27 de mai. de 2012

As musas dos escândalos

Mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça provoca furor na CPI e confirma a tradição do surgimento de beldades em meio aos grandes casos de corrupção no País

Claudio Dantas Sequeira
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 A empresária goiana Andressa Mendonça arrancou suspiros dos parlamentares em sessão
da CPI e, entre olhares e poses para os fotógrafos, foi naturalmente alçada à musa
Na terça-feira 22, durante audiência de Carlinhos Cachoeira na CPI que leva seu nome, outra personagem dividia as atenções de políticos, jornalistas e curiosos: Andressa Alves Mendonça, a mulher do bicheiro. Esguia, loura de olhos claros, a empresária goiana de 30 anos foi alçada ao posto de “Musa da CPI”. Ela chegou ao Congresso causando furor, sempre acompanhada de seguranças. Elegantemente vestida num conjunto de blusa branca acinturada, calça preta e escarpim, bolsa Chanel a tiracolo, usava óculos escuros e relógio de grife. Orientada pelos advogados, fez poucas declarações. No auditório, foi colocada em uma das bancadas de parlamentares, junto com a irmã de Cachoeira, perto do senador Fernando Collor (PTB-AL). A troca de olhares entre ela e o contraventor foram percebidas por deputados e senadores. “A cada negativa de resposta ele olha para ela com superioridade e é correspondido com um sorriso. Lindo!”, ironizou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). Na saída, mais confusão. Na tentativa de arrancar alguma declaração de Andressa, repórteres e cinegrafistas se acotovelaram, tropeçando nos fios. Enigmática, ela considerou “ótimo” o resultado da audiência.

Não é de hoje que belas mulheres surgem no rastro de escândalos políticos. Há cerca de dois anos, a prisão do então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, alvo da operação Caixa de Pandora, acabou lançando holofotes sobre sua mulher, a jovem Flávia Peres, que animou o noticiário com suas visitas de rotina à sede da PF, onde ele ficou detido por dois meses. Assim como Andressa, Flávia manteve a discrição para não prejudicar o marido e voltou ao anonimato tão logo ele foi solto. Bem diferente foi o que aconteceu com as jornalistas Mônica Veloso e Camila Amaral. A primeira foi pivô do escândalo apelidado de “Renangate”, em 2007. O caso trouxe à tona não apenas o affair extraconjugal do senador Renan Calheiros, mas sua relação pouco ortodoxa com o lobista Claudio Gontijo, ligado à empreiteira Mendes Júnior. Era Gontijo quem pagava, a pedido de Renan, a pensão alimentícia por conta do filho que tiveram. Com a repercussão do caso, Mônica posou nua para uma revista masculina.

Já Camila Amaral foi descoberta durante a CPI do Mensalão, em 2005, quando fazia a assessoria de imprensa da senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Então com 25 anos, em meio ao assédio, acabou trocando o emprego no gabinete de Ideli por um contrato para posar nua. Outra musa que tirou o fôlego dos parlamentares foi Thereza Collor. Casada com Pedro, irmão de Fernando Collor de Mello, durante o escândalo PC Farias, que levaria ao impeachment do então presidente, ela ganhou apelidos como “cunhadinha do Brasil” e “tigresa de Maceió”. Nunca posou nua, mas alimentou o imaginário de deputados e senadores ao abusar da sensualidade, com minissaias justíssimas, nas aparições no Congresso.

Na opinião do cientista político Leonardo Barreto, da UnB, a sociedade tem uma queda pelo pitoresco, pelo bizarro, o que explica a obsessão por eleger musas em meio a escândalos políticos. “A gente procura detalhes, histórias que possam ilustrar esses casos e dar uma leveza. Para um público que não tem o hábito de acompanhar a política, esse tipo de coisa acaba chamando mais a atenção”, avalia Barreto.

Apelidada de “Andressa Caça-Níquel”, num trocadilho infame associado à atividade do marido, a loura jura que não posará nua, ao menos por enquanto. Ela contou que recusou um convite da “Playboy”. “Eu agradeci e disse que meu papel, no momento, não é esse.” Dona de uma loja de lingerie e sex shop em Goiânia, Andressa tem sido orientada pelos advogados a manter discrição. Pesa o fato de ela ter deixado o casamento de oito anos com o empresário Wilder Pedro de Morais, 43 anos, com quem tem dois filhos, para cair nos braços do bicheiro, com quem está há nove meses. “Carlinhos é o homem da minha vida”, diz ela. Wilder é suplente do senador Demóstenes Torres, amigo e sócio do contraventor. Corre o boato de que Andressa e Carlinhos Cachoeira já trocavam carícias escondidos enquanto ela era casada com Wilder. Ela garante que não. Natural de Itumbiara e crescida em Goiatuba, Andressa, em sua lógica própria, diz que admira o marido ainda mais hoje que antes. “A gente sabe que isso é uma tempestade e vai passar.” É difícil. Flagrada em conversas com Cachoeira sobre seus negócios, Andressa corre o risco de ser convocada em breve pela CPI para contar o que sabe.
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