14 de ago. de 2009

Novos atos são de ex-diretores

Brasília. O Senado identificou nesta quinta-feira o ex-diretor de Recursos Humanos da Casa, Ralph Campos Siqueira, como responsável pela publicação de novos 468 atos secretos em boletins administrativos da rede de intranet da Casa. A Primeira-Secretaria do Senado, sob o comando do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), reuniu indícios que responsabilizam Siqueira pelos novos atos sigilosos - referentes a medidas tomadas de 1998 e 1999, período em que o então senador Antônio Carlos Magalhães era presidente do Senado.O chefe de publicação do Senado, Franklin Landim, teria sido uma testemunha essencial para a identificação de Siqueira como responsável pela publicação tardia dos atos. Landim já havia apontado os ex-diretores Agaciel da Silva Maia (Direção Geral) e João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos) como os responsáveis pelo esquema de atos secretos na Casa.Ao longo do dia, Heráclito sinalizou que ex-diretores seriam responsáveis pela edição dos novos atos secretos. O primeiro-secretário chegou a classificar de ´sabotagem´ a inclusão das medidas depois que o Senado já investigava a edição de atos secretos na instituição.Heráclito Fortes determinou a instalação de um inquérito para apurar o caso e a Mesa Diretora do Senado designou o diretor-geral da Casa, Haroldo Tajra, para coordenar as investigações. ´Eu não tenho nenhuma dúvida que se instalou aqui na Casa uma briga interna envolvendo inclusive funcionários. A minha dúvida é se os funcionários estão sendo usados ou se os funcionários são o agente desta tentativa de desestabilizar o andamento normal da Casa´, disse Heráclito.Atos secretosRelatório com a nova leva de 468 atos secretos revela que a grande maioria das medidas não publicadas foi utilizada para nomear, demitir e transferir servidores do Senado. Outros atos tratam de questões diversas. Segundo o relatório, seis medidas não publicadas foram utilizadas para “alterar cargos” nos setores de telefonia, serviço médico, segurança, comunicação, biblioteca e no Sistema Integrado de Saúde (SIS).Os documentos passaram a ser tratados como ´ultrassecretos´ porque ficaram de fora da lista da atos que consta no relatório final da comissão de sindicância apresentado no dia 24 de junho deste ano.EstratégiaA oposição classificou de ´estratégia´ dos aliados do senador José Sarney (PMDB-AP) a divulgação de novos 468 atos secretos editados pela instituição entre os anos de 1998 e 1999.Como os novos atos são referentes ao período em que o ex-senador Antônio Carlos Magalhães presidia a Casa, senadores da oposição argumentam que o grupo pró-Sarney teria como objetivo mostrar que não apenas o atual presidente do Senado foi responsável por referendar atos sigilosos.´Os atos secretos são muito graves. Por coincidência, esses seriam da lavra do senador Antônio Carlos Magalhães, que não está mais aqui para se defender. Me parece algo diversionista para mostrar que não apenas o senador Sarney editou os atos´, afirmou o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).O tucano disse acreditar no envolvimento direto do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia na edição dos novos atos sigilosos, assim como de servidores ligados a Sarney. ´Tem o dedo dele [Agaciel] e dos filhotes que ele criou aqui. São pessoas interessadas em manter o quadro como ele está no Senado´, disse.Aliado de Sarney, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) disse que o grupo não tem responsabilidade sobre os atos secretos -mas reiterou que todos os ex-presidentes estão envolvidos no caso. ´Essa ética do Senado é praticada por todos. Em vez de um acusar o outro ou criar o clima ruim, o fato está ganhando pernas e perdendo a cabeça´, disse.Salgado ironizou o tucano Arthur Virgílio ao afirmar que, como o ex-senador Antônio Carlos Magalhães está morto, a oposição não poderá comprovar responsabilidades pela edição dos atos. ´Só jogando búzios na Bahia para saber.

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