Foi uma cena tão bonita que ninguém pensou em fazer a piadinha óbvia: Bill Clinton tirou as duas jornalistas das garras da Coreia do Norte e o problema passou a ser quem iria tirar as belas mulheres das garras de... bem, deixemos para lá. O ex-presidente estava tão à vontade no papel de herói salvador que se permitiu até enlaçar paternalmente uma das suas beneficiadas, Euna Lee, por sua vez abraçada, em prantos, à filhinha Hana. A colega dela, igualmente presa na fronteira e depois anistiada, é Laura Ling. Cena e papel não são palavras que surgem ao acaso. A missão resgate foi financiada por um produtor de cinema amigo do casal Clinton, Steve Bing (rico, bonitão e malfalado porque a atriz Elizabeth Hurley precisou fazer DNA para comprovar que ele era o pai do filho dela), e coordenada por uma grande firma de relações públicas. E, claro, estava tudo combinado com a Coreia do Norte – aí o único elemento imponderável, considerando-se o grau de alucinação com que funciona o mais indecifrável país do planeta. Mas deu certo. Clinton chegou no avião de Bing e pediu: levem-me a seu líder. Enfrentou um Kim Jong-il sorridente, pescocinho afinando dentro da gola – um derrame no ano passado e agora câncer de pâncreas, dizem os principais interessados, os sul-coreanos. A única crítica que a oposição republicana conseguiu fazer foi que o governo Obama, via Clinton, concedeu uma vitória a Kim no campo da propaganda. Bobagem, considerando-se que a Coreia do Norte já vive num reino propagandístico de faz de conta. No máximo, foi uma forcinha à especulada transmissão de poder à terceira geração da atual dinastia: Kim Jong-il estaria planejando unir nome a destino e fazer de seu caçula, Kim Jong-un, o próximo número um.
8 de ago. de 2009
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