2 de jun. de 2009

A escalada da gripe suína.


Em menos de uma semana, o número de registros confirmados de gripe suína no Brasil mais que dobrou. Eram nove casos registrados de 6 de maio até a última quarta-feira, dia 27. Desde então, foram contabilizadas mais 12 ocorrências, elevando o total para 21. A última confirmação foi feita ontem. Trata-se de uma pessoa que trabalha numa creche em Campinas que tem 30 crianças. E é mais um caso autóctone – o sétimo já.
– Esta escalada já era esperada – diz Alberto Chebabo, infectologista da UFRJ.
Segundo ele, isto se deve pelo fato de ser muito grande o número de pessoas que chegam todos os dias dos Estados Unidos. São 25 voos diários vindos dos EUA para o Brasil. E a doença tem avançado com rapidez nos EUA. Ontem, as autoridades sanitárias de lá informaram que o vírus H1N1 está circulando em todos os 50 estados americanos.

Procedência
Não por caso, dos 21 casos registrados no Brasil, dez tiveram procedência dos EUA.
– Se crescer o fluxo de pessoas entre o Brasil e os Estados Unidos, poderá aumentar a dificuldade de fazer o bloqueio da doença nos aeroportos – diz o médico da UFRJ.
Mas os casos confirmados no Brasil não se restringem a pessoas infectadas no exterior. Das 21 ocorrências, sete são autóctones – o que, aliás, é mais problemático, pois é um indício de que a doença circula no país. É o caso do paciente que teve o diagnóstico confirmado ontem em Campinas, que pegou a doença de outro que veio dos EUA. Outros três episódios autóctones ocorreram no Rio, dois em Santa Catarina e um em São Paulo.
Para o Ministério da Saúde, como se tratam de contágios de pessoas muito próximas de quem pegou a doença no exterior, não há evidência de transmissão sustentada.
Segundo a secretaria municipal de Saúde do Rio, o controle das pessoas que tiveram contato com os infectados no exterior é muito rigoroso. Eles são observados por dez dias em quarentena domiciliar, informou a secretaria.
O presidente da Sociedade Brasileira, Juvencio Furtado, porém, não descarta que a transmissão possa aumentar:
– Não há como dizer que não vai haver transmissão local em maior escala. Talvez ocorra um surto, principalmente por causa da chegada do inverno no Hemisfério Sul.
Na América do Sul, o número de casos tem aumentado. A Argentina por exemplo tem 115 registros e o Chile, 276.
– É um reflexo da chegada da temporada do frio. Algo semelhante pode ocorrer no Brasil – diz Chebabo, da UFRJ.
Pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem revelou que 97,4% dos entrevistados já ouviu falar da gripe suína: 61% avaliam que o Brasil está preparado para combater a doença. Já para 33,5%, o país não está pronto.
O vírus já foi diagnosticado em 17.564 pessoas de 64 países, matando 115 delas.

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