Vestibular dos Estados Unidos é chamado de 'application'.
Admissão depende de boas notas e história de vida, entre outros fatores.
Para ser aceito em um curso de graduação de uma universidade
norte-americana, principalmente as líderes dos rankings internacionais, é
necessário planejamento e dedicação. Diferente do vestibular do Brasil,
o application americano, exige, por exemplo, que o jovem fale
dos seus sonhos, das expectativas e de que forma contribui para a
sociedade. É um verdadeiro processo de autoconhecimento. Para ouvir um
‘sim’ dos institutos de ensino superior mais cobiçados pelo que há de
excelência entre estudantes do mundo todo, boas notas não bastam. É
necessário ir além.
Todos os candidatos, inclusive os norte-americanos, se submetem ao
mesmo processo. O ideal é que o estudante inicie a preparação com pelo
menos um ano de antecedência para cumprir os prazos, atender todos os
requisitos com calma e não deixar nada para a última hora. Neste
período, a recomendação é para que o candidato afie o inglês, leia sobre
o assunto, participe de palestras e se informe sobre o perfil e campi
das universidades.
Os Estados Unidos possuem cerca de 4.000 instituições de ensino superior e a sugestão é abrir o leque de opções e aplicar para outras universidades além das que fazem parte da Ivy League (composta pelas oito universidades americanas de maior prestígio, entre elas estão Harvard, Princeton, Yale e Columbia), o que aumenta a chance de sucesso. O estudante deve aplicar para no mínimo cinco e no máximo dez universidades.
É fundamental conhecer as regras e os prazos para seleção de cada instituição, pois podem variar. Principalmente as universidades mais competitivas costumam ter exigências adicionais. O dead-line (prazo final para o envio dos applications) geralmente é até dezembro de cada ano. As solicitações para bolsas de estudo são trâmites que correm paralelamente, por isso é fundamental verificar as políticas de assistência estudantil de cada escola, antes de se candidatar às vagas.
O G1 ouviu três especialistas que dominam e auxiliam brasileiros neste processo de candidatura às vagas de graduação nos Estados Unidos: a gerente Thais Burmeister Pires, do Alumni Advising – EducationUSA; Adam Singerman, coordenador de desenvolvimento institucional do Instituto de Liderança do Rio (ILRIO), e o professor Edmilson Motta, coordenador do Colégio Etapa; e mostra como funciona o processo.
Conheça os itens que compõem o application, e prepare-se:
Histórico escolar
Somente o histórico de notas dos três anos do ensino médio é avaliado. É importante ter boas notas e manter o equilíbrio entre as disciplinas. A melhora do desempenho de um ano para outro é bem vista, pois os americanos gostam de ver o esforço do estudante. Por outro lado, a piora é encarada com desconfiança. Se em algum período do ensino médio o aluno tiver problemas no desempenho acadêmico por conta de uma situação pontual, como um problema de saúde ou um caso de morte na família, por exemplo, é possível justificar.
Provas
Scholastic Assessment Test (SAT, Teste de Avaliação Escolar)
Para disputar as vagas é necessário fazer as provas do SAT, uma espécie de Enem americano aplicado pelo College Board em vários países, inclusive no Brasil.
O SAT tem dois exames diferentes, o 1 e 2 (também chamado de subjects tests). O objetivo do SAT 1 é avaliar os conhecimentos e habilidades de raciocínio em matemática, linguagem e interpretação de textos e escrita. Dura quatro horas. A pedra do sapato dos brasileiros nesta prova é a parte de inglês, considerada difícil já que é a mesma aplicada para os estudantes americanos.
O SAT 2 costuma ser mais tranquilo, pois foca numa disciplina ou em uma língua estrangeira e dura só uma hora. O estudante tem a opção de escolher as matérias que variam de biologia, química, literatura até latim e japonês.
Cada prova do SAT vale 800 pontos, mas mesmo o aluno que gabarita não
está automaticamente aceito, já que a seleção inclui outros itens. As
provas são difíceis, exigem preparação e podem ser repetidas, caso o
primeiro resultado não seja satisfatório.
