Ministro da Defesa afirma em audiência no Senado que aumento de meio ponto percentual em dez anos é meta razoável para ser alcançada
O
ministro da Defesa, Celso Amorim, acredita que o Brasil deveria dedicar
à área militar pelo menos 2% do produto interno bruto (PIB), o que
colocaria o país num patamar mais próximo ao de outras nações em
desenvolvimento, como Rússia, China, Índia e África do Sul, que gastam
em média 2,5%. Ele participou ontem de audiência da Comissão de Relações
Exteriores e Defesa Nacional (CRE), presidida pelo senador Ricardo
Ferraço (PMDB-ES).
O
ministro disse que o orçamento dedicado às Forças Armadas hoje é de
1,5% do PIB, e o aumento de 0,5 ponto percentual é meta razoável para
ser alcançada em dez anos.
—
Seria algo razoável para deixar o Brasil num nível compatível com seu
status político e diplomático. Eu seria o último a negar a necessidade
de mais recursos, mas tem havido um incremento constante — afirmou o
Amorim, referindo-se à previsão orçamentária de 2013 para custeio e
investimento no setor no valor de R$ 18,5 bilhões. Em 2005, segundo ele,
foram previstos R$ 6 bilhões.
Amorim
enumerou projetos como a construção de corveta e navios-patrulha pela
Marinha, o desenvolvimento de novo blindado pelo Exército para
substituir os antigos Cascavel e Urutu e o trabalho da Aeronáutica no
avião cargueiro KC-390, que vai operar no lugar do Hércules C-130.
Segundo
o ministro, esses projetos estão incluídos no Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), o que não garante mais verbas, mas assegura que não
haverá contingenciamento. Algumas das empreitadas devem ter
financiamento do BNDES.
Baixa remuneração
Cidadãos
de todo o Brasil puderam participar da audiência pela internet e pelo
Alô Senado, enviando perguntas e opiniões ao ministro. Na fase de
debates, os senadores mostraram-se preocupados com a situação dos 17 mil
quilômetros de fronteira e com a evasão de oficiais das três Armas,
causada principalmente pelas baixas remunerações.
Celso Amorim reconheceu o problema, mas minimizou, alegando não haver razão para “alarmismo” da imprensa.
—
Este caráter alarmista não se justifica plenamente, o que não significa
que o problema não exista. O quadro de evasão preocupa e criamos um
grupo de trabalho específico para tratar do assunto. Antecipadamente,
posso dizer que as áreas de engenharia e de saúde são as mais críticas.
Boa parte dos médicos do Hospital da Força Aérea, com sede em Brasília,
são civis e ganham metade, por exemplo, dos profissionais do governo do
Distrito Federal. Tem sido uma luta muito grande e estamos trabalhando
em soluções — afirmou o ministro.
O
último reajuste concedido pelo governo federal aos militares — 30%
divididos em três parcelas — não foi o ideal, na opinião do ministro,
mas foi “o possível” e revelou a sensibilidade da presidente Dilma
Rousseff com a situação.
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