23 de mai. de 2009

Mal das pernas por um dia


Adriana Dias Lopes
A ministra da Casa Civil é mais vulnerável aos efeitos da quimioterapia do que o esperado por seus médicos. Na madrugada de terça-feira 19, com fortes dores nas pernas, ela foi levada às pressas de Brasília para São Paulo. Depois de uma série de exames no Hospital Sírio-Libanês, recebeu o diagnóstico: dores musculares decorrentes da químio. Tal desconforto é raríssimo entre os pacientes em tratamento quimioterápico contra linfoma – acomete apenas oito doentes em cada grupo de 800. As dores estão associadas a um tipo de corticoide, a prednisona, uma das cinco medicações que compõem a quimioterapia aplicada na ministra. Depois de cada sessão, os protocolos preveem que os pacientes continuem a tomar corticoides, por via oral, por mais quatro dias. O problema nas pernas surgiu porque o organismo de Dilma sofreu com a retirada do remédio. De modo a minimizar os riscos de uma nova crise, ao longo do próximo mês, a ministra receberá diariamente doses mínimas de corticoides. Além disso, por segurança, depois das próximas quatro sessões de químio, a suspensão da prednisona será feita gradualmente, durante uma semana.
Dilma começou a se sentir mal depois de uma de suas caminhadas matinais, em Brasília. As dores se iniciaram nas panturrilhas, subiram para as coxas e foram aumentando de intensidade até culminar com uma sensação de cãibra. Ainda na capital federal, ela foi medicada com gabapentina, um remédio contra dores neuropáticas, provocadas por lesões nos nervos. Sem que o quadro apresentasse melhora, ela foi levada de avião-ambulância para São Paulo. O jatinho foi solicitado pela direção do Hospital Sírio-Libanês a uma seguradora de saúde que não é a da ministra. Durante a viagem, Dilma recebeu uma injeção de morfina. Ao chegar ao hospital, fez exames de sangue e ressonância magnética. Nada foi detectado de anormal. Como as dores não cediam com gabapentina e morfina, os médicos suspeitaram da hipótese da falta de corticoide e lhe deram uma dose do medicamento. O sofrimento cessou imediatamente.
No início da tarde de quarta-feira, ao deixar o hospital, a ministra mencionou, pela primeira vez, a perda de cabelo, outro efeito colateral da químio. "Eu estou usando uma peruquinha básica, como vocês podem ver. Espero que, logo que (o cabelo) começar a crescer e estiver na altura dos masculinos, eu possa tirar a peruca, porque é muito chato", disse ela. A próxima sessão de quimioterapia, a terceira, está prevista para a primeira semana de junho.

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