O SAT é aplicado sete vezes ao ano nos Estados Unidos e seis no exterior, incluindo no Brasil. As datas são: 6 de outubro, 3 de novembro, 1º de dezembro, 26 de janeiro, 4 de maio
e 1º de junho.
Test of English as a Foreign Language (Toefl)
É a prova padronizada que avalia o inglês do aluno que não venha de um país onde o inglês seja a língua oficial. Pode ser feito via on-line ou na versão impressa. É dividido em quatro partes que avaliam a capacidade de ler, escutar, falar e escrever em inglês. A pontuação máxima é 120. Leia mais sobre o Toefl.
Cartas de recomendaçãoDevem ser solicitadas para professores, coordenadores ou diretores que sejam muito próximos dos alunos. São duas ou três cartas, no máximo, que podem ser traduzidas caso o autor não domine o inglês. "A carta não é para ser elogiosa, é para ajudar a montar um perfil multifacetado e dar ideia dos anseios, dos planos dos alunos. Uma dica para quem escreve é contar casos, descrever cenas que justifique as qualidades dos candidatos. Mostrar ao invés de falar", diz Edmilson Motta, que já escreveu pelo menos umas 100 cartas de recomendação.
Adam Singerman, da ILRIO, afirma que este é o momento do processo onde os comitês de organização podem entender o candidato como uma pessoa e não um número. "É necessário revelar coisas sobre os alunos que os comitês não encontram em outro lugar. As informações gerais como 'o aluno frequentou e tirou boas notas' não adiantam. É necessário revelar, por exemplo, como um aluno é brilhante, entusiasmado e tem bons argumentos em sala de aula."
Veja dicas para fazer as cartas de recomendação no site da ILRIO.
Redações
Chamada de personal statement, é a parte do processo que costuma ser o grande desafio do aluno brasileiro. Em geral é necessário fazer uma redação maior e outras menores que respondem a uma pergunta. Temas são pessoais (podem ser sugeridos ou não), precisa apresentar gramática bem construída, sem erros. É a oportunidade para o aluno se revelar como pessoa. Não há versão padronizada, a dica é refletir, escrever, revisar e não deixar para última hora. É o tipo de texto que não é escrito em apenas uma hora. "A redação tem de revelar algo, fale de coisas específicas, conte um fato. Olhe para ela como uma oportunidade, não como inimigo", diz Singerman, que é americano, e se formou em linguística em Harvard.
Atividades extracurriculares
Como o aluno aproveita seu tempo quando não está na sala de aula? É nesta fase do application que o candidato deve contar se pratica esporte, faz um trabalho voluntário, tem talento com instrumentos musicais ou se participa das atividades da igreja de sua comunidade. Vale qualquer atividade, desde que tenha algum significado para o estudante, e seja legítimo. Não precisa ser nada impressionante, até porque a comitê avaliador costuma ouvir histórias muito sensacionais.
O mais importante são as lições que a ação traz para o aluno e o quanto ele se identifica com ela. É muito mais valorizada a participação contínua de um estudante no time de futebol do seu bairro do que aquela ação onde o garoto pratica golfe, esgrima e xadrez de vez em quando, sem nenhum compromisso.
Entrevista
As universidades mais competitivas costumam entrevistar os candidatos, mas ninguém precisa se deslocar até os Estados Unidos para isto. As entrevistas podem ser feitas via skype. Quando o entrevistador, ex-alunos ou representantes das instituições, está no Brasil, a conversa (em inglês) pode ocorrer pessoalmente. A ideia é tirar algumas possíveis dúvidas e conhecer um pouco mais o aluno durante o bate papo.
É possível que o entrevistador faça perguntas como: por que você quer estudar em tal universidade? Vale levar fotografias, diplomas ou objetos que tenham alguma história importante. Antes do encontro, é importante visitar o site da universidade e obter algumas informações.
