13 de set. de 2009

Exército espera por pacote de R$ 20 bilhões

Depois de a Marinha receber a promessa de novos submarinos e a Aeronáutica, de caças supersônicos, o Exército entrou na fila do reaparelhamento com um plano de gastos de R$ 20 bilhões em dez anos. A Força, segundo militares, enfrenta problemas de falta de munição e até diminuiu o expediente como forma de economizar recursos.
O pacote de reaparelhamento, que prevê gastos de pelo menos R$ 2 bilhões por ano, será encomendado a empresas brasileiras. Mas, para vingar, o plano não poderá ser atingido pela tesoura do Ministério do Planejamento, responsável pelo contingenciamento do Orçamento da União.
A modernização do Exército passa pela troca dos 150 mil fuzis FAL, que estão com mais de 40 anos de uso, uma nova família de 400 blindados, modernização e repotencialização dos cerca de 1.500 carros de combate, compra de radares de baixo e de longo alcance, construção de 28 novos pelotões de fronteira, dentro do projeto Amazônia Protegida, e aquisição do sistema integrado de vigilância e monitoramento de fronteiras. Este último está incluído no acordo militar com a França e custará cerca de US$ 2,7 bilhões.
A situação orçamentária do Exército é considerada "grave" pelos militares. Do orçamento aprovado para este ano de R$ 2,4 bilhões, R$ 580 milhões estão contingenciados, trazendo complicações para as operações rotineiras.
HAITI
A tropa que substituirá os 1.300 militares que estão no Haiti, em fevereiro próximo, poderá não estar suficientemente adestrada. De acordo com o Exército, são necessários R$ 90 milhões para treinar esse contingente, mas só R$ 58 milhões chegaram à Força até agora.
Uma das consequências disso é que os militares que embarcarão para o país caribenho deveriam ter disparado, em exercícios militares, pelo menos 200 tiros reais, mas só conseguiram dar, até agora, 50 tiros. O motivo é a falta munição.
APERTO
Diante do constante aperto que o Exército vem enfrentando nos últimos anos, os estoques estratégicos foram sendo usados para treinamento e praticamente se esgotaram - o que é considerado "uma temeridade" pelos próprios militares. A Força está com problemas também no seu estoque de munição pesada.
Para segurar as despesas, o Exército já suspendeu o expediente nas manhãs de segunda-feira e tardes de sexta-feira. E novas medidas ainda poderão ser anunciadas pelo Exército.
Força terrestre precisa de rede de satélite
O Comando do Exército não incluiu em sua lista de compras o projeto que pode colocar a maior das três Forças na vanguarda da tecnologia militar - um centro de controle e uma rede de observação, produção e análise de imagens por satélite. O plano evolui há cerca de cinco anos e já tem alguns resultados práticos. A unidade de monitoramento por satélite da Embrapa, em Campinas, que presta serviços de processamento de imagens para o Exército, foi transferida para um prédio novo, na área da Brigada de Infantaria Leve. A agência reúne o melhor time de especialistas do País nesse campo. Considerado o território nacional mais os limites estratégicos, totalizando mais de 10 milhões de quilômetros quadrados, a adoção de um sistema de vigilância e acompanhamento de alta precisão a partir de um conjunto de olhos e ouvidos digitais mantidos em órbita é essencial. Os equipamentos listados como prioritários pelo comando, de fuzis aos sensores eletrônicos para controle do arco norte-noroeste representam a consolidação de necessidades explicitadas desde o ano 2000. Os mais novos blindados brasileiros têm cerca de 20 anos. Os FAL foram adotados em 1967. E, pela primeira vez, haverá radares terrestres de alcance variável no inventário da tropa.

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