10 de mai. de 2013

Celso Amorim diz que área militar deveria receber 2% do PIB nacional

Ministro da Defesa afirma em audiência no Senado que aumento de meio ponto percentual em dez anos é meta razoável para ser alcançada


O ministro da Defesa, Celso Amorim, acredita que o Brasil deveria dedicar à área militar pelo menos 2% do produto interno bruto (PIB), o que colocaria o país num patamar mais próximo ao de outras nações em desenvolvimento, como Rússia, China, Índia e África do Sul, que gastam em média 2,5%. Ele participou ontem de audiência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), presidida pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
O ministro disse que o orçamento dedicado às Forças Armadas hoje é de 1,5% do PIB, e o aumento de 0,5 ponto percentual é meta razoável para ser alcançada em dez anos.
— Seria algo razoável para deixar o Brasil num nível compatível com seu status político e diplomático. Eu seria o último a negar a necessidade de mais recursos, mas tem havido um incremento constante — afirmou o Amorim, referindo-se à previsão orçamentária de 2013 para custeio e investimento no setor no valor de R$ 18,5 bilhões. Em 2005, segundo ele, foram previstos R$ 6 bilhões.
Amorim enumerou projetos como a construção de corveta e navios-patrulha pela Marinha, o desenvolvimento de novo blindado pelo Exército para substituir os antigos Cascavel e Urutu e o trabalho da Aeronáutica no avião cargueiro KC-390, que vai operar no lugar do Hércules C-130.
Segundo o ministro, esses projetos estão incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que não garante mais verbas, mas assegura que não haverá contingenciamento. Algumas das empreitadas devem ter financiamento do BNDES.

Baixa remuneração

Cidadãos de todo o Brasil puderam participar da audiência pela internet e pelo Alô Senado, enviando perguntas e opiniões ao ministro. Na fase de debates, os senadores mostraram-se preocupados com a situação dos 17 mil quilômetros de fronteira e com a evasão de oficiais das três Armas, causada principalmente pelas baixas remunerações.
Celso Amorim reconheceu o problema, mas minimizou, alegando não haver razão para “alarmismo” da imprensa.
— Este caráter alarmista não se justifica plenamente, o que não significa que o problema não exista. O quadro de evasão preocupa e criamos um grupo de trabalho específico para tratar do assunto. Antecipadamente, posso dizer que as áreas de engenharia e de saúde são as mais críticas. Boa parte dos médicos do Hospital da Força Aérea, com sede em Brasília, são civis e ganham metade, por exemplo, dos profissionais do governo do Distrito Federal. Tem sido uma luta muito grande e estamos trabalhando em soluções — afirmou o ministro.
O último reajuste concedido pelo governo federal aos militares — 30% divididos em três parcelas — não foi o ideal, na opinião do ministro, mas foi “o possível” e revelou a sensibilidade da presidente Dilma Rousseff com a situação.

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