26 de jun. de 2009

Exército irá apenas a áreas já vasculhadas no Araguaia

Comando diz que não há documentos que apontem novos lugares para buscas
Para Tarso, major Curió, que afirma que 41 guerrilheiros foram mortos após rendidos, deve ser procurado para ajudar a localizar os corpos.A expedição comandada pelo Exército que buscará em julho os corpos de guerrilheiros do Araguaia percorrerá apenas pontos conhecidos e escavará lugares já vasculhados em expedições anteriores.
A decisão foi tomada pelo comando do Exército. Como alega não ter documentos que mostrem os locais onde os corpos foram enterrados ou abandonados, o Exército não poderia agora, segundo esse entendimento, apontar novos pontos além dos já indicados por historiadores e relatórios de buscas anteriores, realizadas por civis.
É judicial a ordem para o governo federal abrir os arquivos da campanha do Araguaia e devolver às famílias os corpos dos guerrilheiros desaparecidos.
Em 2003, a juíza Solange Salgado, da Justiça Federal em Brasília, estipulou, em sentença de primeira instância, 120 dias para que sua determinação fosse cumprida. Passados seis anos, ainda não houve obediência à determinação judicial.
Por meio da AGU (Advocacia Geral da União), o governo recorreu duas vezes, ao TRF (Tribunal Regional Federal) e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). Perdeu nos dois recursos.
Sem ter mais como recorrer, o Ministério da Defesa, em maio, determinou ao Exército a criação de um grupo de trabalho para as buscas.
Historiadores calculam que cerca de 60 guerrilheiros do então clandestino PC do B foram mortos, na primeira metade dos anos 70, na região do Araguaia -sudeste do Pará, sul do Maranhão e norte de Tocantins, à época Goiás. A guerrilha rural foi reprimida por tropas militares. Os corpos dos desaparecidos jamais apareceram, exceto o de Maria Lúcia Petit -morta em 1972-, desenterrada em Xambioá (TO).
Quatro regiões foram mapeadas para as próximas buscas: Xambioá (norte de Tocantins, a cerca de 500 km de Palmas), São Geraldo do Araguaia (sudeste do Pará, a cerca de 600 km de Belém), a serra das Andorinhas (no Pará, entre São Geraldo e São Domingos do Araguaia) e a fazenda Bacaba, na rodovia Transamazônica, no trecho entre Marabá (PA) e a divisa do Pará com Tocantins. Outras ainda poderão ser acrescentadas ao roteiro.
Haverá 14 áreas de escavação. Algumas são bem conhecido dos estudiosos, como o cemitério de Xambioá, a antiga base militar da cidade, a reserva indígena Sororó (PA) e a própria Bacaba, onde funcionava na década de 70 uma espécie de acampamento dos combatentes militares do Araguaia.
O Exército decidiu ainda que não se envolverá com as buscas diretas. A Brigada de Infantaria de Selva de Marabá dará o apoio logístico à expedição, com suportes de comunicação, transportes, alimentação, saúde e segurança. O trabalho de busca e a escavação ficarão a cargo de antropólogos forenses, geólogos, médicos legistas e peritos criminais.
Os profissionais deverão ser cedidos pela Universidade de Brasília, pela Polícia Civil do Distrito Federal, pela Polícia Federal e pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, com sede em Belém. A ideia é ter de 10 a 12 especialistas.
Haverá ainda observadores convidados pela Defesa. Entre eles, parentes de guerrilheiros.
Ontem, o ministro Tarso Genro (Justiça) afirmou que o militar Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como major Curió, pode ajudar na localização dos corpos.
Tarso disse que o depoimento do militar, segundo quem 41 guerrilheiros foram mortos após rendidos, "confirmam os depoimentos que têm sido dados pelos camponeses [da região, obrigados a ajudar os militares]". "Vamos procurar o Curió para colhermos, se ele quiser, um depoimento."

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