A ideia vem sendo tratada em sigilo entre Dulci e Lula há pelo menos dois meses. Ela só ganhou os holofotes depois de pelo menos três reuniões, nas quais os pilares do projeto foram definidos. "Vamos amarrar o texto da lei para que os próximos governos não destruam tudo", confirmou Dulci à ISTOÉ. "O presidente quer perenizar os programas sociais."Redigir projetos importantes e os discursos do presidente são funções do ministro da Secretaria-Geral, que lê e escreve em francês, latim, grego, italiano e espanhol.
Graças a essa qualidade é que Dulci foi escalado por Lula para outra missão com carimbo de confidencial: escrever a carta em que o presidente pediu ao senador Aloizio Mercadante (PT-SP) para permanecer na liderança do PT no Senado.
Um dia antes, no auge da crise envolvendo o senador José Sarney (PMDB-AP) e que abalou a Casa, o parlamentar dissera que sua decisão de deixar o cargo era "irrevogável". A primeira versão do documento havia sido feita pelo próprio Mercadante. "O tom está muito acima do que eu gostaria.
Chama o Dulci para escrever", determinou Lula. Tarefa mais relevante e também cercada de sigilo o ministro recebeu antes de Lula chegar ao poder. Em junho de 2002, numa sala na sede do PT, em São Paulo, estavam Dulci, Lula, o atual chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, e os ex-ministros José Dirceu e Antônio Palocci.
Na conversa, foi discutida a famosa Carta ao Povo Brasileiro, o grande trunfo usado pelo PT para acalmar o mercado financeiro. Acertados os termos do documento, Lula apontou para quem ficaria encarregado de dar o texto final: "É você, Dulci."
A divulgação da carta ajudou a devolver confiança ao ambiente de instabilidade econômica. Mas nem sempre as gestões são bemsucedidas. Depende da boa vontade do interlocutor.
Em agosto, foi Dulci quem negociou a saída dos sem-terra do Ministério da Fazenda. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) só deixou o prédio após um telefonema do ministro, que recebeu os manifestantes no dia seguinte.
A conversa que ocorreu no gabinete não foi suficiente para o governo evitar, dois meses depois, a destruição do laranjal da Cutrale, a maior exportadora de suco da fruta no mundo. Neste caso, Dulci não esteve à frente das articulações. Mas ficou a sensação de que o governo poderia ter agido previamente para evitar o crime. Todos os dias, Dulci recebe representantes de organizações sociais. Só este ano, coordenou 273 reuniões.
Com a UNE esteve mais de dez vezes. Esta é sua rotina oficial. No núcleo palaciano, ele tem a função de fazer a ponte com os movimentos sociais. "Ele abre as agendas dos ministros e encaminha pedidos", atesta o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Artur Henrique. A oposição chama essa ajuda de cooptação. Dulci trata como estratégia de governo.
"Para o governo, tão importante quanto a sustentabilidade parlamentar é a sustentabilidade social", disse ele à ISTOÉ. O ministro não tem projeto político pessoal e deve permanecer no cargo até o fim de 2010. O testemunho dos bastidores do poder até o último dia de Lula no Planalto servirá de pano de fundo para um futuro livro. O teor, como quase tudo que cerca Dulci, ainda é mantido em sigilo.
O mineiro de Santos Dumont é, porém, um dos ministros mais próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e essa amizade lhe permitiu assumir tarefas que vão muito além do cargo. Na pauta de ações do ministro estão missões confidenciais delegadas pessoalmente por Lula.
Uma delas foi atuar nos bastidores como bombeiro na briga entre o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e líderes do PMDB. Impacientes com a suposta má vontade do ministro em endossar as indicações políticas, os peemedebistas queriam derrubar Temporão.
Ao falar em nome de Lula, Dulci conseguiu contornar as divergências, o que naquele momento parecia impossível. "Dulci é tão reservado que é capaz de não contar um segredo nem para ele próprio", define Lula, que o conheceu há 30 anos em Divinópolis (MG).
