Apesar de concluso em dezembro, o documento com os envolvidos nos desvios só veio à tona, agora, em junho
As
fraudes e desvios de recursos da ordem de R$ 100 milhões, no Banco do
Nordeste (BNB), divulgadas no início deste mês pela revista Época, após
"vazamento" de documento do Ministério Público Federal (MPF), eram de
conhecimento da diretoria e presidência do banco e já haviam sido
inclusive auditadas pelo Comitê de Auditoria do BNB, desde o fim do ano
passado. No entanto, as irregularidades praticadas, os valores
desviados, bem como os nomes das dez empresas, clientes e funcionários
que estariam envolvidos foram mantidos em "sigilo" da população, até o
fim de maio último.
Ex-presidente
do BNB, João Melo, disse que se fosse indicado para assumir novamente a
presidência , "não deixaria passar em branco" FOTO: VIVIANE PINHEIRO
"Já
foi tudo apurado no ano que passou. Temos os nomes de todos os
envolvidos e todas as ações (fraudes) apuradas, desde o fim do ano
passado. O BNB começou a apuração (das denúncias) a partir de agosto de
2011", confirmou ontem, o presidente do Comitê de Auditoria Interna do
BNB e Controlador e Ouvidor Geral do governo do Estado do Ceará, o
economista, João Alves de Melo. Conforme disse, os relatórios já foram
encaminhados ao MPF, à Corregedoria Geral da União (CGU) e à Polícia
Federal.
Segundo João Melo, que já foi presidente do BNB, no
período de 1992 a 1995, no governo de Itamar Franco, "os relatórios já
estão conclusos na sua parte substancial". Ele ressaltou, no entanto,
que ainda estão sendo finalizadas as investigações das fraudes
praticadas no âmbito das operação do Pronaf, em Limoeiro do Norte.
Punições
"São
(fraudes) da ordem de R$ 3 milhões e envolvem cerca de 16 pessoas do
banco", declarou João Melo, explicando que os possíveis envolvidos já
estão em processo indicativo no Comitê de Aplicação de Penalidades
(Comap), da instituição. "Todos esses processo estão sendo analisados no
Comap e não vai demorar muito (para sair as punições). Até julho será
finalizado", acrescentou. Conforme explicou, as penalidades serão
definidas, caso a caso, a exemplo do que já ocorreu com outros
envolvidos nas fraudes das agências Metro Bezerra de Menezes e
Centro-Fortaleza, de onde funcionários foram afastados e colaboradores
demitidos.
"As punições estão sendo definidas individualmente",
disse o presidente do Comitê de auditoria do BNB. Em relação ao chefe de
gabinete, Roberto Gress, o economista João Melo explicou que ele foi
afastado das funções devido à proximidade familiar com pessoas
envolvidas em algumas das fraudes, no caso os cunhados. "Ele foi
afastado porque perdeu a confiança do presidente do banco - Jurandir
Santiago", justificou João Melo.
Possível candidato
Apontado
como um dos prováveis candidatos a reassumir a presidência do BNB, ao
fim do período de interinidade de Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, o
também secretário Geral do PMDB-CE, João Melo, disse ontem, que
"qualquer funcionário de carreira do banco se sentiria honrado em ser
presidente do BNB" e que se fosse novamente convidado "não deixaria
passar (a oportunidade) em branco".
Nome indicado pelo senador
Eunício Oliveira (PMDB), João Melo disse que aceitaria, desde que lhes
fossem dadas condições de fazer mudanças estruturais e de comportamento
na forma de acesso aos cargos de maior relevância da instituição.
Para
ele, o BNB tem um quadro de servidores preparado, com formação adequada
para operar na região, mas que estaria sendo pouco e mal utilizado.
Corrupção
100
milhões de reais é o valor estimado das fraudes aplicadas por dez
empresas, com o apoio de funcionários do Banco do Nordeste, entre 2009 e
2011
Segregação se deu apenas em janeiro
O
novo modelo de segregação de atividades e funções para seleção,
aprovação, fiscalização e desembolso das operações de crédito adotado
pelo Banco do Nordeste, como forma de reduzir os riscos de fraudes por
funcionários da instituição, começou a ser adotado apenas este ano, a
partir de janeiro. "Essas falhas (desvios de recursos) foram o que
promoveu as correções", declarou ontem, o diretor Financeiro e de
Mercado de Capitais do BNB, o economista e advogado, Fernando Passos,
confirmando a informação de João Melo, de que "de janeiro para cá é que
foi recomendada a segregação de funções", assinalou.
Risco reduzido
"O
risco hoje é bem menor", acredita Passos, um dos responsáveis pela
alteração do antigo sistema de gestão e de análise de crédito do banco.
"Esse modelo (anterior às denúncias) sofreu uma série de alterações",
destacou o diretor financeiro, também apontado como possível indicação
para assumir a presidência do BNB, após a interinidade de Paulo Ferraro.
"Ainda é cedo"
Funcionário
de carreira do BNB, com 29 anos de idade e à frente da diretoria
Financeira há seis meses, Passos disse ontem, que a informação de sua
indicação à presidência da instituição "não procede" e o que seu desejo é
o de continuar no cargo em que se encontra. "Preciso de mais
experiência para assumir a presidência. Ainda é cedo. Daqui a três ou
quatro anos estarei preparado". Apontado com "candidato" da cota do
senador Renan Calheiros e do vice-presidente da república, Michel Temer
(PMDB), Passos disse que os conhece apenas "institucionalmente". (CE).
Carlos EugênioRepórter
23 de jun. de 2012
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