Preço
O application não é barato. Custa, em média, R$ 4 mil, incluindo as despesas com inscrições de provas, traduções e gastos com documentação no geral. Há programas que financiam essas candidaturas para estudantes que não podem pagar, como o Programa Oportunidades Acadêmicas do Alumni Advising-EducationUSA oferecido pelo governo americano. Este programa é destinado aos estudantes que não têm condições de pagar pelo application e têm potencial para ser admitido por essas instituições com 100% de bolsa de estudo. O problema é que as inscrições só são abertas uma vez por ano, geralmente no primeiro semestre. As deste ano acabaram em 30 de abril. Vale acompanhar as datas da próxima seletiva pelo site da EducationUSA.
Os resultados costumam ser divulgados via e-mail, telefone ou carta (não há regra) entre os meses de março de abril.
Os Estados Unidos possuem cerca de 4.000 instituições de ensino superior e a sugestão é abrir o leque de opções e aplicar para outras universidades além das que fazem parte da Ivy League (composta pelas oito universidades americanas de maior prestígio, entre elas estão Harvard, Princeton, Yale e Columbia), o que aumenta a chance de sucesso. O estudante deve aplicar para no mínimo cinco e no máximo dez universidades.
É fundamental conhecer as regras e os prazos para seleção de cada instituição, pois podem variar. Principalmente as universidades mais competitivas costumam ter exigências adicionais. O dead-line (prazo final para o envio dos applications) geralmente é até dezembro de cada ano. As solicitações para bolsas de estudo são trâmites que correm paralelamente, por isso é fundamental verificar as políticas de assistência estudantil de cada escola, antes de se candidatar às vagas.
O G1 ouviu três especialistas que dominam e auxiliam brasileiros neste processo de candidatura às vagas de graduação nos Estados Unidos: a gerente Thais Burmeister Pires, do Alumni Advising – EducationUSA; Adam Singerman, coordenador de desenvolvimento institucional do Instituto de Liderança do Rio (ILRIO), e o professor Edmilson Motta, coordenador do Colégio Etapa; e mostra como funciona o processo.
Conheça os itens que compõem o application, e prepare-se:
Histórico escolar
Somente o histórico de notas dos três anos do ensino médio é avaliado. É importante ter boas notas e manter o equilíbrio entre as disciplinas. A melhora do desempenho de um ano para outro é bem vista, pois os americanos gostam de ver o esforço do estudante. Por outro lado, a piora é encarada com desconfiança. Se em algum período do ensino médio o aluno tiver problemas no desempenho acadêmico por conta de uma situação pontual, como um problema de saúde ou um caso de morte na família, por exemplo, é possível justificar.
Provas
Scholastic Assessment Test (SAT, Teste de Avaliação Escolar)
Para disputar as vagas é necessário fazer as provas do SAT, uma espécie de Enem americano aplicado pelo College Board em vários países, inclusive no Brasil.
O SAT tem dois exames diferentes, o 1 e 2 (também chamado de subjects tests). O objetivo do SAT 1 é avaliar os conhecimentos e habilidades de raciocínio em matemática, linguagem e interpretação de textos e escrita. Dura quatro horas. A pedra do sapato dos brasileiros nesta prova é a parte de inglês, considerada difícil já que é a mesma aplicada para os estudantes americanos.
O SAT 2 costuma ser mais tranquilo, pois foca numa disciplina ou em uma língua estrangeira e dura só uma hora. O estudante tem a opção de escolher as matérias que variam de biologia, química, literatura até latim e japonês.
VEJA ESTUDANTES BRASILEIROS ACEITOS EM UNIVERSIDADES DOS EUA |
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O SAT é aplicado sete vezes ao ano nos Estados Unidos e seis no exterior, incluindo no Brasil. As datas são: 6 de outubro, 3 de novembro, 1º de dezembro, 26 de janeiro, 4 de maio
e 1º de junho.
Test of English as a Foreign Language (Toefl)
É a prova padronizada que avalia o inglês do aluno que não venha de um país onde o inglês seja a língua oficial. Pode ser feito via on-line ou na versão impressa. É dividido em quatro partes que avaliam a capacidade de ler, escutar, falar e escrever em inglês. A pontuação máxima é 120. Leia mais sobre o Toefl.