A mais nova missão de Dulci é transformar em realidade e dar a redação final à Consolidação das Leis Sociais, um dos cacifes do presidente e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na eleição de 2010.
Pelo projeto de lei, o governo pretende institucionalizar, ou seja, transformar em política de Estado os programas sociais, principalmente o Bolsa Família, criados por decreto ou portaria.
O governo quer evitar que, em caso de vitória de um adversário em 2010, seus programas sejam suspensos. Do ponto de vista eleitoral, seria um trunfo para o discurso do PT na campanha para a sucessão.
A ideia vem sendo tratada em sigilo entre Dulci e Lula há pelo menos dois meses. Ela só ganhou os holofotes depois de pelo menos três reuniões, nas quais os pilares do projeto foram definidos. "Vamos amarrar o texto da lei para que os próximos governos não destruam tudo", confirmou Dulci à ISTOÉ. "O presidente quer perenizar os programas sociais."Redigir projetos importantes e os discursos do presidente são funções do ministro da Secretaria-Geral, que lê e escreve em francês, latim, grego, italiano e espanhol.
Graças a essa qualidade é que Dulci foi escalado por Lula para outra missão com carimbo de confidencial: escrever a carta em que o presidente pediu ao senador Aloizio Mercadante (PT-SP) para permanecer na liderança do PT no Senado.
Um dia antes, no auge da crise envolvendo o senador José Sarney (PMDB-AP) e que abalou a Casa, o parlamentar dissera que sua decisão de deixar o cargo era "irrevogável". A primeira versão do documento havia sido feita pelo próprio Mercadante. "O tom está muito acima do que eu gostaria.
Chama o Dulci para escrever", determinou Lula. Tarefa mais relevante e também cercada de sigilo o ministro recebeu antes de Lula chegar ao poder. Em junho de 2002, numa sala na sede do PT, em São Paulo, estavam Dulci, Lula, o atual chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, e os ex-ministros José Dirceu e Antônio Palocci.
Na conversa, foi discutida a famosa Carta ao Povo Brasileiro, o grande trunfo usado pelo PT para acalmar o mercado financeiro. Acertados os termos do documento, Lula apontou para quem ficaria encarregado de dar o texto final: "É você, Dulci."
A divulgação da carta ajudou a devolver confiança ao ambiente de instabilidade econômica. Mas nem sempre as gestões são bemsucedidas. Depende da boa vontade do interlocutor.
Em agosto, foi Dulci quem negociou a saída dos sem-terra do Ministério da Fazenda. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) só deixou o prédio após um telefonema do ministro, que recebeu os manifestantes no dia seguinte.
A conversa que ocorreu no gabinete não foi suficiente para o governo evitar, dois meses depois, a destruição do laranjal da Cutrale, a maior exportadora de suco da fruta no mundo. Neste caso, Dulci não esteve à frente das articulações. Mas ficou a sensação de que o governo poderia ter agido previamente para evitar o crime. Todos os dias, Dulci recebe representantes de organizações sociais. Só este ano, coordenou 273 reuniões.
Com a UNE esteve mais de dez vezes. Esta é sua rotina oficial. No núcleo palaciano, ele tem a função de fazer a ponte com os movimentos sociais. "Ele abre as agendas dos ministros e encaminha pedidos", atesta o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Artur Henrique. A oposição chama essa ajuda de cooptação. Dulci trata como estratégia de governo.
"Para o governo, tão importante quanto a sustentabilidade parlamentar é a sustentabilidade social", disse ele à ISTOÉ. O ministro não tem projeto político pessoal e deve permanecer no cargo até o fim de 2010. O testemunho dos bastidores do poder até o último dia de Lula no Planalto servirá de pano de fundo para um futuro livro. O teor, como quase tudo que cerca Dulci, ainda é mantido em sigilo.
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