Segurança foi reforçada no Riocentro para receber os chefes de Estado e de governo de pelo menos 109 países
Agência Brasil e Portal Terra
A presidenta Dilma Rousseff deve desembarcar na manhã desta
quarta-feira (20) no Rio, depois de passar os últimos dois dias na
Cúpula do G20, no México. Ela passa a manhã no hotel em despachos
internos e depois almoça com o presidente da França, François Hollande. À
tarde, a presidenta abre oficialmente a Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e tem mais duas reuniões
bilaterais.
Inicialmente, Dilma pretende se reunir em audiências privadas com
oito a dez chefes de Estado e Governo. À tarde, ela conversa com os
presidentes do Senegal, Macky Sall, e da Nigéria, Goodluck Jonathan. Há
ainda a previsão de reuniões com os primeiros-ministros da China, Wen
Jiabao, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. A agenda dela ainda está
sendo fechada, segundo assessores.
Em sua primeira visita ao Brasil como presidente eleito, Hollande,
que é defensor das discussões sobre desenvolvimento sustentável, também
pretende tratar com Dilma da venda dos 36 caças para a Força Aérea
Brasileira (FAB). A francesa Dassault, fabricante do Rafale, a sueca
Saab, que fabrica o Gripen, e a norte-americana Boeing, do F-18 Super
Hornet, disputam a venda.
Com os africanos, a presidenta deve conversar sobre as
possibilidades de ampliação de parcerias e cooperação com o Senegal e a
Nigéria. A África ganhou destaque no documento preliminar da Rio+20. Em
vários parágrafos, os representantes dos 193 países se comprometem a
consolidar esforços para garantir a melhoria da qualidade de vida no
continente africano.
Com a Turquia, o Brasil tem uma relação estreita que abrange várias
negociações no Oriente Médio. Um dos temas da reunião de Dilma com
Erdogan deve ser o agravamento da crise na Síria, que já dura mais de 15
meses e matou pelo menos 12 mil pessoas. Os turcos, diferentemente de
nações vizinhas à Síria, cobraram ações mais concretas do presidente
sírio, Bashar Al Assad, e condenaram a violação de direitos humanos na
região.
Na conversa com Jiabao, Dilma deverá reforçar a atuação do Brics
(grupo formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul) além
de temas bilaterais, pois atualmente os chineses são os principais
parceiros do Brasil. No mês passado, Jiabao disse à presidenta que a
China quer ampliar e aprofundar as relações com a América Latina. A
China superou os Estados Unidos em 2009, tornando-se a principal
parceira comercial do Brasil.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, também pediu audiência,
mas ainda não há confirmação. A presença de Ahmadinejad no Rio gerou, no
dia 17, protestos de manifestantes. Para eles, o iraniano prega um
discurso de discriminação. Mas o Brasil é apontado pelos iranianos como
parceiro diferenciado.
O apreço do Irã pelo Brasil foi motivado pelo esforço do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em tentar negociar o fim das
resistências internacionais aos iranianos. Ele foi um dos mediadores do
acordo de paz, que foi rejeitado pela comunidade internacional. As
negociações foram conduzidas pelo Brasil e pela Turquia. Nos últimos
anos, os iranianos são alvo de sanções internacionais por suspeitas em
seu programa nuclear.
Segurança reforçada
A primeira sessão plenária da cúpula dos chefes de Estado na Rio+20
começou por volta das 10h30 desta quarta-feira. A abertura será
conduzida pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e pela presidente
da República, Dilma Rousseff. A segurança foi reforçada no Riocentro, na
zona oeste do Rio de Janeiro, para receber os chefes de Estado e de
governo de pelo menos 109 países. Na entrada do pavilhão 5, onde teve
início a plenária, foi montada uma estrutura de revista aos jornalistas e
autoridades credenciadas para acompanhar o ato.
Na parte da tarde terá outra plenária, com discursos dos chefes de
países e uma pausa para a foto oficial do encontro. Entre as autoridades
programadas para falar ainda hoje está o presidente iraniano Mahmoud
Ahmadinejad. A apreciação do documento final da Rio+20 pelos chefes de
Estado deve ser feita somente no último dia do encontro, no domingo.
Na manhã desta quarta, um grupo de ONGs fazia um protesto
silencioso para pressionar as autoridades para mudar o texto, que
consideraram fraco. "Estamos dando um sinal vermelho a essa proposta.
Estão há mais de dois anos discutindo isso e apresentaram um documento
que não representa a ambição da população, que não estipula metas e
prazos", disse Leonardo Rocha, da Aliança do Norte para a
Sustentabilidade.
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