7 de jul. de 2009

Argentinos questionam política do governo para gripe H1N1

BUENOS AIRES (Reuters) - Em meio a um surto da gripe H1N1 que já matou 60 pessoas no país, os argentinos estão questionando como o governo vem lidando com a doença. Há confusão sobre o número real de casos e acusações de que as autoridades agem de forma lenta.A presidente Cristina Fernández de Kirchner busca interromper o alastramento da gripe, no pico do inverno no país, fechando escolas e dando folga para funcionários públicos.Os críticos, contudo, a repreendem por ter deixado as eleições legislativas seguirem em frente na semana passada e por ter viajado no fim de semana a Washington para uma missão diplomática sobre a crise política em Honduras, enquanto aumentava na Argentina o número de casos da gripe."O governo claramente não está lidando com isso bem", disse Leopoldo Fernández, um engenheiro que enviou os dois filhos para a Patagônia, no sul do país, para deixá-los longe da capital Buenos Aires, onde é registrada boa parte dos casos."Não presto atenção no que eles dizem. Não confio neles", completou o engenheiro.Uma controvérsia que já dura dois anos sobre alegações de que o governo manipula dados econômicos para obter ganhos políticos tem alimentado dúvidas sobre o quanto o H1N1 já se alastrou na Argentina.Em menos de uma semana, o número de mortos mais do que dobrou. As 60 mortes registradas atualmente fazem da Argentina o país com a terceira pior estatística sobre a gripe, só atrás de México e Estados Unidos. O governo confirmou 2.800 casos do vírus.Na semana passada, um dia depois das eleições legislativas, a então ministra da Saúde, Graciela Ocana, pediu demissão. Alguns meios de comunicação afirmaram que ela enfrentava a oposição de alguns setores do governo às suas propostas de combate à doença.Logo depois de tomar posse, o seu substituto, Juan Manzur, teria dito que o número de casos de gripe H1N1 sem confirmação poderia chegar a cem mil. Manzur se reuniu na segunda-feira com autoridades regionais para avaliar a situação nacional e assegurou que se avançou em "gerar algumas definições para ter uma unificação de critério de abordagem da patologia".A especialistas, o número de cem mil não assusta, pois num surto de gripe não são todos os que fazem o teste, e o vírus costuma infectar mais do que 10 por cento da população.Autoridades de saúde nos Estados Unidos dizem que pelo um milhão de norte-americanos podem estar infectados, apesar de o número oficial ser 94.512.No entanto, a maneira e as circunstâncias nas quais as declarações foram feitas alimentam a confusão na Argentina e também a preocupação relacionada à estratégia do governo para o problema.O governo não declarou emergência nacional, mas alguns dirigentes locais declararam, incluindo o prefeito de Buenos Aires.Nesta segunda-feira, um grupo de donos de teatros anunciou estar fechando as casas por dez dias, depois de uma queda acentuada de público.A presidente do país sofre com um índice de aprovação de 30 por cento e tenta se recuperar da derrota nas eleições legislativas, quando ela perdeu a maioria no Congresso.

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