Cartas de recomendaçãoDevem ser solicitadas para professores, coordenadores ou diretores que sejam muito próximos dos alunos. São duas ou três cartas, no máximo, que podem ser traduzidas caso o autor não domine o inglês. "A carta não é para ser elogiosa, é para ajudar a montar um perfil multifacetado e dar ideia dos anseios, dos planos dos alunos. Uma dica para quem escreve é contar casos, descrever cenas que justifique as qualidades dos candidatos. Mostrar ao invés de falar", diz Edmilson Motta, que já escreveu pelo menos umas 100 cartas de recomendação.
Adam Singerman, da ILRIO, afirma que este é o momento do processo onde os comitês de organização podem entender o candidato como uma pessoa e não um número. "É necessário revelar coisas sobre os alunos que os comitês não encontram em outro lugar. As informações gerais como 'o aluno frequentou e tirou boas notas' não adiantam. É necessário revelar, por exemplo, como um aluno é brilhante, entusiasmado e tem bons argumentos em sala de aula."
Veja dicas para fazer as cartas de recomendação no site da ILRIO.
Redações
Chamada de personal statement, é a parte do processo que costuma ser o grande desafio do aluno brasileiro. Em geral é necessário fazer uma redação maior e outras menores que respondem a uma pergunta. Temas são pessoais (podem ser sugeridos ou não), precisa apresentar gramática bem construída, sem erros. É a oportunidade para o aluno se revelar como pessoa. Não há versão padronizada, a dica é refletir, escrever, revisar e não deixar para última hora. É o tipo de texto que não é escrito em apenas uma hora. "A redação tem de revelar algo, fale de coisas específicas, conte um fato. Olhe para ela como uma oportunidade, não como inimigo", diz Singerman, que é americano, e se formou em linguística em Harvard.
Atividades extracurriculares
Como o aluno aproveita seu tempo quando não está na sala de aula? É nesta fase do application que o candidato deve contar se pratica esporte, faz um trabalho voluntário, tem talento com instrumentos musicais ou se participa das atividades da igreja de sua comunidade. Vale qualquer atividade, desde que tenha algum significado para o estudante, e seja legítimo. Não precisa ser nada impressionante, até porque a comitê avaliador costuma ouvir histórias muito sensacionais.
O mais importante são as lições que a ação traz para o aluno e o quanto ele se identifica com ela. É muito mais valorizada a participação contínua de um estudante no time de futebol do seu bairro do que aquela ação onde o garoto pratica golfe, esgrima e xadrez de vez em quando, sem nenhum compromisso.
Entrevista
As universidades mais competitivas costumam entrevistar os candidatos, mas ninguém precisa se deslocar até os Estados Unidos para isto. As entrevistas podem ser feitas via skype. Quando o entrevistador, ex-alunos ou representantes das instituições, está no Brasil, a conversa (em inglês) pode ocorrer pessoalmente. A ideia é tirar algumas possíveis dúvidas e conhecer um pouco mais o aluno durante o bate papo.
É possível que o entrevistador faça perguntas como: por que você quer estudar em tal universidade? Vale levar fotografias, diplomas ou objetos que tenham alguma história importante. Antes do encontro, é importante visitar o site da universidade e obter algumas informações.
Preço
O application não é barato. Custa, em média, R$ 4 mil, incluindo as despesas com inscrições de provas, traduções e gastos com documentação no geral. Há programas que financiam essas candidaturas para estudantes que não podem pagar, como o Programa Oportunidades Acadêmicas do Alumni Advising-EducationUSA oferecido pelo governo americano. Este programa é destinado aos estudantes que não têm condições de pagar pelo application e têm potencial para ser admitido por essas instituições com 100% de bolsa de estudo. O problema é que as inscrições só são abertas uma vez por ano, geralmente no primeiro semestre. As deste ano acabaram em 30 de abril. Vale acompanhar as datas da próxima seletiva pelo site da EducationUSA.
Os resultados costumam ser divulgados via e-mail, telefone ou carta (não há regra) entre os meses de março de abril.
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