22 de mai. de 2012

Greve deve atingir as quatro universidades federais no Rio

Professores da UniRio e da UFRRJ já estão parados. Docentes da UFF cruzam os braços nesta terça-feira e UFRJ discutirá assunto

Cecília Rito, do Rio
UnB: docentes iniciam greve por tempo indeterminado Greve atinge 41 unidades de instituições de ensino superior, como a UnB (na foto). (Wilson Dias / Agência Brasil)
Das quatro universidades federais do Rio de Janeiro, duas estão em greve. Nesta segunda-feira, cursos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e da Universidade Federal Rural do Rio (UFRRJ) estavam paralisados. Na terça-feira, a Universidade Federal Fluminense (UFF) também vai aderir ao movimento. Está marcada para as 14h a assembleia geral de greve, seguida por um ato público. No mesmo dia, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também realizará assembleia para definir se os professores cruzam os braços. Na semana passada, houve uma reunião em que foi aprovado o indicativo de greve. No dia 17, a UFRJ fez paralisação em alguns cursos.
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Os integrantes do Sindicato dos professores da UFRJ (Adufrj) realizaram assembleias em todos os cursos, com exceção de enfermagem, letras e do Centro de Ciências da Saúde. “Independentemente de aprovar ou não a greve, a indignação é muito grande”, afirma o presidente do sindicato, Mauro Iasi. Os professores reivindicam um plano de reestruturação da carreira e melhores condições de trabalho e infraestrutura.

Um dos problemas das universidades é consequência do Reuni, programa do governo federal que tem por objetivo ampliar o acesso ao ensino superior. Na UFRJ, vieram à tona as deficiências no curso de medicina em Macaé, cidade do Norte Fluminense, onde os alunos sequer contam com um hospital universitário para as aulas práticas. O resultado foi a tranferência de 50 estudantes para a campos do Fundão, onde o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho não atende as demandas dos próprios alunos.

Na UFF, alguns cursos abertos em Rio das Ostras, na Região dos Lagos, usam contêineres como sala de aula. A presidente do sindicato dos professores da UFF, Eblin Farage, lembra que faltam laboratórios, recursos para obras iniciadas e técnicos do administrativo. “Não há condições de desenvolver o tripé estudo, pesquisa e extensão. Não é uma discussão exclusiva do professor, mas também do aluno, que fica prejudicado com tudo isso”, afirma Eblin.

A Unirio, a UFFRJ e a UFF trabalham com a ideia de “construção da greve”. Um movimento que deve ganhar adesão do corpo docente com o passar dos dias. Na Rural, o sindicato dos professores da universidade estima que 90% estejam em greve. “Não há notícias de um curso inteiro que não tenha aderido. Existem questões locais, mas observadas em várias universidades, todas ligadas ao programa de extensão (Reuni). Hoje, há problemas em obras iniciadas durante a expansão, falta de docentes e um número pequeno do setor administrativo para dar conta da expansão. Também existem dificuldades estruturais que dizem respeito à infraestrutura instalada, sem serem renovadas ou recuperadas”, explica Alexandre Mendes, professor de direito e integrante do comando local de greve da UFFRJ.

A categoria quer a incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios (e não os 17 de atualmente), variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo de 2.329,35 reais do Dieese e percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho. A reestruturação da carreira, ponto central da greve, começou a ser discutida em 2010, segundo o Andes. O governo federal propôs que as federais não entrassem em greve e ampliassem o prazo de negociação até o dia 31 de março. Como o tempo estabelecido se esgotou sem avanços, os professores prometeram o que já vinham alardeando.

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